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Apelação - NCPC

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Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados 
com base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da 
aula e não isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e 
pesquisas de jurisprudência. 
 
MÓDULO IV 
 
Aula 02 (Apelação) 
 
Professor Bruno Garcia Redondo 
 
Esclarecimentos introdutórios: o Professor irá abordar o recurso de 
apelação, analisando detidamente as significativas e profundas modificações 
promovidas pelo NCPC em relação a esse instrumento processual de 
impugnação de decisões judiciais. 
 
De acordo com o CPC/73, a apelação era o recurso cabível contra sentença 
(CPC/73, art. 513). 
 
CPC/73, art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 
269). 
 
A doutrina, por sua vez, reconhecia algumas decisões judiciais como sentenças 
contra as quais, no entanto, o CPC/73 estabelecia não ser cabível o recurso de 
apelação, mas o de agravo de instrumento ou outro recurso. Em outras 
palavras, em que pese algumas decisões judiciais tivessem natureza jurídica 
de sentença, a lei processual civil dispunha que, para impugná-las, outro 
recurso, que não a apelação, seria o adequado. Ademais, valendo-se de um 
critério legislativo de cabimento de recurso, o CPC/73, em algumas hipóteses, 
estabelecia que o recurso cabível contra decisões judiciais que não tinham 
natureza jurídica de sentença era a apelação. 
 
Além disso, nos termos do CPC/73, o recurso de apelação, como regra geral, 
era dotado de efeito suspensivo automático, ou seja, a previsão legal de que a 
apelação seria recebida com efeito suspensivo fazia com que a decisão judicial 
impugnável por tal recurso já surgisse sem eficácia no mundo jurídico. Todavia, 
o CPC/73 previa algumas exceções em que a apelação era recebida apenas 
no efeito devolutivo, caso em que a sentença, uma vez publicada, gerava 
efeitos imediatamente (CPC/73, art. 520). 
 
	
	
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CPC/73, art. 520. A apelação será recebida em seu efeito 
devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no 
efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: 
I – homologar a divisão ou demarcação; 
II – condenar à prestação de alimentos; 
III – (Revogado pela Lei Federal nº 11.232, de 22-12-2005.) 
IV – decidir o processo cautelar; 
V – rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los 
improcedentes; 
VI – julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. 
 
Nesse ínterim, oportuno mencionar que, nas hipóteses em que o efeito 
suspensivo não era concedido ope legis, o recorrente podia requerer que tal 
efeito fosse atribuído ao recurso por ele interposto, desde que preenchidos 
determinados requisitos, caso em que o efeito suspensivo era chamado de 
impróprio (CPC/73, art. 558). 
 
CPC/73, art. 558. O relator poderá, a requerimento do 
agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de 
bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em 
outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil 
reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o 
cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo 
da turma ou câmara. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo às 
hipóteses do art. 520. 
 
Por seu turno, o Novo Código imprimiu profundas modificações ao recurso de 
apelação no que diz respeito às hipóteses de cabimento, ao juízo de 
admissibilidade, ao meio pelo qual deve ser requerido o efeito suspensivo nos 
casos em que a apelação é recebida apenas no efeito devolutivo, ao 
procedimento aplicável quando o recurso vem a ser interposto contra as novas 
decisões que se transformaram em objeto de apelação, à apelação adesiva e a 
outros temas periféricos. 
 
Temas referentes ao recurso de apelação que foram ponto de debate 
durante a tramitação legislativa do Novo Código: na derradeira fase 
legislativa, o projeto do Novo Código passou por inúmeras mudanças nas 
Casas do Congresso Nacional. Dependendo do momento legislativo em que se 
encontrava a tramitação do projeto de lei, é possível perceber que, em cada um 
deles, o recurso de apelação passou por regulamentações distintas. E, até 
	
	
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mesmo o modelo originário concebido pela comissão de juristas que elaborou o 
anteprojeto do NCPC sofreu significativas transformações. 
 
Enfim, nos bastidores do Poder Legislativo, basicamente três grandes pontos 
tiveram que ser decididos pelos legisladores e, depois, pelo Poder Executivo, 
por meio da sanção ou do veto, chegando-se ao texto final do NCPC. 
 
Nesse ínterim, mostra-se relevante apontar quais foram esses três temas, bem 
como a redação final do NCPC em relação a eles. 
 
Um dos escopos da comissão de juristas responsável pela elaboração do 
anteprojeto do NCPC consistia na simplificação do procedimento recursal e, 
para tanto, os juristas procederam à supressão do agravo retido. 
 
Deveras, na sistemática processual civil anterior, o agravo retido, em regra, era 
o recurso cabível contra as decisões interlocutórias prolatadas em primeiro 
grau de jurisdição, exceto em três hipóteses, quando seria cabível o agravo na 
modalidade de instrumento: i) decisão que fosse suscetível de causar à parte 
lesão grave e de difícil reparação; ii) decisão que não recebesse a apelação; iii) 
decisão que determinasse os efeitos em que a apelação seria recebida 
(CPC/73, art. 522, caput). 
 
CPC/73, art. 522, caput. Das decisões interlocutórias caberá 
agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo 
quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte 
lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de 
inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que 
a apelação é recebida, quando será admitida a sua 
interposição por instrumento. 
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. 
 
Em adição, contra decisões interlocutórias proferidas em audiência de 
instrução e julgamento, o agravo retido deveria ser interposto imediatamente, 
na forma oral, constando, do termo de audiência, as razões do agravante, sob 
pena de preclusão (CPC/73, art. 523, §3º). Por outro lado, admitia-se a 
interposição do agravo retido, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, contra as 
decisões interlocutórias proferidas em outras audiências, como a preliminar. 
 
CPC/73, art. 523, §3º Das decisões interlocutórias proferidas 
na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na 
forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, 
	
	
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bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele 
expostas sucintamente as razões do agravante. 
 
Ademais, o agravante deveria requerer, de forma expressa e em preliminar de 
apelação ou de contrarrazões, o julgamento do agravo retido, sob pena de o 
recurso perder o objeto (CPC/73, art. 523, caput, e §1º). 
 
CPC/73, art. 523, caput. Na modalidade de agravo retido o 
agravante requererá que o Tribunal dele conheça, 
preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. 
§1º Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer 
expressamente, nas razões ou na resposta da apelação, sua 
apreciação pelo Tribunal. 
 
Ao extinguir o agravo retido como modalidade recursal, primando pela 
simplificação do procedimento no âmbito recursal, o Novo Código alterou as 
hipóteses de cabimento da apelação, que passou a ser o recurso adequado 
para refutar as decisões interlocutórias não impugnáveis por agravo de 
instrumento. 
 
Dessa forma, o NCPC consagrou a possibilidade de cabimento do recurso de 
apelação não só contra sentença, mas, também, contra as decisões 
interlocutórias não gravosas, isto é, não passíveis de serem impugnadas por 
agravo de instrumento. 
 
