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RESUMO HISTORIA DO DIREITO BRASILEIRO AV2 e AV3

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RESUMO HISTORIA DO DIREITO 
BRASILEIRO AV2 e AV3. 
ESTE DOCUMENTO É PARA ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE 
ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS 
CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS. 
 
ERA VARGAS 
 
Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou 
o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse período foi 
um marco na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que 
Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas. 
A Era Vargas, teve início com a Revolução de 1930 onde expulsou do poder 
a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos: 
 Governo Provisório -1930-1934 
 Governo Constitucional – 1934-1937 
 Estado Novo – 1937-1945 
 
Revolução de 1930 
Até o ano de 1930 vigorava no Brasil a República Velha, conhecida hoje 
como o primeiro período republicano brasileiro. Como característica 
principal centralizava o poder entre os partidos políticos e a conhecida 
aliança política "café-com-leite" (entre São Paulo e Minas Gerais), a 
República Velha tinha como base a economia cafeeira e, portanto, 
mantinha fortes vínculos com grandes proprietários de terras. 
De acordo com as políticas do "café-com-leite", existia um revezamento 
entre os presidentes apoiados pelo Partido Republicano Paulista (PRP), de 
São Paulo, e o Partido Republicano Mineiro (PRM), de Minas Gerais. Os 
presidentes de um partido eram influenciados pelo outro partido, assim, 
dizia-se: nada mais conservador, que um liberal no poder. 
O Golpe do Exército 
Em março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da 
República. Eleição esta que deu a vitória ao candidato governista Júlio 
Prestes. Entretanto, Prestes não tomou posse. A Aliança Liberal (nome 
dado aos aliados mineiros, gaúchos, e paraibanos) recusou-se a aceitar a 
validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente 
de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança 
Liberal conseguiu a vitória, não tiveram o reconhecimento dos seus 
mandatos. Os estados aliados, principalmente o Rio Grande do Sul 
planejam então, uma revolta armada. A situação acaba agravando-se 
ainda mais quando o candidato à vice-presidente de Getúlio Vargas, João 
Pessoa, é assassinado em Recife, capital de Pernambuco. Como os motivos 
dessa morte foram duvidosos a propaganda getulista aproveitou-se disso 
para usá-la em seu favor, atribuindo a culpa à oposição, além da crise 
econômica acentuada pela crise de 1929; a indignação, deste modo, 
aumentou, e o Exército – que por sua vez era desfavorável ao governo 
vigente desde o tenentismo – começou a se mobilizar e formou uma junta 
governamental composta por generais do Exército. No mês seguinte, em 
três de novembro, Júlio Prestes foi deposto e fugiu junto com Washington 
Luís e o poder então foi passado para Getúlio Vargas pondo fim à 
República Velha. 
Governo provisório (1930 - 1934) 
O Governo Provisório teve como objetivo reorganizar a vida política do 
país. Neste período, o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de 
centralização do poder, eliminando os órgãos legislativos (federal, 
estadual e municipal). 
Diante da importância que os militares tiveram na estabilização da 
Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela 
presença dos “tenentes” nos principais cargos do governo e por esta razão 
foram designados representantes do governo para assumirem o controle 
dos estados, tal medida tinha como finalidade anular a ação dos antigos 
coronéis e sua influência política regional. 
Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas oligarquias 
e os militares interventores. A oposição às ambições centralizadoras de 
Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as oligarquias locais, sob o apelo 
da autonomia política e um discurso de conteúdo regionalista, convocaram 
o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio Vargas, exigindo a 
realização de eleições para a elaboração de uma Assembléia Constituinte. 
A partir desse movimento, teve origem a chamada Revolução 
Constitucionalista de 1932. 
Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente convocou 
eleições para a Constituinte. No processo eleitoral, devido o desgaste 
gerado pelos conflitos paulistas, as principais figuras militares do governo 
perderam espaço político e, em 1934 uma nova constituição foi 
promulgada. 
A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou medidas 
democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Além disso, 
sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio dessa resolução e o 
apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um mandato. 
Governo Constitucional (1934 – 1937) 
Nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitucional, a 
altercação política se deu em volta de dois ideais primordiais: o fascista – 
conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitário introduzidos na 
Itália por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira (AIB), e 
o democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), era 
favorável à reforma agrária, a luta contra o imperialismo e a revolução por 
meio da luta de classes. 
