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Das Penas_ Apostila & Exercícios

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Direito Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 05 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 90 
AULA 05: DAS PENAS: ESPÉCIES; COMINAÇÃO; 
APLICAÇÃO; SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
E LIVRAMENTO CONDICIONAL; DAS MEDIDAS DE 
SEGURANÇA. 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I – Aspectos Gerais da Teoria da Pena 02 
II – Penas em Espécie 07 
III – Aplicação da Pena 36 
IV - Suspenção Condicional da Pena - Sursis 52 
V – Livramento Condicional 60 
VI – Medidas de Segurança 67 
Questões para praticar 71 
Questões comentadas 78 
Gabarito 90 
 
Olá, meus amigos concurseiros! 
 
Hoje é dia de sairmos da “Teoria Geral do Delito” e entrarmos 
na “Teoria Geral da Pena”. 
Veremos as espécies de pena, sua cominação, aplicação, etc. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 05 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 90 
 
I – ASEPECTOS GERAIS DA TEORIA DA PENA 
 
 
Se a conduta incriminada pelo tipo penal incriminador é um preceito 
primário, a pena (sanção penal) a ele cominada (prevista) é o que se 
pode chamar de preceito secundário. 
A pena possui como pressuposto de sua aplicação a 
culpabilidade do agente (para parte da Doutrina, a culpabilidade é 
pressuposto de aplicação da pena, para outra parte, embora também o 
seja, é parte integrante do conceito analítico de crime). Já as medidas 
de segurança não possuem a culpabilidade como pressuposto de sua 
aplicação (até porque o agente não é plenamente imputável, não 
possuindo, portanto, culpabilidade), mas sim a periculosidade. Isto é 
importante! 
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá 
ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida, e 
consiste na privação ou restrição de um bem jurídico do condenado 
(liberdade, patrimônio, etc.), de forma a castigá-lo e reeducá-lo. 
Alguns princípios norteiam a Teoria Geral da Pena: 
a) Reserva legal ou legalidade estrita – Somente a Lei (em sentido 
estrito) pode cominar penas: “Nulla poena sine lege”. Está previsto no 
art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP; 
b) Anterioridade – A Lei que prevê a pena para a conduta deve ser 
anterior à prática do crime: “Nulla poena sine praevia lege”. Também 
está previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP, sendo, 
juntamente com o princípio da reserva legal, subprincípios do princípio da 
LEGALIDADE; 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 05 
 
 
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c) Intranscendência da pena – A pena deve ser cumprida somente pelo 
condenado, não podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos 
seus familiares, salvo a obrigação de reparar o dano e o perdimento de 
bens, que podem ser cobrados dos sucessores até o limite do patrimônio 
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa, 
embora patrimonial, não pode ser cobrada dos sucessores! 
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena – Presentes os 
requisitos para a condenação, a pena não pode deixar de ser imposta e 
cumprida. É mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o 
livramento condicional, etc.; 
e) Princípio da humanidade ou humanização das penas – A pena 
não pode desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, violando sua 
integridade física ou moral, e também não pode ser de índole cruel, 
desumano ou degradante (art. 5°, XLIX e XLVII da Constituição); 
f) Princípio da proporcionalidade – A sanção aplicada pelo Estado deve 
ser proporcional à gravidade da infração cometida e também deve ser 
suficiente para promover a punição ao infrator e sua reeducação social; 
g) Princípio da individualização da pena – A pena deve ser aplicada 
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso específico. 
Essa individualização se dá em três fases distintas: a) cominação: O 
legislador deve prever um raio de atuação para o Juiz aplicar a pena no 
caso concreto, estabelecendo penas mínimas e máximas, de forma que o 
Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso 
concreto; b) aplicação: Saindo da esfera legislativa, passamos à esfera 
judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplicação individualizada 
da pena, que será imposta conforme as circunstâncias do crime e os 
antecedentes do réu, de acordo com a margem estabelecida pelo 
legislador; c) Na terceira e última fase temos a aplicação deste 
princípio da na execução da pena (esfera administrativa), de forma 
que o cumprimento da pena, progressão de regime, concessão de 
benefícios devem ser analisados no caso concreto, e não abstratamente, 
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pois entende-se que “cada caso é um caso”, e não cabe ao legislador 
retirar do Juiz a possibilidade de analisá-lo e proceder da forma que 
melhor atenda aos anseios da sociedade. Está previsto no art. 5°, XLVI da 
Constituição da República. 
 
Quanto à finalidade da pena, três teorias surgiram: 
 
a) Teoria absoluta e sua finalidade retributiva – Pune-se o 
agente simplesmente porque ele cometeu uma transgressão à ordem 
estabelecida e deve ser castigado por isso. Não há nenhuma finalidade 
educacional de reinserção do indivíduo à vida social. A pena é mero 
instrumento para a realização da vingança estatal; 
b) Teoria relativa e sua finalidade preventiva – Pune-se o 
agente não para castigá-lo, mas para prevenir a prática de novos crimes. 
Essa prevenção pode ser: 
b1) Prevenção Geral – Busca controlar a violência social, de forma 
a despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode 
ser negativa, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei 
penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigência da 
Lei penal; 
b2) Prevenção especial – Não se destina à sociedade, mas ao 
infrator, de forma a prevenir a prática da reincidência. Também pode ser 
negativa, quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele não 
cometa novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupação está 
voltada à ressocialização do condenado (Infelizmente, não há uma 
preocupação com isto na prática); 
c) Teoria Mista (unificadora ou eclética ou unitária) e sua 
dupla finalidade – Aqui, entende-se que a pena deve servir como 
castigo (punição) ao infrator, mas também como medida de prevenção, 
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tanto em relação à sociedade quanto ao próprio infrator (prevenção geral 
e especial). Foi a adotada pelo art. 59 do CP, que diz: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao 
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Quanto àcominação, as penas podem ser cominadas: 
 
a) Isoladamente – A Lei prevê a aplicabilidade de apenas uma 
espécie de pena. Exemplo: art. 121 do CP – Pena de reclusão; 
b) Cumulativamente – A Lei prevê a aplicabilidade conjunta de 
duas espécies de penas. Exemplo: art. 155 do CP – Pena de reclusão e 
multa; 
c) Alternativamente – A Lei comina, alternativamente, duas 
espécies de pena. Exemplo: art. 331 do CP: Detenção ou multa; 
 
