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RelatorioPlanoAula (33)

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DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 11
Filiação sob a ótica civil-constitucional
Tema
Filiação sob a ótica civil-constitucional
Palavras-chave
Objetivos
1. Compreender a evolução da filiação no Direito Brasileiro.
 
2. Compreender a influência da Biotecnologia e da Medicina nos conceitos de maternidade e 
paternidade.
 
3. Estudar a presunção de paternidade e entender o seu alcance.
 
4. Estudar a presunção de maternidade e entender o seu alcance.
 
5. Determinar a prova da filiação.
Estrutura de Conteúdo
1. Filiação.
a. Estrutura anterior à CF/88.
b. Estrutura conforme o art. 226, §5º., CF e reflexos no Direito Civil.
 
2. Presunção de paternidade
a. Alcance da presunção ?pater is est?
b. Contestação de paternidade.
 
3. Presunção de maternidade
a. Maternidade de substituição
b. Parto Anônimo
 
4. Prova de filiação
a. Posse do estado de filho
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as 
condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
Os arts. 226, §5º. e 227, §6º., CF, provocaram profundas mudanças no Direito de Família brasileiro porque 
acabaram com a assimetria típica de um sistema estruturado na família patriarcal, hierarquizada e com 
base em papéis bem definidos, bem como, extinguiram a categorização dos filhos sobre todos os aspectos 
(Eduardo de Oliveira Leite, 2005, p. 200), desatrelando a filiação da forma de constituição de família.
 
Então, a nova tábua axiológica da filiação passa a ser fundamentada na igualdade (formal e substancial 
entre os filhos e entre os genitores) e na solidariedade, ambas de eficácia imediata, garantindo-se o 
desenvolvimento da personalidade humana no seio familiar e o acesso à verdadeira parentalidade e a 
dignidade da pessoa humana. 
 
É nesse sentido que o art. 1.596, CC, estabelece: ?os filhos, havidos ou não da relação de casamento, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias[1]1 relativas à 
filiação?.
 
No entanto, embora reconhecidas formas diversas de constituição de família e vedadas todas as 
qualificações pejorativas e limitadoras do direito à filiação, inexplicavelmente[2]2, o legislador manteve o 
sistema de presunções de paternidade atrelado ao casamento (art. 1.597, CC), incompatível, inclusive, 
com os avanços biotecnológicos na área da reprodução humana assistida.
 
Afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 474) que ?há de se ter na tela da 
imaginação, nesse panorama, que o problema a se descortinar em nossos olhos não é mais o de 
fundamentar as novas relações jurídicas de família, mas sim, protegê-las. Não se trata mais de reconhecer 
o direito à filiação. Negá-lo, seria fechar os olhos a uma realidade concreta e presente e, assim, por via 
oblíqua, negar a própria inteligência e capacidade humanas. A grande questão que toca ao jurista do novo 
tempo é a proteção a ser conferida ao direito à filiação. É de se buscar a maneira mais eficaz de assegurar 
o exercício da filiação nesse novo quadro de relações sociais, econômicas e jurídicas, impedindo sua 
violação. Todo e qualquer tipo de filiação paterno-filial merece proteção especial no cenário descortinado 
pela Constituição da República, o que, em última análise, corresponde à tutela avançada da pessoa 
humana e de seu [sic] intangível dignidade?.
 
Por isso, deve-se reconhecer na filiação uma relação multifacetária que engloba a filiação propriamente 
dita (parentesco em primeiro grau em linha reta); a maternidade e a paternidade, todas voltadas a um 
único fim: proteção integral da criança ou adolescente e consequente desenvolvimento de suas 
personalidades. Afirmando-se, desta forma, valores existenciais para além dos direitos patrimoniais 
decorrentes da própria filiação.
 
Feitas estas considerações, o professor pode partir para a análise dos critérios determinantes da filiação 
previstos pelo ordenamento civil brasileiro.
 
