Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 1 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO As modalidades de extinção do crédito tributário en- contram-se no art. 156, do CTN. I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim en- tendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior ve- rificação da irregularidade da sua constituição, obser- vado o disposto nos artigos 144 e 149. PAGAMENTO Pagou o objeto da prestação, extingue-se a Relação Jurídica Tributária. Art.. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I – quando parcial, das prestações em que se decom- ponha; II – quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Sendo que, em se tratando de lançamento por homo- logação, só se considera extinto o crédito se o paga- mento for homologado. O pagamento é a maneira natural de extinção do cré- dito tributário. COMPENSAÇÃO A compensação é uma forma de extinção da obriga- ção tributária, uma forma de pagamento. Crédito e débito se compensam quando houver credor e deve- dor simultaneamente. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atri- buir à autoridade administrativa, autorizar a compen- sação de créditos tributários líquidos e certos, venci- dos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fa- zenda Pública Art.. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação ju- dicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em jul- gado da respectiva decisão judicial. (Redação dada pela LC 104/2001). Súmula 212 - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por me- dida liminar cautelar ou antecipatória Súmula 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à com- pensação tributária. TRANSAÇÃO Mediante disposição expressa em lei. Só a lei pode autorizar a transação entre o contribuinte e a fa- zenda. REMISSÃO Perdão, indulto: art. 172, do CTN: A lei pode auto- rizar a autoridade administrativa a conceder, por des- pacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I – à situação econômica do sujeito passivo; II – ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito pas- sivo, quanto à matéria de fato; III – à diminuta importância do crédito tributário; IV – a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V – a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Aqui estamos diante do instituto da remissão como forma de extinção da obrigação de do crédito tributá- rio. A anistia, que está no capítulo da exclusão do crédito tributário, exclui a penalidade, a multa e deve ser antes da constituição do crédito tributário. Se a lei da anistia exclui a multa, permanece devido o tributo. A anistia é só mediante lei. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prescrição: Art. 174, do CTN: A ação para a co- brança do crédito tributário prescreve em cinco (cinco anos), contados da data da sua constituição defini- tiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pela citação pessoal feita ao devedor; II – pelo protesto judicial; www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 2 III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudi- cial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Perda do direito à ação. B) Decadência: Art. 173, do CTN. O direito de a Fa- zenda Pública constituir o crédito tributário extingue- se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento ante- riormente efetuado. O prazo dela não se interrompe Pode ser decretada “ex offício” Do fato gerador ao lançamento é prazo decadencial. Com o lançamento que constitui o direito da Fazenda a cobrar começa a prescrição. Decadência - cinco anos- regra: começa a contagem no primeiro dia do exercício seguinte aquele que de- veria ter ocorrido o lançamento. Prescrição - 5 anos do lançamento. No lançamento por homologação conta cinco anos do fato gerador para decadência. Exceção: Salvo quando houver fraude, dolo ou simulação ou ausên- cia de pagamento! O prazo prescricional pode ser in- terrompido, o despacho do juiz que determinar a ci- tação do devedor zera e volta a contar novamente. Não é com a citação válida. (Art.. 150, parágrafo 4º.) Exclusão do Crédito Tributário – Art. 175 do CTN Consistem em causas de inibição do Lançamento do tributo, previstas no Art. 175 do CTN. Portanto, ocorre o fato gerador, porém não haverá o lança- mento. Com isso, é possível concluir que a isenção e a anistia têm início antes do lançamento e surgem após a ocorrência da obrigação tributária. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente. Art. 175 do CTN, há o estabelecimento de que, ainda que exista o direito à isenção ou anistia, o contribu- inte deverá cumprir as obrigações acessórias Isenção - A lei concede a isenção, para que determi- nada situação ou pessoa não esta obrigado de pagar o tributo. Ocorre que, a isenção não observa o prin- cípio da anterioridade, do exercício, nem o da nona- gesimal, porque a revogação da isenção não confi- guraria uma instituição ou majoração do tributo. No CTN, em seu art. 104, prevê revogação de isen- ção, cujo o imposto é sobre renda ou sobre o patri- mônio, essa lei só produzirá efeitos no primeiro dia do exercício seguinte: Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercí- cio seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribu- inte, e observado o disposto no artigo 178. O art. 177 do CTN, estabelece que a concessão de isenção não se estende às taxas e contribuição de melhoria, bem como aos tributos que venham a ser criados ou instituídos posteriormente à lei que cria a isenção. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isen- ção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua con- cessão. A lei que estabelece isenção deve ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111 do CTN. Por- tanto, no caso de tributos que venham a ser criados ou instituídos posteriormente à lei que cria a isenção, não serão abrangidos pela isenção. Em relação à não extensão da isenção às taxas e contribuição de melhoria,deve-se observar que es- ses tributos são criados em virtude de uma contra- prestação direta, por isso, não há embasamento para se estender determinada isenção concedida em lei para estes tributos, salvo disposição de lei em con- trário. Sobre a revogação, existe uma exceção, nos termos do art. 178 do CTN e na Súmula 544 do STF, que consiste nos casos de isenção por prazo determi- nado ou por determinadas condições onerosas. CTN - Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 3 tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 7.1.1975) STF - SÚMULA Nº 544: Isenções tributárias conce- didas, sob condição onerosa, não podem ser livre- mente suprimidas. Anistia - Trata-se de perdão, concedida por lei, das penalidades pecuniárias, de forma a abranger os cré- ditos tributários anteriores ao lançamento. Importante destacar que a anistia poderá abarcar apenas os tri- butos, cujos fatos ocorreram anteriores à lei, nos ter- mos do art. 180 do CTN. A anistia não poderá ser concedida em casos de cri- mes ou contravenções, praticados com dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo, bem como às infra- ções resultantes de conluio de outras pessoas. Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infra- ções cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou con- travenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resul- tantes de conluio entre duas ou mais pessoas natu- rais ou jurídicas. Esse perdão pode ser geral ou limitado, conforme dispõe o artigo 181 do CTN. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tri- butante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário: Arts. 183 a 193 do CTN As garantias são prerrogativas que a Fazenda Pú- blica dispõe, para fazer com que o sujeito passivo efetue o pagamento do tributo, este direito está am- parado pelo Princípio da Supremacia do Interesse Público. Já os Privilégios do crédito tributário consis- tem na ordem de preferência dos créditos tributários, numa posição de vantagem quanto aos demais. As Garantias e Privilégios possuem previsão nos Arts. 183 a 193 do CTN. Garantias do Crédito Tributário - Arts. 183 a 185- A do CTN As garantias constantes no CTN não são taxativas, são meramente exemplificativas, conforme previsão no art. 183 do CTN. Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em fun- ção da natureza ou das características do tributo a que se refiram. Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. (grifo nosso) Uma questão importante consiste em saber quais são as garantias que o Fisco goza para receber seus créditos tributários. Para definir essa questão, pode-se afirmar que as Fazendas possuem muitas garantias para o recebi- mento, pois a totalidade dos bens do sujeito passivo responde para a satisfação do crédito tributário. Quando se fala em todo o patrimônio, deve-se incluir os bens particulares gravados com cláusula de impe- nhorabilidade, independentemente da data de sua constituição. A única hipótese em que os bens não serão dados em garantia para o pagamento da dívida tributária, são os considerados absolutamente impe- nhoráveis pela legislação, conforme consta no art. 184 do CTN a seguir: Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais so- bre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a tota- lidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.