A ANL aproveitando-se desse espírito revolucionário e com as orientações 
dos altos escalões do comunismo soviético, promoveu uma tentativa de 
golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935, alguns comunistas 
brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas cidades 
de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falha de 
articulação e adesão de outros estados, a chamada Intentona Comunista, 
foi facilmente controlada pelo governo. 
Getúlio Vargas, no entanto, cultivava uma política de centralização do 
poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da esquerda 
utilizou-se do episódio para declarar estado de sítio, com essa medida, 
Vargas, perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento comunista 
brasileiro. Mediante a “ameaça comunista”, Getúlio Vargas conseguiu 
anular a nova eleição presidencial que deveria acontecer em 1937. 
Anunciando outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida 
como Plano Cohen, Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e 
dissolveu o Poder Legislativo. A partir daquele ano, Getúlio passou a 
governar com amplos poderes, inaugurando o chamado Estado Novo. 
Estado Novo (1937 – 1945) 
No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de rádio 
pelo presidente Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início então, um 
período de ditadura na História do Brasil. 
Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a tomada do 
poder (Plano Cohen) Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país 
uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como "Polaca" por ter 
sido inspirada na Constituição da Polônia, de tendência fascista. 
O Golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve o apoio 
de grande parcela da sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o 
governo reforçava sua propaganda anti comunista, alarmando a classe 
média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que 
desde então se desencadeava. A partir de novembro de 1937 Vargas impôs 
a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade política, 
perseguiu e prendeu seus inimigos políticos, adotou medidas econômicas 
nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação 
da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), publicou o Código Penal e o 
Código de Processo Penal, todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi 
responsável também pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça 
do Trabalho, do salário mínimo, e pelo descanso semanal remunerado. 
O principal acontecimento na política externa foi a participação do Brasil 
na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo,fato este, 
responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia 
economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A 
derrota das nações nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o crescimento 
da oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização 
do país ganhou força. O governo foi obrigado a indultar os presos políticos, 
além de constituir eleições gerais, que foram vencidas pelo candidato 
oficial, isto é, apoiado pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra. 
Chegava ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 
1951 retornaria à presidência pelo voto popular. 
 
Constitucional 
 
Da evolução constitucional brasileira 
Wesley de Lima 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo: O objetivo da presente peça é fazer um lacônico estudo das 
Constituições que existiram no Brasil, realizando uma importante revisão 
sobre o contexto histórico de cada momento, assim como, estudar, de 
forma perfunctória, os aspectos político-econômicos e sociais que 
nortearam a elaboração das mesmas, desde a Independência até os tempos 
hodiernos e, por fim, realizar um cotejo com a Constituição atual. Para que 
elas não sejam apenas quimeras, mas, pelo contrário, tenham plena eficácia 
de modo a pautar e garantir os nossos direitos e, por conseguinte, fomentar 
um Estado mais justo e eqüitativo, tornar-se-á necessário o empenho e 
participação com afinco de todos os brasileiros cujas metas sejam de buscar 
a consecução de uma sociedade mais digna e cidadã. [1] 
Palavras-chave: constituição, Brasil, poder, Estado, características. 
Sumário: 1. Constituição Política do Império do Brasil (1824). 1.1. Contexto 
histórico. 1.2. Características. 1.3. Organograma do Poder político de 
acordo com a Constituição de 1824. 2. Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil (1891). 2.1. Contexto histórico. 2.2. 
Características. 3. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil 
(1934). 3.1. Contexto histórico. 3.2. Características. 4. Constituição dos 
Estados Unidos do Brasil (1937). 4.1. Contexto histórico. 4.2. 
Características. 5. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. 5.1. Contexto 
histórico. 5.2. Características. 6. Constituição do Brasil de 1967. 6.1. 
Contexto histórico. 6.2 Características. 7. Emenda Constitucional n. 1 de 
1969. 7.1. Contexto histórico. 7.2. Características. 8. Atos Institucionais. 9. 
Constituição da República Federativa do Brasil (1988). 9.1. Contexto 
histórico. 9.2. Características. 10. Caracteres diferenciadores e correlatos. 
11. Quadro Comparativo. 12. Classificação quanto à forma e sistema de 
governo. 13. Controle de Constitucionalidade. 14. Conclusões. 
1. CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL (1824) 
1.1. Contexto histórico 
Após a Proclamação da Independência do Brasil, ocorreu uma intensa 
disputa entre radicais e conservadores na Assembléia Constituinte. O 
Partido Brasileiro de orientação liberal-democrata, representando 
majoritariamente a elite latifundiária escravista, produziu um anteprojeto 
designado “constituição da mandioca” que se caracteriza por respeitar os 
direitos individuais e delimitar os poderes do Imperador. 
O Imperador Dom Pedro I queria ter o poder de veto sobre as decisões do 
Legislativo e, apoiado pelo Partido Português, cujos representantes eram 
ricos comerciantes portugueses e altos funcionários públicos, dissolveu a 
Assembléia Constituinte brasileira exilando diversos deputados em 1823 e, 
no ano superveniente, com auxílio do Partido Português, outorgou a 
primeira Constituição brasileira em 25 de março de 1824. 
1.2. Características 
A Carta Imperial de 1824 foi marcada por ser extremamente liberal no 
tocante ao respeito aos direitos individuais e pelo absolutismo na 
organização dos Poderes. [2] As principais características desta 
constituição estão a seguir arroladas: 
1. O governo imperial era uma monarquia hereditária e constitucional (art. 
3º); 
2. Estabeleceram-se quatro poderes, segundo doutrina de Benjamin 
Constant, os quais eram o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o 
Moderador (art. 10); 
3. Foi adotado o Estado confessional sendo o catolicismo como religião 
oficial do Império (art.5º); 
4. Instituiu-se o sufrágio censitário, aberto e indireto (art. 92, V e seguintes); 
5. Foi estabelecido um conjunto de direitos e garantias individuais (art. 
179); 
6. Vigeu durante mais de 65 anos (maior vigência); 
7. Vitaliciedade aos mandatos dos senadores que eram escolhidos por meio 
de uma lista tríplice; 
8. Adotou-se como modelo externo as monarquias européias restauradas 
após o Congresso de Viena; 
9. As capitanias existentes foram transformadas em províncias; 
10. Os juízes e jurados compunham o Poder Judiciário; 
11. O Imperador exercia a chefia suprema através do Poder Moderador, 
interferindo nas demais esferas de poder. Consoante a Constituição, tinha 
por função garantir a independência, harmonia e equilíbrio entre os 
demais poderes; 
12. A assembléia-geral era constituída pela Câmara dos Deputados e a 
Câmara dos Senadores exercendo o Poder Legislativo. 
1.3. Organograma do Poder político de acordo com a Constituição de 
1824[3] 
 
2. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO 
BRASIL (1891) 
2.1. Contexto histórico 
“A Proclamação da República adveio como conseqüência da Guerra do 
Paraguai e abolição da escravatura. A guerra fez o exército modernizar-se, 
deu-lhe novos armamentos, recebeu em suas fileiras jovens da classe média 
e jovens negros alforriados. A abolição fez os escravocratas perderem a 
confiança no imperador, os quais se modernizavam voltados agora 
também para a indústria e comércio. D. Pedro II, não teve pulso suficiente 
para evitar o que parecia inevitável: a queda do regime monárquico. O 
positivismo de Augusto Comte deu sustentáculo intelectual aos 
republicanos”. [4] 
Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a proclamação da República e, por 
intermédio de uma Assembléia Constituinte, depois de um ano de 
negociações, adveio a promulgação da constituição em 24 de fevereiro de 
1891. 
Com o predomínio dos interesses da oligarquia latifundiária, 
majoritariamente dos cafeicultores, que influenciaram os eleitores e 
fraudaram as eleições através do “voto de cabresto”, foram suprimidos os 
princípios democráticos da primeira constituição republicana do país que 
foram engendrados dos princípios fundamentais da Constituição 
estadunidense. Por conseguinte, apesar da mudança da forma 
governamental, na práxis, o exercício do poder manteve-se com os mesmos 
dominantes de outrora. 
