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DIREITO CIVIL V - CCJ0111 Semana Aula: 4 Validade do Casamento 1 Tema Validade do Casamento 1 Palavras-chave Objetivos 1. Diferenciar os pressupostos de existência, validade e eficácia do casamento. 2. Identificar os impedimentos matrimoniais e estudar suas consequências jurídicas. 3. Identificar as causas suspensivas para o casamento e estudar suas consequências jurídicas. 4. Conceituar o casamento putativo e delinear as consequências jurídicas de seu reconhecimento. Estrutura de Conteúdo 1. Validade do Casamento. a. Existência, validade e eficácia do casamento. b. Impedimentos para o casamento. i. Oposição dos impedimentos. c. Causas suspensivas do casamento. i. Oposição das causas suspensivas. d. Casamento putativo e consequências jurídicas. Procedimentos de Ensino O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma única aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. Sugerimos que o professor inicie a aula retomando o conceito de casamento, os pressupostos de existência e os principais aspectos do procedimento de habilitação. Na aula anterior destacou-se que são pressupostos de existência do casamento: diversidade de sexos; consentimento de ambos os nubentes e autoridade competente em razão da matéria, analisando-se, desta forma, o plano do ser do casamento. Verificada a falta de um ou mais destes elementos, o casamento será considerado inexistente, ou seja, será considerado um nada jurídico ou um não-casamento, não podendo sequer ser reconhecido como putativo. Embora corriqueiramente haja confusão entre os planos de existência, validade e eficácia do casamento, tecnicamente eles não se confundem, bem como, não se confundem suas consequências jurídicas. Assim, enquanto no plano de existência se analisam os elementos fundamentais intrinsecamente ligados ao plano do ser; o plano da validade analisará os pressupostos estabelecidos em lei para a realização do ato (conformidade com a ordem jurídica); e o plano da eficácia se verifica a possibilidade do casamento produzir os efeitos que dele se espera ou não. A análise se dará de forma progressiva, partindo-se do pressuposto de existência do casamento. O plano da regularidade comporta duas categorias de formalidades: as preliminares (que antecedem o casamento e dizem respeito ao processo de habilitação, publicação dos editais e certificado de habilitação, estudados na aula anterior) e as concomitantes (que dizem respeito ao momento da celebração do casamento e que serão estudados na aula seis). Inexistentes estes pressupostos, o casamento poderá ser ineficaz. Partindo-se do pressuposto que o casamento é existente, deve-se seguir para a análise do plano de validade do casamento, que possui como elementos: condições naturais de aptidão física; condições naturais de aptidão intelectual; condições de ordem moral e social (Eduardo de Oliveira Leite, 2005, p. 56-67). Nas condições naturais de aptidão física analisam-se a puberdade (idade núbil, arts. 1.517 e 1.520, CC); a potência (aptidão para conjunção carnal ); sanidade. Nas condições naturais de aptidão intelectual observa-se o consentimento, lembrando-se que o Direito de Família adotou uma teoria própria dos vícios do consentimento, só servindo à anulação do casamento o erro substancial quanto à pessoa do outro cônjuge e a coação moral (lembre que a coação física é causa de inexistência do casamento). Nas condições de ordem moral e social aferem-se o grau de parentesco entre os nubentes, a inexistência de casamento anterior e a viuvez. É neste plano que o casamento encontrará sua justificação plena. Assim, faltando qualquer dos pressupostos de validade, o casamento será inválido uma vez que eivado do vício que levará à nulidade absoluta ou relativa (objeto da próxima aula), conforme expressa previsão legal. Resumindo as diferenças entre os planos, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 141) ensinam que podem ser identificadas as seguintes situações com relação ao casamento: ?i) existir, ser válido e eficaz (casamento celebrado entre pessoas maiores e capazes e desimpedidas de casar entre si; ii) existir, ser inválido e ineficaz (o casamento celebrado entre irmãos, em incesto); iii) existir, ser inválido , porém eficaz (como no exemplo do casamento putativo ? aquele que é inválido, porém, em razão da boa-fé dos cônjuges, obtém eficácia por força de decisão judicial, conforme permissivo do art. 1.561 da Lei Civil); iv) inexistir, ser inválido e ineficaz (é o casamento celebrado sem a