Com efeito, as decisões interlocutórias não sujeitas ao recurso de agravo de 
instrumento podem ser ventiladas
em preliminar de apelação, de modo que o 
apelante poderá recorrer da sentença e das decisões interlocutórias não 
gravosas, ampliando-se, assim, o objeto do recurso em apreço. Cuida-se de 
uma mudança substancial, pois haverá recursos de apelação que poderão 
impugnar não só aquilo que foi decidido na sentença e em seus capítulos, mas 
também inúmeras decisões interlocutórias não gravosas. 
 
Outrossim, as decisões interlocutórias contra as quais não cabe agravo de 
instrumento, poderão ser suscitadas em contrarrazões de apelação. Nessa 
hipótese, as contrarrazões recursais assumem natureza jurídica de defesa 
contra a apelação interposta e de ataque contra as decisões interlocutórias não 
gravosas que forem desfavoráveis ao apelado, veiculando, ao mesmo tempo, 
defesa e pedido recursal de anulação ou reforma das decisões interlocutórias 
não gravosas. A parte recorrida, portanto, somente poderá propugnar contra as 
decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento que lhe causaram 
prejuízo nas contrarrazões de apelação. Perceba-se que, quando o recurso 
	
	
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contra as decisões interlocutórias não gravosas vier no bojo de contrarrazões, 
provavelmente não será exigido preparo, custas e despesas processuais. 
 
Além disso, havendo recurso contra as decisões interlocutórias não gravosas 
nas contrarrazões recursais, deve o apelante ser intimado para exercer o 
contraditório, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 1.009, caput, e §§1º e 2º). 
 
Art. 1.009, caput. Da sentença cabe apelação. 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a 
decisão a seu respeito não comportar agravo de 
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser 
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente 
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
§2º Se as questões referidas no §1º forem suscitadas em 
contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 
(quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. 
 
O segundo ponto interessante sobre o qual se debateu quando da tramitação 
legislativa do Novo Código diz respeito à supressão ou não do efeito 
suspensivo automático do recurso de apelação. Alguns processualistas civis 
estudiosos do direito estrangeiro defenderam, com veemência, que o efeito 
suspensivo do recurso de apelação deveria ser ope judicis, competindo ao juiz, 
no caso concreto, desde que preenchidos os requisitos legais, a concessão de 
tal efeito à apelação, uma vez que a sentença é prolatada com base em uma 
cognição exauriente e após o exercício do contraditório pleno. 
 
Todavia, a tese acima espraiada não teve prevalência e o NCPC manteve a 
previsão legal de que o recurso de apelação, em regra, será recebido nos 
efeitos devolutivo e suspensivo, ressalvadas as hipóteses elencadas nos 
incisos do artigo 1.012, §1º (art. 1.012, caput, e §1º). 
 
Art. 1.012, caput. A apelação terá efeito suspensivo. 
§ 1.º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a 
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a 
sentença que: 
I – homologa a divisão ou demarcação de terras; 
II – condena a pagar alimentos; 
III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes 
os embargos do executado; 
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
	
	
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VI – decreta a interdição. 
 
O último tema que suscitou ferrenha discussão quando da elaboração do Novo 
Código se refere ao juízo de admissibilidade da apelação. 
 
Nos moldes do CPC/73, o juízo de admissibilidade do instrumento processual 
de impugnação de decisões judiciais em testilha era feito em dois momentos: 
pelo órgão a quo e pelo órgão ad quem. 
 
Ao ser interposta a apelação, o juízo de primeiro grau realizava o juízo prévio 
de admissibilidade, verificando se os requisitos intrínsecos e extrínsecos de 
admissibilidade recursal se faziam presentes. Se o juízo de admissibilidade 
fosse positivo, o juízo a quo recebia a apelação, declarava os efeitos em que a 
admitia e mandava dar vista ao apelado para apresentar contrarrazões. Com o 
oferecimento da resposta ao recurso de apelação, facultava-se ao juiz que 
prolatou a sentença impugnada a realização de novo juízo de admissibilidade 
(CPC/73, art. 518, caput, e §2º). 
 
CPC/73, art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando 
os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado 
para responder. 
§1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a 
sentença estiver em conformidade com súmula do Superior 
Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. 
§2º Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco 
dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do 
recurso. 
 
Superado o exame dos pressupostos recursais, com a admissão do recurso de 
apelação, o juízo de primeira instância encaminhava a apelação ao juízo ad 
quem, que, antes de examinar a pretensão recursal, efetuava novo juízo de 
admissibilidade. Se, nesse momento, o tribunal concluísse que os 
pressupostos recursais estavam preenchidos, conhecia do recurso de 
apelação, caso em que poderia lhe dar ou negar provimento, conforme 
acolhesse ou não o pedido recursal. 
 
O Novo Código, na busca pela simplificação procedimental, extinguiu o juízo de 
admissibilidade recursal efetuado pelo órgão a quo. De fato, conquanto a 
apelação continue a ser interposta perante o juízo de primeiro grau, este se 
limitará a ordenar a intimação do apelado para o oferecimento de contrarrazões 
recursais e, cumpridas as formalidades legais, remeterá os autos, de imediato, 
ao tribunal, independentemente de juízo de admissibilidade. Assim, a exame do 
	
	
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preenchimento dos pressupostos recursais caberá, de forma exclusiva, ao juízo 
ad quem, não havendo mais o duplo juízo de admissibilidade na apelação (art. 
1.010). 
 
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao 
juízo de primeiro grau, conterá: 
I – os nomes e a qualificação das partes; 
II – a exposição do fato e do direito; 
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de 
nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão. 
§1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões 
no prazo de 15 (quinze) dias. 
§2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o 
apelante para apresentar contrarrazões. 
§3º Após as formalidades previstas nos §§1º e 2º, os autos 
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente 
de juízo de admissibilidade. 
 
Hipóteses de cabimento do recurso da apelação: à semelhança do artigo 
513 do CPC/73, o artigo 1.009, caput, do Novo Código, é explícito ao dispor 
que a apelação é o recurso cabível contra sentença. Desse modo, a apelação 
continua a ser o recurso adequado para refutar sentença. 
 
CPC/73, art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 
269). 
 
NCPC, art. 1.009, caput. Da sentença cabe apelação. 
 
Destaque-se, contudo, que o NCPC excepcionou a regra esculpida no 
mencionado artigo 1.009, caput, estabelecendo ser cabível o recurso de agravo 
de instrumento contra algumas decisões judiciais que possuem natureza 
jurídica de sentença. Vejamos. 
 
A nova legislação processual civil estatui que, nas hipóteses previstas nos 
artigos 485 e 487, incisos II e III, o magistrado proferirá sentença, que poderá 
ser parcial, caso em que tal decisão judicial é chamada pela doutrina de 
sentença parcial ou interlocutória. 
 
	
	
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Embora a decisão judicial proferida nos termos dos artigos 485 e 487, incisos II 
e III, seja definida, pelo próprio texto legal, como sentença, o Novo Código 
determina que, quando se tratar de sentença parcial, será impugnável via 
agravo de instrumento, em clara exceção ao artigo 1.009, caput, que 
estabelece ser a apelação o recurso adequado contra sentença. 
 
