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2 Introdução aosProtozoa ESTRUTURA DA CÉLULA EUCARIÓTICA Mobilidade Celular Ingestão pelas Células Digestão Intracelular Circulação nas Células Secreções Celulares Comunicação Celular Simbiose entre Células ORIGEM EVOLUTIVA DAS CÉLULAS EUCARIÓTICAS Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4513 14 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 Os eucariotos unicelulares – células com um núcleo envolto por uma membrana – são os átomos do mundo dos invertebrados. Cada célula é um orga- nismo completo, adaptado para enfrentar os desa- fios da vida, mas algumas formam colônias de células e a partir destas evoluíram os organismos multicelu- lares (fungos, algas, plantas, animais). O grupo in- teiro de eucariotos unicelulares é conhecido como Protista e um grande subgrupo, principalmente de formas móveis, é denominado Protozoa. Os Protozoa e seus táxons serão discutidos no Capítulo 3. Os obje- tivos deste capítulo é descrever estrutura, função e evolução da célula eucariota com ênfase nas células animais. Como eucariotos, os protozoários têm os mesmos componentes celulares encontrados nas células dos animais, plantas e fungos, porém como organismos celulares, os protozoários têm esses com- ponentes especializados como equivalentes funcio- nais dos tecidos e dos órgãos. Essas organelas úni- cas dos protozoários e outras estruturas serão des- critas no Capítulo 3. Este capítulo discute as ferramentas básicas das células eucariotas e como elas evoluíram. ESTRUTURA DA CÉLULA EUCARIÓTICA As células eucarióticas contêm organelas, especiali- zadas funcionalmente, que são compartimentos or- ganizados envoltos por uma ou mais membranas (Fig. 2.1). Uma organela, o núcleo, contém o genoma e está envolta por uma membrana dupla, assim segre- gando o compartimento genômico da maquinária metabólica do citoplasma celular. Outras organelas incluem as mitocôndrias e os cloroplastos, sendo Figura 2.1 – Comparação diagramática da estrutura das células procariótica e eucariótica. (A) Procariótica. (B) Eucariótica. 10 a 100µmB 1µm Septo (durante fissão) Mesossomo Membrana celular Parede celular DNA Ribossomos Cloroplasto Membrana externa Membrana interna Amido Citoesqueleto de actina Membrana externa Membrana interna Citoesqueleto Actina Microtúbulos Complexo de Golgi Endo/exocitose Lisossomo Ribossomos Membrana nuclearMembrana externa Membrana interna Poro nuclear Nucléolo Cromossomo Centríolo Corpúsculo basal Microtúbulos Flagelo Mitocôndria Retículo endoplasmático A Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4514 1585-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa Microtúbulos interzonais Microtúbulos do áster Centríolos Corpúsculo basal Radícula Colete de microtúbulos ambas envoltas por duas membranas. As mitocôn- drias contêm DNA e enzimas para respiração aeróbica. Os cloroplastos também têm DNA e são os locais para a fotossíntese. Além da própria membrana da célula, o citoplasma das células eucarióticas tem um sistema interno de membrana que inclui o retículo endoplasmá- tico, os complexos de Golgi e os lisossomos (Fig. 2.1). Surgindo a partir da membrana nuclear exter- na, o retículo endoplasmático é um sistema com aspecto de um labirinto, tubular ou lamelar, que funciona para síntese dos carboidratos, lipídios e, quando os ribossomos estão presentes, proteínas. Um complexo de Golgi é uma pilha de vesículas acha- tadas que recebe produtos do retículo endoplasmá- tico, então os modifica e libera em vesículas para serem transportados para outros locais, freqüente- mente para a superfície da célula. Os lisossomos são vesículas revestidas por membrana derivada do Golgi, que contêm enzimas para digestão intracelular. Diferente dos procariotos (bactérias), que se prote- gem com uma parede celular, a célula eucariótica tem um citoesqueleto de filamentos protéicos de tipos e de diâmetros diferentes. Os mais comuns destes são filamentos de actina (6 nanômetros [nm] de diâmetro, também chamados de microfilamentos) e microtúbulos (15nm de diâmetro; Fig. 2.2). Os microfilamentos são polímeros de actina monomérica e os microtúbulos são polímeros cilíndricos de pro- teína tubulina. O citoesqueleto tem tipicamente a forma de uma rede tridimensional e é responsável pela manutenção da forma da célula. Com freqüên- cia, é bem desenvolvido logo abaixo da membrana celular, onde reforça a superfície da célula. O ci- toesqueleto, contudo, não é sempre estático ou arte- fato permanente, mas até certo ponto pode ser dinâmico e temporário. Como a polimerização do citoesqueleto é reversível, os filamentos e túbulos podem ser organizados e desorganizados localmente para prover um “andaime” para estruturas especiais, tais como o aparelho do fuso transitório associado com a mitose (Fig. 2.2) ou o desenvolvimento de cílios e flagelos na superfície da célula (Figs. 2.1 e 2.5). O citoesqueleto eucariótico é