2.2. Características 
Esta Constituição Republicana apresentava os seguintes dispositivos: 
1. Aboliu-se o governo monárquico, instaurando-se a forma republicana 
de governo e a forma federativa de Estado (art. 1º); 
2. As províncias foram transformadas em Estados da Federação e o 
município neutro transformou-se em Distrito Federal, adquirindo grande 
parcela de competência da União; 
3. Sistema presidencialista consoante modelo norte-americano; 
4. Regime representativo; 
5. Extinguiu-se o Poder Moderador, adotando-se apenas três poderes, 
repartindo-os nas seguintes funções: Poder Legislativo, Poder Executivo e 
Poder Judiciário, independentes e harmônicos entre si, inspirados pela 
teoria da separação entre os poderes de Montesquieu (art. 15); 
6. Os Estados da Federação passaram a ter maior autonomia por 
intermédio de constituições organizadas; 
7. Foi abolida a vitaliciedade dos cargos de senadores; 
8. O Presidente da República detinha a chefia do Poder Executivo; 
9. Processo eletivo por voto direto e aberto; 
10. Duração de quatro anos para os mandatos; 
11. Inexistência de reeleição; 
12. O exercício do Poder Legislativo competia ao Congresso Nacional, cujacomposição se dava pelo Senado e Câmara dos Deputados; 
13. Foi adotado o Estado laico, isto é, a Religião Católica deixou de ser a 
religião oficial do Estado brasileiro; 
14. Adotou-se como modelo externo a Constituição norte-americana; 
15. O sufrágio apresentava adstrições censitárias, visto que os mendigos e 
analfabetos eram proibidos de exercer o direito ao voto (art. 70); 
16. Instituiu-se o habeas corpus por meio do seguinte dispositivo ao 
estabelecer que “dar-se-á o habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer ou 
se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade 
ou abuso de poder” (art. 72, § 22). Ademais, assegurava-se o direito de 
ampla defesa aos acusados, garantia-se aos juízes federais a vitaliciedade, 
irredutibilidade de vencimentos e inamobilidade. 
3. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO 
BRASIL (1934) 
3.1. Contexto histórico 
Com a tomada de poder através da revolução de 1930, o Governo 
Provisório de Getúlio Vargas nomeou uma comissão para elaborar a nova 
Constituição. Vargas tinha como política ideológica as questões 
econômicas e sociais em detrimento do liberalismo, como propõe o próprio 
preâmbulo da Constituição ao rezar como diretrizes “organizar um regime 
democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem 
estar social e econômico”. 
Esta Carta teve o menor período de duração da história constitucional 
brasileira, por apenas três anos, estando em vigor por apenas um ano em 
razão da Lei de Segurança Nacional que a suspendeu. 
Sobre esse contexto histórico, Marcos Arruda e César Caldeira expendem 
que: 
“O cumprimento à risca de seus princípios, porém, nunca ocorreu. Ainda 
assim, ela foi importante por institucionalizar a reforma da organização 
político-social brasileira – não com a exclusão das oligarquias rurais, mas 
com a inclusão dos militares, classe média urbana e industriais no jogo do 
poder.” [5] 
Com a Revolução Constitucionalista de 1932, em que o Exército Brasileiro 
defrontou-se com a Força Pública de São Paulo, trazendo à baila a questão 
do sistema político brasileiro, compelindo à eleição de uma Assembléia 
Constituinte, a qual aprovou e promulgou, ulteriormente, a segunda 
constituição republicana brasileira. Esta Carta foi bastante inovadora ao 
realizar mudanças progressistas, todavia, de curta duração, porquanto no 
ano de 1937, Getúlio Dornelles Vargas outorgou uma nova Constituição, 
dando início à ditadura por meio de um governo autoritário. 
O Governo Provisório dissolveu as Assembléias Estaduais e o Congresso 
Nacional. Em sendo assim, nomeou interventores para os Estados, para 
que governassem até a elaboração de uma nova Constituição. A situação 
era mais crítica em São Paulo, em razão da morosidade em se elaborar uma 
nova Constituição. Cresceu a revolta dos cafeicultores que haviam perdido 
a influência política. Foi nesse contexto que, em 1932, comandada pelos 
generais Bertoldo Klinger e Isidoro Dias Lopes e pelo coronel Euclides de 
Figueiredo, eclodiu a Revolução Constitucionalista. 
Apesar da derrota nos conflitos, os paulistas conseguiram ser atendidos 
em grande parte de suas reivindicações, porquanto Getúlio Vargas 
realizou a convocação de uma Assembléia Constituinte. 
