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Introducao ao Direito do Trabalho

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DIREITO DO TRABALHO I (PROF: MARCELO ARAUJO) 01
UNIDADE I - INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 
1- Antecedentes históricos: 
Para a compreensão do direito do Trabalho, é necessário conhecer o seu passado e o seu desenvolvimento no decorrer do tempo, visto que esse ramo do Direito é muito dinâmico, mudando as condições de trabalho com muita frequência, pois ele é produto do capitalismo, sendo intimamente relacionado com as questões econômicas.
A palavra Trabalho vem do latim “tripalium”, que era uma espécie de instrumento de tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre os animais, razão pela qual o trabalho tinha denotação de tortura; atualmente, trabalho significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem, com finalidade produtiva.
A 1ª forma de trabalho foi a escravidão. Na Antiguidade, o homem trabalhava para alimentar-se, defender-se, abrigar-se e para construir instrumentos; o trabalho em favor de terceiro representava punição, submissão, em que os trabalhadores eram os povos vencidos nas batalhas, os quais eram escravizados, sendo que o escravo era considerado como uma coisa (uma propriedade de seu amo, sem personalidade jurídica), sem qualquer direito (muito menos trabalhista) ou liberdade. Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho envolvia apenas a força física, pois segundo eles, o trabalho não tinha o significado de realização pessoal; as necessidades da vida tinham características servis, desempenhadas pelos escravos, que faziam o trabalho duro, ficando as atividades mais nobres destinadas as outras pessoas, livres. Em Roma, o trabalho era visto como desonroso, razão pela qual era feito pelos escravos; no entanto, havia quem se comprometia a locar suas energias ou resultados de trabalho em troca de pagamento. Para tanto, existia a Locatio Conductio, que tinha como objetivo regular a organização do trabalho do homem livre. Era dividida em três formas:
a) locatio Conductio Rei - era o arrendamento de uma coisa.
b) Locatio Conductio Operarum – era a locação de serviços mediante pagamento.
c) Locatio Conductio Operis – era a entrega de uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada).
OBS: A escravidão existiu não apenas na Antiguidade, mas também esteve presente nas Idades Média e Moderna.
A 2ª forma de trabalho foi a servidão, ocorrida na época do Feudalismo (Séculos X ao XIII, na Europa), em que os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos (vassalos), que não eram livres, pelo contrário, tinham de prestar serviços na terra do senhor feudal, obediência e auxílio. Os servos tinham de entregar parte da produção rural aos senhores feudais em troca da proteção que recebiam e do uso da terra (feudos). Nessa época, apesar do trabalho ser considerado um castigo, pois os nobres não trabalhavam, podemos dizer que houve uma “evolução” no trabalho humano, pois o mesmo deixou de ser escravo.
A 3ª forma de trabalho foram as corporações de ofício, presentes na Roma Antiga, que consistiam , basicamente, em um grupo organizado de produtores, visando o controle do mercado e da concorrência, alem de garantir os privilégios dos mestres. Eram distribuídas em três níveis:
a) Mestres – eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela prova de obra-mestra; seus filhos não faziam exame de avaliação de obra.
b) Companheiros – trabalhadores que recebiam salários dos mestres e só passavam a mestre se fossem aprovados em exame de obra-mestra, que era muito difícil e caro, ou então, se casassem com a filha ou com a viúva do mestre.
c) Aprendizes- eram os menores, a partir de 12/14 anos (ou até menos), que recebiam dos mestres o ensino metódico do ofício ou profissão, mediante o pagamento (por parte dos pais) de taxas; após o ensinamento e prova (paga),passavam ao grau de companheiro 
Nessa fase da história, havia um pouco mais de liberdade ao trabalhador, porém, os objetivos eram os interesses das corporações e não propriamente conferir qualquer proteção aos trabalhadores. As características das Corporações de Ofício eram estabelecer uma estrutura hierárquica, regular a capacidade produtiva e regulamentar a técnica de produção.
A jornada de trabalho diária chegava até a 18 horas no verão; geralmente, acabava com o pôr do sol, por questão de qualidade do trabalho e não por proteção aos aprendizes e companheiros.
A partir da criação do lampião a gás, em 1792 (William Murdock), o trabalho passou a ser prestado entre 12 a 14 horas por dia, sendo que várias indústrias iniciaram o trabalho noturno.
Um Edito de 1776 pôs fim as Corporações de Ofício, porém, algumas foram reconstruídas.
Em 1789, a Revolução Francesa suprimiu inteiramente as Corporações de Ofício, pois as mesmas foram consideradas incompatíveis com o ideal de liberdade do homem.
Outras causas de extinção – liberdade de comércio e o encarecimento dos produtos das corporações.
Em 1791, logo após a Revolução, houve na França o início da liberdade contratual; o Decreto d’Allarde suprimiu de vez as Corporações de Ofício, permitindo a liberdade contratual. Por fim, a Lei Chapelier, de 1791, proibiu o restabelecimento das Corporações de Ofício, o agrupamento de profissionais e as coalizões, eliminando as corporações de cidadãos.
2- A Revolução Industrial e a questão social:
O Liberalismo do século XVIII pregava um Estado alheio a área econômica. Quando muito, seria árbitro nas disputas sociais. A Revolução Industrial constitui-se numa transformação técnica, social e econômica que surgiu com a sociedade industrial nos século XVIII e XIX na Inglaterra e, posteriormente, por toda a Europa e estados Unidos.