CRITÉRIOS DETERMINANTES DA FILIAÇÃO
 
Determinado o novo alcance da filiação após a CF/88, diferentes (e não hierarquizados) critérios podem 
ser utilizados para sua determinação, o primeiro deles é o critério jurídico ou legal.
 
O art. 1.597[3]3, CC, fixa as presunções de paternidade decorrentes do casamento (?pater is est?[4]4), 
presumindo-se pai aquele que é casado com a mãe, presunções que acabam por sobrepor a verdade 
biológica à verdade sócio-afetiva e que não se coadunam com os avanços biotecnológicos capazes de 
esclarecer ?qualquer? dúvida sobre filiação:
 
1. Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal.
o É paternidade determinada pelo critério biológico, que retoma a defasada regra já 
expressa no CC/16.
o 180 dias é o período mínimo de gestação.
o A contagem do prazo se inicia com o estabelecimento da sociedade conjugal.
 
2. Nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal por morte, separação 
judicial, nulidade e anulação do casamento.
o É paternidade determinada pelo critério biológico, que retoma a defasada regra já 
expressa no CC/16.
o 300 dias é o período máximo de gestação.
o A contagem de prazo inicia a partir da separação de fato, independente de decisão 
judicial ou dissolução extrajudicial.
 
3. Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido.
o Vale frisar que o Código Civil ao se referir nos incisos III, IV e V à fecundação artificial e 
inseminação artificial, está na verdade se referindo a qualquer das técnicas de 
reprodução humana medicamente assistida (RMHA ou RHA) que é termo mais 
abrangente que se refere a qualquer prática médica que interfira no processo natural de 
reprodução.
o Jornada III STJ 257 ? As expressões ?fecundação artificial?, ?concepção 
artificial? e ?inseminação artificial?, constantes, respectivamente, do CC 1597 
III, IV e V, devem ser interpretadas restritivamente, não abrangendo a utilização 
de óvulos doados e a gestação de substituição.
o Na RHA as técnicas mais utilizadas são:
 A inseminação artificial (I.A.): expressão proposta pelos franceses Donay, 
Devraigne e Seguy que designa a técnica que consiste em ser inseminada a 
mulher com esperma previamente colhido do marido por onamismo e injetado 
pelo médico, na cavidade uterina ou no canal cevical, no período em que óvulo 
se encontra suficientemente maduro para ser fecundado (Jussara Meirelles, 
2004).
 Fertilização ?in vitro?- F.I.V.: desenvolvida para contornar a esterilidade 
conjugal por fator tubário irreversível, a FIV consiste na obtenção de óvulos 
que são fertilizados em laboratório, sendo os embriões posteriormente 
transferidos diretamente para a cavidade uterina (FIVET) (Jussara Meirelles, 
2004).
- Ambas as técnicas podem ser:
 Heteróloga (hétero-inseminação ou hétero-fecundação): utiliza-se o esperma 
de um doador fértil (geralmente bancos de sêmen). É indicada para os casos de 
oligospermia grave; azoospermia (ausência de espermatozóides); doenças 
hereditárias graves do marido; incompatibilidade sangüínea do casal que leve a 
interrupção da gravidez.
 Homóloga (ou auto-fecundação ou auto-inseminação): é a realizada com 
sêmen do marido ou companheiro. Indicada para os casos de incompatibilidade 
ou hostilidade do muco cevical; de oligospermia (reduzidos o número ou 
mobilidade dos espermatozóides) e retroejaculação (taxa normal de 
espermatozóides que, no entanto, ficam retidos na bexiga).
 
o Jornada I STJ 106 ? Para que seja presumida a paternidade do marido falecido, será 
obrigatórioque a mulher, ao se submeter a uma das técnicas de reprodução assistida 
com material genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatório, ainda 
que haja autorização escrita do marido para que se utilize seu material genético após 
sua morte. 
o A possibilidade de reprodução ?post mortem? aberta por este inciso tem gerado 
grandes debates na doutrina sobre problemas que surgirão quanto ao direito à filiação e 
os direitos sucessórios do embrião gerado após a morte do marido e que ainda não 
possuem regulamentação adequada no CC/02.
 
4. Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários (ou pré-implantatórios) 
decorrentes de concepção artificial homóloga.
o Embriões excedentários são aqueles resultantes de fecundação ?in vitro? que não foram 
implantados na mulher e que se encontram congelados até que os pais resolvam sobre 
seu destino. Sobre a destinação e conservação dos embriões excedentários vide art. 5º. 
da Lei n. 11.105/05 (Lei de Biossegurança).
o Jornada I STJ 107 ? Finda a sociedade conjugal, na forma do CC 1571, a regra do inc. IV 
somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges, 
para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada até o início do 
procedimento de implantação desses embriões.
o Jornada I STJ 128 ? proposta de revogação do art. 1597, IV, CC.
 
5. Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. 
o Entende-se que havendo prévia autorização do marido não haverá possibilidade de 
impugnar a paternidade ou retratar a autorização.
o Trata-se de filiação baseada em laços jurídicos que nascem da afetividade.
 
Deve-se, destacar, que nenhuma destas presunções pode ser tida por absoluta, admitindo-se, portanto, 
prova em contrário conforme as hipóteses expressamente previstas em lei (o que contraria a 
determinação constitucional de não discriminação dos filhos). 
 
O art. 1.598, CC, refere-se à presunção de paternidade de filho da mulher, cujo marido foi substituído por 
outro durante o período de concepção. Nestes casos, presume-se que pai é o primeiro marido, se o filho 
for nascido nos trezentos dias contados da dissolução do casamento (art. 1.523, CC); será considerado do 
segundo marido se nascido após este período e se já houver decorrido o prazo do art. 1.597, I, CC. Note-
se que, mais uma vez, em face do desenvolvimento e barateamento dos exames de DNA, este artigo é 
uma velharia mantida pelo CC/02 que visa sobrepor a verdade biológica sobre a afetiva.
 
O art. 1.599, CC, determina que a ?prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, 
ilide a presunção da paternidade?. Trata o artigo da ?impotentia generandi?, bastando provar sua 
existência no momento da concepção, independente de ter sido ela superada depois ou não.
 
Diante do sistema de presunção de paternidade adotado pelo Código Civil, a confissão da mulher sobre a 
origem biológica do filho (art. 1.602, CC) ou o adultério demonstrado não são por si só suficientes para 
afastá-la (art. 1600, CC), uma vez que não tem ela legitimidade para negar a paternidade. Trata-se 
também de dispositivo que restou esvaziado em face dos exames de DNA, mas que, no entanto, visa 
resguardar a verdade sócio-afetiva sobre a verdade biológica.
 
Então, cabe ao marido contestar a paternidade dos filhos nascidos da esposa, sendo esta ação 
imprescritível[5]5 (art. 1.601, CC e art. 27, ECA). Mas uma vez, parece o legislador determinar a 
sobreposição da paternidade biológica sobre a afetiva o que pode gerar situações injustas como a do filho 
que vê a paternidade impugnada após 30, 40 anos.
 
Concluem Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 511) que ?a contestação da filiação, 
através da negatória promovida pelo pai ou pela mãe, deve ser fundada em motivo alheio à sua vontade, 
tais como os vícios de vontade (erro, dolo, coação), dentre outras possibilidades. É preciso, aqui, não 
confundir a possibilidade de ser promovida a ação negatória a qualquer tempo com a procedência do 
pedido formulado. O fato de ser possível, a qualquer momento, aforar a demanda não significa que o 
pedido será acolhido em juízo. É que, repita-se à exaustão, mesmo diante da prova de inexistência de 
vínculo genético, poderá restar evidenciada a existência de uma relação sócio-afetiva, o que conduzirá à 
impocedência do pedido negatório?.
 