também essencial para a mobilidade celular. Como é verdadeiro para outros esqueletos (ver Cap. 4), o citoesqueleto pode transmitir força de uma parte da célula para outra, resultando em movimento celular, ou seus filamentos podem servir como via ao longo da qual vesículas e outras estruturas são transportadas. Em ambos os casos, a força para o movimento é gerada pelas, assim chamadas, moléculas motoras, tais como miosina e dineína, que modificam a forma na presença de ATP. Tipicamente, uma molécula motora que está presa fortemente em uma estrutura se liga, de modo temporário, ao citoesqueleto e flexiona, movendo a estrutura em relação ao esqueleto (Fig. 2.5). A molécula motora, então, se retira do seu local ori- ginal de ligação, forma outra ligação em uma nova posição e flexiona mais uma vez. A repetição desse ciclo lembra o caminhar sobre uma esteira, e pode ser denominada “esteira rolante”. A dineína, a molé- cula motora associada com microtúbulo, é impor- tante para o movimento dos cílios e flagelos, assim como para transferir vesículas no interior da célula. A miosina se liga com a actina, assim como com Figura 2.2 – Estrutura da célula eucariótica. Relação entre os centríolos e as fibras do fuso mitótico (microtúbulos do áster e interzonais) com os corpúsculos basais flagelares e o citoesqueleto (colete de microtúbulos). Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4515 16 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 Exterior da célula Proteína de sinalização Cadeia de carboidratos Glicoproteína Proteína Cadeia de carboidratos Glicolipídio Fosfolipídio Proteína periférica Canal protéico através da membrana Colesterol Citoplasma outras estruturas, e é responsável pelo movimento amebóide (discutido mais tarde), fluxo e ciclose (circu- lação citoplasmática, também discutida mais tarde), divisão celular (citocinese) e contração muscular nos metazoários (ver Cap. 6). As organelas e o citoesqueleto da célula eucarió- tica são circundados por um citoplasma fluido. O citoplasma, por sua vez, é envolvido pela membrana celular, uma camada dupla fosfolipídica que separa o ambiente interno da célula do exterior (Fig. 2.3). Assim fazendo, ela regula as condições bioquímicas do interior da célula para os processos da vida. A membrana celular controla o que pode entrar e sair da célula, a resposta da célula aos estímulos exter- nos, a seletividade com que a célula se liga com outras células ou com um substrato e a manutenção da forma da célula. A estrutura da membrana celular em duas camadas resulta de fosfolipídios opostos que a for- mam (Fig. 2.3). Proteínas também são constituintes importantes de membrana e a podem atravessar ou estarem presas nas superfícies internas ou externas. As superfícies externas das proteínas e dos lipídios de membrana podem ter prendido carboidratos que se irradiam no meio circundante como caudas. Essas caudas em conjunto e, especialmente, suas proteínas extracelularesperiféricas formam uma cobertura superficial, o glicocálice, por fora da célula. O glico- cálice é uma barreira fisiológica importante; ele forma um molde sobre o qual é secretado o exoesqueleto e regula a ligação com moléculas sinalizadoras e com superfícies, tais como de outras células. Proteínas de membrana podem receber e transmitir sinais para o interior da célula e servem de pontos de ancora- gem para as fibras do citoesqueleto. A própria mem- brana celular pode também desempenhar um papel esqueletal. Se os lipídios da membrana forem bas- tante insaturados, como alguns óleos vegetais utili- zados para cozinhar, a membrana será relativamente fluida e flexível. Se, por outro lado, os lipídios forem principalmente saturados, como gordura animal ou pasta de amendoim, a membrana será menos fluida e rígida. O colesterol, que é um componente comum das membranas celulares, também enrijece a membrana. Contrastando com os procariotos, as células euca- riotas ingerem alimento em uma ampla faixa de ta- manhos, incluindo células tão grandes quanto elas mesmas, por um processo conhecido como endocitose. Células eucarióticas também são capazes de detectar, orientar e movimentar na direção do alimento ou da presa, e capazes de sinalização intercelular. Esses atributos são discutidos mais adiante nas seções seguintes. MOBILIDADE CELULAR Movimento Amebóide A locomoção amebóide, uma espécie de rastejamento celular, não somente caracteriza as amebas e os seus parentes (ver Cap. 3), mas também ocorre entre certas células de todos os animais (e fungos). Essas célu- las incluem células do mesênquima embrionário, células do sistema imune, células migratórias do câncer e uma variedade de outras células. Figura 2.3 – Estrutura da célula eucariótica. Ultraestrutura diagramática da membrana celular. As cadeias de proteína e de carboidratos projetando-se da superfície exterior constituem o glicocálice descrito no texto. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4516 1785-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa Desorganização do filamento de actina Monômeros de actina Fluxo endoplasmático Direção do movimento Pseudópode Organização do filamento de actina Contração anterior Ectoplasma como “gel” (ligações entre actina do citoesqueleto e miosina) Contração posterior Endoplasma líquido Uma ameba se move e captura alimento com extensões fluidas da célula, chamadas de pseudó- podes, que se projetam para fora na direção do movimento (Fig. 2.4). O citoplasma e as organelas celulares na parte celular arrastada então escorrem para frente e para dentro do pseudópode, movimen- tando a célula para frente, e o ciclo é repetido. A projeção do pseudópode a partir do corpo celular envolve uma mudança de fase, de sólido para líqui- do, e lembra gelo derretendo. Na verdade, a camada citoplasmática externa (ectoplasma) de uma ameba é um “gel” rígido, enquanto o citoplasma interno (endoplasma) é um “sol” fluido. Um pseudópode é formado em um local do ectoplasma no qual o gel liquefaz e permite o escorrer do endoplasma fluido. À medida que esse pseudópode avança, o seu cito- plasma superficial muda de líquido para gel (exceto na ponta do pseudópode) e forma um tubo semi-rí- gido através do qual escorre o citoplasma “poste- rior” e as organelas. A fase de transição líquido-gel do citoplasma (tam- bém conhecida como sol-gel) é o resultado da orga- nização e da desorganização do citoesqueleto de actina. Desorganização do citoesqueleto, que con- verte gel em citoplasma líquido, ocorre na região “posterior” da célula que avança. Os monômeros de actina na traseira, então, escorrem para frente com o endoplasma e são utilizados para organizar a nova camada ectoplasmática do pseudópode. O modelo atual do movimento amebóide é aná- logo ao da contração muscular. Ele envolve uma inte- ração dinâmica entre a actina citoesquelética e a molécula motora miosina. A miosina das células amebóides é monomérica e não está presente como os espessos filamentos poliméricos que tipificam os músculos dos animais. A miosina monomérica, po- rém, ainda forma ligações cruzadas com a actina e, na presença de Ca2+ e ATP, causa contração. Assim, é quase certo que o ectoplasma de uma ameba seja contrátil e essa contração determine a força para mo- vimentar o citoplasma para frente durante o movi- mento amebóide. Ainda não é claro, contudo, se a contração ocorre primariamente na traseira da célula (hipótese da contração posterior) ou na parede do pseudópode em projeção (hipótese da contração an- terior). Contração posterior forçaria o endoplasma para frente por compressão. Contração anterior puxaria o citoplasma para frente por exercer tensão, via o citoesqueleto, sobre a parte arrastada da célula. Flagelos e Cílios Flagelos e cílios são característicos de muitas célu- las de protozoários e de metazoários. Em geral, os flagelos são tipicamente longos e seus movimentos são ondulações como as de um chicote. Os cílios, por outro lado, são curtos e seus movimentos são rígidos ou como remos. Entretanto, as distinções não são claras e muitas variações são comuns, especial- mente nos padrões de batida. Flagelos e cílios são estruturalmente idênticos. Cada túbulo, se longo ou curto, consiste em um centro microtubular (axonema) revestido pela membrana da célula (Fig. 2.5). O axonema consiste em nove Figura 2.4 – Mobilidade celular: movimento amebóide. O diagrama reúne as hipóteses de “contração posterior” e “contração anterior” para o movimento celular. Os monômeros de miosina são mostrados como ligações cruzadas entre os filamentos citoesqueléticos de actina. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4517 18 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 Membrana celular Microtúbulo único Par de microtúbulos Braço de dineína (flexionando para cima) Corpúsculo basal Centríolo acessório Fibra radicularRaiz de microtúbulo pares de microtúbulos externos, que circundam dois microtúbulos unitários, formando o padrão típico de 9 � 2 + 2 visto em corte transversal. Um microtúbulo de cada par porta duas séries de projeções, ou de braços (contendo a molécula motora dineína), diri- gidas para o par adjacente. Flexão do flagelo é causada pelo deslizamento ativo de pares adjacentes entre si. Os braços de dineína nos pares fornecem a força deslizante. Na presença de ATP, os braços de dineína de um par se ligam com um par adjacente e dobram, determinando que os pares se movimentem relativamente uns aos outros por um aumento da flexão. Ligações e flexões sucessivas causam os pares a moverem suavemente como em uma esteira rolante, uns relativos aos outros, por uma distância suficiente para dobrar o flagelo. Cada axonema flagelar ou ciliar surge de, e está ancorado em, um corpúsculo basal que fica ime- diatamente abaixo da membrana celular (Figs. 2.1, B, 2.2 e 2.5). Os corpúsculos basais lembram um axonema, exceto pelo fato de que os nove