 Quanto às espécies, as penas podem ser: 
 
a) Privativas de liberdade – Retiram do condenado o direito à 
liberdade de locomoção, por determinado período (é vedada pena de 
caráter perpétuo, art. 5°, XLVII, b da Constituição). Máximo de 30 anos 
para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contravenções penais (art. 
10 da Lei de Contravenções Penais); 
b) Restritivas de direitos – Em substituição à pena privativa de 
liberdade, limitam (restringem) o exercício de algum direito do 
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condenado. Estão previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da 
Legislação Especial; 
c) Pena de multa – Recai sobre o patrimônio financeiro do 
condenado; 
d) Restritiva de liberdade – Restringem, mas não retiram o direito 
de locomoção do condenado. Na verdade, trata-se de uma espécie de 
pena restritiva de direitos. Exemplo: Proibir o marido de se aproximar da 
casa da ex-esposa no caso de violência doméstica; 
e) Penas corporais – Trata-se de castigos aplicados ao corpo do 
indivíduo. É espécie de pena vedada pela Constituição Federal (art. 5°, 
XLVII, e). 
 
O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade, 
restritivas de direitos e multa. 
Este quadro esquemático vai ajudar na compreensão de vocês: 
 
 
 
 
PENAS 
MULTA RESTRITIVA 
DE 
DIREITOS 
PRIVATIVA 
DE 
LIBERDADE 
PRESTAÇÃO 
 PECUNIÁRIA 
PERDA DE 
BENS E 
VALORES 
PRESTAÇÃO 
DE 
SERVIÇOS À 
COMUNIDA
DE 
INTERDIÇÃO
TEMPORÁRIA 
DE DIREITOS 
LIMITAÇÃO 
DE FINAL 
DE SEMANA 
RECLUSÃO DETENÇÃO
 
PRISÃO 
SIMPLES 
(SOMENTE 
NO CASO DE 
CONTRAVEN
ÇÃO PENAL) 
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II – PENAS EM ESPÉCIE 
 
II.a) Privativa de liberdade 
 
Como já vimos, o Direito Penal pátrio admite três espécies de penas 
privativas de liberdade: reclusão, detenção e prisão simples (somente 
para as contravenções penais). 
O regime de cumprimento de cumprimento da pena está previsto no 
art. 33, § 1° do CP, e pode ser fechado, semi-aberto ou aberto: 
 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime 
fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime 
semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a 
regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de 
segurança máxima ou média; 
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar; 
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou 
estabelecimento adequado. 
 
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O regime inicial de cumprimento da pena (fechado, semiaberto ou 
aberto) tem como regra o seguinte: Pena de reclusão – Qualquer regime 
inicial; Pena de detenção – Regime inicial somente semiaberto ou aberto. 
A fixação, em concreto, do regime inicial de cumprimento da pena 
irá variar conforme três fatores: reincidência, quantidade da pena e 
circunstâncias judiciais. Além disso, a própria Lei estabelece que a 
pena seja executada de forma progressiva (de um regime mais gravoso 
para outro, menos gravoso), ressalvada a hipótese de regressão 
(passagem de um regime menos gravoso para outro, mais gravoso), em 
qualquer caso atendendo-se ao mérito do condenado. Nos termos do art. 
33, §§ 2°, 3° e 4° do CP: 
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas 
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, 
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar 
a cumpri-la em regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, 
cumpri-la em regime semi-aberto; 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior 
a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime 
aberto. 
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena 
far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste 
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá 
a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à 
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 
10.763, de 12.11.2003) 
 
A) Regras do regime fechado 
 
As regras do regime fechado são, basicamente, três: 
a) Submissão a exame criminológico inicial; 
b) Submissão a trabalho durante o dia e descanso isolado durante a 
noite; 
c) Trabalho em comum (junto com outros presos) dentro do 
estabelecimento, SENDO ADMISSÍVEL O TRABALHO EXTERNO em 
obras públicas; 
 
O exame criminológico tem por finalidade permitir a individualização 
da pena (um dos princípios da pena) em sua terceira fase, em 
homenagem ao disposto no art. 5°, XLVI da Constituição: 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
 
O trabalho durante o regime de cumprimento da pena é 
obrigatório, e a recusa caracteriza falta grave, nos termos do art. 
50, IV da LEP (Lei de Execuções Penais), acarretando impossibilidade de 
obtenção da progressão de regime e livramento condicional. Em resumo: 
O preso pode se negar a trabalhar (até porque, não como obrigá-lo 
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fisicamente a isso), mas a recusa injustificada (se tiver problemas de 
saúde, por exemplo, é uma recusa justificada) gera consequências 
gravíssimas para ele. 
O trabalho do preso é remunerado e ele tem direito, ainda, aos 
benefícios da previdência social. Isso é bastante importante, pois o preso 
foi condenado a uma pena “privativa de liberdade”, ou seja, o único 
direito do qual ele está privado é a liberdade. Assim, o preso não 
se tornou um escravo do Estado, devendo receber pelo seu trabalho, 
como qualquer pessoa. 
 
B) Regras do Regime semiabertoO regime semiaberto é bem menos gravoso que o regime fechado, 
e possui como regras: 
a) Exame criminológico inicial; 
b) Trabalho diurno em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar, com descanso isolado à noite; 
c) Admissão do trabalho externo, BEM COMO FREQUÊNCIA A 
CURSOS SUPLETIVOS PROFISSIONALIZANTES, DE INSTRUÇÃO DE 
SEGUNDO GRAU OU SUPERIOR; 
 
Vejam que as regras, embora parecidas, não são idênticas. Nesse 
regime o condenado pode trabalhar fora do estabelecimento de 
cumprimento da pena (em qualquer trabalho, e não apenas em obras 
públicas), bem como estudar. 
Além disso, o preso deve ficar recolhido em estabelecimento próprio 
(colônia agrícola, industrial ou similar), e não em presídio comum, 
onde se encontram os presos em regime fechado. 
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Mas e se não houver vagas nos estabelecimentos especiais 
(colônias), o que fazer? O STF entende que se não houver vagas 
no regime semiaberto, o preso não pode arcar com essa 
deficiência do Estado, pois é um direito seu. Desta forma, não pode o 
preso continuar no regime fechado. Por consequência, a lógica determina 
sua transferência diretamente para o regime aberto ou prisão domiciliar. 
 
