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ANDRADE M.C - O pensamento geográfico e a realidade brasileira. Boletim Paulista de Geografia. São Paulo junho 1977 p.05-28.

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Fichamento do Texto:
ANDRADE, M.C. - O pensamento geográfico e a realidade brasileira. Boletim Paulista de Geografia. AGB, São Paulo, n.54, junho 1977, pp.05-28.
P.05
(...) Não podemos falar em um pensamento geográfico autônomo antes da segunda metade do século XIX, graças à contribuição dada pelos mestres alemães Alexandre de Humboldt, Karl Ritter e Frederico Ratzel. (...)
P.06
(...) O conhecimento cientifico especializado não é obra de uma geração, e muito menos de um grupo isolado que, considerando-se auto-suficiente e detentor de uma verdade isolada e universal, renegue toda a influência acumulada por séculos e gerações de estudiosos e pensadores. (...)
(...) O pensamento cientifico se desenvolve em um processo que caminha com aperfeiçoamentos e recuos, conforme a maior ou menor possibilidade de utilização de novas técnicas e a agregação de novos conceitos. (...)
(...) Os fundadores da Geografia não a inventaram partindo do nada; (...).
P.07
(...) Todos esses elementos levaram os geógrafos alemães a racionalizar uma Geografia que valorizava o determinismo geográfico, que iria ao encontro do pensamento filosófico e político alemão, num momento em que se realizava a unidade política das varias “Alemanhas” em um Império, sob a égide do Reino da Prússia. (...)
P.08
(...) A França deglutia, no inicio do século XX, o segundo império colonial da superfície da Terra, necessitando, naturalmente, de confundir a política colonial com os interesses humanitários de levar a civilização a povos incultos e capazes de ser educados e absorvidos pela civilização ocidental, em vez de pregar uma política de extermínio ou de conquista dos povos ditos inferiores. (...)
(...) Na realidade, nunca houve uma escola livre-arbitrista em Geografia, e o possibilismo, longe de se contrapor ao determinismo, foi mais o resultado de uma desradicalização do mesmo, uma forma atenuada do determinismo. (...)
(...) Nos primeiros anos do século XX, surgiriam no Brasil trabalhos de alto interesse geográfico, embora não metodologicamente geográfico; (...).
(...) Iniciava-se o pensamento geográfico no Brasil, profundamente marcado pela influência da escola francesa, (...).
P.09
(...) A década de 30 marcaria o desenvolvimento do conhecimento geográfico com a colocação da Geografia nos currículos dos cursos superiores de Administração e Finanças (...).
P.10
(...) O primeiro foi incumbido de elaborar uma divisão do país em grandes regiões, fazendo-o com grande maestria, se levarmos em consideração o nível de informações existentes sobre o espaço brasileiro na quinta década do século XX (1941-50) (...).
(...) Posteriormente (1956), em vista da grande extensão das regiões naturais e da grande diversificação existente em cada uma delas, foi que o IBGE partiu para uma subdivisão dessas regiões em zonas fisiográficas, levando em consideração a atuação do homem. (...)
P.11
(...) Os trabalhos eram feitos com uma preocupação muito local, mediante análises de pequenas áreas e descrição de paisagens, quase sempre sem uma preocupação de generalidades, de correlação de causa e efeito, situando os problemas nacionais em um plano internacional. Isto apesar de vivermos num país onde dominava uma economia colonial exportadora, inteiramente dependente do mercado externo. (...)
P.12
(...) O sistema capitalista, através das grandes empresas multinacionais, não planejava mais o crescimento de sua produção e do seu mercado em termos de áreas territoriais de países, mas em termos de superfície da Terra. (...)
(...) O objetivo do lucro imediato e cada vez maior provocava um desinteresse pela conservação do meio ambiente e dos recursos naturais. (...)
P.13
(...) No Brasil projetou-se, em nome do desenvolvimento, uma política rodoviária agressiva, estimulando a abertura de grandes rodovias e o uso de automóveis individuais, sem levar em conta o crescimento do consumo de um produto que não possuíamos dependente de importação, como o petróleo. (...)
P.14
(...) Na verdade, utilizar dados estatísticos obtidos com alguma precariedade, formular matrizes e programas para computação eletrônica, manipulando estes dados com a finalidade de provocar certas conclusões, dava conforme os fins almejados, mais objetividade. (...)
(...) O funcionalismo sociológico, o marginalismo econômico e o quantitativismo geográfico, elaborados em países desenvolvidos e baseados em analises horizontais, com dados de um determinado momento, dificilmente poderiam ser aplicados aos países ditos em desenvolvimento, ao Terceiro Mundo. (...)
P.15
(...) O colonialismo provocara grandes distorções na utilização do espaço, com a hipertrofia das cidades portuárias e administrativas, com a construção de estradas de penetração, ao invés de uma rede viária, com o desenvolvimento de culturas comercias em detrimento das culturas destinadas ao mercado interno, com a deterioração do meio ambiente, face à implantação de indústrias poluidoras sem a utilização de medidas antipoluentes. (...)