Para
melhor elucidação, cite-se como exemplo a hipótese em que o juiz decida 
pela falta de legitimidade passiva em relação a apenas um dos réus, 
extinguindo o processo sem resolução do mérito somente em relação a essa 
parcela, caso em que, apesar de se tratar de sentença, por ser ela parcial, será 
cabível o recurso de agravo de instrumento (arts. 354, 485 e 487). 
 
CAPÍTULO X 
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 
SEÇÃO I 
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO 
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 
485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença. 
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode 
dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que 
será impugnável por agravo de instrumento. 
 
CAPÍTULO XIII 
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA 
SEÇÃO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 485, caput. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I – indeferir a petição inicial; 
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por 
negligência das partes; 
III – por não promover os atos e diligências que lhe incumbir, o 
autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de 
desenvolvimento válido e regular do processo; 
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência 
ou de coisa julgada; 
VI – verificar a ausência de legitimidade ou de interesse 
processual; 
	
	
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VII – acolher a alegação de existência de convenção de 
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua 
competência; 
VIII – homologar a desistência da ação; 
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada 
intransmissível por disposição legal; e 
X – nos demais casos prescritos neste Código. 
 
(...) 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na 
reconvenção; 
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência 
de decadência ou prescrição; 
III – homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado 
na ação ou na reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na 
reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do §1º do art. 332, a 
prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que 
antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. 
 
Da mesma forma, as sentenças de procedência e de improcedência do pedido, 
que estão disciplinadas no artigo 487, inciso I, do Novo Código, podem ser 
objeto de sentença parcial, com supedâneo no artigo 356, que não encontra 
correspondência no CPC/73. 
 
Em que pese se trate de sentença de procedência ou de improcedência do 
objeto formulado na exordial, o NCPC determina que, sendo parcial, será 
impugnável através da interposição do recurso de agravo de instrumento, e não 
de apelação. 
 
O Professor exemplifica, trazendo a lume a hipótese em que um dos pedidos 
formulados pelo autor tenha sido contestado e o outro tenha restado 
incontroverso, razão pela qual o juiz extingue o processo com resolução de 
mérito apenas em relação ao pedido incontroverso. Cuidando-se de sentença 
parcial, deverá ser interposto contra ela, em exceção ao artigo 1.009, caput, o 
recurso de agravo de instrumento (arts. 356 e 487, inciso I). 
	
	
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CAPÍTULO X 
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 
SEÇÃO III 
DO JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO 
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um 
ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: 
I – mostrar-se incontroverso; 
II – estiver em condições de imediato julgamento, nos 
termos do art. 355; 
§1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá 
reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. 
§2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a 
obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o 
mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso 
contra essa interposto. 
§3º Na hipótese do §2º, se houver trânsito em julgado da 
decisão, a execução será definitiva. 
§4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar 
parcialmente o mérito poderão ser processados em autos 
suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. 
§5º A decisão proferida com base neste artigo é 
impugnável por agravo de instrumento. 
 
(...) 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na 
reconvenção. 
(...) 
 
Por derradeiro, o novo diploma processual civil estabelece que, em 
determinadas circunstâncias, deverá ser interposto recurso de apelação contra 
decisão judicial que, a princípio, seria impugnada via agravo de instrumento, 
em virtude da questão abordada. Senão vejamos. 
 
O artigo 1.015 do NCPC estabelece ser cabível agravo de instrumento contra 
as decisões interlocutórias que versarem sobre as matérias elencadas em seus 
incisos e parágrafo único. Assim, o Novo Código, de forma inovadora, previu 
um rol concernente ao cabimento do recurso de agravo de instrumento, de 
	
	
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modo que, se não houver previsão legal, o recurso será inadmissível. Todavia, 
se o juiz, na sentença, e não em decisão interlocutória, decidir a respeito de 
alguma questão disposta no aludido artigo 1.015, não será cabível agravo de 
instrumento e, sim, apelação. 
 
Em outras palavras, caso uma das questões constantes do artigo 1.015 não 
seja resolvida por meio da prolação de decisão interlocutória, no curso do 
procedimento, vindo a integrar o corpo formal da sentença, será cabível o 
recurso de apelação (art. 1.009, §3º). 
 
Art. 1.009 (...) 
§3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo 
quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem 
capítulo da sentença. 
 
TÍTULO II 
DOS RECURSOS 
CAPÍTULO III 
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões 
interlocutórias que versarem sobre: 
I - tutelas provisórias; 
II - mérito do processo; 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento 
do pedido de sua revogação; 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII - exclusão de litisconsorte; 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo 
aos embargos à execução; 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, 
§1º; 
XII - (VETADO); 
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. 
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento 
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação 
	
	
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de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de 
execução e no processo de inventário. 
 
Ainda, o §5º, do artigo 1.013, do Novo Código, introduz mais uma hipótese de 
decisão judicial contra a qual cabe recurso de apelação, embora, a priori, seria 
impugnável via agravo de instrumento, em razão da questão sobre a qual se 
decide. Com efeito, é cediço que, nos termos do inciso I, do artigo 1.015, cabe 
agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que versar sobre a tutela 
provisória, gênero do qual são espécies as tutelas de urgência e de evidência. 
Cumpre recordar, no entanto, que a tutela provisória pode ser concedida no 
início ou no meio do procedimento e vir a ser confirmada na sentença, ou, até 
mesmo, mostra-se possível que o juiz defira a tutela provisória, pela primeira 
vez, na sentença, verificando que estejam presentes os requisitos para que o 
autor, de imediato, possa usufruir o bem da vida almejado. Se a tutela 
provisória for confirmada ou concedida quando da
prolação de sentença, 
deverá ser interposto recurso de apelação, e não agravo de instrumento, contra 
tal decisão judicial. 
 
Art. 1.013 A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da 
matéria impugnada. 
§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo 
tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, 
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas 
ao capítulo impugnado. 
§2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento 
e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao 
tribunal o conhecimento dos demais. 
§3º Se o processo estiver em condições de imediato 
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente 
com os limites do pedido ou da causa de pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, 
hipótese em que poderá julgá-lo; 
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de 
fundamentação. 
§4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou 
a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, 
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do 
processo ao juízo de primeiro grau. 
§5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou 
revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. 
 
	
	
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Portanto, conclui-se que, se qualquer das questões enumeradas no artigo 
1.015 integrarem capítulo de sentença, o recurso de apelação terá cabimento, 
afastando-se o agravo de instrumento, razão pela qual se mostra necessário o 
cotejo entre os artigos 1.015, 1.009, §3º, e 1.013, §5º, todos do Novo Código, e 
analisar, por conseguinte, se as questões estão contempladas em sentença ou 
em decisão interlocutória para que seja interposto o recurso correto. 
 
Cumpre observar, ainda, que, nas hipóteses em que o legislador foi claro em 
estabelecer o cabimento do recurso de agravo de instrumento, como no caso 
de sentença parcial de mérito, não caberá apelação, vedando-se a aplicação 
do princípio da fungibilidade, uma vez que, quando a lei é explícita acerca do 
cabimento de determinado recurso, desaparece o requisito da dúvida objetiva 
ou fundada para que possa ser aplicado o princípio em tela. 
 