C) Regras do regime aberto 
 
 O regime aberto é o mais brando dos três regimes de cumprimento 
da pena privativa de liberdade, e baseia-se no senso de responsabilidade 
e autodisciplina do preso. Regras básicas: 
a) Trabalho diurno fora do estabelecimento e sem vigilância, 
frequência à curso ou outra atividade autorizada, bem como recolhimento 
noturno e nos dias de folga; 
b) Transferência para regime mais gravoso no caso de prática de 
crime doloso, frustração dos fins da execução (basicamente, a fuga), ou 
ausência do pagamento da pena de multa; 
 
Onde se dá o recolhimento do preso, e o que ocorre se não 
houver vagas no regime aberto? O recolhimento noturno do preso no 
regime aberto se dá em casa de albergado, que é um prédio urbano, 
separado dos demais estabelecimentos prisionais e que não deva possuir 
características de prisão, principalmente no que se refere à existência de 
obstáculos físicos para a fuga. Caso não haja vagas no regime semiaberto 
(são raríssimas as casas de albergado), o STF entende que o preso deve 
ser posto em liberdade, até que surja vaga. O STJ, por sua vez, entende 
que deve o preso ficar recolhido à prisão domiciliar. 
 
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D) Disposições gerais acerca dos regimes de cumprimento da 
pena 
 
Conforme havia dito a vocês, caros alunos, a pena privativa de 
liberdade atinge somente um direito do preso: A liberdade (óbvio, não?). 
Assim, o preso mantém todos os direitos inerentes à pessoa 
humana, como o respeito à sua integridade física e moral. O respeito à 
integridade física e moral, inclusive, possui índole constitucional (art. 5°, 
XLIX da Constituição): 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e 
moral; 
 
Em razão disso, o STF decidiu regulamentar o uso de algemas, 
editando a súmula vinculante n° 11, que diz: 
 
SÚMULA VINCULANTE Nº 11 
SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA E DE 
FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE 
FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE 
TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB 
PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO 
AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO 
PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. 
 
O direito ao recebimento de salário pelo seu trabalho realizado no 
estabelecimento prisional, bem como o direito à integrar a previdência 
social também são assegurados ao preso, conforme foi dito. O CP, por sua 
vez, expressamente estabeleceu estes direitos, em seus arts. 38 e 39: 
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Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela 
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o 
respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-
lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
E se durante o cumprimento da pena sobrevier ao preso 
doença mental? O CP diz que o preso, neste caso, deve ser transferido 
para Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou outro 
estabelecimento adequado. Nos termos do art. 41 do CP: 
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve 
ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, 
à falta, a outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
O Código Penal estabelece, ainda, o fenômeno da Detração, que é 
o abatimento do tempo de cumprimento da pena imposta, em razão 
do tempo que o condenado permaneceu preso provisoriamente, 
administrativamente ou internado nos estabelecimentos psiquiátricos 
previstos no art. 41. Vejamos: 
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na 
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou 
no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em 
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qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Por fim, há ainda a previsão de regime de cumprimento de pena 
especial às presidiárias mulheres, que devem ser recolhidas a 
estabelecimento próprio. Nos termos do art. 37 do CP: 
 
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento 
próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua 
condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste 
Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Trata-se de regra que materializa o direito previsto no art. 5°, 
XLVIII da constituição, que trata do cumprimento da pena em 
estabelecimentos prisionais adequados: 
 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de 
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 
Na Lei de Execuções Penais, inclusive (que não é objeto da nossa 
aula), há regramento específico para o tratamento das presidiárias 
gestantes e que estejam em fase de amamentação, bem como dispõe 
sobre a existência de creches para que as mães presidiárias não sejam 
privadas da companhia de seus filhos e vice-versa. 
As demais regras referentes ao detalhamento do cumprimento da 
pena, progressão de regime, etc, estão previstas em Legislação Especial 
(Lei 7.210/84 – LEP), em consonância com a previsão do art. 40 do CP. 
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II.b) Penas restritivas de direitos 
 
As penas restritivas de direitos são também chamadas de “penas 
alternativas”, pois se apresentam como uma alternativa à aplicação da 
pena privativa de liberdade, muitas vezes desnecessária no caso 
concreto. 
São divididas em cinco espécies, conforme já adiantado. Nos termos 
do art. 43 do CP: 
 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela 
Lei nº 9.714, de 1998) 
I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 
1998) 
III - (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº 9.714, de 1998) 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades 
públicas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , 
renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 
9.714, de 25.11.1998) 
VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 
25.11.1998) 
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A Doutrina entende que este rol é um rol exaustivo, ou seja, taxativo, 
não podendo o Juiz aplicar outra pena restritiva de direitos que não 
esteja expressamente prevista nesta lista. Cuidado com isso! 
 
Duas são as características elementares das penas restritivas de 
direitos: autonomia e substitutividade. 
Por autonomia entende-se a impossibilidade de serem 
aplicadas cumulativamente com a pena privativa de liberdade. 
Por substitutividade entende-se o caráter substitutivo das penas 
restritivas de direito, ou seja, elas não são previstas como pena 
originária para nenhum crime no Código Penal, sendo aplicadas de 
maneira a substituir uma pena privativa de liberdade 
originariamente imposta, quando presentes os requisitos legais. 
Entretanto, as penas restritivas de direitos devem ser aplicadas 
somente se presentes alguns requisitos, que a doutrina divide em 
objetivos e subjetivos. Os primeiros referem-se ao crime em si, e à 
penalidade imposta. Os últimos estão ligados à pessoa do criminoso. 
Estão previstos nos incisos do art. 44 do CP: 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada 
pela Lei nº 9.714, de 1998) 
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro 
anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça 
à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for 
culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
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II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada 
pela Lei nº 9.714, de 1998) 
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do condenado, bem como os motivos e as 
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
A) Objetivos 
a.1) Natureza do crime – Só pode haver substituição nos casos de 
crimes culposos (todos eles) ou no caso de crimes dolosos, desde que, 
nesse último caso, não tenha sido o crime cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa (ex.: Não caberia substituição no caso de 
homicídio); 
a.2) Quantidade de pena aplicada – A pena aplicada, no caso de 
crimes dolosos, não pode ser superior a quatro anos. No caso de crimes 
culposos, pode haver a substituição qualquer que seja a pena aplicada; 
B) Subjetivos 
b.1) Não ser o condenado reincidente em crime doloso – 
Assim, se o condenado for reincidente em crime culposo, poderá haver a 
substituição. Entretanto, excepcionalmente, mesmo se o condenado for 
reincidente, poderá haver a substituição, desde que a medida seja 
socialmente recomendável (análise das características do fato 
criminoso e do infrator) e não se trate de reincidência específica 
(reincidência no mesmo crime), conforme previsão do art. 44, § 3° do CP; 
b.2) Seja a medida suficiente (princípio da suficiência) – A 
pena restritiva de direitos deve ser suficiente para garantir o alcance das 
finalidades da pena (punição e prevenção, geral e especial); 
 