MATERNIDADE DE SUBSTITUIÇÃO
 
A mesma riqueza técnica que fez surgir o exame de DNA e a verdade biológica, marcou também o 
advento da Reprodução Humana Assistida (RHA), impondo outros critérios para determinar a 
parentalidade.
 
Dentro dos questionamentos sobre a filiação decorrente das técnicas de RHA pode-se destacar a 
maternidade de substituição (mais conhecida como Barriga de Aluguel[6]6) que é técnica em que uma 
mulher utiliza (gratuita ou onerosamente) útero alheio para gerar seus filhos e que contrapõe a verdade 
biológica e a verdade socioafetiva.
 
Antes dessas técnicas a mãe jurídica era a mãe genética (titular do óvulo fornecido); mãe nutriz (ou mãe 
de gestação, ou mãe portadora) e mãe social (a que deu início ao projeto parental). A maternidade 
juridicamente reconhecida se caracterizava por reunir em uma pessoa, todos esses aspectos. À medida 
que se separam esses aspectos, surgem problemas para se estabelecer quem é verdadeira a mãe e, como 
o Brasil possui apenas regulamentação ética sobre o tema (Resolução 1.957/10, CFM) o problema se 
agrava, uma vez que a participação de mais de uma mulher no processo gestacional prejudica a 
presunção (absoluta) de maternidade secularmente estabelecida.
 
Embora haja controvérsia doutrinária sobre a (in)validade de negócios jurídicos sobre maternidade de 
substituição a tendência que aponta na doutrina e na jurisprudência é: aceitar a cessão apenas gratuita do 
útero acolhendo-se, até que lei especial entre em vigor, as diretrizes do Conselho Federal de Medicina; 
uma vez aceita a maternidade de substituição tende-se a deferir à mãe biológica ou socioafetiva a filiação.
 
Destaca Jussara Maria Leal de Meirelles (2004) que ainda que gratuito o ajuste, deve-se observar que o 
homem vivo não é objeto de direito, e sim, as partes corporais que, uma vez separadas pertencem como 
coisas, àquele de quem foram retiradas. Logo, nas hipóteses em que há utilização de óvulo da gestante, 
inadmissível a negociação, dado que não é aquele substância separada do corpo. Se somente o útero é 
utilizado, sendo o óvulo extraído daquela que tem interesse na criança, as razões são as mesmas para 
também não ser admitida. E o embrião obtido in vitro não é parte de qualquer corpo, é o próprio corpo 
de pessoa humana em formação. 
 
Quanto a questão do registro da criança nascida por essa técnica de RHA, afirmam Cristiano Chaves de 
Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 484-485) que ?não haverá dificuldade quando o parto for realizado 
pelo mesmo médico que cuidou do procedimento de fertilização. Neste caso, deverá ser procedido 
regularmente o registro de nascimento com base na declaração fornecida pelo médico, que inscreverá na 
declaração de nascido vivo (exigida pelo art. 46, Lei n. 6.015/73) o nome da mãe biológica.? Parece não 
ser a solução mais adequada uma vez que o médico estaria dando falsa declaração e a mãe biológica 
dando parto alheio como próprio o que contraria o ordenamento jurídico.
 
Continuam os autores: ?todavia, se o médico que realizar o parto não for o mesmo que promoveu a 
fertilização em útero alheio, somente poderá ele registrar na declaração de nascido vivo o nome da 
parturiente (mãe hospedeira). Neste caso, o interessado (a mãe biológica, o pai, o Ministério Público...), 
ou o próprio Oficialdo Registro Civil de ofício, suscitará o procedimento de dúvida (art. 296 c/c os arts. 
198 a 204 da Lei n. 6.015/73) ao juiz da Vara de Registros Públicos, que, com o auxílio da prova pericial 
(DNA) e ouvido o Parquet, determinará a inscrição do nome da mãe biológica no registro de nascimento?. 
Ocorre que não necessariamente a mãe socioafetiva coincidirá com a mãe genética (o material pode ter 
vindo de uma terceira doadora), razão pela qual a confirmação da maternidade pelo DNA também não 
pode ser considerada absoluta.
 