O princípio da fungibilidade preconiza que a parte não pode ser prejudicada 
pela interposição de um recurso por outro, desde que presentes alguns 
requisitos a seguir expostos, de modo que o julgador deverá receber o recurso 
que não se entende cabível no caso concreto por aquele que teria cabimento. 
Para a sua aplicação, conforme destacado, são exigidos os seguintes 
requisitos: i) dúvida objetiva ou fundada; e ii) inexistência de erro grosseiro. 
Alguns doutrinadores prescrevem, também, que é preciso que inexista má-fé 
por parte do recorrente, aplicando-se a teoria do prazo menor para aferir a 
existência de má-fé na interposição do recurso, caso em que se afastaria a 
incidência do princípio em comento. 
 
Nessa ambiência, ressalte-se que o NCPC acolheu a técnica do CPC/73 de 
não dispor expressamente sobre o princípio da fungibilidade, inobstante 
contenha duas previsões específicas nesse sentido, hipóteses nas quais o 
recorrente dispõe do direito de adaptar o recurso interposto: i) embargos de 
declaração e agravo interno (artigo 1.024, §3º); e ii) recursos especial e 
extraordinário (artigo 1.033). 
 
CAPÍTULO V 
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. 
§1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa 
na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo 
julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta 
automaticamente. 
§2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra 
decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em 
tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á 
monocraticamente. 
	
	
15	
§3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de 
declaração como agravo interno se entender ser este o 
recurso cabível, desde que determine previamente a 
intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, 
complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às 
exigências do art. 1.021, §1º. 
§4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique 
modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver 
interposto outro recurso contra a decisão originária tem o 
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos 
limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado 
da intimação da decisão dos embargos de declaração. 
§5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não 
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso 
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento 
dos embargos de declaração será processado e julgado 
independentemente de ratificação. 
 
(...) 
 
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como 
reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso 
extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de 
lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal 
de Justiça para julgamento como recurso especial. 
 
Por derradeiro, não se pode olvidar que existirá calorosa discussão a respeito 
da possibilidade ou não de impetração de mandado de segurança para 
impugnar as decisões interlocutórias que não puderem ser recorríveis por 
agravo de instrumento, por não versarem sobre as questões constantes do rol 
do artigo 1.015. 
 
De acordo com o artigo 5º, II, da Lei do Mandado de Segurança (Lei Federal nº 
12.016/09), é cabível a impetração da ação autônoma de impugnação em tela 
quando se tratar de decisão judicial contra a qual não caiba recurso com efeito 
suspensivo. Do mesmo modo, o Enunciado nº 267 da Súmula do Supremo 
Tribunal Federal autoriza a impetração de mandado de segurança contra ato 
judicial que não seja passível de recurso ou correição. 
 
Lei Federal nº 12.016/09, art. 5º Não se concederá mandado 
de segurança quando se tratar: 
I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito 
suspensivo, independentemente de caução; 
	
	
16	
II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito 
suspensivo; 
III – de decisão judicial transitada em julgado. 
 
STF, Súmula 267. Não cabe mandado de segurança contra 
ato judicial passível de recurso ou correição. 
 
Por seu turno, em que pese o Novo Código tenha suprimido a modalidade de 
agravo retido, é sabido que, conforme acima explanado, as decisões 
interlocutórias não passíveis de serem refutadas por agravo de instrumento não 
se tornaram irrecorríveis, podendo ser impugnadas em preliminar de apelação 
ou em contrarrazões recursais, motivo pelo qual muitos autores defenderão 
que não se fará possível o manejo de mandado de segurança nessa hipótese. 
 
Inobstante, para o Professor, apesar de o Novo Código ter estabelecido que as 
decisões interlocutórias não recorríveis por agravo de instrumento podem ser 
refutadas em preliminar de apelação ou em contrarrazões recursais, se o risco 
de dano for imediato, caberá a impetração de mandado de segurança, 
conforme aponta o artigo 5º, II, da Lei Federal nº 12.016/09, já que a lei 
processual civil não prevê um remédio recursal que possa ser empregado de 
forma imediata a fim de afastar a ocorrência do dano. 
 
Interesse recursal na apelação: no novo diploma processual civil, o interesse 
recursal na apelação sofreu significativa ampliação, assim como ocorreu com 
as hipóteses de seu cabimento, consoante acima estudado. 
 
Inicialmente, revela-se oportuno explicar que o interesse recursal (ou interesse 
em recorrer) consiste em um dos requisitos intrínsecos de admissibilidade dos 
recursos. 
 
Na esteira do CPC/73, o recurso de apelação somente podia ser interposto 
pela parte que sofreu sucumbência, a qual estava
presente quando não se 
tivesse obtido o melhor resultado possível no processo. Dessa forma, se a 
parte tivesse se sagrado vitoriosa no processo, não poderia interpor apelação 
com a pretensão de que fosse alterada a motivação da sentença, pois lhe 
faltaria interesse em recorrer. 
 
O Novo Código, no entanto, promoveu a ampliação do interesse recursal em, 
pelo menos, três situações. Vejamos. 
 
	
	
17	
Primeiramente, pode ocorrer que a sentença seja favorável a uma das partes, 
mas, no curso do procedimento, tenham sido prolatadas decisões 
interlocutórias que lhe causaram prejuízo, contra as quais, todavia, não era 
cabível o recurso de agravo de instrumento, por tais decisões não versarem 
sobre nenhuma das questões descritas no artigo 1.015. De acordo com o 
Professor, embora a parte tenha obtido a vitória no processo, poderá interpor 
apelação não para impugnar a sentença, mas apenas para refutar as decisões 
interlocutórias não gravosas que lhe tenham sido desfavoráveis, por força do 
artigo 1.009, §1º, conforme acima já aduzido. 
 
Art. 1.009, caput (...) 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a 
decisão a seu respeito não comportar agravo de 
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser 
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente 
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
A segunda situação em que há ampliação do interesse recursal na apelação 
concerne à hipótese em que, embora tenha sido proferida sentença de total 
procedência quanto ao pedido principal, a resolução da questão prejudicial 
tenha sido desfavorável ao autor, caso em que, também, estará presente o 
interesse em recorrer apenas contra o capítulo da sentença que resolve a 
questão incidental. 
 
Nessa ambiência, cumpre realçar que, sem precedentes no CPC/73, o Novo 
Código estendeu os limites objetivos da coisa julgada à resolução da questão 
prejudicial, desde que preenchidos os requisitos constantes dos incisos I a III, 
do §1º, do art. 503. 
 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito 
tem força de lei nos limites da questão principal expressamente 
decidida. 
§1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão 
prejudicial, decidida expressa e incidentemente no 
processo, se: 
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e 
efetivo, não se aplicando no caso de revelia; 
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da 
pessoa para resolvê-la como questão principal. 
§2º A hipótese do §1º não se aplica se no processo houver 
restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o 
aprofundamento da análise da questão prejudicial. 
	