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A) Regras da substituição 
 
Nos termos do art. 44, § 2° do CP, a substituição se fará da 
seguinte forma: 
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição 
pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; 
se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser 
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por 
duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
Assim: 
a) Pena igual ou inferior a um ano = Substituição por multa ou 
uma pena restritiva de direitos; 
b) Pena superior a um ano = Substituição por pena de multa e 
uma pena restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No 
SUBSTITUIÇÃO DA 
PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE 
REQUISITOS 
OBJETIVOS 
REQUISITOS 
SUBJETIVOS 
NATUREZA DO 
CRIME 
QUANTIDADE DA 
PENA IMPOSTA 
NÃO SER CONDENADO 
REINCIDENTE EM 
CRIME DOLOSO 
MEDIDA DEVE SER 
SUFICIENTE 
PODERÁ HAVER A 
SUBSTITUIÇÃO SE NÃO FOR 
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA E A 
MEDIDA FOR RECOMENDÁVEL 
CRIME CULPOSO: SEMPRE 
PODE SUBSTITUIR 
CRIME DOLOSO: SOMENTE SE 
NÃO FOR COMETIDO COM 
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À 
PESSOA 
CRIME CULPOSO: SEMPRE 
PODE SUBSTITUIR, QUALQUER 
QUE SEJA A PENA. 
 
CRIME DOLOSO: SOMENTE 
SE A PENA APLICADA NÃO 
FOR SUPERIOR A 04 ANOS 
 
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caso de serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poderá 
cumpri-las simultaneamente, se forem compatíveis, ou sucessivamente, 
se incompatíveis (art. 69, § 2° do CP); 
 
 
O art. 60, § 2° do CP prevê que: § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, 
não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os 
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984). Como conciliar este artigo com o art. 44, § 2° do CP, que 
expressamente permite a substituição pela pena de multa nos casos de 
crime cuja pena seja igual ou inferior a um ano? Como fazer quando a 
pena privativa de liberdade for superior a seis meses, mas não superior a 
um ano? O entendimento majoritário é o de que o art. 44, § 2°, por 
ter sido incluído pela Lei 9.714/98, sendo mais recente, portanto, que o 
art. 60, § 2° (incluído pela Lei 7.209/84), revogou este último, de forma 
que a substituição da pena privativa de liberdade pela pena de multa 
pode ocorrer quando a pena aplicada não for superior a um ano. 
CUIDADO COM ISSO, POVO! 
 
Pode ocorrer, no entanto, durante o cumprimento da pena restritiva 
de direitos, que o condenado descumpra a obrigação impostapelo Juiz. 
Nesse caso, ocorrerá o que se chama de RECONVERSÃO 
OBRIGATÓRIA. Embora a lei diga “conversão”, a conversão ocorreu da 
primeira vez, quando se converteu a pena privativa de liberdade em 
restritiva de direitos. O que acontece, agora, é uma reconversão à pena 
original. Nos termos do art. 44, § 4° do CP: 
 
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§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de 
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição 
imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será 
deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o 
saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 
9.714, de 1998) 
 
É mais ou menos assim: 
A) CONDENADO IRIA PRA JAULA 
B) LEI PERMITE QUE ELE NÃO VÁ PRA JAULA, DESDE QUE 
CUMPRA UMA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS 
C) O CONDENADO NÃO CUMPRE A PENA RESTRITIVA DE 
DIREITOS IMPOSTA AGORA VAI PRA JAULA 
 
Mas a Lei não é injusta, de forma que se o condenado cumpriu 
parte da pena restritiva de direitos imposta, o tempo que ele 
cumpriu será abatido da pena privativa de liberdade que ele 
cumprirá em razão da reconversão (parte final do § 4° do art. 44 do 
CP). 
Entretanto, além da reconversão obrigatória, há também hipótese 
de reconversão facultativa, nos termos do art. 44, § 5° do CP: 
 
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§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por 
outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a 
conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao 
condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela 
Lei nº 9.714, de 1998) 
 
Nesse caso, o Juiz da execução irá avaliar se o condenado pode 
cumprir a pena restritiva de direitos imposta juntamente com a pena 
privativa de liberdade (que o camarada acabou de receber). Se for 
possível, o Juiz PODE manter a pena restritiva de direitos imposta e o 
condenado cumprirá ambas, simultaneamente; se não for possível, 
haverá a reconversão para a pena privativa de liberdade anteriormente 
aplicada. 
Exemplo: Imagine que fulano tenha sido condenado a pena de 02 
anos de detenção, substituída por restritiva de direitos consistente na 
prestação de serviços à comunidade. Enquanto cumpria a pena 
alternativa, fulano foi condenado a uma pena privativa de liberdade que 
não foi suspensa (sursis) nem convertida em restritiva de direitos. Nesse 
caso, o cumprimento de ambas é inviável, pois fulano não pode ao 
mesmo tempo estar preso e cumprir a pena de prestação de serviços à 
comunidade. Assim, deverá haver a reconversão da restritiva de direito 
em privativa de liberdade. 
Porém, se no exemplo acima, a pena restritiva de direitos imposta 
fosse de prestação pecuniária, não haveria nenhum impedimento ao 
cumprimento simultâneo desta com a nova pena privativa de liberdade 
imposta, de forma que o Juiz da execução poderia deixar de reconvertê-
la. 
 CUIDADO! Não se admite a reconversão se o condenado 
deixa de pagar a pena de multa, pois o CP só admite a reconversão no 
caso de descumprimento das penas restritivas de direitos e não no caso 
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de descumprimento da pena multa. Estender os efeitos do art. 44, §§ 4° 
e 5° seria realizar analogia in malam partem, o que é vedado pelo 
nosso sistema Penal. Mas o que fazer neste caso? A Jurisprudência 
entende que o Estado deve proceder à execução da pena de multa como 
se fosse uma dívida, devendo responder por ela o patrimônio do 
condenado. 
 