Nela, o Direito do Trabalho e o contrato de trabalho foram desenvolvidos, porque houve a transformação do trabalho em emprego, ou seja, os trabalhadores, de forma geral, passaram a trabalhar por salários. Com a mudança, houve uma nova cultura a ser aprendida e uma antiga a ser desconsiderada. A Revolução Industrial determinou profundas alterações nas condições de trabalho, sendo que a principal causa econômica do surgimento dessa revolução foi o aparecimento da máquina a vapor como fonte energética. Posteriormente, apareceram a máquina de fiar (1738) e o tear mecânico (1784).
A utilização de máquinas, em substituição ao trabalho manual, causou um enorme desemprego da população da época; o aumento da oferta de mão-de-obra, diante da pequena procura de trabalhadores, culminou com o aviltamento dos salários e o grande lucro de poucos empresários, gerado pelas máquinas, causando assim o empobrecimento generalizado da população.
Em razão desses fatos, os trabalhadores começaram a ter consciência de seus interesses, reunindo-se e reagindo contra tal situação; começaram a reivindicar melhores condições de trabalho e salários, diminuição das jornadas excessivas de trabalho e salários e contra a exploração de menores e mulheres. 
3- O intervencionismo Estatal:
A partir do momento em que surgiu a liberdade na contratação das condições de trabalho, o Estado deixou de ser abstencionista, para se tornar intervencionista, interferindo nas relações de trabalho. Essa intervenção do Estado nas relações de trabalho ocorreu em virtude dos abusos cometidos pelos empregadores, tais como:
a) Jornada excessiva de trabalho para menores e mulheres, de mais de 16 horas por dia ou até ao pôr-do-sol, pagando a metade ou menos dos salários pagos aos homens;
b) Trabalho em minas de carvão em condições insalubres, sujeito a incêndios, explosões, intoxicações por gases, inundações e desmoronamentos, com baixos salários e jornada de trabalho excessiva;
c) Excessivo nº de acidentes de trabalho e doenças decorrentes de gases e poeira;
d) Contratos de trabalho vitalícios ou então enquanto o trabalhador pudesse prestar serviços;
e) Multas aplicadas aos empregados.
A intervenção estatal visou dar aos trabalhadores uma maior proteção, realizarum bem estar social e melhorar as condições de trabalho, face a desigualdade a que estavam submetidos esse trabalhadores, visto que o patrão era o proprietário das máquinas, tendo o poder de direção, e o empregado não possuía nada; através do intervencionismo do Estado, o trabalhador passou a ser protegido juridicamente e economicamente, sendo criadas Leis que estabeleciam normas mínimas sobre condições de trabalho, a serem respeitadas pelos empregadores.
Assim, face à exploração desumana do trabalho, nasce o Direito do Trabalho, com função tutelar (proteção do trabalhador), econômica (democratizar o acesso à riqueza e injetar capital no mercado), política (interesse público), coordenadora (harmonizar os conflitos entre capital e trabalho) e social (melhoria da condição social do trabalhador).
4- A evolução do Direito do Trabalho no mundo e no Brasil:
Face a edição de normas de proteção ao trabalhador, através da criação de diversas leis; o Direito do Trabalho sofreu uma grande evolução, a nível mundial. Dentre as normas que surgiram, podemos destacar as seguintes:
a) Lei de Peel (1802), na Inglaterra – disciplinou o trabalho dos aprendizes paroquianos nos moinhos, cuja produção era entregues aos donos das fábricas; a jornada de trabalho foi limitada em 12 horas, com observância de normas relativas a educação e higiene. Em 1819, também na Inglaterra, foi aprovada Lei tornando ilegal o emprego de menores de 09 anos e fixando jornada de 12 horas para menores de 16 anos, nas prensas de algodão.
b) Na França, em 1813, foi proibido o trabalho de menores em minas; em 1814, foi vedado o trabalho aos domingos e feriados. Em 1839, foi proibido o trabalho de menores de 09 anos e a jornada de trabalho para menores de 16 anos foi fixada em 10 horas.
A partir de 1880, passou a ser utilizada a eletricidade. E, conseqüência, as condições de trabalho tiveram de ser adaptadas.
O Direito do Trabalho passou a ser estudado por juristas, voltados para o estudo da própria norma, em substituição aos cientistas sociais e reformadores, que até então tratavam o Direito do Trabalho como política social.
O Direito do Trabalho identifica-se com a história da subordinação; logo, a preocupação maior torna-se com a proteção do hipossuficiente e com o emprego típico.
A Igreja também passa a preocupar-se com o trabalho subordinado; é a denominada “Doutrina social”, com sentido humanista: dentre elas, a Encíclica Rerum novarum (coisas novas), de 1891, do Papa Leão XIII, pontifica uma fase de transição para a justiça social, traçando regras para a intervenção estatal na relação entre trabalhador e patrão. Segundo Leão XIII, “não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital”. 
OBS: As Encíclicas não obrigavam ninguém, mas serviam de fundamento para a reforma da legislação dos países.
Após a 1ª Guerra Mundial, surge o Constitucionalismo Social (Institucionalização), que é a inclusão nas constituições de preceitos relativos a defesa social da pessoa, de normas de interesse social e de garantia de direitos fundamentais, dentre eles, o Direito do Trabalho.
A 1ª Constituição que tratou do tema foi a do México, de 1917, estabelecendo jornada de trabalho diária de 08 horas, proibição do trabalho de menores de 12 anos, limitação da jornada de menores de 16 anos para 06 horas, salário-mínimo, dentre outros direitos.