	
18	
 
Frise-se que a questão prejudicial é resolvida na fundamentação da sentença 
e, com a ampliação do interesse recursal, revela-se possível que a parte, em 
que pese tenha obtido o melhor resultado possível no processo, interponha 
recurso de apelação com o único propósito de opugnar a resolução da questão 
prejudicial que lhe tenha sido desfavorável. 
 
Por demais, a terceira hipótese em que a nova lei processual civil ampliou o 
interesse em recorrer na apelação diz respeito aos precedentes judiciais. O 
Novo Código introduziu importantes mecanismos de aperfeiçoamento do 
sistema de precedentes judiciais, atribuindo-lhes força vinculante, com o 
desiderato de uniformizar e estabilizar a jurisprudência, conferindo maior 
segurança jurídica aos jurisdicionados. 
 
Nessa senda, o artigo 926, caput, do NCPC, ordena que os tribunais 
uniformizem sua jurisprudência e a mantenham estável, íntegra e coerente, 
enquanto os incisos do artigo 927 apontam as decisões judiciais que podem 
ser consideradas precedentes dotados de força vinculante. 
 
LIVRO III 
DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE 
IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS 
TÍTULO I 
DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua 
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. 
§1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados 
no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de 
súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. 
§2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-
se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram 
sua criação. 
 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
	
	
19	
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou 
de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de 
recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal 
em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em 
matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais 
estiverem vinculados. 
§1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e 
no art. 489, §1º, quando decidirem com fundamento neste 
artigo. 
§2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de 
súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser 
precedida de audiências públicas e da participação de 
pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese. 
§3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do 
Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou 
daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode 
haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e 
no da segurança jurídica. 
§4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência 
pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos 
repetitivos observará a necessidade de fundamentação 
adequada e específica, considerando os princípios da 
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 
§5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, 
organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, 
preferencialmente, na rede mundial de computadores. 
 
Ainda, o Novo Código criou mecanismos de pacificação social em massa, 
atribuindo-lhes, também, força vinculante, quais sejam: i) recursos especiais e 
extraordinários repetitivos (artigos 1.036 a 1.041); ii) incidente de resolução de 
demandas repetitivas – IRDR (artigos 976 a 987); e iii) incidente de assunção 
de competência – IAC (art. 947). 
 
Além disso, a nova sistemática processual civil cuidou do fortalecimento de 
outros institutos que têm o mesmo escopo já conhecidos no ordenamento 
pátrio, como as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade e as súmulas vinculantes. 
 
Portanto, conclui-se que, com o Novo Código, a teoria dos precedentes restou 
fortalecida, competindo ao operador do direito buscar, nas decisões judiciais, a 
chamada ratio decidendi. De fato, não são os motivos anexos da decisão, mas 
	
	
20	
os determinantes (sem os quais o juiz não teria chegado àquele dispositivo) 
que formam os precedentes a serem observados nas decisões futuras, pois 
são esses motivos determinantes que formam o núcleo do entendimento do 
julgador sobre o qual recai o caráter vinculante da decisão. 
 
Depreende-se do exposto que será possível a interposição do recurso de 
apelação para modificar somente a ratio decidendi da sentença, mesmo que 
seu dispositivo tenha sido favorável ao recorrente. Imagine a situação em que 
tenha sido proferida sentença de improcedência com resolução do mérito, em 
virtude do reconhecimento da prescrição, mas, na fundamentação, tenha sido 
fixada uma ratio decidendi desfavorável ao réu, reconhecendo-se que 
determinado ato por ele praticado
é considerado abusivo. Em razão de a ratio 
decidendi fixada na motivação da sentença ter sido contrária ao réu, este 
dispõe de interesse recursal na interposição da apelação para refutar somente 
esse capítulo da sentença, em que pese tenha sido prolatada sentença de 
improcedência, favorável a ele. 
 
Interposição do recurso de apelação na forma adesiva: a nova sistemática 
processual civil manteve a previsão do chamado recurso adesivo. Insta 
mencionar que o recurso adesivo não é uma espécie recursal, mas uma forma 
diferenciada de interposição de alguns recursos. 
 
Os requisitos para o cabimento do recurso adesivo também não sofreram 
modificações no Novo Código, que repetiu aqueles previstos no CPC/73, quais 
sejam: i) sucumbência recíproca, de modo que ambas as partes não tenham 
obtido no processo o melhor desfecho possível, motivo pelo qual possuem 
interesse recursal; ii) interposição de recurso independente ou principal por 
somente uma das partes, já que o recurso adesivo é destinado para aquele 
que, a princípio, não queria recorrer. 
 
Ademais, uma vez interposto o recurso independente, o recorrido, no prazo 
legal para apresentar as contrarrazões recursais, poderá apresentar seu 
recurso pela via adesiva. 
 
A única novidade no Novo Código, no que concerne ao recurso adesivo, refere-
se à alteração de suas hipóteses de cabimento. No CPC/73, os recursos de 
apelação, embargos infringentes, especial e extraordinário admitiam a 
interposição na forma adesiva, enquanto, no NCPC, somente a apelação e os 
recursos extraordinários admitem essa forma de interposição (CPC/73, art. 
500, e NCPC, arts. 997 e 1.010, §2º). 
 
	
	
21	
CPC/73, art. 500. Cada parte interporá o recurso, 
independentemente, no prazo e observadas as exigências 
legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso 
interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. 
O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se 
rege pelas disposições seguintes: 
I – será interposto perante a autoridade competente para 
admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para 
responder; 
II – será admissível na apelação, nos embargos 
infringentes, no recurso extraordinário e no recurso 
especial; 
III – não será conhecido, se houver desistência do recurso 
principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. 
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas 
regras do recurso independente, quanto às condições de 
admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. 
 
NCPC, art. 997. Cada parte interporá o recurso 
independentemente, no prazo e com observância das 
exigências legais. 
§1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por 
qualquer deles poderá aderir o outro. 
§2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso 
independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste 
quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no 
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o 
seguinte: 
I – será dirigido ao órgão perante o qual o recurso 
independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe 
para responder; 
II – será admissível na apelação, no recurso extraordinário 
e no recurso especial; 
III – não será conhecido, se houver desistência do recurso 
principal ou se for ele considerado inadmissível. 
 
(...) 
 
NCPC, art. 1.010 
(...) 
§2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz 
intimará o apelante para apresentar contrarrazões. 
 
	
	
22	
Impende destacar que a apelação adesiva deve se restringir ao capítulo da 
sentença que foi objeto de impugnação no recurso de apelação independente. 
Como exemplo, pode-se citar o caso em que o juiz, ao julgar uma ação de 
indenização na qual sejam veiculados pedidos de dano material e moral, 
prolate sentença de parcial procedência e somente uma das partes interponha 
recurso de apelação contra o capítulo relativo ao dano moral, pretendendo 
majorar o valor fixado. Se o apelado, no prazo para contrarrazões recursais, 
interpuser apelação na forma adesiva, não poderá desbordar do capítulo da 
sentença que foi objeto da apelação independente, podendo pedir, por 
exemplo, para que seja minorado o valor relativo ao dano moral. Não tendo 
sido interposto recurso contra o capítulo da sentença concernente ao dano 
material, opera-se imediato trânsito em julgado em relação a essa parcela da 
sentença (trânsito em julgado parcial), motivo pelo qual é defeso ao apelado 
interpor apelação pela via adesiva para opugná-la. 
 