B) Penas restritivas de direitos em espécie 
 
B.1) Prestação pecuniária 
 
Consiste no pagamento em dinheiro à vítima da infração penal, a 
seus dependentes, ou ainda, a entidade pública ou privada com finalidade 
social, em montante fixado pelo Juiz entre 01 (um) e 360 (trezentos e 
sessenta) salários mínimos. Este valor pago será deduzido de 
eventual valor a ser pago em razão de condenação na esfera cível, 
SE OS BENEFICIÁRIOS FOREM OS MESMOS. 
No entanto, pode acontecer de, por acordo entre o infrator e o 
beneficiário da prestação, esta ser de outra natureza que não seja 
patrimonial. Exemplo: joias, bens móveis, imóveis, mão-de-obra, etc. 
Estas regras estão previstas nos §§ 1° e 2° do CP: 
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro 
à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada 
com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não 
inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e 
sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do 
montante de eventual condenação em ação de reparação civil, 
se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 
1998) 
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§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do 
beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação 
de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
 Muito cuidado! A prestação pode ser destinada a qualquer 
entidade pública. No entanto, se se tratar de entidade privada, deverá 
possuir finalidade social. 
Além disso, a pena de prestação pecuniária NÃO É PENA DE 
MULTA. Trata-se de uma modalidade de pena restritiva de direitos, e 
difere da multa nos seguintes aspectos: 
a) Destinação - A pena de prestação pecuniária é destinada à 
vítima, seus dependentes ou entidade pública ou privada (com destinação 
social); A multa, por sua vez, é destinada ao Fundo Penitenciário 
Nacional; 
b) Quantidade – A prestação pecuniária é fixada entre 01 e 360 
salários mínimos, enquanto a pena de multa é fixada entre 10 e 360 
dias-multa (veremos mais sobre isso quando analisarmos a pena de 
multa); 
c) Consequências do não-cumprimento – Não cumprida a pena 
de prestação pecuniária, haverá a reconversão obrigatória. Não cumprida 
a pena de multa, deverá ser executada como dívida de valor 
 
B.2) Perda de bens e valores 
 
A perda de bens e valores, tal qual a pena de prestação pecuniária, 
é uma modalidade de pena restritiva de direitos que atinge o patrimônio 
financeiro do condenado. Está prevista no art. 45, § 3° do CP: 
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§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados 
dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo 
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto - o que for 
maior - o montante do prejuízo causado ou do provento obtido 
pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do 
crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
Poderá ter, como teto, dois parâmetros: 
 Montante do prejuízo causado; 
 Montante do proveito obtidopelo agente ou por terceiro com 
a prática do delito; 
 
Perceba, caro aluno, que esta pena só poderá ser aplicada nas 
hipóteses de crimes que gerem algum prejuízo ao sujeito passivo ou 
tragam algum benefício ao sujeito ativo ou a terceira pessoa. 
 
Não confundam a pena de perdimento de bens, art. 45, § 3° do CP 
(modalidade de pena restritiva de direitos), com o confisco, previsto no 
art. 91, II do CP (perda de bens em razão da condenação). A pena de 
perdimento de bens incide sobre o patrimônio lícito do condenado, 
sendo, portanto, uma pena propriamente dita. Já o confisco não é 
pena, mas efeito da condenação, e incide sobre o patrimônio ilícito 
do agente, constituído pelos instrumentos e pelo produto do crime. 
 
B.3) Prestação de serviços à comunidade 
 
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A pena de prestação de serviços à comunidade consiste, nos termos 
do art. 46, §§ 1° e 2° do CP: 
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades 
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de 
privação da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 
1998) 
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades 
públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao 
condenado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em 
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros 
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou 
estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
De plano, vocês podem perceber que se trata de pena restritiva de 
direitos somente cabível nas condenações a pena privativa de liberdade 
superior a 06 meses. 
Embora o CP se refira a “entidades públicas”, a Doutrina entende 
que, à semelhança do que ocorre com a pena de prestação pecuniária, 
esta pode ter como destinatária entidade privada, desde que possua 
destinação social. 
A Doutrina entende, ainda, que a pena não pode ser prestada em 
Igrejas, por não se tratar de serviço à comunidade, e pelo fato de que 
seria uma ofensa ao princípio do Estado laico (art. 19, I da Constituição). 
O § 1° determina que a pena deva ser cumprida mediante a 
atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. Ou seja, diferentemente do 
que ocorre no caso de trabalho realizado pelo preso no estabelecimento 
prisional, quando em cumprimento de pena privativa de liberdade, aqui o 
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condenado não recebe nada pelo trabalho, exatamente porque esta é a 
própria pena. Na pena privativa de liberdade a execução das tarefas não é 
a pena (que é a privação da liberdade), motivo pelo qual naqueles casos o 
preso deve receber retribuição salarial . 
O § 3° estabelece que as tarefas sejam atribuídas de acordo com as 
aptidões do condenado. Vejamos: 
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme 
as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de 
uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a 
não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei 
nº 9.714, de 1998) 
 
Assim, não pode o Juiz determinar a um pintor que preste serviço 
de carpintaria a uma escola, pois não se enquadra dentro das suas 
aptidões, sendo impossível de ser cumprida. 
A pena não pode, ainda, ser vexatória, humilhante ou possuir 
qualquer outra característica contrária à sua finalidade. Por 
exemplo: Imagine que um advogado é condenado por desacato a um 
Juiz, e tem sua pena privativa de liberdade convertida em restritiva de 
direito, consistente na obrigação de, uma vez por semana, limpar a sala 
do gabinete do Juiz que ele desacatou. Trata-se de uma medida 
nitidamente vexatória, que em nada contribui para o alcance das 
finalidades da pena. 
O sistema de cumprimento adotado pelo CP é o da hora-tarefa, ou 
seja, cada hora de tarefa realizada será computada como um dia da 
condenação. 
Exemplo: Imagine que fulano foi condenado a 08 meses de 
detenção, tendo sua pena sido convertida em restritiva de direitos, 
consistente na prestação de serviços à comunidade. Assim, cada hora-
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tarefa cumprida por fulano corresponderá a um dia de cumprimento da 
pena. 
Entretanto, o § 4° estabelece que se pena aplicada for superior a 
um ano, para que não se torne muito extensa, poderá ser cumprida em 
menor tempo, mas nunca inferior à metade. 
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao 
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 
55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade 
fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 
Imagine, no exemplo anterior, que a condenação de fulano tenha 
sido a dois anos de reclusão. Nesse caso, o CP possibilita que fulano 
realize duas horas-tarefa por dia, o que lhe fará abater dois dias de 
cumprimento da pena, que será cumprida na metade do tempo previsto. 
No entanto, o cumprimento não pode se dar em menos da metade do 
tempo previsto! 
 