A 2ª Constituição a versar sobre o assunto foi a de Weimar (Constituição da Liga das Nações, elaborada após a 1ª Guerra Mundial), de 1919, que disciplinou a participação e representação dos trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade de coalizão desses trabalhadores, etc.
O Tratado de Versalhes , de 1919, prevendo a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que iria incumbir-se de proteger as relações entre empregados e empregadores no âmbito internacional, expedindo Convenções e recomendações nesse sentido.
Na Itália, tivemos em 1927 a Carta Del Lavoro, instituindo um sistema corporativista-fascista, visando organizar a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional acima dos interesses particulares, impondo regras a todas as pessoas. Inspirou diversos países, dentre eles, o Brasil.
Em 1948, tivemos a Declaração Universal dos Direitos do Homem, prevendo alguns direitos trabalhistas, tais como: férias remuneradas, repouso, lazer, limitação razoável da jornada de trabalho, etc...
Surgiram ainda novas teorias pregando a necessidade de separação entre o econômico e o social, tal como na CRFB/88, que trata do dois assuntos de forma separada, preconizando um Estado Neo-Liberalista (com menor intervenção do Estado nas relações pessoais)
No Brasil, a Lei Áurea (embora não tenha caráter jus-trabalhista) pode ser tomada como marco inicial de referência da História do Direito do Trabalho brasileiro; já as Constituições, inicialmente, versavam apenas sobre a forma do Estado, o sistema de governo, conforme exposto abaixo:
a) A CF/1824 aboliu as corporações de ofício.
b) A lei do Ventre Livre (1871) dispôs que os filhos de escravos nasceriam livres; a lei dos Sexagenários (1885) libertou os escravos maiores de 60 anos; a Lei Áurea (1888) aboliu de vez a escravatura.
c) A CF/1891 reconheceu a liberdade de associação.
d) A partir de 1930, começa a surgir uma política trabalhista, idealizada por Getúlio Vargas; foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, passando a expedir decretos sobre profissões, trabalho das mulheres, salário-mínimo, justiça do trabalho (1939), etc.
e) A CF/34, influenciada pelo Constitucionalismo social, foi a 1ª a tratar especificamente do Direito do Trabalho; nela, foi garantida a liberdade sindical, isonomia salarial, salário-mínimo, jornada de 08 diárias de trabalho, férias remuneradas, etc...
f) A Carta Constitucional de 1937 marca uma fase intervencionista do Estado, decorrente do golpe de Getúlio Vargas, estabelecendo que a economia era organizada em corporações, que eram consideradas como órgãos do Estado. Foi criado o Conselho de Economia Nacional, que tinha como atribuição promover a organização corporativa da economia nacional; foi instituído o sindicato único; vinculado ao Estado; foi criado o imposto sindical; foi estabelecida a competência normativa dos tribunais do trabalho; a greve e o lockout foram considerados recursos anti-sociais e incompatíveis com o interesses da produção nacional.
g) Em 01/05/43, foi aprovada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), através do Decreto-lei nº 5.452, com o objetivo de reunir as leis esparsas existentes na época, consolidando-as, não se tratando de um código.
h) A CF/46, considerada uma norma democrática, criou a participação dos trabalhadores nos lucros, estabilidade, direito de greve, dentre outros direitos.
i) A CF/67 manteve os direitos trabalhistas estabelecidos nas Constituições anteriores, com pequenas modificações.
j) A EC/69 repetiu praticamente a CF/67, no tocante aos direitos trabalhistas.
5- O Direito do Trabalho na atualidade:
A atual CF, promulgada em 05-10-88, trata dos direitos trabalhistas nos artigos 7º a 11, incluídos no capítulo II “Dos Direitos Sociais”, do título II “Dos Direitos e garantias Fundamentais”, ao contrário das Constituições anteriores, que colocavam os direitos trabalhistas no âmbito de ordem econômica e social.
O Art. 7º trata de direitos individuais e tutelares do trabalho; o art. 8º versa sobre o sindicato e suas relações; o art. 9º especifica regras sobre greve; o art. 10 contém disposições sobre a participação dos trabalhadores em colegiados e o artigo 11 menciona que nas empresas com mais de 200 empregados é assegurada a eleição de um representante dos trabalhadores para entendimentos com o empregador.
No âmbito da legislação ordinária, podemos destacar a lei nº 605/49 (RSR), Lei nº 5859/72 (trabalhos dos domésticos), Lei nº 5889/73 (Trabalhador Rural), lei nº 6019/74 (Trabalho Temporário), Lei nº 8036/90 (FGTS).
6- Conceito de Direito do Trabalho:
Os conceitosde Direito do Trabalho envolvem três correntes: 
a) Subjetiva - em que se verificam os sujeitos da relação de emprego: empregado e empregador.
b) Objetiva - em que é considerado conteúdo do Direito do Trabalho e não os sujeitos envolvidos. Ex: as relações de trabalho, subordinadas ou não.
c) Mista (majoritária) – envolve as duas correntes acima, pois engloba tanto os sujeitos da relação de trabalho quanto o conteúdo do Direito do Trabalho.
