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Compreenda o que é o Superávit Primário São Paulo 2016 Compreenda o que é o Superávit Primário Reprodução autorizada, desde que cite a fonte. No meu blog há a parte resumida Autor: Enio Amorim Estudante de: Ciências Econômicas, Ciência Política, Investimento e Finanças Pessoais Blog: http://enioamorim.webnode.com; Twitter: Enio Amorim; Linkedin: Enio Amorim; E-mail: enio_dp@hotmail.com Facebook: Enio Amorim São Paulo 2016 Sumário Introdução ......................................................................................... 1 O que é Superávit Primário? ............................................................. 2 Traduzindo o economês, Superávit Primário .................................... 4 Por que não juntar tudo um uma única conta? ................................. 4 O que diz a Lei de responsabilidade Fiscal ...................................... 4 Punição para o não cumprimento da LC 101.................................... 6 Alguns dos dez mandamentos da Gestão Fiscal Responsável ........ 8 Contra o Superávit Primário .............................................................. 8 A favor do Superávit Primário ...........................................................12 Discutindo o Superávit Primário ....................................................... 15 Como o governo faz Superávit Primário .......................................... 20 De onde vem essas dívidas, que obriga o governo fazer o Superávit Primário ................................................................ 21 Há alguma alternativa ...................................................................... 22 Um pouco de história da dívida pública no Brasil ............................. 23 Conceitos Básicos de dívida pública ................................................ 26 Conclusão ......................................................................................... 27 Anexos .............................................................................................. 28 Fonte bibliográficas ........................................................................... 35 1 Introdução O trabalho: Compreenda o que é o Superávit Primário, tem por objetivo informar, divulgar e, principalmente explicar de forma simples e didática o que é esse assunto tão abordado nos noticiários e pelas autoridades públicas. Será abordado ao longo do trabalho, o que é o superávit primário; sua definição, de forma didática; uma definição do economês; o que a Lei de reponsabilidade fiscal diz; as opiniões contra, as opiniões a favor; as alternativas para livrar-se dele e, ao final, há diversos anexos, para uma melhor compreensão. Para fazer esse trabalho, foram coletados diversos artigos, livros, materiais do Banco Central do Brasil, Tesouro Nacional e DIEESE. Em outras palavras, somente fontes oficiais. 2 O que é Superávit Primário? Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, IPEA, antes de entender o conceito de Superávit Primário é necessário entender que superávit é um resultado positivo. Segundo o IPEA, quando, ao final de um período, se observa que os gastos foram menores que as despesas, diz então: que houve um superávit; caso contrário significa que que houve um déficit. O IPEA acrescenta, que isso acontece não somente no governo, com também nas: empresas e nas famílias. Toda vez que é falado que houve Superávit Primário significa: que o governo arrecadou mais do que gastou. E quando há um Déficit Primário1 significa: que o governo arrecadou menos e gastou mais. De acordo com o IPEA, para a elaboração do cálculo não são considerados os juros, as correções monetárias das dívidas públicas2, pois não fazem parte da natureza do cálculo. O resultado primário, seja ele superávit ou déficit, é um indicador de como o governo, as famílias e empresas estão lidando com suas contas. Definição: Para ficar mais claro vamos imaginar uma empresa: em determinado período ela conseguiu ter mais lucro. Somado a isso ela fez uma reforma e conseguiu cortar despesas. Resultado, ela conseguiu aumentar seu caixa. Quando isso ocorre na empresa, ela conseguirá pagar os juros dos empréstimos que ela tomou tempo atrás. 1 As despesas e pagamentos são maiores que a receita total 2 É a dívida contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do Governo Federal 3 Trazendo esse exemplo para o governo: em determinado período, assim como as empresas obtém lucro, o governo também obtém lucro, ao arrecadar mais. Somado a isso, o governo fez algumas reformas e conseguiu cortar despesas desnecessárias. Resultado, ele conseguiu aumentar seu caixa. Quando isso ocorre no governo é o chamado de Superávit Primário, ou seja, ele conseguiu economizar dinheiro para pagar os juros de suas dívidas. Uma pequeno e simples modelo para exemplificar: O que leva o governo a ter esse descontrole financeiro? Apesar que levando em consideração uma empresa ou uma família já dá para ter uma noção ou uma resposta para essa pergunta, mas não custa falar. Vamos imaginar que José é um consumidor desorganizado com suas finanças pessoais, ou seja, não organizava as contas, gastava mais que ganhava e entrava no cheque especial com muita frequência. Tempos mais tarde, José, foi pressionado pelos lojistas e bancos para pagar suas dívidas, José então cortou gastos desnecessários e cortou as diversões do fim de semana, logo, começou a pagar as dívidas e os juros. Passados alguns meses, ao ter pago suas dívidas e os juros, foi informado que os restantes dos juros podiam ser reduzidos juntos aos bancos, caso consiga reduzir seu saldo devedor. Enfim, essa história comparativa foi para, segundo o IPEA, para exemplificar que foi exatamente isso que aconteceu com o governo federal brasileiro. José conseguiu consertar sua vida financeira, mas, infelizmente, no caso do governo federal, o final da história não foi feliz, pois, atualmente, a dívida do governo está alta, pegando dados recentes, segundo o Tesouro Nacional em 2015, essa dívida é R$2,646 trilhões e poderá/ deverá aumentar ainda mais dadas algumas circunstâncias, como por exemplo: Juros altíssimo, baixa arrecadação e, o pior, falta de planejamento. 