(grifo nosso). No tocante à Lei 8.009/90, que estabelece sobre o bem de família, bem como sobre a impenhorabilidade destes bens, vale mencionar que, referente ao cré- dito tributário relacionado ao imóvel familiar, há uma exceção, conforme dispõe no inciso IV, do art. 3º da Lei 8.009/90, transcrito a seguir: www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 4 Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, tra- balhista ou de outra natureza, salvo se movido: I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previden- ciárias; II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em fun- ção do respectivo contrato; III -- pelo credor de pensão alimentícia; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel ofere- cido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Portanto, a Lei nº 8.009/90 permite que os tributos relacionados ao bem imóvel familiar (IPTU, ITR, con- tribuições de melhorias ou taxas do imóvel) sejam ob- jeto de penhora para assegurar o pagamento do cré- dito tributário. Da Presunção de Fraude à Execução Fiscal Presume fraudulenta a alienação realizada por su- jeito passivo regularmente inscrito em dívida ativa, que dilapidar seu patrimônio de forma não resguardar bens suficientes para pagamento da dívida tributária, conforme consta no art.185 do CTN. Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por su- jeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pa- gamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Ressalta-se que não se aplica a súmula 375 do STJ, uma vez que a súmula em questão foi instituída para créditos não tributários. Após a edição da LC 118/05 para caracterizar a fraude à execução fiscal, não é necessário o registro da penhora do bem, objeto do negócio jurídico entre particulares, bastando que a alienação leve o contribuinte devedor do tributo (ins- crito em dívida ativa) à insolvência. Ainda com relação à Lei Complementar 118/2005, in- forma-se que houve a inclusão do Art. 185-A do CTN, que também veio a favorecer a Fazenda, que assim se descreve:Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, de- vidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibili- dade de seus bens e direitos, comunicando a deci- são, preferencialmente por meio eletrônico, aos ór- gãos e entidades que promovem registros de trans- ferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mer- cado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a or- dem judicial. § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indispo- nibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a co- municação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem pro- movido. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Portanto, por este dispositivo conclui-se que poderá haver a determinação do Juiz (de forma ponderada), por meio eletrônico, de comunicar cartórios e institui- ções financeiras a fim de que possa bloquear bens e direitos do contribuinte, sendo claro que esse blo- queio apenas deverá ser feito até o montante da dí- vida, não podendo em nenhuma hipótese ser bloque- ado montante superior ao valor da dívida tributária. Privilégios do Crédito Tributário - Arts. 186 a 193 do CTN Com relação aos privilégios do crédito tributário, cumpre informar que estes privilégios têm sua impor- tância bastante significativa no Direito Tributário, po- rém não são absolutos. Assim, neste tópico pre- tende-se estudar a ordem que o crédito tributário será satisfeito. O art. 186 do CTN deixa claro que o crédito tributário tem preferência a qualquer outro, independente de sua natureza, com exceção dos créditos decorrentes de natureza trabalhista e de acidentes de trabalho. Portanto, o crédito tributário vai ser pago sempre em primeiro lugar, salvo se for dívida de natureza traba- lhista e de acidente de trabalho. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 5 Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua consti- tuição, ressalvados os créditos decorrentes da legis- lação do trabalho ou do acidente de trabalho. Parágrafo único. Na falência: I – o crédito tributário não prefere aos créditos extra- concursais ou às importâncias passíveis de restitui- ção, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. Ao analisar o caput do referido artigo, percebe-se que em uma situação normal de pagamentos, os créditos tributários serão pagos, respeitando a seguinte or- dem: os créditos trabalhistas e de acidentes de tra- balho primeiros e, em seguida, os créditos tributários e, por conseguinte os demais créditos. Ocorre que, ao observar o parágrafo único deste dis- positivo, esse entendimento se modifica no caso da falência, pois neste caso, o crédito tributário não pre- fere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nem aos créditos com ga- rantia real, no limite do bem gravado. Os créditos extraconcursais consistem naqueles que são satisfeitos no curso do processo de falência. São as despesas com a massa falida, despesas com o administrador judicial, enfim, todos os gastos que ocorrerem no curso do processo de falência são de- nominados de créditos extraconcursais. Ressalta-se, são pagos em primeiro lugar, conforme dispõe o art. 188 do CTN. Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reser- var bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natu- reza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata. Sobre os créditos extraconcursais, vale observar os arts. 83 e 84 da Lei de Falência de 11.101/2005, que estabelecem quais serão esses créditos, bem como a ordem de preferência. Da observação desses arti- gos é possível afirmar que estes terão preferência absoluta na falência, até mesmo os de natureza tra- balhista. Os créditos trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho, tem preferência, salvo aos extraconcur- sais, mesmo na falência, devido a sua natureza ali- mentícia. Os créditos passíveis de restituição - Lei de Falência 11.101/2005, art. 85: são bens de terceiros, que quando decretada a Falência, são arrecadados da posse do falido e devolvidos aos proprietários, pois não são de propriedade do falido e nem da massa falida. Há preferência dos créditos gravados com garantia real até o limite do bem sobre os créditos tributários, conforme parágrafo primeiro do art. 83 da Lei de Fa- lências. É importante salientar que, quando se fala em paga- mento de créditos tributários, não se pode incluir as multas deste crédito, mas apenas o valor principal do crédito tributário, pois as multas só terão o privilégio com relação aos créditos subordinados. Ademais, a dívida tributária não precisa entrar na concorrência de credores, ou ser habilitada em inven- tário, arrolamento, falência, recuperação judicial ou concordata, conforme determina o art. 187 do CTN. Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilita- ção em falência, recuperação judicial, concor- data, inventário ou arrolamento. (...) ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA A competência constitucional conferida aos entes fe- derativos para instituir tributos também implica na competência de exercer com eficácia a cobrança destes. Essa eficácia pode ser traduzida por meio da: fiscalização; cobrança judicial de débitos inscritos em dívida ativa e controle e verificação da regularidade fiscal do sujeito passivo. Tendo em vista essas considerações, se faz neces- sário estudar de forma mais detalhada cada uma de- las: Fiscalização: Arts. 194 a 200 do CTN Trata-se de procedimento de verificação do cumpri- mento das obrigações tributárias por parte do sujeito passivo. A Fazenda Pública tem direito de solicitar informa- ções financeiras, independentemente de autorização judicial, sem exceder a competência administrativa, segundo o art. 195 do CTN. Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 6 excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, pa- péis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerci- antes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escri- turação comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributá- rios decorrentes das operações a que se refiram. Esse também é o entendimento do STF ao observar a Súmula 439: Súmula nº 439 Estão sujeitos à fiscalização tributá- ria ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limi- tado o exame aos pontos objetoda investigação. O contribuinte tem o dever de facilitar a fiscalização. O CTN, em seu art. 197, determina que mediante in- timação escrita, algumas pessoas são obrigadas a prestar informações de terceiros de que disponham, dentre elas: i) os tabeliães, escrivães e demais ser- ventuários de ofício; ii) os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financei- ras; iii) as empresas de administração de bens; iv) os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; v) os in- ventariantes; vi) os síndicos, comissários e liquidatá- rios; vii) quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. No entanto, o informante não precisará prestar as in- formações nos termos do caput do art. 197 do CTN, quando houver necessidade de assegurar o sigilo, casos em que há a proteção legal das informações, em respeito aos Princípios Constitucionais da Legali- dade, Intimidade, Privacidade e Sigilo. Além desses princípios, vale evidenciar a existência de inúmeros dispositivos legais que visam observar esses princí- pios, como, por exemplo, os arts. 154 a 325, do Có- digo Penal, Art. 229 do Código Civil, Art. 347, II e IV e 406, II do Código de Processo Civil, Art. 207 do Có- digo de Processo Penal, Estatuto da OAB – Lei 8.906/94, Arts, 76.