6.1- Conceito de Direito do Trabalho – segundo Vólia Bonfim “é um sistema jurídico permeado por institutos, valores, regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos empregadores, empresas coligadas, tomadores de serviços, para tutela do contrato mínimo de trabalho, das obrigações decorrentes das relações de trabalho, das medidas que visam à proteção da sociedade trabalhadora, sempre norteada pelos princípios constitucionais, principalmente o da dignidade da pessoa humana, tendo ainda normas destinadas aos sindicatos e associações representativas; à atenuação e forma de solução dos conflitos individuais, coletivos e difusos, existentes entre capital e trabalho; à estabilização da economia social e á melhoria da condição social de todos os relacionados”.
OBS:
1- Princípios são proposições genéricas das quais derivam as demais normas. Através do conhecimento destes princípios, temos um tratamento científico dado a disciplina. Ex: primazia da realidade. 
2- As inúmeras regras do Direito do Trabalho estão contidas, em sua maioria, na CLT.
3- No Direito do Trabalho existem Instituições e entidades que criam e aplicam o Direito. O Estado é o maior criador de normas; o Ministério do Trabalho edita portarias, resoluções, etc..., e a Justiça do Trabalho julga as questões trabalhistas.
6.2- O objetivo do Direito do Trabalho é o estudo do trabalho subordinado; porém, existem situações análogas que tem semelhança com o trabalho subordinado, como no caso do trabalhador avulso, que não é subordinado mas é objeto de estudo do Direito do Trabalho.
6.3- Finalidade do Direito do Trabalho – assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao empregado, através de uma legislação que tem como principal objetivo proteger o trabalhador, pólo mais fraco da relação com seu patrão, mais forte economicamente e que suporta os riscos de sua atividade econômica.
7- Divisão da matéria:
O Direito do Trabalho divide-se em direito individual, caracterizado pela existência de uma relação jurídica cujos interesses são concretos (de trabalhadores e de empresários) e analisados de forma individual e direto coletivo, no qual o foco são os interesses abstratos de grupos
8- Relação com os demais ramos do Direito e outras ciências:
a) Direito Constitucional – a relação é muito estreita, pois a CF/88 estabelece uma série de direitos aos trabalhadores de modo geral: o Art. 7º trata de direitos individuais e tutelares do trabalho; o art. 8º versa sobre o sindicato e suas relações; o art. 9º especifica regras sobre greve; o art. 10 contém disposições sobre a participação dos trabalhadores em colegiados e o artigo 11 menciona que nas empresas com mais de 200 empregados é assegurada a eleição de um representante dos trabalhadores para entendimentos com o empregador.
b) Direito Civil – o contrato de trabalho tem origem no Direito Civil, pois começou a ser desenvolvido com base na locação de serviços (art. 593-609 do CC). Também podemos notar relações com o contrato de empreitada (art 610-626 do CC), que podem gerar discussões na Justiça do Trabalho e principalmente com o Direito das Obrigações. O Direito Civil é aplicado subsidiariamente ao Direito do trabalho (art 8º da CLT), naquilo que não for incompatível com os princípios fundamentais do Direito do Trabalho.
c) Direito Comercial – a relação tinha muito a ver pelo fato do direito comercial regular as várias formas de sociedades mercantis, e a empresa é uma das partes do contrato de trabalho; no entanto, com sua nova redação, o Código Civil passou a abordar vários temas previstos anteriormente no Código Comercial que, no entanto, continua mantendo relações com o Direito do Trabalho.
d) Direito Internacional – o Direito Internacional Público do Trabalho diz respeito a normas de ordem pública, de âmbito internacional, como as da OIT, que edita normas a serem aplicadas aqueles que as ratificarem. Temos também a Declaração Universal do Direitos do Homem (1948), dentre outros. Já o Direito internacional privado do trabalho versa sobre a aplicação da lei no espaço (competência).
e) Direito Penal – a prática de um delito penal pode causar uma dispensa por justa causa. Além disso, o CP regula os crimes contra a organização do trabalho, o direito de livre associação sindical, etc (vide art. 197-207 do CP). A Lei nº 9029/95 estabelece normas para a discriminação da mulher.
f) Direito da Seguridade Social – previsto nos artigos 194-204 da CF/88; tem relação com o dir. do trabalho no que diz respeito a previdência social; proteção da maternidade, especialmente a gestante (art. 201, II), amparo a infância a a adolescência (art 203, II), etc..
g) Direito Administrativo – as normas de medicina, segurança e fiscalização do trabalho são consideradas atinentes à administração do estado, feitas pelas delegacias regionais do trabalho (DRT), que são órgão vinculados ao Ministério do trabalho. O próprio Estado contrata servidores sob o regime celetista, temporário ou precário. Temos decretos de natureza administrativa, que regulam leis trabalhistas Ex: Decreto nº 27.048/49, que regulamentou a Lei nº 605/49 (RSR).
h) Direito Tributário – nas contribuições sobre certas verbas trabalhistas, na base de cálculo destas verbas; nas contribuições de FGTS e PIS, em que o FGTS incide sobre uma série de verbas trabalhistas e o PIS, pago pela empresa, dá direito a empregados que ganham baixos salários. Temos também a incidência do IRRF sobre salários e outras verbas de natureza trabalhista.
i) Direito Econômico – tem por objetivo disciplinar juridicamente as atividades desenvolvidas nos mercados, buscando uma forma de organização do sistema e também visando ao interesse social. Sua relação com o Dir. do Trabalho ocorre quando se verifica a obtenção de uma política de pleno emprego (art. 1709, VIII, CF/88) e a valorização do trabalho humano (art. 170,CF/88). A política econômica e salarial tem grandes reflexos na relação de emprego, ao se ter em vista o desenvolvimento geral do país e a garantia do bem-estar da nação.
j) Direito Processual do Trabalho – é a forma de assegurar o cumprimento dos direitos materiais do empregado, sendo que as controvérsias surgidas sobre aplicação da legislação trabalhista são dirimidas pela Justiça do Trabalho. A CLT, em seus artigos 643-910, possui regras atinentes ao processo do trabalho, estabelecendo normas de competência, recursos, etc.