4 Traduzindo o economês, Superávit Primário Segundo o Fórum Brasil de Orçamento, frequentemente o governo usa esse termo, Superávit Primário, para simplesmente anunciar que o governo nunca pode gastar mais do que arrecada. Por que não juntar tudo um uma única conta? De acordo com o FBO, porque, o Superávit Primário não inclui despesas com dívidas, pois são muito maiores que o superávit. Os cálculos do Superávit Primário não refletem a situação real das contas públicas, pois quando as despesas com pagamento de juros das dívidas são incluídas o resultado é um elevado déficit nas contas públicas, afirma o FBO. O que diz a Lei de responsabilidade Fiscal Segundo o Tesouro Nacional, A Lei de Responsabilidade Fiscal (lei nº101, de 04/05/2000) estabelece em regime nacional, parâmetrosa serem seguidos com relação aos gastos públicos de cada unidade federativa, estados e município. Segundo o Tesouro, o objetivo dessa lei é garantir a saúde financeira de estados e municípios; aplicar recursos adequados nos setores e garantir uma boa herança administrativa para os futuros gestores públicos. Segundo o Planalto3, o Art 19, para fins do art 169 da Constituição, as despesas totais para cada unidade da Federação não poderão exceder os seguintes números: 3 Informações sobre a Presidência da República do Brasil 5 1- União: 50%; 2- Estados: 60%; 3- Municípios: 60%. O Planalto detalha ainda mais os percentuais descritos acima no Art 20, ao colocar repartição aos limites recebidos por: União, Estados e Municípios. Observe: União: - 2,5% para o Legislativo incluindo o Tribunal de Contas da União; - 6% para o Judiciário; - 40,9% para o Executivo (sendo 3% para despesas com pessoal); - 0,6% para o Ministério Público; Estados: - 3% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Estado; - 6% para o Judiciário; - 49% para o Executivo (governo estadual); - 2% para o Ministério Público dos Estados. Municípios: - 6% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas dos Municípios, quando houver; - 54% para o Executivo municipal (prefeito); De acordo com Edson Ronaldo, analista de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional e IIvo Debus, Consultor de Orçamentos, A lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei Complementar4 nº 101, de 4/5/2000, tem como regulamento na Constituição Federal, na parte de Tributação e Orçamento as normas gerais de finanças públicas a serem 4 Estabelece, em regime nacional, parâmetros a serem seguidos relativos ao gasto público 6 seguidas pelos seguintes níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal. Segundos Ronaldo e Debus, A LRF não substitui a Lei nº 4.320/64, a qual cria normas para as finanças públicas no país, há mais de 36 anos. Contudo, segundos os dois especialistas, a própria Constituição Federal já tenha determinado a edição de uma nova lei sobre esse assunto. A LRF obedece ao artigo 1695 da Carta Magna6, a qual determina: o estabelecimento de limites para as despesas com o pessoal ativo e inativo da União a partir da Lei Complementar (nº 101, de 4/5/2000), afirma Ronaldo e Debus. De acordo com o Ronaldo e Debus, alguns juristas de finanças pública afirmam que a LRF atende ao inciso II do parágrafo 9º que estabelece: Cabe a Lei Complementar estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta.... Punição para o não cumprimento da LC7 101 De acordo com os dois especialistas, existem dois tipos de punições para mandatário que não cumpri as regras estabelecidas na Lei de Responsabilidades fiscais são elas: - Punições Fiscais Correspondem ao impedimento do mandatário para contratação de operações de créditos, obtenção de garantias para contratações. - Sanções Penais Nesse item significa: 5 A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados e dos Municípios 6 Não é uma lei e sim normas que abrange deveres e obrigações das pessoas incluindo o Direito 7 Lei complementar 7 1- Pagamentos de multas com recursos próprios (nesse caso, segundo Ronaldo e Debus, pode chegar a 30% dos vencimentos (salário) anuais). 2- Ficar inelegível para exercícios de funções públicas por 5 (cinco) anos. 3- Perda do cargo público. 4- Cassação do mandato. 5- Por último, chegando até ser prisão. O professor Amir Khair mestre em finanças públicas pela EAESP/FGV afirmou que existem 11 (onze) situações que são consideradas como desrespeito a LRF e que podem ser classificadas violação fiscal; 64 (sessenta e quatro) situações que levam punição penal, como por exemplo, deixar de divulgar o Relatório de Gestão Fiscal8, que significa crime e podem levar o mandatário a ser julgado pelo Tribunal de Contas9. Alguns exemplos de desrespeito á LRF e suas punições legais, segundo Khair: 1- Contratação irregular de operação de Crédito, punição: de 1 a dois 2 anos 2- Alienação dos bens sem autorização, punição: perda do cargo público 3- Descumprimento do Orçamento aprovado, punição: cassação do mandato 4- Não reduzir despesas com o pessoal, punição: multa de 30% dos vencimentos De acordo com Ronaldo e Debus, ainda há outra punição de acordo com LRF com relação ao limite da dívida. Segundos os dois especialistas essa Resolução foi encaminhada ao Congresso Nacional, onde serão definidos os limites e os prazos da dívida. 