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Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 22 AULA 06: DA EXECUÇÃO DAS PENAS (LEI 7.210/84): REGIMES; AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA; REMIÇÃO. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I – Da Execução da Pena Privativa de Liberdade 02 II – Questões para praticar 16 III - Questões comentadas 18 Gabarito 22 Olá, meus amigos concurseiros! Hoje, vamos estudar sobre o tema da Execução das penas em espécie: Penas privativas de liberdade e penas alternativas. Vamos ao que interessa!! Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 22 I – DA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE A) Considerações gerais A execução das penas privativas de liberdade está regulamentada pela LEP - Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/84), a partir de seu art. 105. O início da pena privativa de liberdade se dá com o TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, através da expedição de GUIA DE RECOLHIMENTO, nos termos do art. 105 e 106 do CP: Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução. Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I - o nome do condenado; II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação; III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução; V - a data da terminação da pena; Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 22 VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário. § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento. § 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de duração da pena. § 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei. A guia de recolhimento é IMPRESCINDÍVEL, não podendo ninguém ser recolhido à prisão sem ela (art. 107 da LEP). Se durante o cumprimento da pena sobrevier doença mental ao preso, ele deverá ser transferido para Hospital de Tratamento Psiquiátrico: Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Após o cumprimento da pena, ou pela sua extinção por qualquer outra forma, o preso deverá ser posto em liberdade, mediante ALVARÁ DO JUIZ, salvo se estiver preso por outro motivo: Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver preso. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 22 Lembro a vocês que a conduta de prolongar a prisão de alguém, de maneira indevida, constitui CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE, previsto no art. 4° da Lei 4.898/65. B) Dos regimes de cumprimento Os regimes de cumprimento são aqueles que nós vimos, previstos no CP: Fechado; Semi-aberto; Aberto O regime é fixado pelo Juiz na sentença, e caso o preso tenha sido condenado por mais de um crime (num mesmo processo OU NÃO), a verificação do regime inicial de cumprimento da pena se dará pela SOMA (unificação) das penas. Nos termos do art. 111 da LEP: Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Caso ocorra nova condenação durante o curso da execução da pena, procede-se à uma nova unificação de penas, somando-se a nova condenação ao que resta daquela que está sendo cumprida, nos moldes do § único do art. 111: Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 22 Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. A pena é executada SEMPRE do regime mais gravoso para o menos gravoso (Progressividade da pena), ocorrendo a progressão a cada 1/6 de cumprimento da pena, no mínimo, no regime em que se encontra, DESDE QUE POSSUA BOM COMPORTAMENTO. Vejamos: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Antes da decisão que concede ou não a progressão deverá ser ouvido o MP e o Defensor. Para a progressão do regime semi-aberto para o regime aberto há, ainda, algumas outras regras que devem ser observadas. Vejamos: Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 22 ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. Portanto, além de ter cumprido 1/6 da pena no regime semi-aberto e possuir bom comportamento, para passar ao regime aberto o preso deverá ESTAR TRABALHANDO ou COMPROVAR QUE TEM EMPREGO CERTO À VISTA. Essa obrigatoriedade do trabalho não se aplica às seguintes pessoas: Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante. Estas pessoas cumprem pena do REGIME ABERTO em PRISÃO DOMICILIAR. O Juiz pode estabelecer outras condições para a progressão ao regime aberto,bem como modificar as que tiver fixado, mediante requerimento do beneficiado, do MP, de autoridade administrativa, ou, ainda, de ofício (art. 115 e 116). Entretanto, algumas condições são OBRIGATÓRIAS: Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 22 Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias: I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem. Estas condições o beneficiado com o regime aberto SEMPRE deverá cumprir. Não confundam CONDIÇÕES com REQUISITOS para progressão. Os requisitos são circunstâncias que devem ser preenchidas para que o preso CONSIGA PASSAR AO REGIME ABERTO. Já as condições são circunstâncias que ele deve observar JÁ ESTANDO NO REGIME ABERTO. Mas, como nem tudo são flores, pode acontecer de o preso não ser “flor-que-se-cheire” (gostei do termo “flor” hoje, hein...) e ocorrer a REGRESSÃO DE REGIME. Como assim? A regressão é a passagem de um regime MENOS gravoso para um regime MAIS gravoso. Ocorrerá nas hipóteses do art. 118 da LEP: Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 22 Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). § 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado. Vejam que NÃO HÁ NECESSIDADE, no inciso I, de que o preso tenha sido CONDENADO PELO CRIME DOLOSO, bastando que se tenha indícios claros de que ele tenha praticado o delito. O inciso II é ainda mais tranqüilo. Caso o agente seja condenado por crime anterior (sim, pois se o crime for posterior, e doloso, entra no inciso I) e a pena, somada à restante, ultrapassar o limite previsto para a permanência no regime, ele volta para o mais gravoso. CUIDADO! A progressão de regime só pode se dar em escala (Do fechado para o semi-aberto e deste para o aberto). Já a REGRESSÃO pode se dar per saltum, ou seja, direto do regime aberto para o fechado. C) Das autorizações de saída Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 22 As autorizações de saída consistem, basicamente, em: Permissões de saída; Saída temporária A permissão de saída está prevista no art. 120 da LEP: Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14). Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída. Vejam que a permissão de saída se dará mediante ESCOLTA, ou seja, o preso não sai “livre-leve-e-solto”. Essa permissão de saída ocorre quando o preso necessita de tratamento médico que não possa ser realizado no estabelecimento ou no caso de falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente (mãe, pai, avó...), descendente (filho, neto...) ou irmão. Esta modalidade de saída se funda em razões HUMANITÁRIAS. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 22 A permissão é concedida pelo próprio diretor do estabelecimento e durará o período estritamente necessário à finalidade. A saída temporária, por sua vez, é realizada SEM ESCOLTA, e pode ser deferida por um prazo MÁXIMO DE SETE DIAS, em, no máximo, CINCO VEZES AO ANO. Vejamos: Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi- aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 22 Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. Vejam que é necessário que o preso se encontre no regime SEMI- ABERTO, não sendo possível, portanto, aos presos do regime fechado. A permissão de saída, vista anteriormente, por ser realizada com escolta, pode ser deferida, inclusive, aos presos do regime fechado. Esta saída geralmente se dá em datas comemorativas (Natal, Páscoa, Dia das mães, etc). Embora não haja vigilância direta sobre o preso, a Lei 12.258/10 permitiu a utilização de MONITORAÇÃO ELETRÔNICA, de forma a dar alguma segurança de que o preso não irá se evadir. Aqui, por se tratar de uma saída sem escolta, além de o preso dever ser do regime semi-aberto, quem a concede NÃO É O DIRETOR DO ESTABELECIMENTO, mas o JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL, após ouvido o MP e a administração penitenciária que cuida do preso, devendo, sempre, observar os requisitos do art. 123, que são: Bom comportamento; Cumprimento de 1/6 da pena, se primário, e ¼ se reincidente; Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena Tal qual na permissão de saída, aqui existem condições que o Juiz pode fixar, de acordo com seu entendimento, e condições de observância obrigatória pelo beneficiado. São elas: § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 22 compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Assim: Nada de “cervejinha”, nada de dormir fora...Saiu, é pra visitar a família, NÃO OS “AMIGOS DE COPO”. Embora o prazo máximo seja de sete dias, esta é a regra. Mas, é claro, há EXCEÇÃO. Caso a saída se dê para a frequência a curso profissionalizante, ou de nível médio ou superior, o período será o necessário ao cumprimento da atividade, logo, PODE SER SUPERIOR A SETE DIAS (§2° do art. 124 da LEP). Salvo nesta hipótese (curso profissionalizante), a saída temporária só poderá ser deferida novamente se respeitado um intervalo de, no mínimo, 45 dias entre uma e outra. Pode ser que o camarada (beneficiado) não “ande na linha” e, neste caso, o benefício será revogado, nos termos do art. 125 da LEP: Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 22 Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado. D) Da remição A remição é o ABATIMENTO da pena pelo TRABALHO OU ESTUDO DO PRESO. O abatimento está previsto no art. 126 da LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). Havendo o abatimento, o tempo remido será considerado como PENA CUMPRIDA PARA TODOS OS EFEITOS, nos termos do art. 128: Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) As regras de aplicação do instituto da remissão estão previstas nos §§ do art. 126. Vejamos: § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 22 I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 22 de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) Assim, podemos resumir da seguinte forma: Trata-se de benefício exclusivo para presos dos regimes fechado e semiaberto; EXCEPCIONALMENTE, poderá o condenado que esteja em regime aberto ou livramento condicional, REMIR a pena, através da FREQUÊNCIA A CURSO PROFISSIONALIZANTE OU REGULAR; Na remissão pelo estudo, caso o preso conclua o ensino fundamental, médio ou superior na prisão, o abatimento se dará ACRESCIDO DE 1/3. Assim, se ele iria abater 1 dia de trabalho para cada 12 horas, irá abater 1,33 dia de trabalho para cada 12 horas de estudo; Caso o preso fique impossibilitado de trabalhar ou estudar, por acidente, CONTINUARÁ A SE BENEFICIAR COM A REMIÇÃO; A remissão se aplica, ainda, nas hipóteses de PRISÃO CAUTELAR. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 22 Caso o preso pratique FALTA GRAVE, poderá o Juiz da execução revogar, no máximo, 1/3 DO TEMPO REMIDO. Isso é o que comumente se chama de PERDA DOS DIAS REMIDOS. Essa perda, como vimos, NUNCA PODE SER TOTAL. Meus caros, por hoje é só! Terminamos mais uma etapa da nossa caminhada rumo à aprovação. Até a próxima! Prof. Renan Araujo II – QUESTÕES PARA PRATICAR Meus caros, chegou a hora de revisarmos e fixarmos a matéria estudada através da resolução de questões que foram cobradas em concursos recentes. Após tentarem resolver as questões sozinhos, confiram o desempenho de vocês no final da aula, analisando com atenção os comentários feitos às questões. 