OBS: Relação com outras áreas – o Direito do Trabalho relaciona-se com outras ciências que não a do Direito.
l.1- Sociologia- visão da sociedade, dos conflitos, fatos sociais, que dão origem as questões trabalhistas; os grupos, as classes, os movimentos sociais, que influenciam a formação das leis.
l.2 – Biologia, Física e Química – no que diz respeito a medicina e segurança do trabalho e na verificação das condições insalubres ou perigosas no local de trabalho.
l.3- Economia- em função da realidade econômica do país, que influi na politica salarial.
l.4- Contabilidade – no que diz respeito aos cálculos das verbas trabalhistas.
l.5- Administração – organização das empresas, recursos humanos, etc.
l.6- Psicologia- no que diz respeito ao comportamento humano, avaliando-se processos mentais de uma pessoa, ligados a adaptação no trabalho.
9- Natureza jurídica do Direito do Trabalho:
Segundo Ulpiano, o Direito é dividido em público e privado, sendo certo que cada ramo do Direito mantém relações com os demais ramos. Para grande parte dos doutrinadores, o Direito do Trabalho pertence ao ramo doDireito Privado, pois a maioria das regras existentes no Direito do Trabalho é de Direito Privado, apesar de existirem algumas regras de Direito Público aplicáveis ao Direito do Trabalho, assim como no Direito Civil e no Direito comercial, que também pertencem ao ramo do Direito Privado.
Existem várias teorias sobre a natureza jurídica do Direito do Trabalho, ou seja, sobre o lugar em que ele está inserido dentro da ciência do Direito, como veremos a seguir.
a- Teoria do Direito Público:
Para os defensores dessa teoria, dentre eles Miguel Reale, o Direito do Trabalho pertence ao ramo do Direito Público, devido a existência de normas de natureza administrativa, principalmente as de fiscalização trabalhista e pelo fato das normas trabalhistas (determinadas pelo Estado) serem de proteção ao trabalhador, imperativas, e não podem ser esquecidas pelo empregador (vide artigo 9º da CLT). Dentro dessa concepção, proclamam que os direitos trabalhistas são indisponíveis pelo trabalhador, mostrando assim a natureza pública de suas normas.
b- Teoria do Direito Privado (majoritária):
Segundo os adeptos desta teoria (Délio maranhão, Sérgio Pinto Martins, dentre outros), o Direito do Trabalho pertence ao ramo do Direito Privado, pois o contrato de trabalho foi desenvolvido com base na locação de serviços do Direito Civil, do qual se originou e os dois sujeitos no contrato de trabalho são particulares (empregado e empregador). Apesar de sua natureza privada, é um direito regulamentado por lei, com regras legais mínimas. 
c- Teoria do Direito Misto:
Para Alfredo Montoya Melgar, o Direto do trabalho compreenderia tanto o Direito Público quanto o Direito Privado, em razão da existência de normas públicas e privadas no Direito do Trabalho. Contudo, isso também ocorre em outros ramos do direito, e o que deve ser observado é o seu conjunto, no qual, conforme dito anteriormente, predominam as regras de Direito Privado.
d- Teoria do Direito Unitário:
Segundo Evaristo de Moraes Filho, o Direito do trabalho seria oriundo da fusão de normas de Direito Público e Privado, ou seja, uma combinação de elementos que formariam algo novo e não o produto de uma simples mistura, dando origem assim a uma terceira realidade, distinta e nova em relação as anteriores. Contudo, não podemos dizer que tenha surgido esse terceiro gênero, pois em qualquer ramo do Direito existem normas públicas e privadas.
e- Teoria do Direito Social:
Cesarino Junior entende que o Direito do Trabalho deve ser chamado de Direito Social, pelo fato dele ser destinado a amparar os “hipossuficientes” (pessoas economicamente desprotegidas na relação de emprego), ou seja, os empregados. No entanto, não apenas o Direito do Trabalho, mas todos os ramos do Direito têm natureza social, pois são destinados a promover o bem-estar dos cidadãos perante a sociedade.
10- Fontes do Direito do Trabalho:
Fonte vem do latim fons, que significa nascente, manancial. No sentido vulgar, significa nascente de água e figuradamente, refere-se à origem de alguma coisa. Fonte de Direito significa o meio pelo qual o direito se forma, se origina e estabelece suas normas jurídicas.
OBS: Direito positivo é aquele que age coercitivamente sobre a sociedade, sendo retratado pela norma, que é constituída de regras (lei escrita), princípios (comandos gerais) e valores (padrões sociais aceitos e seguidos por todos os indivíduos da sociedade)..
A) Fontes materiais – são o complexo de fatores (sociais, psicológicos, históricos, etc.) que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores que o Direito procura realizar. No Direito do Trabalho, estão atadas a existência e evolução do sistema capitalista. Antecedem as fontes formais.