8 Abrange as informações referentes à consecução das metas e dos limites públicos 9 É o órgão de controle externo do Estado e dos Municípios 8 Os especialistas afirmam, que nos termos da Lei de crimes, a desobediência das regras é crime contra a Lei Orçamentária e, consequentemente, leva á perda do mandato público. Ronaldo e Debus lembram que os crimes contra as finanças públicas não excluem o seu autor (mandatário) de reparação a favor do patrimônio público ou particular. Alguns dos dez mandamentos da Gestão Fiscal Responsável, segundo Debus II- Não farás investimentos que não conste no Plano Plurianual (Art.5º, 5º, §5º) III- Não criaras nem aumentarás despesas sem que haja recursos para o seu custeio (Art. 17, § 1º) V - Não aumentarás a despesa com pessoal nos últimos seis meses do teu mandato (Art. 21, II, Parágrafo Único) VI- Não aumentarás a despesa com a seguridade social sem que a sua fonte de custeio esteja assegurada (Art. 24) Contra o Superávit Primário Segundo Marcelo Piancastelli de Siqueira, pesquisador do IPEA, a política fiscal10 tem ocupado lugar central nas discussões sobre política econômica nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimentos, sendo assim, no Brasil não é diferente. Segundo Siqueira, o país pratica, desde 1999, uma política fiscal saudável que vem tendo sucessivos êxito de resultados primário positivo, ou seja, consegue-se fazer superávit primário. Acontece que o papel da política fiscal, na atualidade, não fica restrita ás funções da alocação de recursos. Ela assume, na maioria dos países, um importante papel nas reformas estruturais que são necessárias para obter 10 É o conceito de receitas e despesas do governo 9 crescimento econômico a longo prazo e para construir poupança doméstica.11 Segundo Siqueira, a importância em fazer poupança doméstica é para atender as necessidades da população, a educação e a saúde. Siqueira defende a ideia de que é necessário aumentar a eficiência do uso dos recursos públicos e isso quer dizer que o governo tem que aprender a fazer gastos com qualidade, para que não apareça grandes desperdícios de dinheiro público. Nas últimas décadas ministros da fazenda são unânimes ao falar que é necessário fazer uma reforma nas estruturas dos gastos públicos, afirma Siqueira. A proposta elaborada por Defim Netto, de Déficit Nominal12 zero, foi duramente criticada por economista que viam como contraditória com a política monetária voltada para controlar a inflação. Ela funcionava assim: Se o Banco Central resolvesse aumentar a taxa de juros,para segurar uma alta do custo de vida, provocaria uma alta das despesas com o pagamento da dívida e, em seguida, restaria ao governo federal cortar ainda mais seus gastos públicos para garantir um equilíbrio nas contas do governo. Afirma Fernandes Jr. De acordo com Fernandes Jr, a proposta de Delfim Netto criaria uma paralisia na política fiscal13, pois impediria que os gastos públicos crescessem em momentos de recessão econômica e aquecesse a economia. 11 Poupança das famílias e do governo 12 É o conceito de que, além das receitas e despesas, inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública 13 É o conceito de receitas e despesas do governo 10 Segundo Fernandes Jr, o PSDB foi o primeiro a liderar a gritaria contra a proposta de Delfim Netto, alegando que ela paralisaria a economia e tiraria a liberdade do governo de expandir seus gastos. Os deputados lembraram que os países da União Europeia ficaram imobilizados ao tratado de Maastricht14 e cresceram a passos lento, enquanto que os Estados Unidos colocaram sua locomotiva econômica a todo vapor ao reduzir a taxa de juros. De acordo com o economista Batista Jr, utilizar o aperto fiscal15 em momentos de crise ficou muito clara na história da Argentina. Na época o ex-presidente Fernando De la Rúa, ao tomar posse em 1999, prometeu equilibras as contas públicas, sendo assim, nomeou Domingos Carvallo como superministro da Economia e conseguiu aprovar no Senado uma lei voltada para garantir um déficit nominal zero, claro que com o apoio do FMI16 e do setor financeiro, no entanto, surgiu um movimento social que paralisou ruas e estradas. Resultado, De la Rúa, demitiu-se em 30 de dezembro. Batista Jr, afirma que o Brasil não é a Argentina de ontem, mas servi de alerta para aquela experiência. Segundo o Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, a principal disputa entre governo e oposição encontra-se na mudança no projeto de lei 36/14, ou seja, Lei de Diretrizes Orçamentárias17, a LDO. Essa mudança tem o objetivo de mudar a meta fiscal estabelecida no governo Fernando Henrique Cardoso, PSDB. Segundo o PSOL, governo quer abater gastos feitos no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC18, no resultado da meta orçamentária do governo. 14 Acordo assinado na cidade de Maastricht, na Holanda, que criaria o maior acordo comercial, União Europeia 15 Redução dos gastos públicos 16 Fundo Monetário Internacional 17 Compreende as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas 18 É um plano do governo federal que visa estimular o crescimento da economia 11 No meio desse debate, em muitas vezes muito acalorado, pois, na tentativa de aprovar esse projeto no Congresso, a sessão acabou em confusão, afirma o PSOL; o partido levanta a seguinte afirmação, que o debate para uma economia que queremos, na verdade, ficou em segundo plano, o partido vai além, fazendo a seguinte pergunta: o povo brasileiro se beneficia da política de ajuste fiscal ou somente serve para uma minoria que está lucrando com isso? ” Todo esse conflito político é devido o governo querer mudar um projeto criado pelo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o economista Paulo Passarinho, o FHC criou a política do “Tripé financeiro”: que é Superávit Primário; Câmbio flutuante e metas de Inflação. Tal política foi elaborada pelo FHC em conjunto com o FMI em 1998 e tinha como objetivo, atrair investimentos estrangeiros ao Brasil e, segundo Passarinho, essa política, foi mantido pelo Partido dos Trabalhadores, o PT. Passarinho afirma, que essa política traz efeitos colaterais ao Brasil, pois impede que o Brasil invista em seguridade social e educação. Se por um lado a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como