º, XIX, 34, VII e 6, I, etc. Importante mencionar que, ao término da fiscaliza- ção, a autoridade administrativa não tem direito de divulgar as informações. Todavia, há exceções para este comando, dispostas no §1º e §3º do art. 198 e art. 199 do CTN, que são: i) requisição de ordem ju- dicial, ii) quando outra autoridade administrativa re- querer informações, em nome dos interesses da Ad- ministração Pública, desde que possua processo ad- ministrativo em andamento, com a finalidade de in- vestigar o sujeito passivo, iii) casos de representa- ções ficais, para fins penais, iv) informações sobre inscrições em dívida ativa da Fazenda Pública; v) parcelamento ou moratória, vi) possibilidade de pres- tar assistência entre os entes federativos, por meio de lei ou convênio, a fim de facilitar a fiscalização. No caso de o contribuinte não colaborar com a fisca- lização tributária, negando-se a apresentar os docu- mentos, a autoridade fazendária poderá requisitar re- forço policial a fim de legitimar sua autoridade, nos termos do art. 200 do CTN. Dívida Ativa: arts. 201 a 204 do CTN A inscrição em dívida ativa do crédito tributário se ori- unda do inadimplemento da obrigação tributária, por parte do sujeito passivo e tem o poder de dar exequi- bilidade ao crédito. O procedimento de inscrição em dívida ativa está previsto no Art. 202 do CTN. Determina o art. 202 do CTN que o termo de inscri- ção em dívida ativa indicará obrigatoriamente: i) o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsá- veis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; ii) a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; iii) a origem e natureza do crédito, mencionada espe- cificamente a disposição da lei em que seja fundado; iv) a data em que foi inscrita; v) sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o cré- dito. Além, de indicar o livro e a folha de inscrição. Vale ressaltar que, por meio da inscrição em dívida ativa, tem-se como presumida a fraude contra credo- res, disposta no art. 185 do CTN, no caso de o con- tribuinte alienar os bens de forma a se tornar insol- vente. Por meio da inscrição em dívida ativa, surge a Certi- dão de Dívida Ativa (CDA), que configura em título executivo extrajudicial (Art. 585, VII do CPC, Art. 204 do CTN e Art. 3.º da Lei 6.830/80). Esse título execu- tivo extrajudicial poderá ensejar Ação de Execução Fiscal ajuizada pela Fazenda Pública. Cumpre evidenciar que a inscrição em dívida ativa, não realizada nos termos do Art. 202 do CTN, poderá gerar nulidade da CDA. No entanto, a CDA poderá ser substituída até a decisão de 1.ª instância, sendo devolvido o prazo para defesa ao sujeito passivo, conforme dispõe o art. 203 do CTN e Art. 2.º, § 8.º da Lei 6.830/80. Caso a substituição da CDA ocorra após a decisão em 1.ª instância, será reconhecida a nulidade de todo o processo. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Jus- tiça, (Súmula nº 392) a Certidão de Dívida Ativa (CDA) só poderá ser substituída até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 7 Por fim, faz-se necessário notar que o art. 204 do CTN e o art. 3º da Lei 6.830/80 estabelecem a pre- sunção de certeza e liquidez à dívida regulamente inscrita pela Fazenda Pública. Desse modo, pode-se perceber que a Fazenda Pública tem o privilégio de não precisar provar a certeza e a liquidez de seu cré- dito, para poder executar o sujeito passivo. Além de o CTN tratar da Dívida Ativa, a Lei 6.830/80 também estabelece sobre a cobrança judicial da Dí- vida Ativa da Fazenda Pública, nos termos dos arts. 1.º e 2.º da referida Lei. EXERCÍCIOS 1) De acordo com o CTN, a moratória é um meio de se suspender a exigibilidade do crédito tributário. Neste sentido assinale a alternativa correta. I – O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. II – As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário, desde que ouvido o Conselho de Contribuinte. III – A concessão de medida cautelar e de liminar em outras espécies de ação judicial também suspende a exigibilidade do crédito tributário. IV – A concessão de medida cautelar em mandado de segurança também suspende a exigibilidade do crédito tributário. A) V, F, F, F. B) V, V, F, F. C) F, F, V, V. D) V, V, F, V. E) F, F, V, F. 2) São hipóteses de suspensão do crédito tributário: A) Moratória; o depósito do seu montante integral; as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; a concessão de medida liminar em mandado de segurança; a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial e o parcelamento. B) O pagamento; a compensação; a transação; a remissão; a prescrição e a decadência. C) A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei; a moratória; o depósito do seu montante integral; as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo. D) A isenção; a concessão de medida liminar em mandado de segurança; a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial e o parcelamento. E) A anistia; o pagamento; a compensação; a transação; a remissão; a prescrição e a decadência. 3) Acerca da suspensão e extinção do crédito tributário, assinale a opção correta: A) Os recursos e reclamações decorrentes do lançamento administrativo do débito tributário não têm o efeito de suspender ou extinguir o crédito tributário. B) Parcelado regularmente o crédito tributário, não pode a fazenda pública propor execução fiscal, dada a consequente suspensão da exigibilidade do referido crédito. C) Se, em mandado de segurança, for concedida liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário, posteriormente cassada em julgamento de agravo de instrumento, continua suspensa a exigibilidade do crédito até julgamento definitivo do mérito, porque é a propositura da ação mandamental, e não a liminar, que legitima o instituto da suspensão. D) Concedidamoratória, estará extinto o crédito tributário. E) O depósito prévio do valor da exigência fiscal em ação declaratória de inexigibilidade do crédito tributário extingue a sua exigibilidade porque o valor será convertido em renda. 