Tal Constituinte tinha a incumbência de elaborar uma Constituição que 
realmente refletisse os fatores reais de poder vigentes naquela época, haja 
vista que terminada a Primeira Guerra Mundial, em 1918, o Brasil estava 
inserido num mundo bastante diferente. Os Estados Unidos da América 
tomaram a hegemonia político-econômica do mundo. A Revolução Russa 
fomentava ideais socialistas, de forma inovadora na História. O próprio 
Brasil passou por mudanças significativas, tais como o crescimento 
industrial e a expansão das cidades, entre outros aspectos importantes. 
Não se pode olvidar que no Governo Provisório de Vargas, adotou-se uma 
política emergencial de combate à crise internacional ocasionada pela 
queda da Bolsa de Nova York, em 1929. Tal política consistia na compra e 
destruição do café excedente, a fim de valorizar a produção cafeeira que, 
na época, era o principal sustentáculo da economia brasileira. Dessarte, 
fazia-se necessário um fundamento legal para a legitimação de Vargas no 
poder, o que ocorreu com a promulgação de uma nova Constituição, 
ratificando o seu exercício legítimo. 
A Carta Magna de 1934 contribuiu significativamente para consolidar a 
democracia no Brasil. Entretanto, o cenário internacional era totalmente 
desfavorável. Com a eclosão do nazismo na Alemanha, do fascismo na 
Itália e do stalinismo na União Soviética, além de outros regimes 
autoritários que estavam em ascensão, a democracia entrou em crise, 
principalmente na Europa. A Constituição alemã de 1919 e a Constituição 
espanhola de 1931 exerceram grande influência, sobretudo por apresentar 
dispositivos que estabeleciam a república federalista como regime de 
governo, estimulando os elaboradores da carta constitucional brasileira. 
3.2. Características 
A Constituição brasileira de 1934 amalgamou os princípios liberais, 
corporativistas e autoritários. Os princípios socialistas que precederam a 
Revolução de 30, exerceram grande influência na elaboração da legislação 
trabalhista. O governo de Getúlio Vargas fomentou a centralização do 
poder, apesar de a Constituição estabelecer o regime federativo e a 
autonomia dos Estados em relação à União. As principais características 
desta Constituição estão a seguir aventadas: 
1. Manteve-se a República, a federalismo, a divisão de Poderes 
independentes e coordenados entre si; 
2. Ampliação dos poderes da União e, conseqüentemente, diminuição das 
competências dos Estados, sendo estes subalternos àqueles; 
3. As rendas tributárias entre a União, Estados e Municípios foram 
discriminadas com maior austeridade; 
4. Ampliação dos poderes do Poder Executivo; 
5. Extirpou o sistema bicameral, imputando a função legiferante de forma 
adstrita à Câmara dos Deputados, estabelecendo o Senado Federal como 
órgão auxiliar; 
6. Estabeleceu um título atinente à ordem econômica e social (Título IV) e, 
outrossim, concernentes à família, cultura e educação, 
constitucionalizando os direitos sociais; 
7. Estabeleceu disposições relativas à segurança nacional; 
8. Assentou preceitos e parâmetros para o funcionalismo público; 
9. Suprimiu o cargo de vice-presidência da República; 
10. Instituiu a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral; 
11. Criou o mandado de segurança e a ação popular (art. 113); 
12. Fixou o voto secreto; 
13. Instituiu o voto obrigatório para maiores de 18 anos; 
14. Disciplinou o voto feminino que, outrora, fora reivindicado; 
15. Nacionalizou as riquezas do subsolo e quedas d’água no país; 
16. Foi adotado o estado confessional, tornando o catolicismo a religião 
oficial brasileira. 
17. Estabeleceu dois instrumentos de reforma constitucional, a saber:a 
revisão e a emenda (art. 178). 
18. Criação da Justiça do Trabalho. 
Com relação às Leis Trabalhistas podemos salientar a criação da jornada 
de 8 horas diárias, repouso semanal obrigatório e férias remuneradas, 
indenização para trabalhadores sem justa causa, assistência médica e 
dentária, assistência remunerada a trabalhadoras grávidas. Ocorreu a 
proibição do trabalho infantil, — proíbe a diferença de salário para um 
mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil 
e revê uma lei especial para regulamentar o trabalho agrícola e as relações 
no campo (que não chegou a ser feita) e reduz o prazo de aplicação de 
usucapião a um terço dos originais 30 anos. 