B.4) Interdição temporária de direitos 
 
A pena de interdição temporária de direitos está prevista no art. 47 
do CP, e pode consistir em: 
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, 
bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
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II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que 
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do 
poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)> 
IV - proibição de freqüentar determinados lugares. (Incluído pela 
Lei nº 9.714, de 1998) 
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame 
públicos. (Incluído pela Lei nº 11.250, de 2011) 
 
As duas primeiras hipóteses são modalidades de penas restritivas 
de direitos específicas, pois só podem ser aplicadas quando o crime for 
cometido no exercício do cargo ou função pública, ou, na segunda 
hipótese, no exercício de atividade que dependa de habilitação especial, 
licença ou autorização do poder público. Esta é a previsão do art. 56 do 
CP: 
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do 
art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no 
exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre 
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Assim, se um funcionário público comete um crime de lesão 
corporal, sem qualquer relação com o exercício das funções, não pode lhe 
ser imposta a pena suspensão de exercício de cargo ou função pública. Da 
mesma forma, se um médicoé condenado pelo crime de furto, não 
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poderá ser privado do exercício de sua atividade, pois o crime praticado 
não guarda qualquer relação com o exercício da atividade. 
Não devemos confundir esta pena com o efeito da condenação 
previsto no art. 92, I do CP, que diz: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
(Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual 
ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
(Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo 
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei 
nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 
A pena de suspensão de autorização ou habilitação para dirigir 
veículo (inciso III) somente se aplica nos casos de crimes culposos 
cometidos no trânsito. Nos termos do art. 57 do CP: 
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 
deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Entretanto, com a edição do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 
9.503/97), este dispositivo perdeu muito de sua utilidade, pois o CTB 
cuida com certa minúcia a matéria, inclusive no que tange à aplicação 
desta pena de interdição. Entretanto, isto não é tema para a nossa aula. 
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 CUIDADO! Esta pena não pode ser confundida com o efeito da 
condenação previsto no art. 92, III do CP: 
 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como 
meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
A pena restritiva de direitos consistente na suspensão do direito de 
dirigir é uma pena que se aplica aos crimes culposos cometidos no 
trânsito. Já o efeito da condenação, consistente na inabilitação para 
dirigir, ocorre quando o veículo é utilizado como meio para a prática de 
crime doloso (atropelamento doloso, por exemplo). 
Por sua vez, a proibição de frequentar determinados lugares é uma 
pena de difícil fiscalização, pois, primeiramente, a Lei não estabeleceu 
quais são os lugares, ficando a critério do Juiz. Em segundo lugar, a 
ausência de mecanismos hábeis para a realização da fiscalização dificulta 
demais a aplicação desta pena. 
Entretanto, a Doutrina entende que se trata de uma pena 
constitucional, e que mesmo a expressão vaga “determinados lugares” 
não ofende o princípio da legalidade, na medida em que esta é uma pena 
alternativa, sendo originariamente prevista a pena privativa de liberdade, 
perfeitamente bem delimitada. 
Finalizando com chave-de-ouro, o inciso V (incluído pela Lei 
11.250/11) prevê uma quinta modalidade de interdição de direitos, 
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consistente na impossibilidade de o condenado se inscrever em concurso, 
avaliação ou exame público. 
A Lei não disse por quanto tempo, mas por lógica, em se tratando 
de uma pena substitutiva, esta pena terá como duração o mesmo 
período da pena privativa de liberdade aplicada. 
 
B.5) Limitação de fim de semana 
 
Está regulamentada pelo art. 48 do CP: 
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de 
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas 
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento 
adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser 
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas 
atividades educativas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Trata-se de uma pena raramente aplicada, em razão da 
praticamente inexistência, no Brasil, de casas de albergado e congêneres. 
O STJ entende que se essa pena for aplicada, não havendo casa de 
albergada em que possa ser cumprida, não pode o condenado ser 
submetido a estabelecimento prisional, por ser medida mais gravosa que 
a pena imposta. 
 