objetivo atrair investimento, para fechar as contas, porém, por outro lado, ela mostra os principais gargalos financeiros do Brasil, como por exemplo, a dívida pública. Aquilo que muitos dos analistas argumentam, os famosos gargalos estruturais. Os juros praticados no Brasil são altíssimos e isso traz enormes consequências ao Brasil, o exemplo mais dominante entre os analistas é a dívida pública bruta do governo geral, em janeiro de 2016, estava em 71,4% ou R$ 4.231,707 trilhões do PIB, isso é muito para o um país que precisa crescer e distribuir renda. Então vale a pena questionar, a quem beneficia o enorme juro que o Brasil paga? 12 A favor do Superávit Primário Segundo Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores, um Superávit Primário de 1,2% do PIB é um número positivo, “ eu imagino que seja razoável e realista para ser alcançada em 2015”, afirma Falcão. Segundo Fábio Giambiagi, economista do IPEA, sinalizar ao mercado que é possível aplicar uma política fiscal ainda mais consistente podendo induzir um processo de queda da taxa de juro real. Segundo Otto Fernandes Jr, especialista do IPEA, os analistas defendem uma trajetória para atingir o déficit nominal19 zero, com essa decisão de redução a relação dívida pública com o PIB abriria espaço para a queda de juros de longo prazo. Resultado, em épocas de crises, seria como uma poderosa arma contra a ameaça de contaminação da economia por fatores internos e externos. De acordo com Fernandes, se o mercado confiar na determinação do governo, de melhorar a parte fiscal, abre possibilidades de queda na taxa de juros, logo estimularia o crescimento econômico sem risco do estouro da inflação. Segundo Otto Fernandes Jr, outra vantagem do aperto fiscal 20 seria preparar o caminho para que o governo consiga o Déficit Nominal zero. Pois, segundo Otto Fernandes Jr, seria possível pagar todas as despesas públicas com a arrecadação tributária inclusive os juros da dívida pública. O esforço por parte do governo pode dar frutos no futuro e abrir caminho para que a economia cresça de forma sustentável para que induza o setor privado, tanto em nível nacional quanto internacional, a investir no aumento da produção e na infraestrutura, afirma Fernandes Jr. 19 É o conceito de que, além das receitas e despesas, inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública 20 Redução nas despesas pelo governo 13 De acordo com o IPEA, perseguir isso é um processo penoso, mas que dará bons resultados; outros países já fizeram e colheram bons resultados, como por exemplo, a Irlanda que era um país pobre e hoje esbanja saúde econômica e tem atraído grandes investimentos e conseguiu um PIB per capita de 6% entre os anos 1999-2003. De acordo com Fernandes Jr, foi justamente para tentar garantir um processo contínuo de melhorias das contas públicas que Delfim Neto, na época deputado federal, colocou em debate uma proposta, digamos que radical, atingir um Déficit Nominal zero em quatro ou cinco anos para que em épocas de incertezas em qualquer governo a economia fique blindada. Segundo Otto Fernandes Jr, como isso funcionária? Seria um processo complicado; exigiria congelar os gastos públicos; fazer mudanças estruturais no orçamento. De acordo com Fernandes Jr, a Constituição da República obriga o governo federal a aplicar em educação 18% da receita líquida e que os gastos com saúde cresçam anualmente de acordo com a variação do PIB per capita21. Para conseguir contorna a obrigação da Constituição seria necessário autorizar o governo federala aumentar as verbas orçamentária para serem destinadas para fins diferentes do previsto, o que se costuma chamar de Desvinculação de Receitas da União, DRU. De acordo com Fernandes Jr, os deputados do próprio Partido dos Trabalhador, PT, criticaram a ideia de aumenta a desvinculação, pois resultaria em reduzir as despesas em áreas como saúde e educação, que são protegidas constitucionalmente. 21 É o PIB dividido pelo número de habitantes 14 Na avaliação de Márcio Pochmann professor da Unicamp, a proposta de Delfim Netto implicaria em um corte ainda maior dos gastos na área social. Pochmann lembra que entre 1995 e 2004 os impostos destinados a cobrir gastos sociais federais cresceram 40%, mas as despesas nessa área aumentaram 24% e o restante foi utilizado para obter superávit primário. Fernandes, por outro lado, pensa que seria uma forma de reduzir o déficit do sistema da previdência social, pois é alta, de acordo com o Tesouro Nacional esse número em 2015 era 1,2% do PIB ou 72,8 bilhões. Em notícia veiculada pela BBC Brasil em 2003, a equipe econômica do governo aumentou a meta de Superávit Primário para 4,25%. Essa notícia agradou ao mercado. A meta foi anunciada pelo ministro Antônio Palocci Filho, como ele havia prometido aos técnicos do Fundo Monetário Internacional, o FMI. Tal anúncio feito antes da chegada do FMI ao Brasil, para uma revisão de contrato. Falando em valores isso representa, segundo o Ministério do Planejamento, US$ 6 bilhões que foram liberados em 2002 e o restante, que ficaria em “stand by”, no valor de US$ 24 bilhões para ser desembolsado em 2003. No acordo com o FMI, em 2002, segundo o Ministério do Planejamento, o Superávit Primário foi acordado em no mínimo 3,75%, contudo, esse número em 2002, atingiu 4,06%. De acordo com Rafael de la Fuente, economista chefe para a América Latrina, do banco francês BNP-Paribas, esse impacto é neutro. Não é ruim. Para o banco Paribas, um superávit entre 4% e 4,1% seria o suficiente para reduzir a dívida / PIB para 55%, mas o banco afirma, esperava que fosse ainda maior, 4,25%. 