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2 Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. MÓDULO IV Aula 03 (Agravo de Instrumento) Professor Luiz Manoel Gomes Jr. Esclarecimentos introdutórios: o agravo de instrumento é um recurso que permite o acesso ao sistema recursal para atacar um ponto específico da decisão. Isso não quer dizer que, nele, não possam ser discutidas mais teses, mas, na grande maioria das vezes, o agravo objetiva a discussão de um ponto específico da decisão. E o grande segredo é delimitar o ponto específico que está será discutido no recurso. Análise histórica do agravo de instrumento no ordenamento jurídico brasileiro: vejamos como o recurso de agravo de instrumento foi tratado no Brasil desde o CPC/39. Código de Processo Civil de 1939 (Decreto-Lei n° 1.608/39): o agravo de instrumento era cabível nas estritas hipóteses contidas no art. 842 do CPC/39 (numerus clausus) para impugnar decisões interlocutórias com força definitiva e era assim denominado pois dava origem a um instrumento, formado pelas cópias das principais peças dos autos. Decreto-Lei n° 1.608/39 (CPC/39), art. 842. Além dos casos em que a lei expressamente o permite, dar-se-á agravo de instrumento das decisões: I, que não admitirem a intervenção de terceiro na causa; II, que julgarem a exceção de incompetência; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/1937-1946/Del4565.htm - art36 III, que denegarem ou concederem medidas requeridas como preparatórias da ação; IV - que receberem ou rejeitarem “in limine” os embargos de terceiro. V, que denegarem ou revogarem o benefício de gratuidade, 3 VI, que ordenarem a prisão; VII, que nomearem ou destituírem inventariante, tutor, curador, testamenteiro ou liquidante; VIII, que arbitrarem, ou deixarem de arbitrar a remuneração dos liquidantes ou a vintena dos testamenteiros; IX, que denegarem a apelação, inclusive de terceiro prejudicado, a julgarem deserta, ou a relevarem da deserção; X, que decidirem a respeito de erro de conta ou de cálculo; XI, que concederem, ou não, a adjudicação, ou a remissão de bens; XII, que anularem a arrematação, adjudicação, ou remissão cujos efeitos legais já se tenham produzido; XIII, que admitirem, ou não, o concurso de credores, ou ordenarem a inclusão ou exclusão de créditos; XV, que julgarem os processos de que tratam os Títulos XV a XXII do Livro V, ou os respectivos incidentes, ressalvadas as exceções expressas; XVI, que negarem alimentos provisionais; XVII, que, sem caução idônea, ou independentemente de sentença anterior, autorizarem a entrega de dinheiro ou quaisquer outros bens, ou a alienação, hipoteca, permuta, sub- rogação ou arrendamento de bens. O mais curioso é perceber que, no CPC/39, para a formação do instrumento, as peças eram copiadas de forma manuscrita, vez que, na época, eram raridades as máquinas de escrever. Curiosamente, a primeira sentença datilografada foi anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo sob o argumento de que não seria possível perceber se o juiz a tinha elaborado por inteiro. Essas dificuldades para a formação e tramitação do instrumento contribuíram para que o agravo fosse pouco utilizado à época. Código de Processo Civil de 1973 (Lei Federal n° 5.869/73): como grande inovação, o CPC/73 criou dois regimes de livre escolha do jurisdicionado quanto ao recurso cabível em face de decisão interlocutória, quais sejam: o agravo de instrumento (formava um instrumento) e o agravo retido (o recurso ficava retido nos autos do processo, aguardando o julgamento final, com a finalidade básica de evitar a preclusão). Nessa sistemática inicial do CPC/73, o agravo de instrumento era formado, em média, no prazo de 06 (seis) a 12 (doze) meses, pois o agravante, ao recorrer, indicava as peças que seriam utilizadas, mas a transcrição ou cópia das peças essenciais era feita pelo cartorário, que deveria intimar o agravante para pagar 4 as custas referentes a essas cópias antes de fazê-las. Somente após a comprovação do recolhimento dessas custas, o agravado era intimado para se manifestar e, se indicasse peças novas, também deveria ser intimado para recolher as custas antes da transcrição ou cópia, além de motivar nova intimação do agravante. Por consequência, utilizava-se o mandado de segurança nas situações de urgência, nas quais não era possível esperar a formação desse instrumento. 1ª reforma no CPC/73 (advento da Lei Federal n° 9.139/95): com esse diploma, o regime do agravo de instrumento adquire nova estrutura, sendo interposto diretamente no segundo grau (e não mais perante o juízo de primeiro grau) e passando a admitir o chamado efeito ativo. CPC/73 (redação dada pela Lei Federal n° 9.139/95), Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através de petição com os seguintes requisitos: I - a exposição do fato e do direito; II - as razões do pedido de reforma da decisão; III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo. (...) Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. Em São Paulo, iniciou-se uma discussão muito séria a respeito do efeito ativo no agravo de instrumento, porque alguns desembargadores entendiam que ele só serviria para suspender a decisão de primeiro grau. Desse modo, se a decisão era negativa, não se poderia deferir o pedido de concessão do efeito ativo nos recursos. Sobre o tema, teve especial contribuição o jurista Eduardo Talamini, que cunhou a expressão “efeito suspensivo ativo”, tornando claro que o julgador poderia conferir ao jurisdicionado aquilo que tinha sido indeferido em primeiro grau (também atualmente chamado de antecipação da tutela recursal). De fato, essa primeira reforma reduziu a utilização do mandado de segurança como substitutivo do agravo de instrumento. 5 Por outro lado, a reforma não trouxe apenas mudanças positivas. A criação desse novo modelo do agravo de instrumento se deu conjuntamente com a inauguração da sistemática da tutela antecipada. Com isso, as petições iniciais passaram a incluir, com muito mais frequência que outrora, pedidos liminares sobre questões de urgência. Consequentemente, houve um aumento expressivo da utilização do agravo de instrumento, acompanhado pela evolução dos instrumentos de translado das peças principais (ex. a máquina de xerox). Em razão do grande volume de agravos de instrumento e de processos nos tribunais de segundo grau, outros recursos, como a apelação, eram apreciados depois de transcorrido longo período. Por exemplo, no Primeiro Tribunal de Alçada do Estado de São Paulo (1º TAC), o tempo médio para apreciar a apelação, à época, era de 07 (sete) a 09 (nove) anos. Repisa-se que, como o sistema processual admitia a livre opção, não havia nenhum empecilho para a parte fazer uso do agravo de instrumento. 2ª reforma no CPC/73 (advento da Lei Federal n° 10.352/01): em 2001, verificada a sobrecarga dos tribunais, modificou-se a sistemática do agravo, para tornar o agravo retido a regra e resguardar o agravo de instrumento apenas para as situações de urgência. CPC/73 (redação dada pela Lei Federal n° 10.352/01),Art. 523............................................................... ............................................................... §2º Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar sua decisão. ............................................................... §4º Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida. (...) Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; 6 II – poderá converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de provisão jurisdicional de urgência ou houver perigo de lesão grave e de difícil ou incerta reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde serão apensados aos principais, cabendo agravo dessa decisão ao órgão colegiado competente; III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; IV – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; V – mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender convenientes; nas comarcas sede de tribunal e naquelas cujo expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante a publicação no órgão oficial; VI - ultimadas as providências referidas nos incisos I a V, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. ...............................................................(NR) Ademais, se a conversão do agravo de instrumento em retido se desse por decisão do órgão colegiado do tribunal, ela era irrecorrível, iniciando uma nova celeuma sobre as decisões irrecorríveis e o mandado de segurança. 3ª reforma no CPC/73 (advento da Lei Federal n° 11.187/05): em 2005, esse novo diploma legal enfatizou que o agravo de instrumento não poderia mais ser utilizado senão em situações de urgência e que a decisão do tribunal que determinava a conversão do agravo de instrumento em agravo retido era irrecorrível. CPC/73 (redação dada pela Lei Federal n° 11.187/05), Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. ............................................................................... (NR) Art. 523........................................................................... 7 ........................................................................................ §3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante. (NR) (...) Art. 527........................................................................... ........................................................................................ II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; ........................................................................................ V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, §2º), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial; VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. (NR) Contudo, toda decisão irrecorrível acaba sendo impugnável por mandado de segurança, reinserindo no sistema jurídico exatamente o se queria evitar desde as primeiras reformas: a utilização do mandado de segurança como substitutivo do agravo de instrumento. Código de Processo Civil de 2015 (Lei Federal n° 13.105/15): desse modo, a maior crítica que se faz ao NCPC está relacionada ao retorno ao regime restrito de recorribilidade das decisões interlocutórias (hipóteses taxativamente descritas na lei). Isso porque impedir o acesso aos tribunais significa criar 8 empecilhos para a abertura da tutela jurisdicional. O sistema processual também deve levar em conta o despreparo, a quantidade de erros e a possibilidade de prejuízos irreparáveis por meio das decisões interlocutórias, ainda mais diante da atual complexidade do processo civil e da vida em sociedade. O Professor esclarece que não é verdadeira a afirmação de que as interlocutórias são irrecorríveis na Justiça do Trabalho. Em verdade, essas decisões estão sujeitas ao sistema recursal, mas o instrumento de impugnação é denominado mandado de segurança (que faz às vezes do agravo de instrumento da Justiça Comum). Ademais, em sua opinião, a formulação de um processo trabalhista direcionado ao empregado já se mostra insuficiente, diante do aumento dos riscos de grave dano e da complexidade das relações que se formam naquela seara. Portanto, achar que as decisões interlocutórias da Justiça do Trabalho são modelos para Justiça Comum é um grave erro. Por isso, o Professor considera que a restrição de acesso aos tribunais deve ser repensada. Cabimento do recurso de agravo instrumento: o legislador ordinário, ao disciplinar as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento, institui regime muito semelhante ao existente à luz do CPC/39, restringindo-o a hipóteses expressamente previstas em lei (numerus clausus – art. 1.015). Por essa razão, aqui também tem lugar as críticas feitas nos parágrafos anteriores em relação à restrição de acesso ao tribunal. Além disso, é muito difícil o legislador conformar um sistema perfeito, no qual estão delineadas todas as hipóteses de urgência a reclamar a interposição do agravo de instrumento. A título de exemplo, a decisão que fixa o juízo competente não está descrita no rol do art. 1.015 do NCPC. Então, seria possível deixar para fixar a competência no final do processo? O tribunal, ao julgar a apelação, decidirá qual o juízo competente? Não parece uma solução adequada. E como a decisão que fixa a competência não pode ser impugnada por nenhum outro recurso, será caso de cabimento de mandado de segurança. E, por fim, esclarece-se que a única hipótese de cabimento do agravo de instrumento vetada se relacionava coma decisão que autorizava a conversão das ações individuais em coletivas, vez que foi vetado todo o título que tratava do tema no Novo Código. 9 LIVRO III DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS TÍTULO II DOS RECURSOS CAPÍTULO III DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Regularidade formal do recurso de agravo instrumento: segundo a tônica do NCPC, como regra, todo e qualquer vício processual poderá ser sanado. Essa inovação é salutar, pois impede que as partes sejam privadas de seus direitos por vícios formais. São exemplos de casos práticos vivenciados pelo Professor: i) uma parte que perdeu 600 (seiscentos) mil reais por não ter recolhido 10 (dez) reais de preparo; ii) a manutenção de uma decisão de quebra de sigilo bancário e fiscal 10 descabida porque a parte se esqueceu de juntar aos autos do processo cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que o instruíram (exigência contida no art. 526 do CPC/73). Com o advento do NCPC, a parte sempre terá oportunidade de corrigir todo e qualquer vício do processo, exceto quanto à intempestividade (art. 1.017, §3º). Isso porque, quando o recurso é intempestivo, conforma-se o direito constitucional da parte contrária à estabilização da decisão em função dos efeitos da coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. §1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. §2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; 11 IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei. §3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único. §4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. §5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. Atente-se que, pela sistemática do Novo Código, é irrelevante o momento em que é prolatada a decisão agravada. O que se mostra relevante para determinação do recurso cabível é o conteúdo da decisão (art. 1.015). Assim, o Novo Código deixa claro que os despachos e as demais decisões que não conteúdo decisório não são agraváveis (art. 1.001), ideia que está reforçada pela adoção de um rol taxativo de cabimento do agravo de instrumento (numerus clausus). Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Dentre as grandes novidades está a inclusão da petição inicial como peça obrigatória do agravo de instrumento (art. 1.017, I). Apesar de o CPC/73 não incluir a inicial no rol de peças obrigatórias do agravo de instrumento (CPC/73, art. 525, I), no Estado de São Paulo, por exemplo, ela sempre foi obrigatória. Isso se dava porque a competência dos Tribunais de Alçada Cíveis e do Tribunal de Justiça era fixada em razão da matéria. Assim, sem a inicial do agravo de instrumento, o distribuidor não tinha condições de visualizar qual era o tribunal competente. Mesmo com a unificação dos processos no Tribunal de Justiça, a cópia da inicial é necessária para determinar a sessão competente dentro do tribunal. CPC/73, art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. 12 §1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais. §2º No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local. Outra novidade positivada no NCPC é a possibilidade de comprovação da tempestividade do recurso por meio de outro documento oficial que não a certidão da respectiva intimação (art. 1.017, I). Desse modo, supera-se dificuldade vivenciada por alguns advogados de obter a certidão de intimação junto aos cartórios nos tribunais, sendo possível, para aquele fim, a juntada da cópia da página do diário oficial publicada na internet, na qual conste a intimação do advogado. Ademais, permite-se ao advogado a declaração de inexistência de qualquer dos documentos obrigatórios para instrução do agravo, sob pena de sua responsabilidade pessoal (art. 1.017, II). Já a luz do CPC/73, a jurisprudência vinha sendo tolerante quanto a isso, pois, no caso concreto, é possível que não existam todas as peças obrigatórias descritas no dispositivo. Por exemplo, se a parte agrava contra uma decisão e a parte contrária é o Ministério Público ou um advogado que atua em causa própria, não haverá procuração outorgada aos agravados. Desse modo, os advogados faziam uma justificativa, expondo que, no caso, não existia procuração outorgada ao agravado, mas persistia o temor de não conhecimento do recurso por falta de uma peça obrigatória. Com o NCPC e ocitado dispositivo, resta esclarecido que o advogado pode certificar que uma determinada peça obrigatória não consta dos autos. Por fim, a petição de agravo de instrumento será instruída, facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis (art. 1.017, III). Segundo o art. 1.017, §5º do NCPC, quando o processo for digital, dispensam- se as peças essenciais, porque, nesse caso, o julgador poderia consultar os autos no site do tribunal. Contudo, no entender do Professor, essa prática não é aconselhável, devendo a parte facilitar a formação do instrumento para o julgador. Em sua opinião, a melhor técnica a ser utilizada pelos advogados é a juntada apenas das peças essenciais, independentemente de o processo ser eletrônico ou não. Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, o relator deve conceder prazo para a parte corrigir o vício (art. 1.017, §3º). 13 Como foi dito, o único vício insanável é o da intempestividade. Porém, inclusive nesse caso, o relator pode conceder um prazo para o agravante comprovar a tempestividade do recurso. Por exemplo, pela certidão emitida pelo cartório, o recurso é intempestivo, porém o advogado esclarece que o último dia do prazo era feriado, ou que o expediente forense foi encerrado mais cedo, ou, ainda, que o sistema eletrônico do tribunal estava instável. Desse modo, cabe ao advogado comprovar a tempestividade, sob pena de não admissão do recurso. Assim como acontecia à luz do CPC/73 (art. 526), o agravante deverá comunicar a interposição do recurso nos autos do processo que tramita em primeiro grau, juntando cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso (art. 1.018). Já, se o processo for digital, o agravante está dispensado de comunicar a interposição do recurso e juntar as cópias do instrumento formado (art. 1.018, §3°). Contudo, o Professor considera que, na prática, o agravante sempre deve fazer a comunicação e juntar as cópias que instruíram o seu recurso ao juízo de primeiro grau, até para que ele conheça as suas razões e faça eventual juízo de reconsideração da decisão proferida. Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. §1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. §2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. §3º O descumprimento da exigência de que trata o §2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. CPC/73, Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. 14 Processamento do recurso de agravo instrumento: recebido o agravo de instrumento, quando não for caso de determinar as complementações ou de rejeitá-lo de plano, o relator poderá atribuir efeito suspensivo, parcial ou total, ao recurso (art. 1.019, I). Assim, determinará a intimação do agravado pessoalmente, quando não tiver procurador constituído, ou do seu advogado pelo diário oficial de justiça ou por carta com aviso de recebimento (art. 1.019, II). O prazo para o agravado responder passa a ser, com o NCPC, de 15 (quinze) dias e não mais de 10 (dez) dias como era no CPC/73 (art. 527, IV). Ademais, também caberá ao relator intimar o Ministério Público, preferencialmente pelo meio eletrônico, quando for caso de sua intervenção, para que se manifeste em 15 (quinze) dias (art. 1.019, III). Por fim, o relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado (art. 1.020). Esse dispositivo é alvo de críticas porque estabelece como marco inicial dos 30 (trinta) dias que o relator terá para preparar o seu voto a intimação do agravado. Desse modo, o prazo para o agravado responder está contido no período em que o relator terá para preparar o seu voto, de modo que não é possível preparar o voto sem o completo panorama argumentativo. Por exemplo, o agravado é intimado para responder ao agravo no dia 1º. Ele, em tese, poderia apresentar suas razões até o dia 16 do referido mês, sendo que o desembargador teria, em tese, até o dia 30 daquele mês para preparar seu voto e solicitar a data de julgamento. Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando- lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. 15 Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado. CPC/73, Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; II - poderá converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de provisão jurisdicional de urgência ou houver perigo de lesão grave e de difícil ou incerta reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde serão apensados aos principais, cabendo agravo dessa decisão ao órgão colegiado competente; II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, §2º), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial; VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. A decisão liminar,proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. Pedido de reconsideração: o NCPC em nada inovou quanto ao pedido de reconsideração das decisões interlocutórias. Fora das hipóteses legalmente previstas, é vedado ao juiz reconsiderar suas decisões. E o pedido de reconsideração não interrompe o prazo recursal para interposição do agravo. 16 Os critérios da hierarquia e da cognição: há muito se discute sobre qual decisão deve prevalecer: a de primeiro ou a de segundo grau de jurisdição. Por exemplo, no caso prático, o juiz nega a liminar em mandado de segurança, mas o tribunal reforma a sua decisão, deferindo a medida. Nesses termos, o processo prossegue e a sentença denega a ordem. A liminar proferida em segundo grau está valendo ou a decisão de primeiro grau que denega a ordem prevalece? O Superior Tribunal de Justiça enfrentou o tema e decidiu que a resposta dependerá da situação concreta: se o âmbito de cognição exercido pelo segundo grau foi exatamente o mesmo exercido pelo primeiro grau, no momento da prolação da sentença, prevalece a decisão de segundo grau (e o critério de hierarquia). Assim, no exemplo, ainda que a sentença tenha denegado a ordem, a liminar de segundo grau ficaria mantida. Já, se o âmbito de cognição do primeiro grau foi maior do que o exercido quando do julgamento do agravo, prevalece o critério de cognição. No exemplo, se a autoridade coatora trouxe elementos novos (alegação de coisa julgada), desconhecidos pelo tribunal ao conceder a liminar, prevalece a sentença que denega a ordem. A crise do sistema recursal brasileiro: há muitos anos se busca reduzir o número de recursos. Porém, o ato de recorrer, no direito brasileiro, não gerava consequências. Há incentivos, inclusive financeiros, no sentido de que as partes devem recorrer das decisões que lhe são desfavoráveis, vez que é barato fazer isso. Um claro exemplo disso é o fato de que, até 06 ou 07 anos atrás, a interposição de agravo de instrumento não gerava custos para a parte. Outro estímulo é a jurisprudência lotérica e instável dos tribunais, principalmente em função da divergência de posicionamento dos tribunais superiores, refletida nos tribunais de segundo grau. Em suma, a mensagem dada à sociedade é: recorra, porque, além de não gerar altos custos, resta chance de sucesso e reforma da decisão desfavorável. Sobre o tema, o NCPC trouxe inovação no sentido de instituir a sucumbência recursal no caso de improvimento de recursos, devendo o tribunal fixar nova verba honorária ao advogado, com limite de até de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (art. 85, §§1° e 2°). 