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Erro de tipo essencial É o que retira do agente a capacidade de perceber que pratica determinado crime Em função dele, o sujeito crê não cometer ilícito algum (como no exemplo da pessoa que guarda cocaína em casa acreditando tratar-se de açúcar). O erro de tipo essencial, seja ele evitável ou não, sempre exclui o dolo. Quando inevitável dolo, afasta a culpa o erro de tipo essencial foi dividido em evitável e inevitável. Vai daí que para punir o agente na modalidade culposa é necessário analisar se a execução dos elementos do tipo penal poderia ser evitável ou inevitável. Assim, se os ato praticado pelo agente for inevitável significa que qualquer pessoa no lugar dele faria o mesmo, logo, chegamos a conclusão de que não houve descuido do agente em praticar os elementos do tipo penal, portanto, se não houve descuido, podemos afirmar que não há culpa e, por isso, o agente terá afastado a modalidade culposa de modo a não ser punido pela conduta praticada. Por outro lado, se sua conduta for evitável quer dizer que uma pessoa de inteligência mediana não praticaria os elementos do tipo incriminador, assim, concluímos que houve descuido do agente em praticar os elementos do tipo penal e, por isso, ele será punido pela prática do delito na modalidade culposa. Erro de tipo acidental: dá-se quando a falsa percepção da realidade incide sobre dados irrelevantes da figura típica. Encontra- se previsto nos arts. 20, § 3º, 73 e 74 do CP a) Erro sobre a pessoa Pressuposto: o agente atinge pessoa diversa da que pretendia ofender (vítima efetiva), pois a confunde com outra (vítima visada). Exemplo: o sujeito mata um sósia do inimigo, pensando tratar-se de seu algoz. Efeito: não beneficia o agente, devendo ele responder como se tivesse atingido a vítima visada (CP, art. 20, § 3º). Assim, se pretendia matar seu pai, mas atingiu desconhecido (porque o confundiu com seu genitor), responde pelo crime de homicídio (simples ou qualificado, conforme o caso), com a agravante genérica do art. 61, II, e, do CP. b) Erro sobre o objeto Erro de Tipo Acidental sobre o Objeto quer dizer que o agente, com dolo, pratica o tipo penal, entretanto, por erro, sua conduta recai sobre coisa diversa da pretendida. Neste caso, o erro é irrelevante para a imputação do delito cometido de modo que o agente responde pelo crime como se não houvesse o erro.. C)EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) Aberratio Ictus aquele ocorre com a prática do tipo penal em pessoa diversa da pretendida, este o agente não confunde a pessoa que quer atingir, mas por erro na execução, acaba acertando pessoa diversa. art. 73 do CP Erro de tipo incriminador (art. 20, caput) e permissivo (art. 20, § 1º). a) erro de tipo incriminador: a falsa percepção da realidade incide sobre situação fática prevista como elementar ou circunstância de tipo penal incriminador; tem por escopo definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, desse modo, o seu não cumprimento se sujeita a penalidade. Exemplo Primárias ou “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem perfeita e detalhadamente a conduta proibindo ou impondo; Secundárias ou “sanctio iuris”: tem por objetivo a individualização da pena em abstrato. Vejamos a aplicação de ambos: Artigo 121. Matar alguém (norma primária) Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 20 (vinte) anos (norma secundária) b) Normas penais não incriminadoras: erro de tipo permissivo: o erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação (ex., excludente de ilicitude, que se encontra em tipos penais permissivos). Possuem tais finalidades, como: 1) Tornar licitas determinadas condutas; 2) Afastar a culpabilidade do agente, como no caso de isenção de penas; 3) Esclarecer determinados conceitos; 4) Fornecer princípios penais para a aplicação da lei penal. Há outro critério classificativo das normas penais não incriminadoras, como: a) permissivas; b) explicativas e c) complementares a) Permissivas: Podem ser: Justificantes: afasta , quando têm por finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da conduta do agente, como aquelas previstas nos: arts. 23, 24 e 25 do CP. Art. 23 ( Exclusão de Ilicitude ) I – Em estado de necessidade II – Em legitima defesa III – Em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito Art. 24 (Estado de necessidade) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias não era razoável exigir-se. Art.25 (Legitima defesa) entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele a injusta agressão, atual ou eminente, a direito seu a outrem. Exculpantes: quando se destinam a eliminar a culpabilidade, isentando o agente de pena, como nos casos dos art. 26 “caput” e 28 do CP. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 28 - Emoção, paixão e embriaguez Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. b) Explicativas: visam esclarecer ou explicitar conceitos. nos arts. 327 e 150, § 4º, do Código Penal, quando tratam sobre o conceito de “funcionário público” e de “casa”. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Violação de domicílio Art. 150 – Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: c) Complementares: fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. P. ex. o art. 59, do CP, quando trata sobre a aplicação de pena. Art. 59 - Fixação da pena Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 1. Nexo causal É o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido; examinar o nexo de causalidade é descobrir quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei. Assim, para se dizer que alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado. Apresenta dois aspectos: físico (material) e psíquico (moral). Art. 13 - Relação de Causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. _Absolutamente independentes – são aquelas que têm origem totalmente independentes da conduta. O advérbio de modo “absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta, mas de fonte totalmente diversa. Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si só produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta. Ex: após envenenar a vítima, esta vem a morrer por qualquer outra razão. __Relativamente independentes – como são causas relativamente independentes, produzem por si só o resultado, não se situando dentro di desdobramento causal da conduta. Contudo, por serem relativas encontram sua origem na própria condutapraticada pelo agente. As causas absolutamente independentes se dividem em: 1. Preexistente - quando a causa efetiva é anterior à concorrente; Exemplo: "X" atirou contra "Y", às 20:00h, mas às 19:00h "Y" já estava envenenado, chegando a óbito em razão deste envenenamento. Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente independente preexistente, responderá por tentativa de homicídio 2. Concomitante: quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente; Exemplo: Às 20:00h, "X" está envenenando "Y". Na mesma hora entra uma quadrilha no local do crime e mata "Y". Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente concomitante, "X" responderá por homicídio na forma tentada e os sujeitos que integram a quadrilha pelo crime de homicídio consumado. 3. Superveniente: quando a causa efetiva é posterior à concorrente. Exemplo: Às 19:00h "X" deu veneno para "Y'. Às 08:00h, caiu um lustre na cabeça de 'Y", o qual morreu em razão de traumatismo craniano. Neste caso, por ser causa absolutamente superveniente, "X", que ministrou o veneno, vai responder por tentativa de homicídio. Crimes Omissivos são os crimes cometidos mediante omissão. Omissão é a não realização de um comportamento exigido quando o sujeito tem possibilidade de concretizar. Assim, a caracterização da Omissão depende de: a) Dever de agir; b) Possibilidade de realização da conduta. De acordo com o disposto no art. 13, § 2º, do Código Penal, existe o dever de agir em três casos distintos, a saber: a) Quando advém de um mandamento legal específico (Dever Jurídico); b) Quando o agente, de outra maneira, tornou-se garantidor da não ocorrência do resultado (Dever legal ou Contratual); c) Quando um ato precedente determina essa obrigação. Os Crimes Omissivos podem ser: (A) Crimes Omissivos Próprios - são os crimes praticados com a simples Conduta negativa do agente, independentemente da produção de resultado posterior; (b) Crimes Omissivos Impróprios ou Comissivos por Omissão- são os crimes em que o agente, mediante Omissão, permite a produção de um resultado. Ex.: a mãe que, pretendendo matar o filho, deixa de alimentá-lo. IV – DOLO Dolo=> É a consciência e vontade na realização da conduta típica. Ao se examinar a Conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalística, é ela um Comportamento voluntário, cuja finalidade é o conteúdo da vontade do autor do fato, ou seja, o fim contido na ação, que não pode ser compreendida sem que se considere a vontade do agente. Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é o querer alguma coisa, e o Dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. Tentativa Perfeita: (atos de execução inacabados): Quando a consumação não ocorre, apesar do agente ter praticado os atos necessários a produção do evento. Ex: Vitima, depois dos disparos é salva por intervenção dos médicos. Imperfeita: Quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários para consumação por uma interferência externa. Ex: O Sujeito é preso antes de subtrair coisa alheia. Tentativa Desistência voluntária & Arrependimento eficaz (art 15, CP) Art. 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA Conceito ocorre quando o agente por sua própria iniciativa interrompe o ato de execução que havia iniciado, impedindo, com isso, a consumação do crime. O agente poderia prosseguir, mas resolve não levar adiante a empreitada criminosa. A desistência ocorre durante a execução. Elementos: Não confundir tentativa simples com desistência voluntária. Na tentativa simples há o início da execução e o segundo elemento: não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na desistência voluntária há o início da execução e o resultado não ocorre por circunstâncias inerentes à vontade do agente. Você abandona a vontade de consumar o delito. Por isso que a desistência é chamada de tentativa abandonada. Começa como tentativa, mas abandona no meio. * Na tentativa eu quero prosseguir, mas não posso. Na desistência voluntária, eu posso prosseguir mas não quero. Desistência voluntária ≠ espontânea: voluntária admite interferência externa. Espontânea, não. A espontânea tem que partir de você. A lei não exige que a desistência parta de você. Ela admite interferência externa. Ex.: Eu estou furtando um veículo. Uma pessoa olha e fala: “Não faz isso. É feio. É pecado.” Eu abandono meu intento e vou embora. Há desistência voluntária; No mesmo exemplo, durante a ação, uma luz se acende. Eu olho a luz e desisto de prosseguir. Há tentativa. ARREPENDIMENTO EFICAZ Art. 15 – O agente que, voluntariamente, (…) impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Arrependimento eficaz ocorre quando o agente, tendo já esgotado todos os meios de que podia lançar mão para alcançar o resultado pretendido, impede, contudo, que ele se concretize. Nesta hipótese o agente já esgotou a execução, porém não obteve a consumação. O sinônimo de arrependimento eficaz denomina-se resipiscência. São quatro fases: Cogitação, Preparação, Execução e Resultado. Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz, eu inicio a execução. Já não estou mais em cogitação e nem em atos preparatórios. Na desistência voluntária eu abandono quando ainda tenho atos executórios para serem realizados e no arrependimento eficaz eu esgoto a execução. * “É possível arrependimento eficaz em crime formal?” Em crime formal ou de mera conduta, quando você esgota a execução, haverá a consumação. Não existe arrependimento eficaz em crime formal! * O arrependimento eficaz só é cabível em crimes materiais, pois nestes a execução está separada do resultado. Obs.: O arrependimento também precisa ser voluntário e não necessariamente espontâneo e eficaz. Arrependimento ineficaz não gera efeitos, pode, no máximo interferir na pena, mas não gera outro efeito. Consequência: O agente responde pelos atos até então praticados. Exemplo: Eu dou três tiros em alguém. Me arrependo e presto socorro. Se os médicos conseguem salvar a sua vida, houve um arrependimento eficaz. Eu vou responder por lesão corporal, que são os atos até então praticados. Agora, se a vítima morrer, foi um arrependimento ineficaz. * Desistência voluntária e arrependimento eficaz configuram causa de exclusão da tipicidade ou de extinção da punibilidade? Temos duas correntes: 1ª Corrente – Entende que é caso de exclusão da tipicidade. A tentativa é uma norma de extensão: Gera uma tipicidade indireta. Eu tenho a norma, que é ‘matar alguém’ e eu tenho o fato, que é tentar matar alguém. O tentar matar não se ajusta ao art. 121. Eu preciso me socorrer do art. 14, II, para poder chegar na norma do segundo tipo. Então, a primeira corrente diz o seguinte: que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz impedem a tipicidade indireta, logo, exclusão da tipicidade. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são circunstâncias inerentes à vontade do agente. Se é assim, eu não posso me socorrer do art. 14, II, logo, não há tipicidade. Isso porque o art. 14, II exige que a circunstância seja alheia à vontade. Se a circunstancia é inerente à vontade, eu não tenho como me socorrer da norma de extensão e se não tenho como me socorrer da norma de extensão, não há tipicidade. Por isso, você vai responder apenas pelos atos até então praticados. Corrente adotada por Miguel Reale Júnior. - Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimescometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Trata-se de causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça (dolosos), em que o agente, voluntariamente repara o dano ou restitui a coisa, até o recebimento da denuncia ou queixa. São quatro requisitos para que ocorra o arrependimento posterior: 1. Que o crime seja praticado sem violência ou grave ameaça (dolosos). No caso de crimes culposos em que há violência é plenamente possível a aplicação deste instituto, pois a violência não é o meio de execução do crime (lesão corporal). 2. Ressarcimento do dano ou restituição da coisa: ambos devem ser integrais, ou seja, devem abranger todo o prejuízo sofrido pela vitima, se for meramente parcial, não caracteriza arrependimento posterior,mas uma causa atenuante. 3. Deve haver voluntariedade na conduta do agente, significa que a restituição ou reparação do dano deve ocorrer de forma voluntária, ou seja, isento de coação, independendo da espontaneidade. 4. A reparação do dano ou a restituição da coisa de ocorrer até o recebimento da denuncia ou queixa. Trata-se de um requisito temporal, ou seja, até o momento que o juiz receberá a denuncia ou queixa (petição inicial da ação penal), se o fato ocorrer após caracterizar uma forma de atenuante do crime e não arrependimento posterior. A coação moral divide-se em: _ Resistível: quando o agente tem condições de resisti-la, nesse caso há culpabilidade, contudo na pena imposta o agente faz jus a uma atenuante genérica. Art 65, “III”, c. _ Irresistível: quando a coação não tiver condições de resistir, neste caso há requisitos de vontade, mas o gente não será culpado (isenta de pena). Exemplo: O caso de gerente de bando que tem sua família seqüestrada e é feito de refém no banco para roubar o caixa, ele fingiu de amigos da família. · Obediência Hierárquica: esta vinculação depende de uma relação de direito administrativo. A obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico torna viciada a vontade do subordinado e afasta a exigibilidade de conduta diversa. A ordem de superioridade é a manifestação de vontade do titular de função publica a um funcionário que lhe é subordinado. Esta ordem pode ser legal ou ilegal. Consequências: Se a ordem foi ilegal: 1. Se o subordinado sabe que a ordem é ilegal responde pelo crime. 2. Se a ordem não é manifestamente ilegal, ou seja, o subordinado não tinha como conhecer a ilegalidade exclui a exigibilidade de conduta diversa, ficando o agente isento de pena. Se a ordem é manifestamente ilegal, mas o subordinado supõe ser legal incorre em erro de proibição, neste caso evitável, portando responderá pelo crime com reduzida. Art 21, CP. Se a ordem for legal: se a ordem for legal o agente age em estrito cumprimento do dever legal, portanto não há crime, uma vez que esta prevista como causa de excludente de ilicitude.
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