15 Para o economista Ricardo Amorim, o superávit de 4,25% é positivo, pois mostra compromisso do governo para o pagamento de sua dívida aos credores, ao mesmo tempo, é um número possível de ser alcançado. Ao fazer o Superávit Primário ajuda ao governo mostrar ao mercado, aos investidores e ás instituições internacionais o compromisso do Brasil em pagar suas dívidas. Discutindo o Superávit Primário Segundo Fábio Giambiagi, o governo em 2005 tinha condições de elevar as metas do superávit primário a um valor próximo de 5% do PIB. Há algumas razões consistente para adoção da meta de Superávit Primário, segundo Giambiagi. Primeira: um superávit primário de 5% do PIB permitiria que em um cenário turbulento a relação dívida / PIB ficasse em trajetória declinante. Esse cenário turbulento aconteceria em caso do resultado fiscal22 sofresse redução da meta fiscal oficial23. Segundo: seria favorável adotar um superávit primário mais próximo ao de 5% do PIB, pois em um cenário de redução da taxa de juros o país poderia atingir o déficit zero. De acordo com Giambiage, é muito mais difícil um país cair quando o superávit primário é de 5%. O Brasil precisa fazer com as contas internas o mesmo que faz com as contas externas24 e, assim, resolver de vez com esse problema. 22 Inclui todas as receitas e todas as despesas, inclusive os juros 23 Significa o resultado esperado da execução da arrecadação menos despesas 24 São as compras e vendas de mercadorias, serviços e transferências de renda do país com o mundo 16 O trabalho do IPEA recomenda que o processo de unificação dos sistemas de arrecadação seja complementado por mudanças nas regras de acesso aos benefícios, afirma Fernandes. Operar em sintonia com os gastos públicos é uma tarefa importante, pois um erro quanto a destinação dos recursos pode ter resultados negativos para toda a economia e sociedade. Para Luciano Coutinho da LCA Consultores “acho muito importante e desejável sustentar um Superávit Primário para nos próximos anos chegarmos a um déficit nominal25 zero, pois esse esforço transmitirá confiança ao mercado. Em 2005 o IPEA, através de um estudo, já reconhecia que os investimentos públicos já tinham reduzido para ajudar no ajuste fiscal e isso contribuiu para afetar o crescimento econômico. Segundo o especialista em finanças públicas Edélcio Vigna, colocar os juros dentro do Superávit Primário significa amarrar os investimentos, prejudicando os investimentos para fazer o país crescer. Segundo Edélcio Vigna, essa pratica fora do Brasil é diferente. Os Estados Unidos é o país que mais deve ao mundo; no Reino Unido, França e Inglaterra o Superávit Primário não é tratado como prioridade. De acordo com Vigna, o Superávit é uma espécie de cartilha que o Brasil adotou, infelizmente, por imposição do FMI. Ela consiste assim: - O FMI impôs ao Brasil estabilidade econômica; - Gastar menos do que arrecada; 25 É o conceito de que, além das receitas e despesas, inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública 17 - Reformar a previdência; De acordo com Vigna, o Superávit Primário é o mecanismo usado pelo FMI para dar garantia de que os países em desenvolvimento26 tenham recursos o suficiente para pagar pelo menos os juros e os serviços da dívida, pois, segundo o FMI, os países em desenvolvimento não conseguem pagar a dívida. De acordo com Vigna, o Superávit Primário começou por volta de 1999 no governo Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião do governo do FHC, a meta foi alternando até alcançar 5% do PIB. Segundo Giambiagi e Cláudia Além, as negociações com o FMI iniciaram, na década de 1990. Nesse período haviam dois problemas preocupantes: o fiscal e o externo. O problema fiscal, segundo Giambiagi e Além, era que a dívida pública crescia; o problema externo, tratava-se do déficit em conta corrente27, pois ameaçava atingir 5% do PIB. Somados a esses dois problemas, outro estava chegando, a crise internacional. De acordo com Giambiagi e Além, em agosto de 1998, quando a crise da economia internacional iniciava uma certa recuperação, veio a tona as sucessivas desvalorizações das moedas dos países asiáticos no ano de 1997 e a Rússia, com sua moeda, também, desvalorizada e, consequentemente, decretando uma moratória em sua dívida (um calote). Esses dois fatos agravaram a crise internacional. Sendo assim, os mercados imaginaram que o Brasil seria a “bola da vez”, logo se retraíram, “secando” o crédito externo. Após isso, o governo deu início, por volta de 1998- 2001, ás negociações com o FMI, para conseguir um “pacote” de ajuda/financiamento 26 São aqueles nos quais, devido a diversas carências estruturais, uma parte importante de sua população vive em situação de pobreza 27 É o resultado das transações comerciais do país com o mundo 18 emergencial. Com esse anúncio, de modo não formal, com o FMI, a imagem externa do Brasil melhorou. O especialista, acrescenta, que boa parte da riqueza nacional é destinado ao pagamento de juros e serviços da dívida e deixando investimentos básicos como a Saúde,educação, estradas e portos por último ou em segundo plano. Com isso, várias políticas que fazem um país avançar ficam para trás. Segundo o especialista, o problema em pagar os juros é que ninguém sabe como ela foi calculada. Vigna afirma, que fazer auditoria na dívida está na constituição, porém, depois do governo de Getúlio Vargas, nunca mais foi feita nenhuma auditoria. Quando foi feito, no governo de Vargas, foi descoberto que vários documentos não eram efetivamente dívidas. De acordo com Vigna, não existe país que desenvolve sem fazer dívida, e que o Brasil não deveria se preocupar tanto com o mercado. Vigna afirma, é uma falácia um país deixar de investir em setores importantes e em políticas sociais para pagar dívidas que poderia deixar de pagar, tranquilamente, devagar. O Brasil pode impor aos seus credores a negociação de sua dívida, pois segundo o especialista, o Brasil paga um absurdo para: fundos de pensões; bancos estrangeiros e organismo internacionais. De acordo com Giambiagi e Além, no período de 1995- 1998, discutiu-se muito a necessidade de aprovar as chamadas “reformas estruturais”, como uma forma de resolver de verdade os problemas fiscais brasileiros. Duas propostas foram colocadas no debate: a reformas administrativa e a privatização. - A reforma administrativa Essa reforma permitia demissões, em alguns casos, nos níveis estaduais e municipais de funcionários que gozavam de estabilidade. 