Atendendo aos novos preceitos constitucionais quanto à filiação e compreendendo-se que a presunção de 
maternidade hoje está relativizada, entende-se que o melhor critério a ser adotado nestes casos é a 
determinação da maternidade socioafetiva, garantindo-se, assim, à mulher que necessitou se socorrer 
desta técnica a almejada realização do projeto parental.
 
O assunto é extenso para ser esgotado nestas poucas linhas, por isso, indica-se como leitura 
complementar o livro: MEIRELLES, Jussara Maria Leal. Reprodução assistida e exame de DNA: implicações 
jurídicas. Curitiba: Gênesis, 2004.
 
PARTO ANÔNIMO
 
O parto anônimo é a denominação politicamente correta para o que a partir da Idade Média se conhecia 
por roda os expostos ou roda dos enjeitados (utilizada no Brasil até a década de 50), primeira iniciativa 
para atender crianças abandonadas cujas mães não queriam ser identificadas.
 
Para os seus defensores o parto anônimo, então, é uma garantia que assegura a vida, a saúde e a 
dignidade de crianças rejeitadas por suas mães por questões diversas, coadunando-se, inclusive com a 
proteção prevista no art. 7º., ECA. Para os que se opõem à sua chancela jurídica o parto anônimo quebra 
o princípio da paternidade responsável, incentivando o abandono.
 
Concluem Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 490) que ?não nos parece objetável a 
alegação da criança tem direito a uma genitora. Com efeito, já se apresentou exaustivamente, a tese de 
que a filiação, na perspectiva pluralista das relações de família contemporâneas, é calcada no afeto e na 
solidariedade, perpassando o alcance, tão-só, biológico. Assim, o direito ao estado filiatório, garantido 
constitucionalmente, pode ser resolvido pela utilização do critério da afetividade, não sendo obstada pelo 
uso do parto anônimo?.
 
É nesse sentido que dispõe o art. 8º., §5º., ECA, que ?a assistência referida no §4º. Deste artigo deverá ser 
também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção?.
 
Há no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2747 do Deputado Federal Eduardo Valverde que visa instituir 
o parto anônimo para coibir e prevenir o abandono de crianças recém-nascidas, mas devido à ampla 
repercussão social gerada, encontra-se parado.
 
PROVA DA FILIAÇÃO
 
O sistema de prova da filiação adotado pelo Código Civil é o da prova pré-constituída, ou seja, a filiação se 
prova pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil (art. 1.603, CC), que tem efeito 
declaratório. No entanto, assim como ocorre no casamento, esta prova é ?quase? absoluta, podendo o 
registro ser invalidado por erro ou falsidade ou a filiação ser provada por outros meios (art. 1.605, CC ? rol 
exemplificativo).
 
Dentre os meios de prova admitidos confere-se a posse do estado de filho (projeção da teoria da 
aparência) que na definição de Orlando Gomes (2009, p. 324) ?constitui-se por um conjunto de 
circunstâncias capazes de exteriorizar a condição de filho do casal que o cria e educa? e que exige: 
?tractatus? (a criança é tratada como filho); ?nomem? (a criança utiliza o sobrenome de família dos pais); 
?fama? (a criança é reconhecida no meio social como filha). Havendo dúvida sobre a filiação ou não, deve-
se declarar sua existência. 
 
Lembre-se, também, que a comprovação de origem genética com o exame de DNA, por si só, não é 
suficiente para demonstrar a existência de relação de parentesco (dessacralização do DNA), uma vez que 
a paternidade pode ser determinada pela afetividade.
 