B) Fontes formais – são os meios de revelação e transparência da norma jurídica (formas de exteriorização do direito), que tem força coercitiva sobre seus destinatários. Ex: leis, costumes, etc...
b.1- Fontes autônomas ou profissionais – são as regras cuja produção caracteriza-se pela imediata participação dos destinatários principais das regras produzidas. Ex: costumes, regulamento de empresa, convenção e acordo coletivo e contrato de trabalho. 
b.2- Fontes heterônomas, Imperativas ou Estatais – são as regras cuja produção não se caracteriza pela imediata participação dos destinatários principais das mesmas regras jurídicas; são as regras de origem estatal. Ex: Constituição, Leis, Decreto, Medidas Provisórias e sentença normativa. 
11- Fontes peculiares ao Direito do Trabalho:
Há fontes comuns a todos os ramos do Direito, como a Constituição, a Lei, etc. Porém, existem fontes peculiares ao Direito do Trabalho, justificadas pela afirmação de que as normas de maior hierarquia seriam o fundamento de validade das regras de hierarquia inferior. 
Na CLT, encontramos no artigo 8º a orientação a respeito das fontes do Direito do Trabalho. No referido artigo, são citadas: jurisprudência, analogia, equidade e outros princípios e normas gerais de Direito (principalmente do Dir. do Trabalho), bem como, uso e costumes e o direito comparado.
No entanto, analogia e equidade, segundo alguns doutrinadores, não podem ser consideradas como fontes do Direito do Trabalho, mas sim, como métodos de integração da norma jurídica. Quanto aos princípios gerais, trata-se de uma forma de interpretação das regras jurídicas.
A jurisprudência, segundo alguns doutrinadores, também não é considerada como fonte de Direito do Trabalho, pois não é norma obrigatória, mas apenas indica o entendimento predominante em que os Tribunais entendem de aplicar a Lei. Não possui efeito vinculante, à exceção de julgamento de mérito de ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo proferido pelo STF (art 102, § 2º, da CF/88).
A doutrina tem caráter valioso para a análise do Direito do trabalho, mas também não é considerada como uma de suas fontes, não sendo obrigatórias, mesmo porque, muitas vezes possui entendimentos opostos.
Portanto, podemos enumerar as seguintes fontes de Direito do Trabalho (Estatais e Não-estatais):
a) Constituição – encontra-se no ápice da hierarquia das normas jurídicas, pois confere fundamento e eficácia a todas as demais regras existentes mo país, razão pela qual possui prevalência na ordem jurídica. A CF/88, nos artigos 7º a 11, especifica vários direitos dos trabalhadores, sendo de competência privativa da União legislar sobre Direito do trabalho (art. 22, I, CF/88), razão pela qual todas as demais normas irão originar-se da Constituição, algumas com eficácia plena (aplicabilidade direta, imediata e integral), contida (aplicabilidade direta e imediata, mas dependentes de limites ou circunstâncias restritivas) ou limitada (dependem de outra norma para surtir efeito). 
b) Lei – é toda regra escrita, abstrata geral e permanente, com força coercitiva sobre os agentes sociais, emanada do Poder Público competente para produzí-la. São várias as Leis que tratam do Direito do Trabalho, sendo a principal delas a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criada em 01/05/43 através do Decreto-lei nº 5.452, na qual foram de reunidas as leis esparsas existentes na época e suas posteriores modificações, consolidando-as, não se tratando de um código, pois este importaria na criação de um Direito novo, que revogaria a legislação anterior. Dentre as Leis Ordinárias que versam sobre Direito do Trabalho, podemos destacar: lei nº 605/49 (RSR), Lei Complementar nº 150/15 (trabalhos dos domésticos), Lei nº 5889/73 (Trabalhador Rural), lei nº 6019/74 (Trabalho Temporário), Lei nº 8036/90 (FGTS), dentre outras.
c) Atos do Poder Executivo – são normas emanadas pelo Poder Executivo, através de Decretos (ex: o Decreto-lei nº 5.452/43, que criou a CLT) e de Medidas Provisórias, que tem força de Lei no período de 60 dias (art. 62 da CF/88), prorrogável uma vez por igual período. De acordo com o artigo 84, IV, da CF/88, o Poder Executivo tem competência para expedir Decretos e Regulamentos, visando o cumprimentode legislações (ex: Decreto nº 71.885/73 – empregado doméstico). Existem também as Portarias e Ordens de Serviço expedidas pelo Ministério do Trabalho (ex: Portaria nº 3.214/78, especificando normas sobre medicina e segurança do trabalho), de acordo com o disposto no artigo 87, parágrafo único, II, CF/88.
d) Sentença Normativa – é a decisão dos Tribunais Regionais do Trabalho ou do TST no julgamento dos dissídios coletivos. Através dela, são criadas, modificadas ou extintas as normas e condições aplicáveis ao trabalho, gerando obrigações a empregados e empregadores, tendo efeito erga omnes e valendo para todas as pessoas integrantes da categoria econômica e profissional envolvidas no dissídio coletivo.
e) Convenções e Acordos coletivos – são reconhecidos pelo artigo 7º, XXVI, da CF/88. As Convenções são os pactos firmados entre dois ou mais sindicatos (de um lado o patronal e de outro o dos trabalhadores) sobre condições de trabalho para a categoria (vide art 611 da CLT). Já os acordos coletivos são pactos celebrados entre uma ou mais empresas e o sindicato profissional a respeito de condições de trabalho (vide art. 611, § 1º, CLT).