19 - As privatizações Essa outra reforma, tinha um outro objetivo: usar para pagar as dívidas. Porém, infelizmente, de acordos com os dois especialistas, tais reformas não alcançaram os sucessos esperados, por alguns motivos, entre eles: 1- Porque a economia perdeu o fôlego no período de 1998; 2- Porque as reformas mais importantes delas, a da Previdência Social, somente foi aprovada em 1998; 3- Porque em alguns casos os efeitos das medidas demoraram para surgir. Nesses casos, faltou uma vigilância e perseguição quanto aos desequilíbrios por parte do governo, afirma Giambiagi e Cláudia Além. Segundo Raí Chicoli, o principal problema das metas de Superávit Primário são as formas que são fixadas e sua falta de flexibilidade dado o momento da economia. Além disso, nos períodos mais recentes, as metas estabelecidas são incompatíveis com as finanças públicas, logo, afirma Chicoli, há uma proliferação de truques contábeis e financiamentos para atingir os resultados fiscais exigidos. Segundo Chicoli, em 2005 o governo passou a excluir do resultado de suas contas o fator investimento de alta rentabilidade. São esses investimentos que o governo consegue se financiar no longo prazo. De acordo com Chicoli, há ausência de uma reforma estrutural e uma falta de receitas vem afetando a credibilidade dos resultados fiscais. O autor ainda aponta que o crescimento das despesas correntes que são na verdade uma expansão do caráter estrutural. Esse aumento de despesas é liderado, principalmente, pela expansão dos programas assistenciais, elevação do salário mínimo e benefício previdenciário. 20 Afirma Chicoli, que ao aumentar essas despesas via carga tributária ou via corte de investimentos eleva o aprofundamento da estagnação econômica28, consequentemente, piora a condição da saúde financeira das contas públicas. De acordo com Chicoli, os gastos com o Plano Piloto de Investimentos, PPI, são substituídos pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, a partir de 2009 e as concessão inicialmente proposta sofreram um aumento em todos os anos, exceto em 2008 e em 2012 e uma alteração em 2014. Essa alteração ocorrida em 2014 permitiu, por parte do governo, um abatimento da meta fiscal. Em outras palavras, os gastos feitos no PAC permitiram ao governo abater de suas obrigações financeiras públicas. Como o governo faz Superávit Primário Existem três formas para o governo fazer Superávit, segundo o Fórum Brasil de Orçamento: 1- A mais conhecida: CORTAR OS GASTOS Por esse modo é mais garantido, pois os gastos públicos estão sob controle do governo. Esses cortes são via - Despesas correntes como: salários, compras governamentais e bens, etc. - Gastos com investimentos como: infraestrutura, energia elétrica, transporte, etc. Segundo o FBO, infelizmente por essa via quem acaba sentindo o impacto é a população, pois isso significa: menos hospitais, menos escolas, menos médicos e menos transporte público. 28 Uma situação de crescimento econômico nula ou muito baixa 21 2- A segunda maneira: AUMENTAR AS RECEITAS Dessa forma não é tão garantida, pois envolve aumento de impostos e também por que o governo não tem o controle direto sobre as transações. E um outro fator que pesa na decisão é a elevada carga tributária brasileira. 3- A terceira forma, mas menos falada: ELEVAR O PRODUTO, A RENDA. Essa forma não costuma ser comentada, pois seria necessário: primeiro, que o governo aumentasse seus gastos, só que para isso teria que reduzir o Superávit Primário, criando com isso, um círculo virtuoso de crescimento; num segundo momento, elevar as receitas do governo, consequentemente, criaria um Superávit. Porém, infelizmente, essa ideia é contrária á ideologia do FMI e o Banco Mundial. De onde vem essas dívidas, que obriga o governo fazer o Superávit Primário Segundo o FBO, a dívida pública tem origem externa (tomada em dólares de credores internacionais); e interna (devida em reais de credores supostamente nacionais). Nesse tópico não irei detalhar isso, pois foi detalhada no tópico: Conceitos Básicos de dívida pública. 22 Há alguma alternativa De acordo com o FBO, países como EUA, alguns países da União Europeia jamais tomariam esse remédio amargo. Acompanhe a tabela na próxima página. Fonte: FBO Alternativas viáveis i - Estados Unidos: De acordo com a FBO, quando acontece uma crise, como por exemplo, o 11 de setembro de 200129, o governo norte americano, imediatamente, aumenta os gastos públicos para minimizar o impacto de uma recessão30. Segundo a FBO, os EUA aprenderam a importância dos gastos públicos com a crise de 192931, a qual atingiu uma brutal recessão que só foi combatida a partir do chamado New Deal32, ou novo pacto, promovido pelo presidente Roosevelt. Alternativa viável II- União Europeia: A UE entende que pouco gasto do governo reduz a retomada do crescimento, logo essa questão já levou a UE repensar sua meta rumo a um afrouxamento do limite de déficit público, afirma a FBO. Alternativa viável III- Malásia, índia e China: A Malásia implementou um mecanismo de controle de fluxo de capital, então não é necessário elevar os juros para o capital financeiro 29 Os ataques ou atentados terroristas no EUA 30 Conjuntura de declínio da atividade econômica 31 Grande depressão, que causou muitos prejuízos para a economia mundial 32 Um conjunto plano para recuperar novamente a economia dos EUA. Medidas adotadas pelo Brasil Medidas adotadas pelos EUA e União Europeia Superávit Primário Déficit Primário Aumento de Impostos (para fazer superávit) Redução de Impostos (nos EUA) Altas Taxas de Juros (10% ao ano, descontada a inflação) Baixas Taxas de