manifestação de vontade dos nubentes)?. Desta forma, afetam diretamente o plano de validade do casamento e da união estável os impedimentos matrimoniais que são proibições legais taxativamente previstas no art. 1.521, CC, que se destinam a vedar o casamento de uma pessoa com outra determinada ou o reconhecimento da união estável entre certas pessoas (art. 1.723, §1º., CC). Impedimentos e incapacidade para o casamento não se confundem. Afirma Maria Berenice Dias (2007, p. 147) que o ?impedimento, em sentido estrito, é a impossibilidade de alguém casar com determinada pessoa. Trata-se de proibição que atinge uma pessoa com relação a outra ou outras. Assim, não podem casar ascendentes com descendentes ou parentes até terceiro grau. Não se trata de incapacidade para o casamento, mas apenas impedimento para casar com certa pessoa, estando livre, no entanto para casar com quem lhe aprouver?. Portanto, a incapacidade é geral (o considerado incapaz não pode casar com quem quer que seja) e o impedimento se dirige a certa e determinada pessoa. Os impedimentos matrimoniais são constituídos por dois elementos: a) material que diz respeito à situação de fato ou de direito subjacente que justifica a proibição; e b) formal que corresponde à previsão legal expressa. Os impedimentos dirimentes públicos podem, então, ser didaticamente divididos em três categorias: impedimentos resultantes do parentesco (?impedimentum consanguinitatis? e ?impedimentum affinitatis?); impedimento resultante de vínculo (?impedimentum ligaminis sue vinculi?); impedimento resultante de crime (?impedimentum criminis?); todos igualmente normas de ordem pública e caráter cogente. Os impedimentos resultantes de parentesco estão previstos nos incisos I a V, do art. 1.521, CC (para sua análise é importante que o professor relembre dos graus de parentesco estudados na aula 2): 1. Não podem casar os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco civil ou natural. a. Finalidade: impedir o incesto e incentivar a exogenia familiar (preservação da eugenia). b. Pergunta-se: a filha de uma mulher casada, havida de uma relação adulterina e registrada em nome do marido, poderia se casar com o filho tido pelo verdadeiro pai com outra mulher? O impedimento só surgirá se alguém argui-lo, uma vez que juridicamente, ainda não são considerados irmãos. 2. Não podem casar os afins em linha reta (qualquer que seja o grau) a. Finalidade: proteger a harmonia familiar e a ordem moral. b. Pergunta-se: pode o viúvo casar com a sogra? Não porque o parentesco por afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamento (art. 1.595, §2º, CC). c. Pergunta-se: pode o divorciado casar com a ex-cunhada? Pode, uma vez que o parentesco por afinidade na linha colateral extingue-se com a dissolução do vínculo conjugal (art. 1.595, CC). d. Há impedimento entre um homem e a filha da mulher de quem ele se divorciou, concebida com terceiro? Não, uma vez que entre eles não há relação de parentesco. e. Há impedimento para o casamento se a união que deu origem à afinidade for declarada nula? Não. Sendo declarada nula a união originária, o parentesco por ela criada também desaparece. 3. Não podem casar oadotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante; o adotado com o filho do adotante. a. Finalidade: proteger a harmonia familiar e a ordem moral. b. É dispositivo desnecessário em virtude da equiparação constitucional entre os filhos. 4. Não podem casar os irmãos unilaterais ou bilaterais (ou germanos) e demais colaterais até terceiro grau inclusive. a. Finalidade: impedir o incesto, proteger a ordem familiar e incentivar a exogenia. b. Deve-se lembrar que o Decreto-Lei n. 3.200/41 autoriza o casamento entre colaterais de terceiro após a realização de exame pré-nupcial de compatibilidade sanguínea. Alguns autores entendem que a lei foi revogado pelo disposto no art. 1.521, IV, CC e a manutenção deste tipo de casamento não faz sentido na atual sociedade (Paulo Luiz Netto Lôbo). Outros (como Luiz Edson Fachin) entendem que o vigente código não a teria revogado a lei, por se tratar de norma especial. Na prática, este tipo de casamento continua sendo admitido e foi o entendimento mantido pelo Enunciado 98 das Jornadas de Direito Civil. O impedimento resultante de vínculo está previsto nos incisos VI, do art. 1.521, CC ? não podem casar as pessoas já casadas. É impedimento resultando do próprio princípio da monogamia. a. Finalidade: preservar a família e a ordem moral. b. No entanto, é impedimento que não se aplica à união estável quando