17 Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. §1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. §2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. §3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do §2° e os seguintes percentuais: I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários- mínimos; III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. §4º Em qualquer das hipóteses do §3º: I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença; II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado; 18 III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa; IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação. §5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do §3º, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente. §6º Os limites e critérios previstos nos §§2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito. §7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada. §8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do §2º. §9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas. §10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo. §11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§2º e 3º para a fase de conhecimento. §12. Os honorários referidos no §11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77. §13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos legais. §14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos 19 oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. §15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no §14. §16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partirda data do trânsito em julgado da decisão. §17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria. §18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. §19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. Desse modo, a interposição de recursos demandará maior cautela, pois pode aumentar o prejuízo a ser suportado pela parte quando a tese, empiricamente, não tem chances de êxito. O Professor considera que essa inovação foi boa, sendo preciso aumentar o custo dos recursos. E essa prática não violaria o acesso ao Judiciário, que deve ser garantido até certo ponto, principalmente no que tange aos recursos extraordinários. Ademais, o NCPC também fixou orientação no sentido de que os tribunais devem formar uma jurisprudência estável, íntegra e coerente, evitando flutuações de posicionamentos (arts. 926 e 927). Com isso, informa-se o jurisdicionado que não adianta recorrer, porque a matéria está pacificada, a menos que ele demonstre peculiaridade no caso ou argumento novo apto a justificar a discussão do tema. Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. §1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. §2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater- se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 20 II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. §1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, §1º, quando decidirem com fundamento neste artigo. §2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. §3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. §4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. §5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores. Conclusões: de uma maneira geral, o sistema trazido pelo NCPC é melhor do que o existente no CPC/73. Espera-se que a tutela jurisdicional seja mais ágil para a sociedade, mas esse resultado depende da conjunção de esforços do jurisdicionado, no sentido de ter cautela ao ajuizar demandas, do advogado, que deve atuar de boa-fé e cooperando com os demais sujeitos do processo (art. 6º), e, por fim, do julgador, que deve propiciar orientação segura quanto à interpretação do direito no caso concreto. As diretrizes do Novo Código são boas, restando aos operadores do direito a firme atuação para que elas sejam correta e coerentemente aplicadas. Art. 6ºTodos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
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