Juros (1 a 3% ao ano) Redução das Tarifas Alfandegárias Proteção contra as Importações 23 permanecer no país, sendo assim, na Malásia não há crescimentoexplosivo de endividamento, de acordo com a FBO. Na Índia há também controle de fluxos de capital, segundo a FBO. Na China há, também, controle de fluxo de capital. Contudo tem um outro fator que chama atenção. Ao fazer esse controle de capital, é permitido o governo elaborar uma política econômica33 soberana que obriga, como por exemplo, empresas estrangeiras a repassarem suas tecnologias ao país. Sendo assim, a China reduz suas importações, não permitindo se endividar de forma explosiva como faz o Brasil, afirma a FBO. Um pouco de história da dívida pública no Brasil Dívida pública no Brasil colonial (1500-1822): Segundo Silva, a história da dívida pública brasileira tem origem no início do período colonial, séculos XVI e XVII. Nesses séculos, os governadores da Colônia faziam empréstimos, mas o problema é que nesse período” tudo era desconhecido”: o tamanho da dívida, a finalidade do empréstimo, as condições para pagamento, etc. De acordo com Silva, por volta de 1761- 1780 “ ao invés de saldo positivos, o saldo oficial acusava déficits anuais superiores a 100 contos, ou seja, em 1780, aumentou a dívida pública em 1.200 contos. Esse saldo, segundo Silva, pode ser de origem: de fardamentos das tropas e dos salários. Avançando um pouco na história, os déficits aumentaram mais em 1808- 1821, período que D. Pedro VI e sua corte estabeleceram no Brasil, pois as tropas de Napoleão ocuparam Portugal (Silva). 33 Conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de atuar e influir sobre os mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços 24 As despesas financeiras deixadas pela corte e D. Pedro VI, quando deixaram o Brasil rumo a Portugal, eram preocupantes. As despesas com: manutenção dos súditos, subsídios para o exército português eram enormes e ilimitados. O pior dessa história é que o Brasil não podia contar com a ajuda de Portugal para custear está “estadia” (Silva). A dívida pública no Brasil império (1822-1889): As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Brasil no período antecedente á sua independência perante Portugal, juntamente com suas demandas essenciais rumo a consolidação de ser país independente, pelo menos nos primeiros anos, resultou em um contexto desafiador, segundo Silva. De acordo com Silva, a evolução da dívida no Brasil no período imperial tem relação explicativa com uma série de política econômica adotadas nas finanças imperiais. Porém, com relação as dificuldades financeiras vividas pelo Brasil no período imperial, o Brasil ocupa uma posição de destaque entre os países latinos americanos no século XIX, pois o país honrou seus compromissos externos, enquanto seus vizinhos não fizeram o mesmo. 25 Evolução da dívida interna no império (em contos de reis) Fonte: Leis do Império-Rio de Janeiro: Tipographia Nacional (adaptada pelo autor) 1964-1986: a construção de um mercado de dívida: Segundo Pedras, o Governo Castello Branco estava determinado a gerar um padrão desenvolvimentista e sustentável para o país, para isso, ele implementou diversas políticas de modernização econômica. Para viabilizar suas ideias, Castello Branco disponibilizou, em 1965, um Plano de Ação Econômica do Governo, conhecido como Paeg. Esse plano, de acordo com Pedras, tinha o objetivo: redução da taxa de inflação decorrentes de anos anteriores. Os anos do final da década de 1960 e início da década de 1970 foram de certa forma positivos para o Brasil: a) as taxas de crescimento da economia demostravam níveis elevados; b) a inflação apresentava números inferiores aos observados em décadas passadas. Com isso fica fácil compreender o sucesso experimentado pela política de endividamento, pelo menos nos primeiros anos da década de 1970, afirma Pedras. 26 Contudo, Pedras observa, que a partir de meados da década de 1970, o país começou a sentir os efeitos da primeira crise do petróleo. Em 1974, a) as taxas de inflação foram duplicadas com relação aos anos anteriores; b) as taxas de crescimento encerraram um padrão de sucesso, em torno de 5% ao ano. Já na década de 1980, Pedras confirma, a situação agravou-se, pois veio a segunda crise do petróleo, ocorrida um ano antes. Resultados, a) a inflação atingiu números alarmantes; b) as taxas de crescimento econômica, tidas como sucesso, começou a derreter, até atingir números negativos. Esse período ficou conhecido como a década perdida. Conceitos Básicos de dívida pública Por motivos didáticos não entrarei em conceitos técnicos sobre o tema. Contudo cabe alguns conceitos básico e simples. Segundo Medeiros e Silva, a estrutura da dívida pública pode ser apresentada de diferentes formas. No setor público envolve as três esferas de governo (federal, estadual e municipal), suas empresas estatais, o Banco Central e o INSS. Mas afinal, o que dívida pública? Assim: De acordo com Medeiros e Silva, a dívida pública pode ser representa de diversas formas, sendo as mais comuns a dívida bruta e dívida líquida. - Dívida bruta: representa somente o passivo do governo. - Dívida líquida: é o desconto dos passivos junto ao ativo do governo. A dívida bruta, pode ser representada como aquela dívida feita em sua origem. A dívida líquida do setor público (DLSP), refere-se ao total das obrigações do governo/ setor público não financeiro junto aos agentes privados não 27 financeiros e os agentes financeiros públicos e privados, segundo os dois especialistas. Há também outra classificação, a dívida interna e externa, segundo os especialistas: Dívida interna, refere-se àquela denominada em moeda correte, a moeda do país. Dívida externa, refere-se àquela denominada em moedas de outros países. Em outras palavras, são os ativos do governo descontas suas respectivas obrigações financeiras com os credores. Conclusão Foi visto ao longo do trabalho que, apesar do nome técnico, não é difícil de entender, o conceito principal sobre o tema. A história nos mostra como dívida brasileira surgiu, evoluiu e cresceu. E que há meios de sairmos disso34, porém falta é convencer nossas autoridades públicas. O superávit primário é um tema que, felizmente, o economês foi hábil em explicar, algo que, de certa maneira, está presente em nosso cotidiano, porém, ao ser explicado em caráter técnico, o que fácil acaba causando arrepios no público não familiarizado com a profissão de Economista. Foram colocados alguns gráfico e tabelas que ajudam compreender a saúde financeira, a quem o país deve e sua proporção. 