No mesmo sentido, se a parte interpõe recurso de apelação de forma 
independente para refutar apenas as decisões interlocutórias não recorríveis 
por agravo de instrumento que lhe causaram prejuízo, o apelado não poderá 
valer-se da apelação pela via adesiva para propugnar contra a sentença, pois, 
com a transcrição in albis do prazo recursal para impugná-la, ela se torna 
imutável. Ao recorrido, então, restará o oferecimento de contrarrazões 
recursais e, talvez, por reflexo do julgamento da apelação contra as decisões 
interlocutórias não gravosas, a sentença venha a ser objeto de anulação. 
 
Ainda, de acordo com o entendimento do Professor, o apelado não poderá se 
valer da apelação adesiva para opugnar as decisões interlocutórias não 
sujeitas a agravo de instrumento que lhe foram desfavoráveis. O apelado 
somente poderá refutar tais decisões interlocutórias em contrarrazões 
recursais, ou, então, que tivesse interposto apelação e as suscitasse em 
preliminar de recurso. 
 
Nesse diapasão, cabe a seguinte indagação: se a parte sucumbente não 
interpõe recurso de apelação contra a sentença, a parte vencedora, no tocante 
ao pedido principal, pode recorrer apenas contra as decisões interlocutórias 
não gravosas, proferidas ao longo do procedimento, que lhe foram 
desfavoráveis? Alguns doutrinadores afirmam que tal hipótese não seria 
possível, pois, na ausência de interposição de recurso para impugná-la, a 
sentença transita em julgado de imediato, inviabilizando, assim, a impugnação 
das decisões interlocutórias anteriores (Fredie Didier Jr.). 
 
Já para o Professor, a parte que se sagrou vencedora na sentença poderá 
interpor apelação apenas para refutar as decisões interlocutórias não gravosas 
que lhe causaram prejuízo, uma vez que o artigo 1.009, §1º, é explícito ao 
	
	
23	
estatuir que, se a decisão interlocutória não comportar impugnação pela via do 
recurso de agravo de instrumento, por não versar sobre matéria elencada no 
artigo 1.015, poderá ser recorrível em preliminar de apelação ou em 
contrarrazões recursais. 
 
Art. 1.009, caput (...) 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a 
decisão a seu respeito não comportar agravo de 
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser 
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente 
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
Procedimento do recurso de apelação: de acordo com o artigo 1.010, caput, 
do Novo Código, a apelação continua a ser interposta e processada em 
primeiro grau de jurisdição. 
 
Os incisos do artigo 1.010 elencam os elementos da peça de apelação, com a 
repetição daqueles exigidos pelos incisos do artigo 514 do CPC/73, 
acrescentando, porém, a exigência de que a peça contenha as razões do 
pedido de reforma ou de decretação de nulidade, que não encontra 
correspondência no CPC/73. 
 
Por óbvio, a peça de apelação deve expor os motivos do pedido de reforma ou 
de decretação de nulidade, em observância ao princípio da dialeticidade 
recursal, segundo o qual o recurso deve ser discursivo, competindo ao 
recorrente apontar, precisamente, o motivo do pedido de reexame da decisão 
judicial recorrida, bem como os fundamentos de fato e de direito que sustentam 
a sua irresignação. 
 
CPC/73, art.
514. A apelação, interposta por petição dirigida 
ao juiz, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II – os fundamentos de fato e de direito; 
III – o pedido de nova decisão. 
 
NCPC, art. 1.010, caput. A apelação, interposta por petição 
dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I – os nomes e a qualificação das partes; 
II – a exposição do fato e do direito; 
	
	
24	
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de 
nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão. 
 
Quanto às contrarrazões recursais, o §1º, do artigo 1.010, do NCPC, manteve 
as regras e o prazo esculpidos pelo CPC/73, de modo que o apelado será 
intimado para o oferecimento de resposta ao recurso de apelação no prazo de 
15 (quinze) dias (CPC/73, artigos 508 e 518, caput). 
 
NCPC, art. 1.010, §1º O apelado será intimado para 
apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
CPC/73, art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no 
recurso ordinário, no recurso especial, no recurso 
extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para 
interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. 
 
(...) 
 
CPC/73, art. 518, caput. Interposta a apelação, o juiz, 
declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao 
apelado para responder. 
 
Uma vez protocolado o recurso de apelação e transcorrido o prazo para que o 
recorrido apresente contrarrazões, com ou sem o seu oferecimento, o juiz 
remeterá os autos ao tribunal, independentemente de juízo de admissibilidade, 
conforme acima sobejamente espraiado (1.010, §3º). 
 
Art. 1.010 
(...) 
§3º Após as formalidades previstas nos §§1º e 2º, os autos 
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente 
de juízo de admissibilidade. 
 
Por conseguinte, recebido e distribuído o recurso de apelação no tribunal, o 
relator proferirá decisão, de forma monocrática, nas hipóteses elencadas no 
artigo 932, incisos III a V, que guardam certa semelhança com o artigo 557, 
caput, do CPC/73 (NCPC, art. 1.011, inciso I). 
 
	
	
25	
CPC/73, art. 557, caput. O relator negará seguimento a recurso 
manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em 
confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do 
respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de 
Tribunal Superior. 
 
NCPC, art. 932. Incumbe ao relator: 
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação 
à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar 
autocomposição das partes; 
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos 
processos de competência originária do tribunal; 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou 
que não tenha impugnado especificamente os 
fundamentos da decisão recorrida; 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou 
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar 
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal 
de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo 
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos 
repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o 
tribunal; 
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o 
caso; 
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento 
interno do tribunal. 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o 
relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para 
que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível. 
	
	
26	
 
NCPC, art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal 
e distribuído imediatamente, o relator: 
I – decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do 
art. 932, incisos III a V. 
(...) 
 
Além disso, o relator pode negar provimento a recurso, monocraticamente, nas 
hipóteses dispostas nas alíneas do inciso V do artigo 932, que se assemelham 
ao artigo 557, §1º-A, do CPC/73. 
 
CPC/73, art. 557 (...) 
§1º-A. Se decisão recorrida estiver em manifesto confronto com 
súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal 
Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar 
provimento ao recurso. 
 
NCPC, art. 932. Incumbe ao relator: 
(...) 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, 
dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for 
contrária a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal 
de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo 
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos 
repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
 
Entretanto, não sendo caso de decisão monocrática, ao relator competirá a 
elaboração de seu voto para o julgamento do recurso pelo órgão colegiado 
(1.011, inciso II). 
 
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e 
distribuído imediatamente, o relator: 
(...) 
II – se não for o caso de decisão monocrática, elaborará 
seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado. 
 