f) Regulamentos de empresa – muito discutido pelos doutrinadores, o regulamento de empresa cria condições de trabalho, disciplinando as relações entre os empregado e empregador (sujeitos do contrato de trabalho) e vinculando tanto os empregados atuais como também aqueles que forem admitidos posteriormente em seus quadros. Suas cláusulas aderem ao contrato de trabalho.
e) Disposições do contrato de trabalho – mencionadas expressamente no artigo 8º da CLT como fonte de Direito do Trabalho. O contrato de trabalho é um acordo bilateral firmado entre as partes (empregado e empregador), no qual são firmadas condições de trabalho que dão origem a direitos e deveres de ambas as partes. De acordo com o artigo 444 da CLT, essas condições podem ser objeto de livre estipulação das partes, desde que não sejam contrárias as disposições de proteção ao trabalhador, convenções, acordos coletivos e decisões de autoridades competentes.
f) Usos e costumes - São regras aplicadas reiteradamente, mas que não estão disciplinadas por lei. Muitas normas legais são criadas em função de sua reiterada aplicação pela sociedade (ex: 13º salário – lei nº 4.090/62; integração de horas extras – Enunciados nº 45, 63, 94, 151 e 172 do TST). Até mesmo o contrato de trabalho pode ser regido por regras de costume, sem necessidade de ser por escrito (vide art. 443, CLT).
g) Normas internacionais – são os tratados e convenções da OIT, que podem estabelecer condições de trabalho mais benéficas do que as previstas em nossa legislação. Sua hierarquia é analisada por duas teorias: monista, que prega a unidade do sistema do Direito Internacional e do Direito Interno do país e dualista, entendendo que existem duas ordens jurídicas distintas e autônomas, a internacional e a interna. A CF/88 não é clara quanto a observância de uma das duas teorias, mas tudo indica que adotou a monista, na qual o tratado ratificado complementa, altera ou revoga o direito interno , desde que se trate de norma auto-aplicável e já esteja em vigor no âmbito internacional. 
OBS: O Brasil, em suas relações internacionais, rege-se pelo princípio da independência nacional (art. 4º, I, CF/88), não podendo haver, portanto, a coexistência de duas ordens ao mesmo tempo. 
- Vide artigos 5º, § 2º; 49, I; 59, VI;84, VII; 102, b; 102, III, b e 105, a, III, todos da CF/88.
OBS: 
1- Vide Súmulas, Orientações Jurisprudenciais e Precedentes.
12- Princípios do Direito do Trabalho:
Princípios são as proposições básicas que fundamentam as ciências. Para o Direito, o princípio é seu fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas. O Direito do Trabalho se rege não apenas pelos princípios gerais de Direito, mas também por princípios próprios, específicos, peculiares e que firmam sua autonomia e espaço próprio no conjunto do Direito.
Função dos Princípios (artigo 8º da CL):
a) Informadora – serve de inspiração ao legislador e de fundamento para as normas jurídicas.
b) Normativa – atua como fonte supletiva, nas lacunas ou omissões da lei.
c) Interpretativa – serve de critério orientador para os intérpretes e aplicadores da lei.
a- Princípio da Proteção ao Trabalhador (Tutelar ou tuitivo ou protetivo)- É o princípio básico e mais marcante do Direito do Trabalho, do qual resultam as normas imperativas e, portanto, de ordem pública, que opõem limites bem determinados à autonomia de vontade dos sujeitos do contrato de trabalho, protegendo o empregado (hipossuficiente), visando atenuar, no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho. 
b- Princípio da norma mais favorável – são as regras implícitas no artigo 7º da CF/88, quando dispõe “São direitos do trabalhador urbano e rural...., além de outros que visem a melhoria de sua condição social”. Neste caso, o operador do Direito deve optar pela regra mais favorável ao empregado; independe da posição na hierarquia das normas, pois no Direito do trabalho prevalece sempre aquela que for mais favorável ao trabalhador. É o fenômeno da Subversão da Hierarquia das Fontes do Direito.
c- Princípio da condição mais benéfica – é a aplicação da regra do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88); é a preservação, ao longo do contrato de trabalho, de vantagens já conquistadas, benéficas ao trabalhador, seja oriundas de lei, do contrato, regimento interno ou norma coletiva, que não podem ser modificadas para pior. 
d- Princípio in dúbio pro operário ou pro mísero – na dúvida diante de norma que comporte mais de uma interpretação razoável e distinta, aplica-se à regra mais favorável ao trabalhador, hipossuficiente.
e- Princípio da irrenunciabilidade de direitos (Indisponibilidade) - Temos como regra que o empregado não pode renunciar ou transacionar seus direitos trabalhistas, de forma expressa ou tácita, ante a indisponibilidade dos créditos trabalhistas, pois são direitos controlados pelo Estado. Poderá, entretanto, conciliar em Juízo (compor a lide), pondo fim ao processo (acordo semelhante a transação). 
OBS: Vide art. 9º da CLT, que prevê a nulidade dos atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas.
f- Princípio da continuidade da relação de emprego – tem como base a validade do contrato de trabalho por prazo indeterminado, ou seja, a continuidade da relação de emprego, com exceção dos contratos a prazo determinado (inclusive os temporários). Visa a preservação do contrato de trabalho, proibindo uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. 
OBS: vide Súmula nº 212 do TST.
g- Princípio da primazia da realidade – são privilegiados, na relação de emprego, os fatos, ou seja, a realidade prevalece sobre a forma ou estrutura utilizada. Por isso, o contrato de trabalho é caracterizado como um contrato-realidade, expressão essa que se universalizou no Direito do Trabalho.