II.c) Pena de multa 
 
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A pena de multa pode ser conceituada como a penalidade (sanção 
penal) consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro e 
destinada ao Fundo Penitenciário Nacional. Nos termos do art. 49, e seus 
§§, do CP: 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo 
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-
multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 
(trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo 
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal 
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse 
salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, 
pelos índices de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
O critério utilizado para a fixação da pena de multa é o do dia-
multa. O valor do “dia-multa” será arbitrado pelo Juiz, em montante que 
varie entre 1/30 (um trigésimo) e 5 vezes o valor do maior salário 
mínimo vigente À ÉPOCA DO FATO! 
Perceba, caro aluno, que a aplicação da pena de multa obedece a 
um sistema BIFÁSICO, no qual o Juiz: a) Primeiro fixa a quantidade de 
dias-multa; b) Depois, fixa o valor de cada dia multa. 
O produto da multiplicação do número de dias multa pelo 
valor de cada dia multa será o montante total da condenação. 
Exemplo: Imagine que um réu é condenado ao pagamento de 10 
dias-multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior salário 
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mínimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$ 
600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condenação será 
de 10 (quantidade de dias-multa) x R$ 20,00 (valor do dia-multa). Logo, 
a pena de multa será fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais). 
Este critério possibilita o exercício do princípio da 
individualização da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme 
na fixação do valor da pena de multa. 
A Doutrina entende que: 
 A quantidade de dias-multa é calculada com base no fato 
criminoso e na personalidade do agente (circunstâncias do 
art. 59 do CP); 
 O valor de cada dia-multa é fixado com base na situação 
econômica do infrator; 
O art. 60 do CP prevê que a pena de multadeve ser fixada levando-
se em conta a situação econômica do réu, entretanto, essa fixação com 
base na situação econômica do réu se refere à fixação do valor do dia-
multa. Além disso, seu § 1° permite a majoração da pena de multa em 
até três vezes, caso mesmo sendo aplicada ao máximo, o Juiz considere 
que ela ainda é insuficiente (Imaginem uma pena de multa aplicada ao 
bilionário Eike Batista, rs): 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, 
principalmente, à situação econômica do réu. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz 
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é 
ineficaz, embora aplicada no máximo. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
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Ressalto a vocês que esse sistema de aplicação da pena de multa é 
genérico, ou subsidiário. Assim, nada impede que a Legislação Especial, e 
até mesmo o CP, prevejam situações especiais nas quais o critério para a 
aplicação da pena de multa seja outro. 
O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a contar 
do trânsito em julgado da sentença, podendo o Juiz, considerando as 
circunstâncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento 
do seu pagamento (art. 50 do CP). 
O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada 
diretamente na remuneração do condenado, salvo na hipótese de ter sido 
aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (§ 1° do art. 
50 do CP), E NÃO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM 
INDISPENSÁVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMÍLIA 
(§ 2° do art. 50 do CP). 
Conforme já havia adiantado a vocês, não cumprida 
espontaneamente a pena de multa, não pode haver conversão em 
pena privativa de liberdade, muito menos reconversão (porque nunca 
houve conversão, rs). Nesse caso, a multa será considerada como dívida 
de valor e executada pelo procedimento de cobrança da dívida ativa da 
Fazenda Pública (Execução Fiscal). Nos termos do art. 51 do CP: 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as 
normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, 
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas 
da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem, em razão disso, que 
embora o não-cumprimento da pena de multa não possa gerar a 
conversão em pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter 
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de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do 
infrator, estará extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, I do 
CP, já que não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do 
infrator, por força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou 
apenas a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. 
Esta é a posição majoritária (esmagadora), embora existam alguns 
julgados no STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter 
caráter extrapenal (ultraminoritário esse entendimento). 
 
 
Não confundam a pena de multa que estudamos (pena autônoma, que 
pode ser aplicada cumulativamente ou isoladamente da pena privativa de 
liberdade) com a pena de multa substitutiva ou vicariante. Esta 
última é uma espécie de pena alternativa, que pode ser aplicada em 
substituição às penas privativas de liberdade em determinados casos. 
Está prevista no art. 60, § 2° do CP: § 2º - A pena privativa de liberdade 
aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de 
multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste 
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, mesmo nesse caso 
(NO QUAL ESTAMOS DIANTE DE UMA PENA SUBSTITUTIVA), não há 
possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade, pois 
entendem que a conversão só pode ocorrer nas hipóteses previstas no 
art. 44, § 4° do CP, que trata das penas restritivas de direitos, não 
incluindo, portanto, a pena de multa. 
 
Por fim, o art. 52 do CP prevê que, sobrevindo doença mental ao 
condenado, ficará suspensa a pena de multa: 
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Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém 
ao condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
III – APLICAÇÃO DA PENA 
 
 
A aplicação da pena é o ato mediante o qual o Juiz, após o processo 
criminal, proferindo sentença penal condenatória, efetivamente aplica a 
sanção penal ao infrator. 
A doutrina o classifica como um ato discricionário do juridicamente 
vinculado, ou seja, o Juiz possui certo grau de discricionariedade na 
fixação da pena, mas deve respeitar os limites estabelecidos pela Lei. 
O sistema de aplicação da pena estabelecido pelo CP é o trifásico, 
no que tange à pena privativa de liberdade, pois ela é fixada após a 
superação de três etapas: 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do 
art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as 
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas 
de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
Porém, no que tange à pena de multa, o sistema adotado é o 
bifásico, ou seja, a pena de multa é definitivamente aplicada após a 
superação de apenas duas etapas: 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo 
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-
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multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 
(trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo 
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal 
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse 
salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Primeiro é fixada a quantidade de dias-multa (1° etapa), depois é 
fixado o valor de cada dia-multa (2° etapa). 
 
A) FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
 
Como vimos, na fixação da pena privativa de liberdade se adota um 
sistema trifásico. O sistema trifásico é composto por: a) fase da fixação 
da pena-base; b) análise da existência de agravantes e atenuantes; c) 
análise da existência de causas de aumento e diminuição da pena. 
 
A.1) Fixação da pena-base 
 
Assim dispõe o art. 59 do CP: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao 
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)Direito Penal – TRE/MG 
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Essas circunstâncias mencionadas no art. 59 são chamadas de 
circunstâncias judiciais, e são levadas em consideração pelo Juiz para a 
fixação da pena-base. Quando favoráveis ao agente, trazem a pena-base 
para próximo do mínimo previsto. Quanto mais desfavoráveis, elevam a 
pena-base para mais próximo do máximo previsto. 
Nesta etapa, ainda que as circunstâncias judiciais sejam 
extremamente favoráveis ao condenado, não pode o Juiz fixar a pena-
base abaixo do mínimo legal. 
Além disso, as circunstâncias judiciais possuem um caráter 
subsidiário, ou seja, só podem ser levadas em consideração se não 
tiverem sido consideradas na previsão do tipo penal e não constituam 
circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de 
aumento e diminuição da pena. 
Exemplo: Imagine que José é condenado por agredir um senhor de 
85 anos. O Juiz não pode agravara pena-base em razão das 
circunstâncias do crime (superioridade de forças em relação à vítima, que 
é pessoa vulnerável), pois essa circunstância é prevista no art. 61, II, h 
do CP como uma circunstância legal (agravante). Vejamos: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, 
quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
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h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou 
mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e 
depois aplicasse a circunstância legal agravante, haveria o que se chama 
de Bis in idem, que é a consideração de uma mesma circunstância duas 
vezes em prejuízo do réu, o que não é permitido (Ou dupla punição pelo 
mesmo fato). 
E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o 
crime mediante a prática de diversas qualificadoras? Nesse caso, o 
entendimento majoritário é o de que o Juiz deve levar apenas um 
qualificadora em consideração para qualificar o crime, utilizando as 
demais como circunstâncias agravantes (se previstas) ou circunstâncias 
judiciais (que agravam a pena-base). 
Exemplo: Imaginem que Ronaldo cometeu homicídio por motivo 
torpe, mediante emboscada e com a finalidade de assegurar a ocultação 
de outro crime. Estas três situações (motivo torpe, emboscada e 
finalidade de assegurar a ocultação de outro crime) são qualificadoras do 
homicídio. Vejamos: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
(...); 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do 
ofendido; 
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V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Nesse caso, o Juiz considerará apenas um dos fatores para 
qualificar o crime, utilizando os demais como agravantes ou 
circunstâncias judiciais que aumentam a pena-base. 
Como todas as três situações são circunstâncias agravantes 
genéricas, o Juiz deverá utilizar as outras duas como agravantes. Nos 
termos do art. 61, II do CP: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, 
quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do 
ofendido; 
 