micro- túbulos externos são tríades e os microtúbulos únicos centrais estão ausentes (9 � 3 + 0). Dois microtú- bulos de cada tríade são contínuos com um par axonemal. Os braços de dineína estão ausentes nas tríades dos corpúsculos basais. Um corpúsculo basal (e seu cílio ou flagelo) geralmente está ancorado na célula, quase sempre ao núcleo e membrana ce- lular, por uma ou mais estruturas radiculares citoes- queléticas (Fig. 2.5). Estas podem ser feixes de microtúbulos, radículas estriadas cônicas, ou ambos. Algumas fibras protéicas radiculares são contráteis e podem, sob contração, puxar o flagelo para dentro de uma depressão rasa ou alterar sua orientação. Quando os corpúsculos basais são distribuídos para as células filhas durante a mitose, eles tipicamente se arranjam em cada pólo do fuso mitótico e, então, são denominados de centríolos (Fig. 2.2). Uma região ao redor dos corpúsculos basais e dos cen- tríolos, denominada de centro organizadorde microtúbulos (COMT), controla a polimerização dos microtúbulos enquanto o corpúsculo basal é o molde a partir do qual os axonemas em formação são organizados. Na maioria das células dos protozoários e dos metazoários, o flagelo propaga uma onda desde a célula até sua ponta, empurrando a célula na dire- ção oposta ao flagelo ou afastando a água da extre- midade do flagelo no caso da célula estacionária (Fig. 2.6) (serão encontrados algumas exceções mais tarde, no Cap. 3). À medida que uma onda se propaga ao longo do flagelo, a frente de onda em propaga- ção, como uma onda em aproximação da praia, gera uma força longitudinal de deslocamento (Fig. 2.6, B). Ao mesmo tempo, as ondulações laterais de um flagelo geram forças laterais. Como as ondulações laterais são usualmente simétricas, as forças para a esquerda cancelam as forças para a direita, e somente a força longitudinal permanece para movimentar a célula. Os cílios são curtos, comumente numerosos, ar- ranjados de forma densa e especialmente bem re- presentados nos protozoários ciliados, tais como Paramecium e nos gêneros relacionados (Fig. 2.7, A). Durante o batimento efetivo, o cílio é distendido rigi- damente e move como um remo, perpendicular em relação com a superfície da célula (Fig. 2.7, B). Na batida de recuperação, o cílio flexiona e serpenteia para frente, paralelo à superfície da célula. Conforme o organismo se movimenta através do meio, o batimento ciliar é coordenado ao longo da super- fície da célula. Os cílios em qualquer fileira trans- Figura 2.5 – Mobilidade celular: cílios e flagelos. Ultraes- trutura de um flagelo ou cílio como ocorre em um pro- tozoário (Choanoflagellata), mostrando microtúbulos citoesqueléticos de ancoragem e fibras radiculares. A vista ampliada mostra o axonema flagelar. Esteira ro- lante é o ciclo de ligação, flexão e desligamento dos braços de dineína, fazendo com que um par deslize para junto de seu par adjacente. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4518 1985-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa Fileiras de cílios Corpúsculo basal A B A B versal estão no mesmo estágio do ciclo de batida, enquanto aqueles na frente estão em um estágio an- terior e aqueles atrás estão em um estágio posterior (Fig. 2.7, A, detalhe). Essa mudança de fase é vista como ondas, chamadas de ondas metacrônicas, que passam pela superfície da célula como o vento passa em ondas sobre um campo de trigo. INGESTÃO PELAS CÉLULAS Substâncias entram nas células dos protozoários e de outros eucariotos por uma variedade de modos. Os canais protéicos da membrana celular permi- tem a difusão passiva de água, íons e moléculas pequenas, tais como açúcares e aminoácidos. Al- guns funcionam como bombas dependentes de energia, transportando ativamente certas moléculas ou movimentando íons para dentro ou para fora contra seu gradiente de concentração. Alguns materiais extracelulares entram em uma célula por depressões diminutas na membrana da célu- la, que mais tarde se desprendem internamente – um processo chamado de endocitose (Fig. 2.8). Micropinocitose é uma forma não específica de endocitose, na qual a taxa de ingestão é diretamente proporcional à concentração externa do material que é absorvido (Fig. 2.8, A). Água, íons e molé- culas pequenas podem entrar por micropinocitose. Figura 2.6 – Mobilidade celular: propul- são flagelar em protozoário. (A) Propaga- ção de onda da base ao ápice. (B) Forças geradas pela propagação de onda da base ao ápice. Forças laterais (setas vazias) can- celam umas às outras. Forças longitudinais (setas cheias) combinadas para produzir propulsão para frente. Figura 2.7 – Mobilidade celular: propulsão ciliar. (A) Ondas metacrônicas de batimento ciliar em protozoário ciliado relacionado a um Paramecium (esquerda). Ao longo do comprimento de cada fileira, cílios adjacentes estão em dife- rentes fases do ciclo de batimento (direita). (B) As batidas efetivas (setas vazias) e de recuperação (setas cheias) no ciclo de batimento de um único cílio. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4519 20 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 A. MICROPINOCITOSE Vesícula em formação Vesícula Membrana celular Baixa concentração de partículas alimentares Alta concentração de partículas alimentares B. MACROPINOCITOSE Receptor Capa de clatrina Vesícula encapada Núcleo C. FAGOCITOSE Grande partícula alimentar Vesícula em formação Citoesqueleto de actina INGESTÃO (fagocitose)Partícula alimentar Vacúolo alimentar Lisossomo Enzimas ENZIMAS TRANSPORTADAS POR LISOSSOMOS DIGESTÃO ABSORÇÃO EXOCITOSE DE MATERIAL NÃO DIGERIDO Núcleo Macropinocitose permite a entrada de proteínas e de outras macromoléculas em uma taxa maior do que previsível pelo gradiente de concentração. Essas substâncias podem ou não ligar com, e serem con- centradas sobre receptores específicos de membrana, antes de serem internalizadas em vesículas, que são revestidas com uma proteína denominada clatrina (Fig. 2.8, B). Partículas grandes, tais como bactérias e pro- tozoários, são ingeridas em vacúolos grandes (vacúolos alimentares) por fagocitose (Fig. 2.8, C). A fagoci- tose requer a ligação de uma partícula com recepto- res de membrana e alteração dinâmica da membrana celular envolvendo o citoesqueleto de actina. DIGESTÃO INTRACELULAR Uma vez que o alimento penetre na célula, os lisossomos se fundem com as vesículas endocíticas ou com os vacúolos alimentares. Os lisossomos são organelas envoltas por membrana que se originam do complexo de Golgi e contêm ácidos e enzimas hidrolíticas (Fig. 2.9). A liberação dessas biomoléculas nos vacúolos alimentares inicia a digestão. Eventual- mente, os produtos da digestão intracelular difun- dem através da membrana do vacúolo para dentro do citoplasma da célula, no qual podem ser utilizados no metabolismo ou armazenados, após sofrerem sín- tese, em formas tais como glicogênio e lipídios. Ma- terial indigerível é liberado da célula para o exterior pela fusão do vacúolo residual com a membrana celular em um processo denominado de exocitose (Fig. 2.9). CIRCULAÇÃO NAS CÉLULAS Alguns protozoários têm uma circulação citoplasmá- tica definida. Em geral, sistemas circulatórios são necessários quando o suprimento de uma substância por simples difusão não pode acompanhar a sua de- manda metabólica. Esse limite é quase sempre atin- gido à medida que um organismo aumenta de tamanho, independentemente se isso resulta do crescimento por desenvolvimento ou aumento evolutivo do tamanho do corpo. Protozoários com uma circulação citoplas- mática são, freqüentemente, células grandes, tais como alguns ciliados, ou células com longas extensões (pseudópodes), tais como os foraminíferos. O trans- porte direcionado no interior de um pseudópode ou Figura 2.8 – Endocitose. (A) Micropinocitose. (B) Ma- cropinocitose. (C) Fagocitose. Figura 2.9 – Digestão intracelular em protozoário amebóide. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4520 2185-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa Núcleo Sulco oral Cavidade bucal Citóstoma Citofaringe célula é denominado circulação, ou transferência, se em referência ao movimento de vesículas ao longo de uma via citoesquelética. Se a circulação for segundo um circuito, como no Paramecium, será denominada de ciclose (Fig. 2.10). Para discussão adicional dos sistemas circulatórios, ver Capítulos 4 e 9. SECREÇÕES CELULARES Muitas células sintetizam macromoléculas, especial- mente proteínas e glicoproteínas, que são exporta- das para a superfície externa da célula. A síntese tipicamente envolve o retículo endoplasmático e com- plexo de Golgi, sendo este último formador de vesí- culas que transportam o produto de secreção para a membrana da célula. Aqui, durante a exocitose, a mem- brana da vesícula funde-se com a membrana da célulae o produto é expelido para o exterior (Figs. 2.9 e 2.11). Muitas secreções celulares, tais como enzimas extracelulares e feromônios, são exportadas para fora da célula que as produz. Uma das secreções animais mais difundidas, muco, é um mucopolissaca- rídeo com um componente grande de carboidrato e menor de proteína. Os animais utilizam o muco de várias maneiras: como adesivo, envoltório protetor e lubrificante. Algumas secreções celulares permanecem asso- ciadas com a superfície externa da membrana celular para formar materiais esqueletais extracelulares (Fig. 2.11), dos quais a quitina é um bom exemplo. A quitina é um polissacarídeo semelhante à celulose, que é depositada como um exoesqueleto ao redor dos corpos de alguns protozoários (por exemplo, o abrigo protetor do ciliado marinho Folliculina, cistos de amebas), assim como de metazoários (tais como um exoesqueleto de inseto). A quitina e suas proteínas associadas são expulsas por exocitose na superfície da célula, na qual são incorporadas no exoesqueleto. COMUNICAÇÃO CELULAR Os protozoários respondem