OBS: vide Súmula 12 do TST.
h- Princípio da Inalterabilidade ou imodificabilidade contratual – regra do artigo 468 da CLT.
OBS: Princípio da irredutibilidade salarial (art. 7º, VI, CF/88), Princípio da intangibilidade salarial (art. 462, CLT) e da Boa-fé (artigos 113, 187, 442 do CC) .
13- Normas do Direito do Trabalho:
As normas trabalhistas são classificadas da seguinte forma:
a) Normas de ordem pública absolutas - não podem ser derrogadas por convenções das partes; o interesse público predomina sobre o interesse individual. São regras de natureza tutelar, visando a proteção do trabalhador. Ex: normas que tratam de medicina e segurança do trabalho, fiscalização, salário-mínimo, férias, etc;
b) Normas de ordem pública relativas – podem ser flexibilizadas, mesmo havendo interesse do Estado. Como exemplo, podemos citar a possibilidade de redução salarial por meio de Convenção ou Acordo Coletivo (art.7º, VI, CF/88); 
c) Normas dispositivas – oEstado tem interesse em tutelar os direitos dos trabalhadores, porém, seu interesse é menor, podendo haver a autonomia da vontade das partes em estabelecer outras regras. Ex: adicional de horas extras (art. 7º, XVI, CF/88);
d) Normas autônomas (individuais ou coletivas) – são aquelas em que o Estado não interfere, não estabelecendo regras de conduta no campo trabalhista; estas, são estabelecidas pelas partes, através de entendimento direto. Ex: cláusula contratual a respeito de complementação de aposentadoria (individual) e acordo ou convenção coletiva estabelecendo regras não previstas em lei (coletivas).
OBS: normas autônomas que vierem a colidir com regras de ordem pública (absolutas ou relativas) não são válidas.
OBS:
- O Direito do Trabalho surgiu em decorrência da necessidade de intervenção do Estado nas relações entre trabalhadores e empregadores, visando compensar o desnível econômico existente entre as partes, sendo que essa forte intervenção do Estado, através da edição de normas impositivas, objetivou a criação de condições de trabalho e garantias mínimas para os trabalhadores. Contudo, a partir do final da década de 80 e início da de 90, sem sendo efetuada uma reavaliação dos fundamentos e da utilidade dos direitos trabalhistas tradicionalmente constantes dos ordenamentos jurídicos dos países ocidentais, em virtude, principalmente, da expansão das relações comerciais entre os países, o livre e rápido trânsito internacional de capitais, bens e serviços, ou seja, a denominada GLOBALIZAÇÃO, possibilitando uma competição direta e acirrada entre empresas de quase todos os países. Em face dessa realidade, a idéia de um Direito do Trabalho de cunho paternalista, fortemente intervencionista, impregnado de normas impositivas e indisponíveis, vem cedendo espaço a denominada flexibilização dos contratos de trabalho, reduzindo-se gradualmente o papel da lei e prestigiando-se a livre negociação entre as partes envolvidas. Como exemplo no Brasil, podemos citar a negociação coletiva como forma de flexibilizar os contratos (vide art. 7º, VI, da CF/88). A CLT continua, até a presente data, regulando os principais elementos dos contratos de trabalho celebrados no Brasil, apesar da mesma, reconhecidamente, estar muito ultrapassada, tendo dispositivos que, ao invés de facilitar, terminam dificultando a contratação pelas empresa, resultando em desemprego ou aumento do trabalho informal. Por esses motivos, tem sido freqüente a legislação ordinária buscar a introdução de novos institutos trabalhistas, com o intuito de flexibilizar os contratos de trabalho (Ex: trabalho temporário, tempo parcial, suspensão do contrato de trabalho, banco de horas, dentre outros), buscando assim a redução do intervencionismo do Estado e o incentivo a solução de conflitos mediante a livre negociação. 
14- Integração das normas do Direito do Trabalho:
Ocorre quando não há uma norma específica para um caso concreto; o intérprete da lei fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica, utilizando técnicas jurídicas tais como a analogia e equidade, os princípios gerais/específicos de direito, além da doutrina, para a solução do caso concreto, da forma mais justa possível.
O artigo 8º da CLT autoriza o Juiz, na ausência de norma legal ou convencional, a utilizar a analogia (meio de preencher as lacunas da lei, através da utilização de uma regra semelhante) e a equidade (criação de uma norma, pelo aplicador, como se ele fosse o legislador, quando ela é incompleta – vide art. 127, CPC).
15- Eficácia da lei Trabalhista:
É a produção de efeitos jurídicos concretos da norma jurídica, ao regular as relações. É dividida em relação ao tempo e ao espaço:
a) Eficácia no tempo – refere-se a entrada da lei em vigor; normalmente, no Direito do trabalho, as disposições tem eficácia imediata, ou seja, a partir da data de sua publicação, sem efeito retroativo (regra do artigo 5, inciso XXXVI, da CF/88 e artigo 912 da CLT). Inexistindo disposição expressa na lei, sua vigência é a partir de 45 dias após a publicação (artigo 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro -LINDB). 
b) Eficácia no espaço – diz respeito ao local da lei material onde se aplicará a norma. A lei trabalhista aplica-se em todo território nacional, tanto para os nacionais como para os estrangeiros.
OBS: 
- Vide art. 114 da CF/88; art 651, § 2º da CLT, Súmula nº 207 do TST (CANCELADA) e Lei nº 7064/82.
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