A ação de prova de filiação compete ao filho enquanto viver, passando aos seus herdeiros se morrer 
menor ou incapaz (art. 1.606, CC). Iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão dar continuidade, salvo 
se julgado extinto o processo.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. 
Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre a filiação trabalhados na aula, preparando 
o aluno para o tema da próxima aula: reconhecimento dos filhos.
NOTAS
[1] Lembre-se: a filiação não é mais um favor concedido ao filho, como o era à época das Ordenações 
Portuguesas e do CC/16 (antes da CF/88).
[2] Destacam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 473) que: ?impõe-se, nessa tocada, 
um aperfeiçoamento dos instrumentos de averiguação e reconhecimento da filiação, por conta das 
diretrizes constitucionais, afirmando a primazia dos interesses superiores da pessoa humana, como 
verdadeiro exercício de cidadania?.
[3] Discute-se se estas presunções deveriam ou não ser aplicadas à união estável. Prevalece na doutrina o 
entendimento de que as presunções não podem ser aplicadas à união estável, não admitindo o art. 1.597, 
CC, interpretação extensiva. No entanto, a exclusão é questionada por autores como Maria Berenice Dias 
que a considera injustificada e desarrazoada porque cria duas categorias de filhos: os que decorrem do 
casamento e tem direito à presunção automática de paternidade e os que nascem de pessoas não 
casadas que não dispõem desta presunção, o que seria inconstitucional.
[4] A presunção ?pater is est quaem justae nuptiae demonstrat? é máxima desenvolvida no Direito 
Romano (que centrava a presunção na família constituída pelo matrimônio) e abraçada pelo 
ordenamento nacional, que, no entanto, já não o considera absoluta o que, no entanto, não afasta a 
possibilidade de gerar injustiças.
[5] Posição diferente tinha o CC/16 que estabelecia prazos prescricionais para que o pai contestasse a 
paternidade, conforme arts. 344 e 345.
[6] Denominações diversas: gestação por outrem; cessão de útero; maternidade por sub-rogação; 
maternidade por procuração; maternidade de substituição; maternidade de aluguel; mãe portadora; mãe 
por procuração; mãe interina; mãe de aluguel; mãe por comissão; etc. 
 
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow. 
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
Dra. Ana Carolina, Jorge é meu enteado desde que tinha mais ou menos dois anos de 
idade. Sua mãe faleceu no parto e desde pequeno sempre cuidei dele como se fosse meu 
filho. Temos um relacionamento muito próximo e agora que ele já possui 19 anos 
gostaríamos de documentar nosso parentesco. Consultei outro advogado que disse-me 
que a única opção para reconhecê-lo como filho seria realizar a adoção, o que implicaria, 
automaticamente na retirada do nome da mãe biológica dele da certidão de nascimento. 
Mas não é isso que queremos. Quero ser reconhecida como a mãe afetiva de Jorge, sem 
que isso implique necessariamente a exclusão da mãe biológica em respeito à sua 
memória. Não há nenhuma outra alternativa para a nossa situação? O que você 
aconselharia à sua cliente? Explique sua resposta em até dez linhas.
Questão objetiva 1
(VII OAB) A respeito da perfilhação é correto dizer que: 
a. constitui ato formal, de livre vontade, irretratável, 
incondicional e personalíssimo. 
b. se torna perfeita exclusivamente por escritura pública ou instrumento particular. 
c. não admite o reconhecimento de filhos já falecidos, 
quando estes hajam deixado descendentes. 
d. em se tratandode filhos maiores, dispensa-se o consentimento destes. 
Questão objetiva 2
(TJRO 2012) Em relação ao registro de filhos, analise as assertivas em conformidade 
com o disposto no Código Civil. 
I. A lei presume que os filhos de mulheres casadas há mais de 180 
dias são do marido, sendo dispensável a presença do pai no dia do registro. 
II. Para registrar o filho nascido após a morte do marido, será necessária a 
concordância dos herdeiros, não recaindo nenhum tipo de presunção. 
III. O reconhecimento voluntário do filho pode ser tanto direto no 
registro, como em escritura pública apartada. 
IV. O reconhecimento voluntário do filho pode ser anterior ao seu 
nascimento, e é por natureza irretratável. 
 