	
	
27	
Consoante acima já estudado, o artigo 1.012, caput, do Novo Código, manteve 
a regra do recebimento da apelação no efeito suspensivo, que continua a ser, 
portanto, ope legis, isto é, decorrente de previsão legal. 
 
À semelhança dos incisos do artigo 520 do CPC/73, os incisos do §1º do artigo 
1.012 do NCPC elencam as hipóteses nas quais a apelação será recebida 
apenas no efeito devolutivo. 
 
Os incisos I, II e IV, do §1º, do artigo 1.012, repetem a redação dos incisos I, II 
e VI, do artigo 520, do CPC/73, enquanto o inciso III, do §1º, do artigo 1.012, 
melhora a redação do inciso V, do artigo 520, do CPC/73, ao estabelecer que a 
sentença que extingue sem resolução de mérito ou julga improcedentes os 
embargos do executado, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua 
publicação. 
 
A redação do inciso V, do §1º, do artigo 1.012 foi ampliada em relação à do 
inciso VII, do artigo 520, do CPC/73, pois prevê que a apelação não terá efeito 
suspensivo quando interposta contra sentença que confirma, concede ou 
revoga tutela provisória. Por fim, o inciso VI, do §1º, do artigo 1.012, traz 
matéria estranha aos incisos do artigo 520, mas não ao CPC/73, que disciplina 
tal exceção em seu artigo 1.184. 
 
CPC/73, art. 520. A apelação será recebida em seu efeito 
devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no 
efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: 
I – homologar a divisão ou demarcação; 
II – condenar à prestação de alimentos; 
III – (Revogado pela Lei n.º 11.232, de 22-12-2005); 
IV – decidir o processo cautelar; 
V – rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los 
improcedentes; 
VI – julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. 
 
CPC/73, art. 1.184. A sentença de interdição produz efeito 
desde logo, embora sujeita a apelação. Será inscrita no 
Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local 
e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) 
dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador,
a 
causa da interdição e os limites da curatela. 
 
	
	
28	
NCPC, art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
§1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a 
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a 
sentença que: 
I – homologa divisão ou demarcação de terras; 
II – condena a pagar alimentos; 
III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes 
os embargos do executado; 
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI – decreta a interdição. 
 
Perceba-se, contudo, que o aludido artigo 1.012 não menciona os efeitos do 
recurso de apelação interposto contra decisão interlocutória não sujeita a 
agravo de instrumento. Para o Professor, a apelação interposta contra as 
decisões interlocutórias não gravosas não dispõe de efeito suspensivo ope 
legis, até mesmo porque as decisões interlocutórias, uma vez proferidas, 
produziram efeito, normalmente, durante o curso do procedimento. 
 
Por demais, o artigo 1.012, §2º, do Novo Código, permite o cumprimento 
provisório imediato da sentença refutada por recurso de apelação que não 
disponha de efeito suspensivo previsto pela própria lei. 
 
Art. 1.012. 
(...) 
§2º Nos casos do §1º, o apelado poderá promover o pedido 
de cumprimento provisório depois de publicada a 
sentença. 
 
Insta salientar que, mesmo nas hipóteses em que o recurso de apelação seja 
recebido apenas no efeito devolutivo, a nova sistemática processual civil 
autoriza a concessão de efeito suspensivo ope judicis, cabendo ao relator, no 
caso concreto, desde que preenchidos os requisitos legais, suspender a 
eficácia da sentença impugnada. 
 
O apelante deve formular pedido de concessão de efeito suspensivo, mediante 
requerimento, que deverá ser dirigido ao tribunal caso a apelação por ele 
interposta ainda não tenha sido distribuída, hipótese em que o relator 
designado para o exame do requerimento ficará prevento para o julgamento do 
	
	
29	
recurso. Por outro lado, se a apelação já tiver sido distribuída, o requerimento 
de pedido de concessão de efeito suspensivo será dirigido ao relator. 
 
Ainda, para que o relator possa conceder efeito suspensivo ao recurso de 
apelação, o recorrente deve demonstrar a probabilidade de provimento do 
recurso, ou, sendo relevante a motivação, haja risco de dano grave ou de difícil 
reparação (art. 1.012, §§3º e 4º). 
 
NCPC, art. 1.012 (...) 
§3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas 
hipóteses do §1º poderá ser formulado por requerimento 
dirigido ao: 
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da 
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para 
seu exame prevento para julgá-la; 
II – relator, se já distribuída a apelação. 
§4º Nas hipóteses do §1º, a eficácia da sentença poderá ser 
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a 
probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo 
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou 
de difícil reparação. 
 
Em adição, é cediço que o efeito devolutivo consiste na aptidão que todo 
recurso detém de transferir ao órgão ad quem o conhecimento da matéria 
propugnada, sendo analisado sob dois aspectos ou duas dimensões: i) aspecto 
da extensão ou dimensão horizontal; e ii) aspecto da profundidade ou 
dimensão vertical. 
 
O artigo 1.013, caput, do Novo Código, repetindo a regra consagrada no artigo 
515, caput, do CPC/73, disciplina o efeito devolutivo no recurso de apelação 
sob o aspecto da extensão, preconizando que a apelação devolverá ao órgão 
ad quem apenas a apreciação da matéria impugnada: tantum devolutum 
quantum appellatum. Assim, é o apelante quem delimita as matérias que serão 
devolvidas ao tribunal que, por sua vez, não poderá ir além do objeto da 
pretensão recursal, de modo que, se o recurso for parcial, somente 
reexaminará a parte recorrida. 
 
CPC/73, art. 515, caput. A apelação devolverá ao tribunal o 
conhecimento da matéria impugnada. 
 
NCPC, art. 1.013, caput. A apelação devolverá ao tribunal o 
conhecimento da matéria impugnada. 
	
	
30	
 
Por seu turno, o aspecto da profundidade ou a dimensão vertical do efeito 
devolutivo no recurso de apelação foi abordado pelos §§1º e 2º, do artigo 
1.013, do Novo Código. O aspecto da profundidade do efeito devolutivo se 
refere aos fundamentos que embasam as pretensões formuladas e, para 
compreendê-lo, é necessário recordar que o juiz, ao proferir sentença, não 
precisa analisar todos os fundamentos trazidos pelas partes, mas somente 
aqueles que forem suficientes para o acolhimento ou rejeição do pedido. 
 
O §1º, do artigo 1.013, do NCPC, é explícito ao estatuir que todas as questões 
suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença tenha sido omissa 
em relação a elas, serão devolvidas ao tribunal, desde que relativas ao capítulo 
impugnado no recurso, uma vez que, havendo recurso parcial, é certo que se 
opera o trânsito em julgado da parcela da sentença que não foi objeto de 
recurso, de modo que as questões relativas a essa parcela não poderão ser 
analisadas pelo órgão ad quem. 
 
Frise-se que, nesse ponto, a nova sistemática processual civil inovou, pois o 
§1º, do artigo 515, do CPC/73, não estabelece que a profundidade da 
devolução quanto a todas as questões suscitadas e discutidas está restrita ao 
capítulo refutado. 
 