34 do Superávit Primário 28 Foi explicado em caráter simples e objetivo a diferença entre dívida bruta e dívida líquida, assim como, como contraímos dívidas, e que, infelizmente, são as classes sociais menos privilegiadas que acaba sentido os impactos em seus cotidianos de um assunto que muitas delas não sentem melhorias implementadas pôr seus representantes político. Enfim, foi um trabalho que apesar de demorado e complexo fiquei muito orgulhoso de pesquisar e fazê-lo e, o melhor, poder explicar para qualquer nível social algo que nossas autoridades e especialistas falam, mas que não explicam com clareza ou familiaridade para que qualquer um entenda. ANEXOS A tabela napróxima página mostra: o Superávit Primário, Despesas executadas com o PPI ou com o PAC e metas alcançadas entre os períodos de 2002-2014. 29 Despesas executadas com o PPI35 ou com o PAC36 (como letra B), ao acompanhar na tabela. 35 Plano Piloto de Investimentos 30 Participação dos não-residentes na Dívida Pública Federal Fonte: Tesouro Nacional 36 Programa de aceleração do Crescimento 31 Composição da Dívida Pública Federal por Indexador Janeiro de 2016 Fonte: Tesouro Nacional Distribuição dos Vencimentos da DPF por Prazo Janeiro de 2016 Fonte: Tesouro Nacional 32 Veja o resultado do Superávit Primário de alguns países pelo mundo, em relação ao PIB (em %) Publicado: 31/02/2014 Fonte: FMI 33 DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO (% DO PIB) Fonte: Banco Centra e FBO Dívida líquida e bruta do governo geral (em trilhões) Discriminação 2002 * 2009** 2015 2016*** Janeiro Fevereiro Março Dívida líquida do governo geral 859 712 1 378 129 2 272 217 2 286 788 2 360 392 2 423 128 Dívida bruta do governo geral 1 132 894 2 156 529 4 300 759 4 231 707 4 312 090 4 383 410 Dados do Banco Central (tabela elaborada pelo autor) *Último ano governo FHC **Último ano Lula ***Ano do afastamento temporário de Dilma Rousseff 34 Dados do Banco Central (tabela elaborada pelo autor) *Último ano governo FHC **Último ano Lula ***Ano do afastamento temporário de Dilma Rousseff Taxa de juros Selic - fixada pelo Comitê de Política Monetária, COPOM, 1996-2015 Fonte: BCB; Elaboração: DIEESE Dívida líquida e bruta do governo geral (% PIB) Discriminação 2002 * 2009 ** 2015 2016 *** Janeiro Fevereiro Março Dívida líquida do governo geral 57,7 41,3 38,5 38,6 39,7 40,7 Dívida bruta do governo geral 76,1 64,7 72,8 71,4 72,6 73,6 35 Fontes bibliográficas Artigos Acadêmico Vigna, E. Agenda Econômica - Superávit Primário. Tv Senado. Nov.2014. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yr0Vs26YKSI Acessado em 06/2016 Giambiagi, F. Em defesa de um superávit primário de 5% do PIB. IPEA. Edição 14. Set.2005. Disponível em: Em defesa de um superávit primário de 5% do PIB - Ipea Acessado em 05/2016 PSOL. Entenda por que o PSOL é contra a política de superávit primário e meta fiscal. Dez.2014. Disponível em: http://www.psol50.org.br/blog/2014/12/03/entenda-por-que-o-psol-e-contra-a- politica-de-superavit-primario-e-meta-fiscal/ Acessado em 06/2016 Nascimento, E. Debus, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal: LC 101 de 4 de Maio de 2000. Revista Jurídica da Presidência. V.3,n.24. 2016. Disponível em https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/view/1084/1067 Acessado em 06/2016 Siqueira, P. Gastar melhor é essencial para o sucesso da política fiscal. IPEA. Ano 2. Edição 14 - 1/9/2005. Disponível em http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&i d=777:gastar-melhor-e-essencial-para-o-sucesso-da-politica- fiscal&catid=29:artigos-materias&Itemid=34 Acessado 06/2016 FIPE. Informações FIPE. Nº 423 Dez. 2015. Disponível em http://downloads.fipe.org.br/publicacoes/bif/bif423completo.pdf Acessado em 06/2016 36 DIEESE. Nota técnica Dívida pública brasileira e compressão do orçamento: O que resta aos trabalhadores?. Set. 2015. Disponível em http://www.dieese.org.br/notatecnica/2015/notaTec148divida.pdf Acessado em 06/2016 Dívida Pública IPEA 21/10/2015 apresentação deputados Dívida Pública. IPEA. Out. 2015. Disponível em http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes- permanentes/cffc/audiencia-publica/2015-audiencia-publicas/21-10-2013- divida-publica-brasileira Acessado em 06/2016 Tesouro Nacional. DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL. Jan. 2016. Disponível em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/carrossel-divida-publica-federal-04 Acessado em 06/2016 Livros Giambiagi, F. Além, C. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. Campus, 2008. Tesouro Nacional. Dívida Pública a experiência Brasileira, 2009. Brasília: 2009. Disponível em http://www3.tesouro.gov.br/divida_publica/downloads/livro/livro_eletronico_com pleto.pdf Acessado em 05/2016 Fórum Brasil de Orçamento (FBO): caderno para discussão do Superávit Primário. UNAFISCO. 2004. Disponível em http://www2.unafisco.org.br/estudos_tecnicos/2004/caderno.pdf Acessado em 05/2016 Tesouro Nacional. Relatório: Dívida Pública Federal. Mar. 2016. Disponível em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/268570/Kit+Port_23+05+16.pdf/d f6d2934-aabd-46e9-a287-07a2f3b0b595 Acessado em 06/2016
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