Portanto, a utilização de algum fato como circunstância judicial se 
dá de maneira subsidiária, ou seja, somente se este fato ainda não tenha 
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sido levado em conta na própria definição do crime ou não se trate de 
circunstância agravante ou causa de aumento de pena. 
Na fixação da pena-base, o Juiz deve partir do mínimo legal, e só 
poderá sair desse patamar se estiverem presentes circunstâncias 
desfavoráveis, devendo fundamentar a sua decisão. 
Algumas questões costumam ser bem polêmicas. Vamos a elas: 
 
 
 Maus antecedentes – O STJ e o STF entendem que a mera 
existência de Inquéritos Policiais e ações penais em curso, sem 
trânsito em julgado, não podem ser considerados como maus 
antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria violação 
ao princípio da presunção de inocência; 
 Com relação “às consequências do crime”, para que possam 
caracterizar circunstância judicial apta a aumentar pena base, 
devem ser consequências que não sejam as naturais do delito – 
Assim, se no crime de estupro a conseqüência foi o trauma 
causado na vítima, essa é uma conseqüência natural do crime QUE 
JÁ FOI LEVADA EM CONSIDERAÇÃO QUANDO A LEI 
ESTABELECEU AS PENAS MÍNIMA E MÁXIMA; 
 
A.2) Segunda fase: Análise das agravantes e atenuantes 
 
São circunstâncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada 
inicialmente (pena-base). São consideradas “genéricas” por estarem 
previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto, atenuantes 
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específicas, previstas para determinados tipos penais, como, por 
exemplo, a prevista no art. 398 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro. 
As agravantes genéricas (prejudiciais ao réu) estão previstas nos 
arts. 61 a 62 do CP, e SÃO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas). 
Nos termos do CP, as agravantes genéricas são: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, 
quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do 
ofendido; 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se derelações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência 
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contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela 
Lei nº 11.340, de 2006) 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, 
ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida. (Redação 
dada pela Lei nº 9.318, de 1996) 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou 
mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da 
autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer 
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a 
atividade dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à 
sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou 
qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
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IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou 
promessa de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
 Já as atenuantes genéricas (favoráveis ao réu) estão previstas no 
art. 65 do CP, e são um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO 
(conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser utilizadas 
outras circunstâncias não previstas naquela lista. 
Nos termos do CP: 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou 
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou 
moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo 
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou 
ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a 
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influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da 
vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria 
do crime; 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se 
não o provocou. 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de 
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora 
não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
A Doutrina entende, ainda, que as agravantes só se aplicam aos 
crimes dolosos (majoritária). 
As circunstâncias legais (agravantes e atenuantes genéricas) são de 
aplicação obrigatória pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplicação de uma 
agravante nunca pode levar a pena a ficar acima do máximo previsto para 
o crime. Assim, se o Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no máximo legal, de 
nada servirá a agravante genérica. 
Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no mínimo legal, a 
aplicação da atenuante não terá qualquer utilidade, pois a pena já estará 
no mínimo legal (súmula 231 do STJ). 
A Lei Penal, entretanto, não estabelece uma quantidade de 
diminuição ou aumento que deva ser aplicada. Esse critério é do Juiz. 
Com relação às agravantes, destacamos a reincidência, por ser 
extremamente complexa. Vamos estudá-la detalhadamente. 
 
A.2.1) Reincidência 
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A reincidência é a prática de um crime após ter o agente sido 
condenado por sentença irrecorrível em outro crime, no Brasil ou no 
exterior (art. 63 do CP). No entanto, é possível a reincidência no caso de 
prática de contravenção após ter sido o agente condenado por sentença 
irrecorrível pela prática de crime ou contravenção. No entanto, a prática 
de crime após a condenação criminal irrecorrível NÃO GERA 
REINCIDÊNCIA. Assim: 
 
INFRAÇÃO 
ANTERIOR 
INFRAÇÃO 
POSTERIOR 
RESULTADO 
CRIME CRIME REINCIDENTE 
CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE 
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE 
CONTRAVENÇÃO CRIME PRIMÁRIO 
 
Resumindo, a prática de contravenção penal após a condenação 
irrecorrível por qualquer infração penal (contravenção ou crime), gera 
reincidência. Já a prática de crime só gera a condição de reincidente se a 
condenação anterior se deu por outro crime, não gerando este efeito 
no caso de condenação anterior por contravenção. 
Assim, temos a absurda hipótese de alguém praticar duas 
contravenções e ser reincidente. Já no caso de prática de um crime 
posteriormente a uma condenação por contravenção, SERÁ PRIMÁRIO! 
Trata-se de brecha legislativa! 
Nos termos do art. 63 do CP: 
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo 
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou 
Direito Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 05 
 
 
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no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Para que seja provada a reincidência, é necessário que haja certidão 
do cartório judicial acerca da condenação anterior (STJ). 
A reincidência pode ser: a) real – quando o agente comete novo 
crime após cumprir a pena anterior; b) ficta ou presumida – quando o 
agente pratica novo crime após a condenação anterior, pouco importando 
se tenha ou não cumprido a pena. 
O CP ADOTOU A TEORIA PRESUMIDA. 
A reincidência pode, ainda, ser: a) genérica – os crimes praticados 
são diversos; b) específica – os crimes praticados são previstos no 
mesmo tipo penal. 
Via de regra não se distingue uma da outra (genérica da específica), 
mas há situações em que a Lei estabelece consequências diferentes para 
o reincidente genérico e para o específico (essa última é sempre 
considerada mais grave). 
 
A reincidência só ocorrerá se o crime novo for praticado no período de 
até cinco anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE EXTINGUIU 
(e não a data da sentença), computando-se o período de prova da 
suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não tiver 
havido revogação. ESSE PERÍODO SE CHAMA PERÍODO DEPURADOR.

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