a pessoa já se encontrar separada de fato (art. 1.723, §2º., CC). c. Pergunta-se: a decretação de nulidade do primeiro casamento autoriza a validação ?ex tunc? do segundo casamento? Sim. d. Pergunta-se: o segundo casamento pode ser declarado putativo (art. 1.561, CC)? Sim, em virtude da boa-fé do contraente, reconhecendo-se a invalidade do casamento, mas não e retirando sua eficácia. O impedimento resultante de crime está previsto no inciso VII, do art. 1.521, CC ? não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte (conhecido como conjugicídio). a. Finalidade: preservar a família e a ordem moral. b. Trata-se de impedimento que não exige qualquer forma de participação do cônjuge para a prática do crime (parte-se de uma ideia de conveniência presumida), no entanto, exige-se que o crime seja doloso. i. A restrição alcança o autor do crime e seu mandante. c. Para a configuração deste impedimento exige-se a condenação pelo crime. i. Se ocorrer absolvição ou prescrição punitiva, extingue-se o impedimento. ii. A prescrição executória, a reabilitação, a anistia, a graça e o perdão não fazem desparecer o impedimento. iii. O casamento, então, poderia ocorrer na fase de inquérito policial ou no curso do processo criminal? Poderia, mas os efeitos da condenação criminal retroagirão gerando a nulidade do casamento. iv. Subsiste o impedimento ainda que se prove que o casamento desfeito era nulo ou anulável. Os impedimentos podem ser opostos até o momento da celebração do casamento por qualquer pessoa capaz, Ministério Público ou pelo juiz ou oficial do Registro (art. 1.522, CC). O denunciante não precisa ter interesse específico em relação ao casamento, mas é necessário que se identifique uma vez que não se aceitam oposições anônimas (arts. 1.529, CC). O denunciante deve apresentar a denúncia por escrito e indicar, ao menos, o local onde as provas podem ser obtidas. Opostos os impedimentos, a celebração do casamento deve ser suspensa até o trânsito em final da decisão que os julgará (o rito é sumário conforme o art. 67, §5º., da Lei de Registros Públicos). Ainda dentro dos pressupostos do casamento pode-se analisar as causas suspensivas taxativamente elencadas no art. 1.523, CC, que não se tratam de proibições, mas sim, de recomendações de natureza inibitória que se fazem para que os nubentes não casem em determinadas situações. A primeira causa suspensiva aconselha: não devem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos filhos. Visa-se, com isso, evitar a confusão patrimonial na proteção dos filhos herdeiros. Para afastar esta causa suspensiva não basta ter dado início à partilha, é preciso que ela já tenha sido efetivada. É causa que também pode ser afastada se o falecido não tiver deixado filhos ou patrimônio a ser partilhado. A segunda causa suspensiva sugere: não devem casar a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou tiver sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. Visa evitar a ?turbatio sanguinis?. No entanto, com a disseminação e barateamento dos exames de DNA é regra que não precisaria estar prevista na lei. Comprovada a inexistência de gravidez ou se o filho nascer após o decurso do prazo ou ainda que o casamento anterior foi anulado por impotência ?coeundi? está afastada a causa suspensiva. A terceira causa suspensiva recomenda: não devem casar o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. Se demonstrado que não haverá prejuízo patrimonial para o outro cônjuge pode o juiz dispensar a obrigatoriedade do regime de separação de bens. A última causa suspensiva propõe que: não devem casar o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Tem por intenção afastar pressão indevida para casamento que poderia trazer prejuízos patrimoniais aos tutelados e curatelados. A causa suspensiva cessa com a extinção da tutela ou da curatela com a respectiva aprovação das contas. Embora a nomenclatura possa levar à equivocada ideia de que são situações que suspendem a celebração do casamento, as causas suspensivas, uma vez que estatuídas no interesse particular, não obstam a realização da cerimônia e, tão-pouco, geram a anulação ou nulidade do casamento, que será considerado irregular, impondo-se aos cônjuges a o regime de separação de bens (art. 1.641, I, CC). Por fim, vale lembrar, que as causas suspensivas não se aplicam à união estável (art. 1.723, §2º., CC). A oposição das causas suspensivas só pode ser feita pelos parentes (consanguíneos ou afins) em linha reta de um dos nubentes, pelos colaterais de segundo grau (consanguíneos