Nas palavras de Marcos Arruda e Cesar Caldeira: 
“Com a Constituição de 1934, a questão social passou a assumir grande 
destaque no país: direitos democráticos foram conquistados, a participação 
popular noprocesso político aumentou, as oligarquias sentiram-se 
ameaçadas - juntamente com a burguesia - pela crescente organização do 
operariado brasileiro e de suas reivindicações. Nessa conjuntura registrou-
se a primeira grande campanha nacional em que a Imprensa esteve 
envolvida: o debate a respeito do apelo nacionalista apregoado pelo 
Integralismo, movimento anti-liberal, anti-socialista, autoritário, 
assemelhado ao Fascismo italiano.Em conseqüência disso, o equilíbrio era 
algo difícil e já se previa naquela época que alcançá-lo iria levar tempo, 
para as novas forças políticas brasileiras.”[6] 
A Constituição de 1934 atendeu aos interesses da oligarquia que 
permaneceu potencialmente ativa, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo; 
aos interesses dos antigos tenentistas e nacionalistas; e, ademais, os 
interesses dos integralistas, instituindo órgãos sindicais subalternos ao 
Estado. 
É relevante reiterar que, via de regra, entretanto, ao fazer um cotejo, a 
Constituição de 1934 não trouxe expressiva divergência em relação à 
citerior, face à permanência do Brasil como uma república liberal-
democrática. Sob a perspectiva de funcionalidade, sua eficácia não pôde 
ser plenamente testada, haja vista que sua durabilidade foi ínfima, 
porquanto Vargas suspendeu as garantias constitucionais por intermédio 
do estado de sítio em 1935. 
4. CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1937) 
4.1. Contexto histórico 
Em 10 de novembro de 1937, foi outorgada a nova Constituição brasileira. 
Esta foi denominada como “Constituição Polaca”, em razão de ter sido 
estribada na Carta ditatorial Polonesa de 1935, cuja redação foi feita pelo 
jurista Francisco Campos, ministro da Justiça até então, a qual obteve 
ratificação do ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra e do presidente 
Getúlio Vargas.Tal Constituição foi a primeira, no Brasil, a apresentar 
caráter autoritário. 
Num momento histórico que precedia a sucessão presidencial em 1938, no 
qual Vargas transferiria o poder ao seqüente eleito, já havendo dois 
candidatos, a saber: José Américo de Almeida da base governista e 
Armando Salles de Oliveira, governador de São Paulo, da oposição. No 
entanto, Getúlio Vargas não ofereceu apoio a nenhum dos candidatos de 
modo a enfraquecer a disputa presidencial de ambas. Antes, porém, 
deliberava e articulava em reuniões com as lideranças governistas, a 
consecução do golpe de estado. 
A instauração do Estado Novo foi inspirada na ampliação do poder obtido 
por correntes político-ideológicas oriundas do período superveniente à 
guerra, tais como os comunistas de Luiz Carlos Prestes, líder da Coluna 
Prestes, e os integralistas de Plínio Salgado, haja vista que o Congresso 
concedera a anistia aos perseguidos políticos. 
A Aliança Nacional Libertadora foi criada sob influência da Internacional 
Comunista e pela direção nacional do Partido Comunista do Brasil, cuja 
presidência de honra era exercida por Luiz Carlos Prestes, o qual planejava 
organizar o levante armado contra o governo de Getúlio Vargas e instituir 
um novo governo. 
Em novembro de 1935, a ANL deflagrou uma sedição com manifestações 
em Natal e no Rio de Janeiro. Porém, Vargas conteve as insurreições sem 
dificuldades, servindo tais acontecimentos como pretexto para suspender 
a Constituição do ano anterior, por intermédio da Lei de Segurança 
Nacional que fora aprovada no Congresso e, além disso, impediu o 
funcionamento da ANL. 
Com fulcro na ameaça comunista, também denominada “perigo 
vermelho”, tendo como justificativa o plano Cohen que, na verdade, foi um 
artifício astucioso de orientação comunista, cujo objetivo era a obtenção do 
poder e, conseqüentemente, a formação de um regime aos moldes da 
URSS. Por essas razões, o chefe das Forças Armadas e o ministro da Guerra 
encaminharam ao Congresso a decretação de “estado de guerra”, a qual foi 
aprovada pela grande maioria dos parlamentares. Após alguns dias, 
Vargas determinou que a polícia pusesse cerco a Câmara, estabelecendo 
suspensão temporária das atividades do legislativo e, finalmente, 
outorgou a nova Constituição. 