4) Possuindo crédito tributário não pago e já inscrito em dívida ativa, um contribuinte necessita de certidão de regularidade fiscal. Neste caso, mesmo sem pagamento do débito é possível uma certidão positiva, mas com efeitos de negativa nas hipóteses de estar o crédito: A) Em curso cobrança executiva com efetiva penhora; com a exigibilidade suspensa. B) Não vencido; em curso de cobrança executiva devidamente embargada pelo executado. C) Sendo questionado em sede de mandado de segurança; não vencido. D) sendo questionado em sede de impugnação administrativa; em curso ação judicial para repetição do indébito. E) Em curso ação judicial para declaração de inexistência da obrigação tributária; não vencido. 5) Considere as seguintes afirmações: www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 8 I. No Código Tributário Nacional há uma causa de extinção do crédito tributário que, cronologicamente, ocorre antes de sua própria constituição. II. O parcelamento, por ser forma de pagamento, é causa de extinção do crédito tributário. III. Isenção e remissão são cronologicamente anteriores ao nascimento do crédito tributário. IV. A lei que dispensa o pagamento de valor de multa decorrente de auto de infração configura anistia, causa de exclusão do crédito tributário já constituído, nos termos do disposto no Código Tributário Nacional. V. Na normatização brasileira, não há possibilidade de extinção do crédito tributário mediante a entrega ao Fisco de algo que não seja dinheiro. Está correto APENAS o que se afirma em: A) I e IV. B) IV e V. C) II, III e IV. D) II e IV. E) III e V. 6) Quanto às garantias e privilégios do crédito tri- butário, analise as assertivas abaixo: I –A totalidade dos bens e das rendas do sujeito pas- sivo responde pelo pagamento do crédito tributário, inclusive os bens gravados por ônus real e declara- dos, pela lei civil, relativa e absolutamente impenho- ráveis. II –Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens por sujeito passivo em débito para com a Fa- zenda Pública, desde o momento em que o contribu- inte é notificado do lançamento de ofício. III – O crédito tributário prefere a qualquer outro, res- salvados apenas os decorrentes da legislação do tra- balho ou do acidente do trabalho. IV – Na falência, o crédito tributário não prefere aos créditos hipotecários, se não for ultrapassado o valor do bem gravado. Após a análise, pode-se dizer que: A) Está correta apenas a assertiva I. B) Está correta apenas a assertiva II. C) Estão corretas apenas as assertivas II e III. D) Estão corretas apenas as assertivas III e IV. E) Todas as assertivas estão corretas. 7) No processo da falência, as multas tributárias preferem aos créditos A) reais até o limite do bem gravado. B) extraconcursais. C) com privilégio geral. D) quirografários. E) subordinados. 8) Assinale a alternativa correta a respeito das garantias e privilégios do crédito tributário: A) o rol das garantias do crédito tributário, previsto no CTN, é taxativo; B) todos os bens do sujeito passivo respondem pelo crédito tributário, mesmo os hipotecados ou penhorados, salvo se o ônus real for anterior à constituição do respectivo crédito; C) reputam-se extraconcursais os créditos tributários passíveis de concurso de preferências entre as pessoas jurídicas de direito público; D) em quaisquer hipóteses, o crédito tributário tem preferência em relação ao crédito com garantia real; E) o rol das garantias do crédito tributário, previsto no CTN, é exemplificativo. 9) Determina o Código Tributário Nacional que, sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os: A) gravados com cláusula de impenhorabilidade, dependendo da data da constituição da cláusula. B) gravados com cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição da cláusula. C) bens ou rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. D) gravados com ônus real, dependendo da data da constituição do ônus. E) gravados com cláusula de inalienabilidade, dependendo da data da constituição da cláusula. 10) Estão submetidas a sigilo fiscal as informa- ções relativas a: A) representações fiscais para fins penais. B) inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública. C) parcelamento ou moratória. D) bens, negócios ou atividades do contribuinte ou de terceiros. E) dados cadastrais do contribuinte. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 09 Josiane Minardi 9 GABARITO 1-A 2-A 3-B 4-A 5-A 6-D 7-E 8-E 9-B 10-D
Compartilhar