ou afins), conforme art. 1.524, CC , podendo ser apresentadas até o momento da celebração do casamento. O denunciante deve identificar-se, apresentando denúncia por escrito e indicando, ao menos, o local onde as provas podem ser obtidas (arts. 1.529 e 1.530, CC). Embora a oposição dos impedimentos e das causas suspensivas só possa ser feita até a celebração do casamento, nada impede que após a sua celebração seja proposta ação autônoma ou que sejam arguidos incidentalmente em outras ações (como de separação ou inventário). CASAMENTO PUTATIVO O casamento putativo é o casamento nulo ou anulável contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges (art. 1.561, CC). A boa-fé aqui se refere ao desconhecimento (no momento da celebração) do(s) nubente(s) quanto a impedimentos que viciavam o casamento, incorrendo em erro (desculpável) de fato ou de direito. São exemplos clássicos desta espécie de casamento: os irmãos que se casaram sem conhecer a sua condição de irmãos; a mulher que casa com homem já casado sem conhecer sua situação anterior. A putatividade, para gerar efeitos, deve ser expressamente prevista na sentença que declara nulo ou desconstitui o casamento, dependendo, para isso, de requerimento expresso das partes . A sentença deve indicar quais são os efeitos (art. 1.564, CC) que incidirão sobre aquele casamento. Eduardo de Oliveira Leite (2005, p. 113) enumera como principais efeitos: 1. Se ambos oscônjuges estavam de boa-fé: ?validade dos pactos antenupciais até a data da anulação; as doações antenupciais não são devolvidas; direito à herança é plenamente aplicável; direito aos alimentos até a data da sentença anulatória; uso do nome do outro cônjuge até a data da sentença anulatória; permanência da afinidade que nunca se extingue?; manutenção do sobrenome de casado. 2. Para o cônjuge de boa-fé: ?tem direito aos alimentos até a sentença anulatória; exerce o poder parental sobre os filhos; tem direito à meação do outro cônjuge; sucede aos filhos?. 3. Para o cônjuge de má-fé: ?deve alimentos à família até a data da sentença anulatória; perde o poder parental sobre os filhos [salvo melhor interesse da criança ou adolescente]; não terá direito à meação do outro cônjuge; não sucede aos filhos, embora estes, naturalmente, o sucedem?; perda do sobrenome de casado (salvo demonstração de que a perda prejudicaria sua identificação no meio social ou com os filhos). Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese das diferenças entre os planos de existência, validade e eficácia do casamento, preparando o aluno para dar continuidade ao assunto na próxima aula: causas de invalidade do casamento. NOTAS: 1- Vale lembrar que a ?impotentia coeundi? pode ser causa de anulação do casamento (art. 1.557, III, CC), já a ?impotentia generandi? não justifica a anulação do casamento porque a prole não é elemento essencial do casamento. Além disso, o casamento realizado ?in extremis vitae? dispensa a potência, por razões óbvias. 2- A expressão impedimento é de origem canônica e salienta o caráter excepcional da regra proibitiva. No CC/16 os impedimentos que geravam a nulidade absoluta do casamento eram chamados de impedimentos absolutamente dirimentes. No CC/02 são denominados impedimentos absolutos ou dirimentes públicos. 3- No CC/16 eram conhecidas como impedimentos proibitivos. 4- No entanto, a jurisprudência tem admitido que mesmo pessoas que não tenham interesse direto apresentem a oposição de causas suspensivas desde que demonstrem que podem ser atingidas indiretamente. 5- Pode também a putatividade ser requerida em ação autônoma declaratória da putatividade, promovida a qualquer tempo pela pessoa interessada. Estratégias de Aprendizagem Indicação de Leitura Específica Recursos quadro e pincel; datashow Aplicação: articulação teoria e prática Caso Concreto Quando eu tinha 18 anos minha mãe se casou com João, então com 50 anos. Por dois anos foram casados e felizes, mas minha mãe acabou morrendo em 2006 em virtude de um câncer de mama tardiamente descoberto e que lhe retirou a vida em pouquíssimos meses. Eu tinha um relacionamento muito bom com João e, após superarmos a morte prematura da minha mãe acabamos descobrindo que tínhamos muita coisa em comum. Resultado, começamos a namorar em 2008 e, em 2009 resolvemos casar. Fizemos todo o procedimento de habilitação para o casamento e, naquele mesmo ano, casamo-nos. Neste mês, no entanto, fomos surpreendidos por uma ação de anulação do casamento proposta pelo Ministério Público que afirma que a lei proíbe o nosso casamento em virtude do parentesco. Amo João e depois de tantos anos juntos não posso acreditar que nosso casamento esteja sendo questionado. O Ministério Público tem legitimidade para propor essa ação? Depois de tanto tempo já casados este pedido não estaria prescrito? Nunca tive nenhum um vínculo de parentesco com João, como esse fato pode estar sendo alegado? Justifique suas explicações à cliente em no máximo dez linhas. Questão objetiva 1 (TJPE Titular de Serviços de Notas e de Registros 2013) Em relação ao casamento, é correto afirmar: a. Não pode casar o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, podendo o ato ser anulado por seu ex-cônjuge. b. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, data a partir da qual produzirá efeitos. c. Os impedimentos matrimoniais podem ser opostos, até cinco dias após a publicação dos proclamas, por qualquer pessoa capaz. d. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família por meio do casamento. e. É nulo o casamento realizado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. Questão objetiva 2 (TJPE 2013) São impedidos de casar: a. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. b. o tutor com a pessoa tutelada, enquanto não cessar a tutela e não estiverem saldadas as respectivas contas. c. os parentes colaterais até o quarto grau. d. os afins em linha reta e em linha colateral. e. o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. Avaliação Caso Concreto Quando eu tinha 18 anos minha mãe se casou com João, então com 50 anos. Por dois anos foram casados e felizes, mas minha mãe acabou morrendo em 2006 em virtude de um câncer de mama tardiamente descoberto e que lhe retirou a vida em pouquíssimos meses. Eu tinha um relacionamento muito bom com João e, após superarmos a morte prematura da minha mãe acabamos descobrindo que tínhamos muita coisa em comum. Resultado, começamos a namorar em 2008 e, em 2009 resolvemos casar. Fizemos todo o procedimento de habilitação para o casamento e, naquele mesmo ano, casamo-nos. Neste mês, no entanto, fomos surpreendidos por uma ação de anulação do casamento proposta pelo Ministério Público que afirma que a lei proíbe o nosso casamento em virtude do parentesco. Amo João e depois de tantos anos juntos não posso acreditar que nosso casamento esteja sendo questionado. O Ministério Público tem legitimidade para propor essa ação? Depois de tanto tempo já casados este pedido não estaria prescrito? Nunca tive nenhum um vínculo de parentesco com João, como esse fato pode estar sendo alegado? Justifique suas explicações à cliente em no máximo dez linhas. Gabarito: João e sua esposa são parentes em linha reta de primeiro grau por afinidade (enteada e padrasto) e, sabe-se, o vínculo por afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamento (art. 1595, CC). Portanto, sendo parentes em linha reta de primeiro grau há impedimento para o casamento (art. 1521, II, CC). Ainda que o impedimento não tenha sido notado durante o procedimento de habilitação qualquer interessado e o Ministério Público podem pleitear sua nulidade a qualquer tempo (arts. 1548, II e 1549, CC), uma vez que se trata de norma de ordem pública. Questão objetiva 1 (TJPE Titular de Serviços de Notas e de Registros 2013) Em relação ao casamento, é correto afirmar: a. Não pode casar o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, podendo o ato ser anulado por seu ex-cônjuge. b. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, data a partir da qual produzirá efeitos. c. Os impedimentos matrimoniais podem ser opostos, até cinco dias após a publicação dos proclamas, por qualquer pessoa capaz. d. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família por meio do casamento. e. É nulo o casamento realizado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. Gabarito: D - art. 1513, CC Questão objetiva 2 (TJPE 2013) São impedidos de casar: a. o divorciado,enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. b. o tutor com a pessoa tutelada, enquanto não cessar a tutela e não estiverem saldadas as respectivas contas. c. os parentes colaterais até o quarto grau. d. os afins em linha reta e em linha colateral. e. o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. Gabarito: E - art. 1521, CC. Considerações Adicionais Referências Bibliográficas: Nome do livro: Direito das Famílias Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Editora: Lumen Juris Nome do capítulo: Capítulo II O Casamento Número de páginas do capítulo: 73
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