01 - (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Um cidadão condenado a pena de reclusão de 15 anospela prática de um homicídio deve, obrigatoriamente, iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, podendo, no entanto, trabalhar fora do estabelecimento prisional, em serviços de natureza privada, durante o período diurno, desde que mediante prévia autorização judicial. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 22 02 - (FCC - 2011 - TJ-PE - JUIZ) Podem obter autorização para saída temporária os A) condenados que cumpram pena em regime semiaberto. B) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime fechado ou semiaberto. C) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime semiaberto. D) condenados que cumpram pena em regime fechado ou semiaberto. E) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime aberto. 03 - (CESPE - 2008 - DPE-CE - DEFENSOR PÚBLICO) A progressão de regime do cumprimento da pena de condenado por crime contra a administração pública condiciona-se à reparação do dano que ele causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 04 - (FCC - 2009 - DPE-SP - DEFENSOR PÚBLICO) Abzuilson, em razão de progressão de regime de cumpri mento de pena, cumpria pena em regime aberto quando foi autuada ao processo de execução nova condenação pela prática de crime cometido antes de ser progredido. O juiz da execução penal deve A) ouvi-lo nos termos do art. 118, § 2o da Lei de Execução Penal e regredi-lo para o regime fechado. B) ouvi-lo nos termos do art. 118, § 2o da Lei de Execução Penal e regredi-lo para o regime semi-aberto, porque não há regressão por salto. C) regredi-lo com fundamento no art. 52 da Lei de Execução Penal, que diz que a prática de fato previsto como crime doloso é falta grave. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 22 D) aplicar o art. 111 da Lei de Execução Penal para determinar que a pena mais grave seja cumprida primeiro. E) aplicar o art. 111 da Lei de Execução Penal e fixar o regime de cumprimento de acordo com o resultado das penas somadas, descontadas a remição e a detração. 01 - (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Um cidadão condenado a pena de reclusão de 15 anos pela prática de um homicídio deve, obrigatoriamente, iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, podendo, no entanto, trabalhar fora do estabelecimento prisional, em serviços de natureza privada, durante o período diurno, desde que mediante prévia autorização judicial. COMENTÁRIOS: Nesse caso, não há possibilidade de trabalho fora do estabelecimento prisional, em serviços privados, eis que aos condenados do regime fechado só é permitido trabalhar fora do estabelecimento prisional em serviços e obras PÚBLICAS. Vejamos: Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III – QUESTÕES COMENTADAS Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 22 § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Portanto, a afirmativa está ERRADA. 02 - (FCC - 2011 - TJ-PE - JUIZ) Podem obter autorização para saída temporária os A) condenados que cumpram pena em regime semiaberto. B) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime fechado ou semiaberto. C) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime semiaberto. D) condenados que cumpram pena em regime fechado ou semiaberto. E) presos provisórios e os condenados que cumpram pena em regime aberto. COMENTÁRIOS: A saída temporária está prevista no art. 122 da LEP: Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 22 Vejam, portanto, que somente aqueles que cumpram pena no regime SEMIABERTO poderão ser beneficiados com o instituto. Assim, a alternativa CORRETA é a letra A. 03 - (CESPE - 2008 - DPE-CE - DEFENSOR PÚBLICO) A progressão de regime do cumprimento da pena de condenado por crime contra a administração pública condiciona-se à reparação do dano que ele causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. COMENTÁRIOS: Esta é a redação literal do art. 33, § 4° do CP. Vejamos: § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Portanto, a afirmativa está CORRETA. 04 - (FCC - 2009 - DPE-SP - DEFENSOR PÚBLICO) Abzuilson, em razão de progressão de regime de cumpri mento de pena, cumpria pena em regime aberto quando foi autuada ao processo de execução nova condenação pela prática de crime cometido antes de ser progredido. O juiz da execução penal deve A) ouvi-lo nos termos do art. 118, § 2o da Lei de Execução Penal e regredi-lo para o regime fechado. B) ouvi-lo nos termos do art. 118, § 2o da Lei de Execução Penal e regredi-lo para o regime semi-aberto, porque não há regressão por salto. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 22 C) regredi-lo com fundamento no art. 52 da Lei de Execução Penal, que diz que a prática de fato previsto como crime doloso é falta grave. D) aplicar o art. 111 da Lei de Execução Penal para determinar que a pena mais grave seja cumprida primeiro. E) aplicar o art. 111 da Lei de Execução Penal e fixar o regime de cumprimento de acordo com o resultado das penas somadas, descontadas a remição e a detração. COMENTÁRIOS: Nesse caso,como o crime foi cometido ANTERIORMENTE À EXECUÇÃO DA PENA, procede-se à uma nova unificação das penas, somando-se a pena nova ao restante da pena que estava sendo cumprida, de forma que a regressão só ocorrerá se a soma das penas acarretar em uma pena incompatível com o regime atual de cumprimento. Vejamos o que diz o art. 111 da LEP: Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Portanto, a alternativa CORRETA é a LETRA E. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 22 GABARITO 1. ERRADA 2. CORRETA 3. CORRETA 4. ALTERNATIVA E
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