Já o §2º, do artigo 1.013, do NCPC, manteve a redação do §2º, do artigo 515, 
do CPC/73, dispondo que os fundamentos invocados pelas partes, ainda que 
não tenham sido analisados em primeira instância, também serão devolvidos 
ao tribunal, desde que, também, estejam relacionados ao capítulo da sentença 
que foi objeto de impugnação. Em outras palavras, quando o pedido ou a 
defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles por ser 
suficiente ao julgamento do pedido, a apelação devolve ao tribunal o 
conhecimento dos demais fundamentos trazidos pelas partes, mesmo que não 
analisados na sentença, mas desde que restritos ao capítulo impugnado. 
 
Nesse diapasão, é oportuno realçar que, por força do efeito translativo, o órgão 
ad quem poderá apreciar matérias de ordem pública de ofício, mesmo que não 
tenham sido objeto do recurso. 
 
Ocorre que, levando-se em consideração que o efeito translativo pode ser 
compreendido a partir do aspecto da profundidade do efeito devolutivo, pode-
se afirmar que o conhecimento das matérias de ordem pública pelo tribunal 
está limitado ao capítulo impugnado, nos termos do §1º, do artigo 1.013. 
Assim, o órgão ad quem somente poderá conhecer as matérias de ordem 
pública que estejam relacionadas ao capítulo da sentença contra o qual se 
	
	
31	
insurgiu o recorrente. E, vedada a prolação de decisões surpresas pelo Novo 
Código, o tribunal deverá respeitar o contraditório ao constatar a presença de 
matéria de ordem pública quando do julgamento do recurso (NCPC, artigo 10). 
 
CPC/73, art. 515. 
(...) 
§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo 
tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no 
processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por 
inteiro. 
§2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um 
fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação 
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. 
 
NCPC, art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de 
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se 
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda 
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
(...) 
 
Art. 1.013. 
(...) 
§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo 
tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, 
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas
ao capítulo impugnado. 
§2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um 
fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação 
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. 
 
Por derradeiro, o novo diploma processual civil manteve a previsão da 
chamada teoria da causa madura, que possui o objetivo de aprimorar a 
prestação jurisdicional ao viabilizar o julgamento direto pelos tribunais, desde 
que presentes os requisitos legais (NCPC, artigo 1.013, §§3º e 4º). 
 
Em cotejo com o CPC/73, verifica-se que o Novo Código trouxe algumas 
inovações quanto à teoria da causa madura. Com efeito, o §3º do artigo 1.013, 
determina a aplicação da teoria em estudo se o processo estiver em condições 
de imediato julgamento, independentemente da natureza da questão, se de 
fato ou de direito. 
	
	
32	
 
Por outro lado, o §3º do artigo 515 do CPC/73, estabelecia que a aplicação da 
teoria da causa madura estava restrita à hipótese em que o processo versasse 
apenas sobre questão exclusivamente de direito e estivesse em condições de 
imediato julgamento. 
 
Destarte, o único requisito previsto pelo NCPC para a aplicação da teoria da 
causa madura consiste na exigência de que o processo esteja em condições 
de imediato julgamento, pouco importando se a causa versar sobre questão de 
direito ou de fato. 
 
Ademais, os incisos do §3º do artigo 1.013 do Novo Código ampliam as 
hipóteses de aplicação da teoria da causa madura, que não fica mais limitada à 
sentença terminativa, ou seja, de extinção do processo sem resolução do 
mérito, como ocorria no CPC/73. 
 
CPC/73, art. 515. 
(...) 
§3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento de 
mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se 
a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver 
em condições de imediato julgamento. 
 
NCPC, art. 1.013. 
(...) 
§3º Se o processo estiver em condições de imediato 
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito 
quando: 
I – reformar sentença fundada no art. 485; 
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente 
com os limites do pedido ou da causa de pedir; 
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, 
hipótese em que poderá julgá-lo; 
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de 
fundamentação. 
 
Nesse ínterim, mostra-se recomendável a análise de cada um dos incisos do 
§3º, do artigo 1.013, do NCPC. 
 
	
	
33	
No inciso I, o tribunal procede ao afastamento do vício processual e ingressa 
no mérito pela primeira vez, em razão de a causa já se encontrar madura, 
proferindo decisão acerca do provimento ou não do recurso. 
 
Já o inciso II consiste em uma novidade introduzida pela nova sistemática 
processual, autorizando o tribunal a decretar a nulidade da sentença por não 
ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir e a julgar 
desde logo o mérito recursal, com observância dos limites impostos pelo 
pedido ou pela causa de pedir. Desse modo, a teoria da causa madura passará 
a ser aplicada no caso de sentenças extra ou citra petita, lembrando que, 
quando se tratar de sentença ultra petita, basta a anulação da parcela 
excedente da decisão. 
 
O inciso III também consiste em uma novidade introduzida pelo NCPC e 
permite que o tribunal examine e julgue o pedido em relação ao qual a 
sentença foi omissa. Dessa forma, a aplicação da teoria em comento poderá 
ocorrer no caso de sentença citra petita. 
 
Por sua vez, o inciso IV determina ao tribunal que decrete a nulidade da 
sentença por ausência de motivação e, estando o processo em condições de 
imediato julgamento, decida o mérito, ao invés de baixar os autos para que o 
juízo de primeiro grau prolate nova sentença. O inciso IV não encontra 
correspondência no CPC/73. 
 
Ressalte-se que o §4º do artigo 1.013 do NCPC traz mais uma hipótese de 
aplicação da teoria da causa madura, ao prever que o tribunal, ao reformar 
sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, julgue o mérito, se 
possível, abstendo-se de ordenar o retorno dos autos ao juízo de primeira 
instância. 
 
NCPC, art. 1.013 
(...) 
§4º Quando reformar sentença que reconheça a 
decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará 
o mérito, examinando as demais questões, sem determinar 
o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. 
 
Com o objetivo de findar essa exposição, cumpre mencionar que o artigo 1.014 
do Novo Código repete a regra estabelecida no artigo 517, do CPC/73, no que 
diz respeito às novas questões de fato. 
 
	
	
34	
O recurso de apelação, no ordenamento pátrio, possui a finalidade de controle 
da sentença de primeiro grau. Porém, excepcionalmente, a lei processual civil 
permite que o apelante proceda à alegação de novas questões de fato, desde 
que prove que deixou de fazê-lo, no juízo inferior, por motivo de força maior. 
 
Registre-se que fatos novos são aqueles que não foram levados à apreciação 
do Poder Judiciário naquele processo, ainda que tenham se verificado antes de 
ser proferida sentença. Também, é indispensável que o recorrente prove que, 
por motivo de força maior, foi impedido de aduzir a questão de fato em primeira 
instância, como no caso, por exemplo, em que ignorava a existência do fato por 
um motivo objetivo e sério, bem como na hipótese em que o fato, 
simplesmente, ainda não tinha ocorrido. 
 
CPC/73, art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo 
inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar 
que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
 
NCPC, art. 1.014. As questões de fato não propostas no 
juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a 
parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força 
maior.

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