aos sinais químicos e fí- sicos de modo que os permitem evitar condições adversas, localizar alimento e encontrar parceiros. Nesse sentido, cada célula de um protozoário deve ser tanto receptora quanto efetora. Pela sua sensibilidade aos estímulos do ambiente, os protozoários lembram as células nervosas sensoriais dos animais. Como células sensoriais receptoras dos animais, os protozoários habitualmente recebem os estímulos externos como substâncias sinalizadoras que se li- gam com moléculas específicas da membrana. A ligação pode causar a abertura de um canal iônico específico, permitindo que íons (geralmente Na+ e K+) migrem a favor dos seus gradientes de concen- tração (Na+ entrando, K+ saindo). Uma vez que a membrana celular em repouso seja polarizada em relação à distribuição desses íons, a abertura dos ca- nais iônicos despolariza a membrana. (Despolarização pode ser medida como uma mudança no potencial elétrico, ou voltagem, usando eletrodos e um voltí- metro.) Quando a membrana é despolarizada, canais de Ca2+ se abrem e íons de cálcio entram na célula. O cálcio ao entrar dispara outras mudanças, tal como uma reversão no batimento ciliar, fazendo com que a célula se afaste do distúrbio. O Paramecium, por exemplo, tem no mínimo nove canais iônicos dife- rentes, alguns dos quais estão localizados na dianteira e outros na traseira da célula. Tais campos recepto- res localizados diferenciam “cabeça” de “cauda” e, assim, são análogos com as células e os órgãos recep- tores em muitos metazoários. A sinalização química intercelular (feromônios) nos protozoários, na ver- Figura 2.10 – Circulação nas células. Ciclose no Para- mecium. Vacúolos alimentares e vesículas se movem por 2 a 3µm/s seguindo o caminho indicado pelas setas. Cito- plasma pontilhado é o não circulatório. Septos, que não existem, são representados para criar uma perspectiva tridimensional. (Modificado e redesenhado de Sikora, J. Cytoplasmic steaming in Paramecium. Protoplasma 109:57; Haüsmann, K. & Hülsmann, N. 1996. Protozoolgy. Georg. Thieme, New York. 338 pp.) Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4521 22 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 Exemplos Quitina Celulose Colágeno Proteoglicanas Exemplos CaCO3 SiO2 StSO4 Açúcar Capa superficial Membrana celular Citoplasma Proteína A B dade, freqüentemente envolve moléculas de sinali- zação, tais como serotonina, β-endorfina, acetilco- lina e AMP cíclico, que nos animais funcionam como neurotransmissores e mensageiros internos. SIMBIOSE ENTRE CÉLULAS Células eucariotas semelhantes com as dos animais (heterótrofas) quase sempre estabelecem uma relação de endossimbiose com células fotossintéticas (autó- trofas) em benefício de ambas as partes. A parte fotossintética pode ser tanto um eucarioto quanto uma cianobactéria procariota. Quando os simbiontes são algas verdes unicelulares ou diatomáceas, eles são denominados zooclorelas, mas os simbiontes que ocorrem com maior freqüência são amarelos ou mar- rons e denominados zooxantelas (ver Fig. 7.11). Essas zooxantelas são um estágio imóvel dos proto- zoários chamados de dinoflagelados, que serão des- critos no Capítulo 3. O membro fotossintético da associação está em geral localizado intracelularmente em uma vesícula no citoplasma do hospedeiro, se bem que em alguns poucos metazoários é encon- trado entre células. Essa simbiose tem sua origem evolutiva na fago- citose de células fotossintéticas por células heteró- trofas. Uma digestão adiada pela célula maior pode ter resultado no fato de que as células capturadas con- tinuaram vivendo e fazendo fotossíntese. O uso de qualquer produto em excesso da fotossíntese teria criado uma pressão de seleção positiva para a célula manter o autótrofo vivo no interior da sua vesícula citoplasmática. Essa simbiose evoluiu inúmeras vezes, considerando os tipos diferentes de autótrofos e de seus parceiros simbiontes. Os benefícios dessa simbiose são, provavelmente, similares em qualquer lugar em que ocorram. O autótrofo fornece pela fotossíntese carbono orgânico em excesso para o parceiro maior, que em retorno fornece ao autótrofo certos nutrientes, tais como CO2, nitrogênio e fósforo. Raramente o protozoário ou o metazoário depende inteiramente do seu autótrofo para nutrição, sendo típico que os benefícios da simbiose suplementem a nutrição heterótrofa em graus variados. ORIGEM EVOLUTIVA DAS CÉLULAS EUCARIÓTICAS (INCLUINDO OS PROTOZOA) A melhor hipótese é de que a vida começou em uma Terra anóxica, cerca de 3 bilhões de anos atrás, com a evolução de células procariotas. Cada uma dessas pequenas células com aspecto de bactéria estava envolvida por uma membrana, mas carecia de mem- branas internas (organelas). Na ausência de organelas, a compartimentação resultou pelas agregações fun- cionais de biomoléculas. Os seus alimentos (energia para manutenção e reprodução) consistiam em mo- léculas orgânicas simples que entravam na célula e Figura 2.11 – Secreções celulares. Secreção dos materiais extracelulares envolve o núcleo (codificação e transcrição), ribossomos (pontos pretos sobre o retículo endoplasmático; tradução, síntese de proteínas), retículo endoplasmático (adição de componentes), complexo de Golgi (adição de componentes, invólucro em vesículas para liberação na super- fície) e, após a exocitose, auto-organização do exoesqueleto. (A) Secreções orgânicas. (B) Secreções minerais. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4522 2385-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa O2 Atmosférico (%) Tempo (bilhões de anos) Origem da Terra Origem dos oceanos e continentes Origem dos Procariotos Origem da fotossíntese Origem dos Procariotos liberadores do O2 (CYANOBACTERIA) Metabolismo aeróbico muito difundido Origem dos Eucariotos (PROTOZOA) Origem dos Eucariotos multicelulares (METAZOA) Origem dos vertebrados 25 20 15 10 5 0 0 1 2 3 4 eram distribuídas em todas as direções por difusão simples. Na ausência do O2, as suas vias metabóli- cas principais eram anaeróbicas (glicólise), o que resultava em uma produção limitada de ATP e libe- ração de produtos residuais muito energéticos, tais como o etanol e ácido lático. Como a competição por um suprimento limitado de moléculas orgânicas foi intensificada, alguns táxons evoluíram à fotos- síntese e foram capazes de utilizar a energia da luz solar para sintetizar alimento a partir do CO2 e N2 atmosférico. O aparecimento da fotossíntese apre- sentou um novo suprimento de moléculas orgânicas renováveis. Os primeiros micróbios fotossintéticos provavelmente obtiveram os elétrons para reduzir o CO2 em carboidratos do H2S, sendo o elemento enxofre (S) o subproduto residual. Mais tarde, em táxons como Cyanobacteria (bactérias verdes-azuis), os elétrons foramobtidos a partir de H2O, resultando em liberação e acúmulo de O2 na atmosfera (Fig. 2.12). Esse novo e disponível O2 atmosférico pre- parou o palco para a adoção evolutiva da respiração aeróbica, o que permitiu a degradação completa do alimento para produção máxima do ATP e liberação dos produtos residuais CO2 e H2O. Células eucariotas evoluíram cerca de 1,5 bilhão de anos atrás depois dos primeiros procariotos e 1 bilhão de anos antes dos primeiros animais. Como evoluíram as células eucariotas a partir de um ancestral procarioto? Como já foi observado, as pequenas células dos pro- cariotos carecem de membranas internas, exceto pe- las membranas fotossintéticas das cianobactérias e pela invaginação digitiforme da membrana celular cha- mada de mesossomo, na qual o DNA está preso (Fig. 2.1, A). Em geral, as células dos eucariotos são 10 vezes maiores do que dos procariotos e podem ter exigido outro nível de compartimentação para fun- cionarem efetivamente. Esse novo nível, além do cito- plasma organizado, foi o da organela. Qual foi a origem evolutiva dessas organelas? Algumas parecem ter evoluído por modificação de estruturas procariotas preexistentes e outras de células procariotas intei- ras, que foram englobadas por outra célula e se tor- naram residentes permanentes. O estabelecimento de uma célula dentro de outra, para seus benefícios mútuos, é chamado de endossimbiose (Fig. 2.13). Um possível cenário para a origem endossimbiótica das organelas eucariotas é o que segue. À medida que o oxigênio foi liberado pela fotossín- tese na Terra ancestral, os procariotos anaeróbicos tiveram presumivelmente que enfrentar um desafio: adaptação para a presença do O2 ou se defrontar com a extinção. Sem dúvida, alguns encontraram refúgios anóxicos, talvez profundamente em sedimentos en- charcados, enquanto outros, por variação e seleção Figura 2.12 – Evolução da vida em relação à história da Terra e à disponibilidade do oxigênio. Notar o intervalo de 1 bilhão de anos entre a primeira cianobactéria fotossintética produtora de oxigênio e o aumento do oxigênio atmos- férico. Depósitos geológicos de grandes quantidades de óxido de ferro sugerem que as primeiras moléculas livres de oxigênio se combinaram com íons ferrosos nos oceanos até que esses íons foram exauridos, presumivelmente reque- rendo 1 bilhão de anos. (Modificado e redesenhado de Alberts, B., Bray, D., Lewis, J., Raff, M. e Watson, J. D. 2002. Molecular Biology of the Cell. Garland Publishing, New York. 1616 pp.) Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4523 24 Zoologia dos Invertebrados 85-7241-571-8 Ribossomos DNA Mesossomo Membrana celular Aumento de tamanho Sistema de membrana interna Núcleo RNA ribossômico Citoesqueleto Flagelo Microtúbulos Simbionte (mitocôndria) Retículo endoplasmático Endocitose Nucléolo Membrana nuclear Simbionte (cloroplasto) Filamentos de actina A B C D natural, evoluíram a respiração aeróbica e tiraram vantagem do recém-disponível O2. Nesse ponto, a competição entre aeróbicos e anaeróbicos pode ter sido intensa, com a vantagem favorecendo os aeró- bicos conforme os níveis de O2 cresceram. Talvez durante esse período, alguma célula anaeróbica com a capacidade para fagocitose englobou um procarioto aeróbico que não foi digerido, mas, ao contrário, ficou seqüestrado permanentemente como um endossim- bionte. A célula hospedeira manteve a sua via anae- róbica (glicólise), produzindo os produtos finais (lactose, piruvato) como alimento para o simbionte. Utilizando a respiração aeróbica, o simbionte então converteu aquela energia alimentar em ATP, que foi compartilhado com o hospedeiro, eventualmente liberando CO2 e H2O como resíduos. O endossim- bionte aeróbico, eventualmente, tornou-se a mito- côndria (Fig. 2.13). Fagocitose de um procarioto fotossintético, seguida pela evolução de um mutua- lismo, provavelmente estabeleceu o cloroplasto. As evidências para essas hipóteses surge de muitas fontes. Uma é que ambas mitocôndrias e cloroplas- tos estão envoltos por duas membranas. Se a hipó- tese endossimbiótica estiver correta, então a membrana externa deveria representar a membrana da vesícula fagocítica original, ao passo que a membrana interna deveria corresponder à membrana original do pro- carioto. Como suporte para a hipótese, a bioquímica da membrana externa das mitocôndrias e dos cloro- plastos lembra aquela da membrana celular eucariota, enquanto a interna é semelhante com a membrana celular procariota. Evidência farmacêutica apresenta mais apoio, uma vez que tanto mitocôndrias como cloroplastos sejam sensíveis aos antibióticos antibac- terianos. Mitocôndrias e cloroplastos também têm DNA e ribossomos que são semelhantes com aqueles dos procariotos. Uma corroboração adicional é apre- sentada por Pelomyxa palustris, uma ameba grande que carece de mitocôndrias, mas tem bactérias aeró- bicas endossimbiontes que desempenham o meta- bolismo oxidativo. Se bem que Pelomyxa não é o intermediário atual entre o ancestral eucarioto, sem mitocôndrias, e seu descendente com mitocôndrias típicas – é um exemplo de paralelismo evolutivo – não obstante indica a possibilidade de um cenário endossimbiótico. Similar com mitocôndrias, o núcleo da célula euca- riota é envolto por membrana dupla, porém isto não parece indicar uma origem endossimbiótica para o núcleo. Alternativamente, ambas as membranas nuclea- res lembram membranas da célula eucariota. Talvez a origem evolutiva das membranas nucleares foi por modificação de uma ou mais invaginações da super- fície da célula ancestral, assemelhada com mesossomos (Fig. 2.13). Se assim foi, as terminações em fundo cego dessas invaginações podem ter se expandido ao Figura 2.13 – Evolução das células eucariotas. Cenário para a evolução de uma célula eucariota a partir de uma célula procariota. (A) Ancestral procarioto hipotético. (B) Aumento do tamanho da célula e origem das membranas internas. O sistema de membrana nuclear e de membrana interna pode ter evoluído de uma série de invaginações assemelhadas com os mesossomos da membrana celular. O sistema de membrana interna dos eucariotos aumenta a área da superfície sobre a qual as proteínas são sintetizadas (ribossomos). (C) Origem do citoesqueleto (actina, microtúbulos) e molé- culas motoras, permitindo movimentação flagelar (ciliar) e amebóide, assim como endocitose. Aquisição das mitocôndrias por fagocitose de um procarioto aeróbico e de cloroplastos por fagocitose de um procarioto fotossintético. (D) Uma célula eucariota. Barnes_02.p65 04/05/05, 08:4524 2585-7241-571-8 Capítulo 2 Introdução aos Protozoa redor do DNA localizado centralmente, formando o envelope nuclear, ao passo que as próprias invaginações se tornaram um sistema rudimentar de membranas internas a partir do qual, eventualmente, foram dife- renciados o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi e outras estruturas. Atualmente, um modelo para a evolução das cé- lulas eucariotas está incompleto. Algumas poucas hipóteses plausíveis, por exemplo, foram formula- das para a origem do citoesqueleto e das estruturas relacionadas. Contudo, geralmente é assumido que a evolução do fuso mitótico microtubular, incluindo os seus centríolos, está frouxamente relacionada com a origem dos cílios e dos flagelos, que utilizam os centríolos como corpúsculos basais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS Alberts, B., Bray, D., Lewis, J., Raff, M., Roberts, K., and Watson, J. D. 2002. Molecular Biology of the Cell. Garland Publishing, New York. 1616 pp. Allen, R. D., and Naitoh, Y. 2002. Osmoregulation and contractile vacuoles of Protozoa. Int. Rev. Cytol. 215:351-394. Corliss, J. O. 1989. Protistan diversity and origins of multicellular/ multitissued organisms. Boll. Zool. 56:227-234. Fenchel, T., and Finlay, B. J. 1994. The evolution of life without oxygen. Am. Sci. 82:22.Fukui, Y. 1993. Toward a new concept of cell motility: Cytoskeletal dynamics in amoeboid movement and cell division. Int. Rev. 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