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Lei de Tortura.pdf

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Lei de Tortura (breves comentários) 
 
Base constitucional: Art. 5º Todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; 
 
CF/88, Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia 
a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
Art. 2º, Lei 8.072/90: Os crimes hediondos, a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - 
fiança e liberdade provisória. 
 § 1º A pena por crime previsto neste artigo será 
cumprida integralmente em regime fechado. 
 § 2º Em caso de sentença condenatória, o juiz 
decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar 
em liberdade. 
 § 3º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a 
Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos 
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de trinta 
dias, prorrogável por igual período em caso de 
extrema e comprovada necessidade. 
 II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, 
de 2007) 
 § 1
o
 A pena por crime previsto neste artigo 
será cumprida inicialmente em regime 
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 
2007) 
 § 2
o
 A progressão de regime, no caso dos 
condenados aos crimes previstos neste artigo, 
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois 
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 
3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada 
pela Lei nº 11.464, de 2007) 
§ 3
o
 Em caso de sentença condenatória, o juiz 
decidirá fundamentadamente se o réu poderá 
apelar em liberdade. 
 
Breves comentários: O art. 5º, XLIII constitui-se 
como norma de eficácia limitada, portanto, de 
aplicabilidade indireta, mediata e de conteúdo 
reduzido. Isto quer dizer, que necessita de uma lei 
infraconstitucional que a regulamente. 
Tal regulamentação foi feita pela Lei de crimes 
hediondos quanto à negação de fiança, graça e anistia 
(art. 2º, da Lei 8.072/90). Porém, esta mesma lei 
omitiu a regulamentação sobre o crime de tortura, 
matéria que só fora regulamentada em 1997 (Lei 
9.455/97). 
 Mas, antes que a esta lei fosse criada, era preciso 
observar as regras de competência legislativa da CF: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre: I - direito civil, comercial, penal, 
processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho; 
(d.d) O art. 233, do ECA (Lei 8.069/90) – portanto, 
antes de 1997 - pode ser considerado norma penal 
incriminadora e, deste modo, tipificar como crime de 
tortura os fatos ocorridos antes da lei 9.455/95? 
 
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância a tortura: 
Pena - reclusão de um a cinco anos. 
§ 1º Se resultar lesão corporal grave: 
 Pena - reclusão de dois a oito anos. 
§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: 
Pena - reclusão de quatro a doze anos. 
§ 3º Se resultar morte: 
 Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado 
pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997: 
 
R: o próprio STF tem divergido, embora, em recente 
decisão, considerou o art. 233 autêntica norma penal 
incriminadora podendo ser aplicada para as torturas 
ocorridas depois de 1990 (ano da lei). 
Razões para posição contrária do Ministro Marco 
Aurélio: 1ª) não bastaria à norma fazer simples 
menção à tortura, o que permite ao juiz uma intuição 
quanto ao seu alcance. 2ª) a lei penal é interpretada 
restritivamente quando prejudicial ao réu e 
extensivamente quando lhe é benéfica. 
Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger 
alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental 
 
 
 Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 I - constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
 a) com o fim de obter informação, declaração 
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
 b) para provocar ação ou omissão de 
natureza criminosa; 
 c) em razão de discriminação racial ou 
religiosa; 
 II - submeter alguém, sob sua guarda, poder 
ou autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, 
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida 
de caráter preventivo. 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 § 1º Na mesma pena incorre quem submete 
pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei ou não 
resultante de medida legal. 
 § 2º Aquele que se omite em face dessas 
condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou 
apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. 
 § 3º Se resulta lesão corporal de natureza 
grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é 
de oito a dezesseis anos. 
 § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um 
terço: 
 I - se o crime é cometido por agente público; 
 II - se o crime é cometido contra criança, 
gestante, deficiente e adolescente; 
 II – se o crime é cometido contra criança, 
gestante, portador de deficiência, adolescente ou 
maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela 
Lei nº 10.741, de 2003) 
 III - se o crime é cometido mediante 
seqüestro. 
 § 5º A condenação acarretará a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição 
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. 
 § 6º O crime de tortura é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia. 
 § 7º O condenado por crime previsto nesta 
Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o 
cumprimento da pena em regime fechado. 
 Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda 
quando o crime não tenha sido cometido em 
território nacional, sendo a vítima brasileira ou 
encontrando-se o agente em local sob jurisdição 
brasileira. 
 Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua 
publicação. 
 Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da 
Independência e 109º da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Nelson A. Jobim

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