Assinale a alternativa correta: 
a. São verdadeiras apenas as assertivas III e IV.
b. São verdadeiras apenas as assertivas I e II.
c. Todas as assertivas são verdadeiras.
d. São verdadeiras apenas as assertivas I, III e IV.
Avaliação
Caso Concreto
Dra. Ana Carolina, Jorge é meu enteado desde que tinha mais ou menos dois anos de 
idade. Sua mãe faleceu no parto e desde pequeno sempre cuidei dele como se fosse meu 
filho. Temos um relacionamento muito próximo e agora que ele já possui 19 anos 
gostaríamos de documentar nosso parentesco. Consultei outro advogado que disse-me 
que a única opção para reconhecê-lo como filho seria realizar a adoção, o que implicaria, 
automaticamente na retirada do nome da mãe biológica dele da certidão de nascimento. 
Mas não é isso que queremos. Quero ser reconhecida como a mãe afetiva de Jorge, sem 
que isso implique necessariamente a exclusão da mãe biológica em respeito à sua 
memória. Não há nenhuma outra alternativa para a nossa situação? O que você 
aconselharia à sua cliente? Explique sua resposta em até dez linhas.
Gabarito: Alguns tribunais brasileiros estão aceitando a coexistência da 
maternidade socioafetiva com a maternidade biológica em situações como a 
narrada. De fato, a lei não prevê a possibilidade de vínculo pluri ou multiparental, 
no entanto, o reconhecimento dos novos arranjos familiares e a valorização dos 
vínculos afetivos permite sustentar a coexistência da maternidade biológica e da 
maternidade socioafetiva, reconhecendo-se a filiação também decorrente desta.
Vide: TJSP - Decisão, em segunda instância, é inédita na Justiça brasileira. 
Estudante de Itu, SP, foi criado pela madrasta. Na noite do último dia 14 
(19/08/2012), em Itu (SP), a família do jovem Augusto Guardia se reuniu em um 
jantar, como em tantas outras ocasiões. Mas, desta vez, a reunião teve um motivo 
especial: comemorar o reconhecimento, pela Justiça, de que ele tem duas mães. O 
Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a Augusto o direito de ter o nome da 
madrasta incluído em sua certidão, sem que fosse excluído o nome da mãe biológica. 
A decisão, inédita na Justiça brasileira, abre precedente sobre o reconhecimento de 
filiação socioafetiva. O acórdão do TJ-SP modificou o entendimento da 2a. Vara 
Cível de Itu. Em primeira instância, a vara acatou o pedido de retificação do 
registro para que Augusto passasse a ter o sobrenome da madrasta, mas negou o 
reconhecimento de filiação. Com a decisão favorável, o jovem, que é estudante de 
Direito, poderá ter o nome da madrasta ao lado do nome de sua mãe biológica. "Os 
tribunais sempre aceitaram a adoção, mas o nome da mãe biológica era substituído 
pelo da madrasta. A decisão do TJ é importante porque reconhece o valor das duas 
mulheres na vida do rapaz, demonstrando a gratidão dele pela mãe biológica e pela 
mãe do coração", explica Karla Novelli, especialista em direito da família. "Sou um 
privilegiado". A decisão foi motivo de festa. “Ficamos felizes por nós e pelos outros, 
afinal, isso pode favorecer outras pessoas que estejam nessa situação a conseguir 
legitimar os três laços familiares”, afirma o rapaz que hoje, diante da Justiça, possui 
um pai, duas mães e seis avós. “Sou um privilegiado.”A ação foi movida pela 
advogada Vivian Medina Guardia, “mãe do coração” de Augusto, cuja mãe 
biológica morreu três dias após dar à luz, vítima de um acidente vascular cerebral. 