(...) Talvez fosse interessante analisar os fatos geográficos e econômico-sociais dentro de uma lógica dialética, como o faz a escola hegeliana. (...)
P.17
(...) Não concordamos com aquela distinção feita por geógrafos mais apressados, geógrafos de formação francesa- os do passado-(...) É a consagração pura e simples de uma ideologia colonialista, (...).
(...) Acreditamos que a inteligência brasileira é capaz de, sem desprezar a contribuição dos povos mais desenvolvidos, elaborar os seus princípios teóricos, os seus modelos e sua ideologia. (...)
(...) A realidade brasileira deslumbrou e atraiu a curiosidade de todos os que aqui chegaram e sobre ela escreveram, desde o escrivão da armada descobridora – Pero Vaz de Caminha – até os geográficos que nos visitaram no século XX.
P.18
(...) Os documentos holandeses do século XVII, feitos com o fim de orientar a conquista e consolidar a ocupação, também são muito ricos em transformações de interesse geográfico, podendo e devendo ser utilizados em larga escala. (...)
(...) Cientistas e viajantes, escrevendo muitas vezes memórias ou menos roteiros de viagem sem um interesse cientifico, deram depoimentos indispensáveis à compreensão da problemática atual, de vez que a raiz da maioria dos nossos problemas se encontra no sistema colonial que dominou o país de 1500 a 1822 e que até hoje não foi extirpado. 
P.19
(...) E do manejamento da produção e controle do poder burocrático depende, em grande parte, o processo de organização do espaço, objeto básico do conhecimento geográfico. (...)
(...) Assim, indicações e perspectivas geográficas são encontradas numa série de livros de autores não-geografos, (...) que, como economistas sociólogos, historiadores, antropólogos, etc., procuram analisar em livros, teses e artigos a realidade brasileira, (...).
P.20
(...) Poderíamos perguntar: deve a Geografia desenvolver-se para o mero devaneio intelectual dos cultores desta ciência ou deve a Geografia desenvolver-se visando a fornecer condições para a racionalização da organização do espaço brasileiro e, consequentemente, para oferecer uma contribuição à solução dos principais problemas que freiam o desenvolvimento da nossa sociedade?
P.21
(...) Dentre os geógrafos que tiveram trabalhos com maior divulgação em livros, temos que salientar Josué de Castro9, que abordou sobretudo o problema da fome e suas causas, tanto naturais como sociais.(...)
P.22
(...) Mencionamos apenas alguns trabalhos, embora sabendo que com isto estamos incorrendo em injustiça, ao deixar de mencionar uma série de outros estudos que merecem uma análise mais acurada, mais detida em suas fundamentações filosófico-cientificas, em sua metodologia e em suas conclusões, valiosas para a interpretação e solução dos problemas brasileiros. (...)
(...) Estudo que se nortearia não só por uma visão setorial da Geografia, classificando os trabalhos por assuntos em geo-morfológicos, climáticos, pedológicos, hidrográficos, populacionais, agrários, industriais, de serviços, etc., mas também por umavisão de síntese, admitindo que a Geografia é a “ciência que estuda a organização do espaço” (...).
P.23
(...) O cientista social deve, sem deixar de utilizar os dados estatísticos, basear-se no conhecimento histórico para compreender e explicar o processo que fez evoluir o sistema até o estágio atual, e compreender a estrutura de pressões que tentam sustar a evolução do sistema ou dirigi-la em beneficio de determinados grupos sociais ou conjunto da população. (...)
Comentário sobre o texto:
O autor inicia o texto, ressaltando a importância de autores que contribuíram para a base do que viria a ser a Geografia, compreendemos a importância deles para perceber que a disciplina não surgiu assim do nada, o autor passa por embasamento a respeito dos pressupostos que embasaram a escola alemã, da francesa e como posteriormente se deu o processo de elaboração de um pressuposto geográfico brasileiro.
No texto vimos o quão a década de 30 foi revolucionaria para a Geografia, e posteriormente o rumo desse estudo, aqui no Brasil, porém vimos a influencia da escola francesa na formação do estudo geográfico brasileiro.
Temos também no texto, o autor trabalhando com a repercussão de novas correntes do modo de pensar geográfico, além de trabalhar com a renovação da geografia brasileira, temos uma abordagem da finalidade primordial da geografia na época do regime militar.
O expõe a influência do capitalismo na abordagem, e na ideologia dos fins da geografia enquanto disciplina produtora de conhecimento especifico . Na parte final do texto em análise, temos uma descrição calcada no estudo geografico brasileiro. E como o Brasil atraiu atenção para analises mesmo feita por autores que não eram necessairimente geógrafos, o autor destaca a importância desses estudos para uma reflexão que seja relevante.

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