Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 05 Josiane Minardi 1 CLASSIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA 1) Tributo Real – Leva em consideração os tri- butos da coisa. Exemplo: IPTU, IPVA, etc.. Tributo Pessoal – Lei va em consideração os atribu- tos da pessoa. Exemplo: IR 2) Tributo Fiscal – Tem por finalidade a arre- cadação. Tributo Extrafiscal – Visa estimular ou desestimular condutas. Exemplo: Tributo regulatório de mercado (II, IE, IOF e IPI) Tributo Parafiscal – Quando a pessoa que detém a competência tributária é distinta daquela que detém a capacidade ativa tributária. 3) Tributo Direto – Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo não existe in- tercalação de sujeitos. Tributo Indireto - Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo existe intercalação de sujeitos. Exemplo: (IPI, ICMS) 4) Tributo Progressivo: A alíquota do tributo irá aumentar de acordo com o aumento da base de cálculo do tributo. (IR, ITR, IPTU e ITCMD) Tributo Proporcional: A alíquota é invariável ainda que a base de cálculo do tributo. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Nos termos do artigo 96 do CTN, a legislação tributá- ria compreende: Leis, Tratados e Convenções In- ternacionais, Decretos e Normas Complementa- res. Assim, quando houver menção à expressão “legisla- ção tributária”, não temos apenas a lei em sentido es- trito, mas os demais atos normativos que cuidam de relações jurídicas tributárias. Lei Ordinária A lei ordinária é o veículo, por excelência, da matéria tributária, pois é o instrumento de instituição, modifi- cação e extinção dos tributos. Os tributos irão ingres- sar no sistema jurídico pátrio, via de regra, por meio de lei ordinária. O artigo 97 do CTN estabelece as matérias que so- mente poderão ser tratadas por meio de lei: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para ou- tras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. LEI COMPLEMENTAR Existem quatro tributos que só podem ser instituídos e majorados por meio de lei complementar. Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º CF); Empréstimo Compulsório (art. 148 CF); IGF (art. 153, VII CF); Imposto Residual (art. 154, I CF); Além desses 4 tributos que só podem ser instituídos por meio de lei complementar, a Constituição Federal determina que algumas matérias também só podem ser tratadas por meio de lei complementar, nesse sentido, temos o art. 146 da CF: Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em ma- téria tributária, entre a União, os Estados, o Dis- trito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de le- gislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como dos impostos discriminados nesta Constitui- ção, e dos respectivos fatos geradores, bases de cál- culo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e deca- dência tributárias; c) adequado tratamento tributário ao ato coope- rativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pe- queno porte, inclusive regimes especiais ou simplifi- cados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239 Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- cípios, observado que: (...) www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 05 Josiane Minardi 2 Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer cri- térios especiais de tributação, com o objetivo de pre- venir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer nor- mas de igual objetivo. LEI DELEGADA Nos termos do art. 68 da CF, é um ato normativo de feitura do Poder Executivo, em que o Presidente da República solicita autorização do Congresso Nacio- nal para poder legislar sobre a matéria. A delegação pelo Congresso Nacional ocorrerá por meio de Resolução. O § 1º do art. 68 da CF proíbe a lei delegada tratar sobre matérias reservadas à lei complementar. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de com- petência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei com- plementar, nem a legislação sobre: (...) A lei delegada está praticamente em desuso atual- mente, dado a possibilidade do Presidente da Repú- blica valer-se das Medidas Provisórias para instituir e majorar impostos, sem a necessidade de buscar au- torização do Congresso Nacional. DECRETO Trata-se de instrumento normativo, utilizado pelo Presidente da República, conforme previsão do art. 84, IV da CF, para obter a correta aplicação e execu- ção da lei, sem ampliar ou restringir o conteúdo por ela definido. Nesse sentido, estabelece o art. 99 do CTN: Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restrin- gem-se aos das leis em função das quais sejam ex- pedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Tratados e Convenções Internacionais A Convenção de Viena de 26 de maio de 1969, sobre o Direito dos Tratados, no art. 2º, §1º, “a” esclarece não importar a terminologia atribuída aos atos inter- nacionais, por essa razão não se faz distinções entre as expressões “tratado” e “convenção internacional”. Os tratados internacionais (ou Convenções) são atos firmados entre dois ou mais Estados, no intuito de es- tabelecer normas comuns a serem observadas no âmbito internacional. Em matéria tributária, os tratados e convenções in- ternacionais são muito utilizados para evitar a bitribu- tação, estabelecer a tributação de mercadorias ex- portadas e importadas. Nos termos do art. 84, VIII, da CF compete privativa- mente ao Presidente da República celebrar tratados ou convenções internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. O art. 98 do CTN estabelece que: Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Aplica-se a literalidade do dispositivo supracitado, no sentido de que “os tratados e as convenções interna- cionais revogam ou modificam a legislação tributária interna”. Contudo, observa-se que uma vez denunci- ado o tratado, a norma interna volta a produzir efei- tos. Assim, tendo em vista que a legislação interna volta a vigorar, uma vez denunciado o tratado, não se pode dizer que ela havia sido revogada, mas apenas es- tava com sua eficácia suspensa. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E A ISENÇÃO HETERÔNOMA Os Tratados Internacionais podem conceder isenção de tributos estaduais e municipais, uma vez que o Presidente da República ao assinar esses tratados, assina como chefe de Estado e não como chefe de governo e, por isso, não seria considerado uma isen- ção heterônoma, vedada pela nossa Constituição Fe- deral no art.151, III. EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO ACORDOGERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA RE- PÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔ- NOMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHE- CIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Minis- tro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 05 Josiane Minardi 3 República), dela não dispondo a União, os Estados- membros ou os Municípios. O Presidente da Repú- blica não subscreve tratados como Chefe de Go- verno, mas como Chefe de Estado, o que desca- racteriza a existência de uma isenção heterô- noma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constitui- ção. 4. Recurso extraordinário conhecido e pro- vido. (STF, Pleno, RE, nº 229.096, Min. Rel. Ilmar Galvão, DJ. 16-08-2007). NORMAS COMPLEMENTARES Nos termos do art. 100 do CTN, são quatros as nor- mas complementares das leis, dos tratados e con- venções internacionais e decretos: I - Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - As práticas reiteradamente observadas pelas au- toridades administrativas; IV - Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. (CTN, art. 100, parágrafo único). EXERCÍCIOS 1. (Câmara de Joaquim Távora/PR – Advogado – FUNTEF/2015). Sob a ótica do Direito Tributário, assinale a alternativa correta. A) Cabe à lei complementar dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. B) São impostos federais: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. C) O imposto de transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos, é de competência ex- clusiva dos Municípios e do Distrito Federal. D) Em regra, é permitido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos, ins- tituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. E) São impostos estaduais: Imposto sobre Importa- ção, Imposto sobre Operações Financeiras e Imposto sobre Produto Industrializado. 2. (Câmara de São José do RioPreto/SP – Advo- gado – VUNESP/2015). Em matéria tributária, re- presentam modalidades de normas complemen- tares: A) os decretos. B) as leis complementares. C) os tratados e convenções internacionais que ver- sem sobre tributos. D) as medidas provisórias. E) os convênios que entre si celebrem os entes tribu- tantes. 3. (PGFN – Procurador da Fazenda Nacional – ESAF/2015). Os convênios sobre matéria tributá- ria A) entram em vigor na data neles prevista. B) entram em vigor no primeiro dia do exercício se- guinte ao da sua publicação. C) entram em vigor na data da sua publicação. D) entram em vigor 30 (trinta) dias após a data da sua publicação. E) entram em vigor após homologados pelo Con- gresso Nacional. 4. (Grande ABC/SP –Procurador –CAIPI- MES/2015). Cabe à Lei Complementar estabele- cer normas gerais em matéria de legislação tribu- tária, especialmente sobre: A) definição de tratamento análogo para as grandes empresas e empresas de pequeno porte. B) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e de- cadência tributários. C) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas microempresas. D) recolhimento unificado e centralizado, admitida determinada retenção ou condicionamento. 5. (TRF/2ª Região – Juiz – CESPE/2013). A União poderá instituir impostos não previstos na CF, desde que eles não sejam cumulativos nem tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos nela discriminados, mediante: A) Medida provisória. B) Lei delegada. C) Lei ordinária. D) Lei complementar. E) Emenda constitucional. 6. (TC/DF – Procurador do MP – CESPE/2013). No que tange à legislação tributária, à obrigação tributária, ao crédito tributário e à administração tributária, julgue o item a seguir: Desde que a lei atribua eficácia normativa às decisões dos órgãos singulares ou coletivos de www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 05 Josiane Minardi 4 jurisdição normativa, essas decisões, no que se refere aos efeitos normativos, entram em vigor na data de sua publicação. ( ) VERDADEIRO ( ) FALSO 7. (FUNSERV/Município de Sorocaba/SP – Procurador – VUNESP/2012). Em termos de legislação tributária, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas têm natureza jurídica de: A) Decretos autônomos. B) Decretos regulamentadores. C) Decretos legislativos. D) Normas complementares. E) Leis ordinárias. 8. (Unicamp/SP – Procurador de Universidade Assistente – VUNESP/2012). A União, nas situações que a Constituição Federal prevê, poderá instituir empréstimos compulsórios mediante: A) Lei ordinária. B) Lei complementar. C) Lei delegada. D) Decreto legislativo. E) Medida provisória. 9. (PG/JOÃO PESSOA/PB – Procurador – FCC/ 2012). Sobre lei complementar em matéria tributária, é correto afirmar que: A) O fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS – estão definidos no Código Tributário Nacional, recepcionado como lei complementar. B) É a única fonte para instituir as contribuições de intervenção no domínio econômico, de competência federal e estadual. C) O Imposto Residual, de competência da União, é instituído por lei complementar, tal qual o Imposto Extraordinário instituído em caso de guerra externa ou sua iminência. D) É a fonte legislativa prevista na Constituição Federal para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, tal como definição de obrigação e crédito tributário. E) É fonte instituidora de impostos e taxas não discriminados na Constituição Federal, desde que atrelados à competência residual da União 10. (FPMA/Prefeitura de Araucária/PR – Advogado – UFPR/2012). Assinale a alternativa correta; A) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, por sua vez, não são consideradas normas complementares da legislação tributária. B) A legislação tributária interna revoga ou modifica os tratados e as convenções internacionais, e será observada pelos que lhe sobrevenham. C) O conteúdo e o alcance dos decretos não se restringem aos das leis em função das quais sejam expedidos, podendo ser também determinados pelas regras de interpretação da legislação tributária. D) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, são consideradas normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos decretos. E) A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, exclusive decretos e normas complementares,que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas pertinentes. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 05 Josiane Minardi 5 GABARITO 1-A 2-E 3-A 4-B 5-D 6- FALSO 7-D 8-B 9-D 10-D
Compartilhar