Meses depois, seu pai, Manoel, conheceu Vivian, com quem se casou. Mas, apesar do 
novo relacionamento, a família da mãe biológica sempre se manteve próxima. 
“Quando minha mãe morreu, meu pai foi morar com meus avós maternos. 
Moramos juntos até ele se casar de novo, quando eu tinha dois anos. Essa relação de 
proximidade sempre se manteve”, conta.
Na decisão do TJ, o juiz Cássio Henrique Dolce de Faria afirma que a advogada 
participou ativamente da vida do rapaz, com quem mora até hoje. A presença da 
madrasta na vida de Augusto foi comprovada por fotos anexadas ao processo. O 
juiz salienta que a advogada poderia optar apenas pela adoção, mas, por respeito à 
memória da mãe biológica do rapaz, decidiu requerer o reconhecimento da filiação 
sem que o nome da mãe fosse excluído.
“A ideia sempre foi essa. Por mais que eu sempre tenha me sentido como filho de 
duas mães, queríamos que a Justiça reconhecesse isso”, explica Augusto, que nunca 
aceitou que Vivian fosse chamada de madrasta pelos outros. “Ela sempre foi minha 
mãe, eu tenho no céu e uma na terra”, diz.
Contratempos. Aos 19 anos, Augusto lembra os contratempos que teve quando 
ainda era menor de idade. “Era complicado viajar com a Vivian, tinha que levar o 
atestado de óbito da minha mãe e autorização do meu pai, tinha que explicar a 
mesma história várias vezes.”
"A decisão confirma a atual tendência da família moderna: ser 'multi' em todas as 
suas formas. A jurisprudência dos tribunais na seara da família já vinha 
privilegiando os laços baseados no respeito, cuidado, afetividade e atenção 
recíprocos em detrimento de laços puramente biológicos. A tendência é que o direito 
reconheça cada vez mais que mãe ou pai não são somente aqueles que dão a vida, 
mas também aqueles que cuidam", diz Novelli.
Questão objetiva 1
(VII OAB) A respeito da perfilhação é correto dizer que: 
a. constitui ato formal, de livre vontade, irretratável, 
incondicional e personalíssimo. 
b. se torna perfeita exclusivamente por escritura pública ou instrumento particular. 
c. não admite o reconhecimento de filhos já falecidos, 
quando estes hajam deixado descendentes. 
d. em se tratando de filhos maiores, dispensa-se o consentimento destes. 
Gabarito: A - arts. 1607; 1610, CC
Questão objetiva 2
(TJRO 2012) Em relação ao registro de filhos, analise as assertivas em conformidade 
com o disposto no Código Civil. 
I. A lei presume que os filhos de mulheres casadas há mais de 180 
dias são do marido, sendo dispensável a presença do pai no dia do registro. 
II. Para registrar o filho nascido após a morte do marido, será necessária a 
concordância dos herdeiros, não recaindo nenhum tipo de presunção. 
III. O reconhecimento voluntário do filho pode ser tanto direto no 
registro, como em escritura pública apartada. 
IV. O reconhecimento voluntário do filho pode ser anterior ao seu 
nascimento, e é por natureza irretratável. 
 
Assinale a alternativa correta: 
a. São verdadeiras apenas as assertivas III e IV.
b. São verdadeiras apenas as assertivas I e II.
c. Todas as assertivas são verdadeiras.
d. São verdadeiras apenas as assertivas I, III e IV.
 Gabarito: D - arts. 1597; 1609; 1610, CC
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas:
Nome do livro: Direito das Famílias
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson
Editora: Lumen Juris
Nome do capítulo: Capítulo VII A Filiação e o Reconhecimento de Filhos 
Número de páginas do capítulo: 112

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