Com auxílio da cúpula dos integralistas, Francisco Campos organizou e 
escreveu grande parte da Carta de 1937, no ano anterior. Após outorgada, 
Francisco Campos foi nomeado ministro da Justiça. As leis do regime 
ditatorial polonês e da legislação fascista na Itália serviram de inspiração 
para a elaboração da Carta Magna brasileira. Os ideais positivistas 
preconizados por Benjamim Constant, Floriano Peixoto e outros estavam 
inseridos na Lei Fundamental de 1937, caracterizando-se por ser uma 
república paternalista, autoritária e conservadora. 
No Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), ficou 
encarregado de divulgar os princípios do regime para a população, 
formando uma identidade nacional sob a perspectiva do autoritarismo. 
Açaimou as fortuitas manifestações populares e realizou violenta 
repressão, através da censura, aos órgãos de comunicação. 
Na esfera administrativa, o governo Vargas procurou aperfeiçoar o 
funcionalismo público, com investimentos na formação profissional e 
desempenho técnico em detrimento às filiações e indicações políticas. Para 
a consecução de tal meta, criou-se o Departamento Administrativo do 
Serviço Público (DASP), cuja tarefa era reformular a administração pública. 
No plano econômico, foi fundado o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Comercial (SENAC), cuja destinação é fomentar a 
educação para o trabalho em atividades do comércio de bens e serviços, 
contribuindo para valorização do trabalhador e sua capacitação 
profissional, assim como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
(SENAI), cujo fim é promover a educação profissional e tecnológica, a 
inovação e a transferência de tecnologias industriais , contribuindo para 
elevar a competitividade da insdústria nacional. 
4.2. Características 
A Constituição de 1937 atendeu aos interesses de grupos políticos 
dominantes e daqueles que se firmaram como aliados, corroborando para 
a consolidação do domínio destas classes. Portanto, a principal 
característica dessa carta política era a concentração de poderes sob o 
domínio do presidente Getúlio Vargas. De conteúdo eminentemente 
centralizador, condicionou ao chefe do Executivo a delegação dos 
interventores, os quais, por seu turno, escolhiam os representantes 
municipais. 
O apogeu do governo centralizador de Vargas sucedeu-se com o regime 
do Estado Novo. Nesse período, os direitos políticos foram extirpados, os 
órgãos legiferantes no âmbito federal, estadual e municipal foram 
fechados, criando-se departamentos administrativos e interventorias. As 
políticas de governo, tais como as relacionadas com os setores de petróleo 
e siderurgia, tiveram ampla colaboração, mormente dos militares. 
O vínculo que o Estado Novo apresentou com o fascismo se deve ao fato 
de aquele apresentar como características um Estado rijo, interventor, 
centralizador, propulsor de políticas públicas cujo fundamento era criar 
condições necessárias para o crescimento econômico, desenvolvimento do 
país e racionalização do Estado. 
Nesse diapasão, pode-se destacar dentre os principais dispositivos da 
Constituição de 1937: 
1. Aboliu-se a invocação ao nome de Deus; 
2. Concentração de poderes ao chefe do Executivo; 
3. Determinou-se eleições indiretas para presidente, cujo mandato será de 
seis anos; 
4. O Senado Federal passou a ser denominado de Conselho Federal; 
5. Restringiu a autonomia dos Estados-Membros; 
6. Criou a técnica do estado de emergência[7]; 
7. Os órgãos legiferantes foram dissolvidos; 
8. Foi estabelecida a pena de morte; 
9. Extinguiu-se o federalismo; 
10. Suprimiu-se o liberalismo; 
11. Retirou-se o direito de greve do trabalhador; 
12. O Governo tinha a prerrogativa de expungir funcionários opositoresdo 
regime; 
13. Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito, o 
que nunca se realizou; 
14. Extirpou-se os partidos políticos e a liberdade de imprensa, vigorando 
a censura prévia; 
15. Modelo externo: Ditaduras fascistas; 
16. Possibilitou que o Presidente da Republica interferisse nas decisões do 
Judiciário, pois lhe possibilitava submeter à apreciação do Parlamento as 
leis declaradas inconstitucionais, podendo o Parlamento desconstituir esta 
declaração e inconstitucionalidade através de dois terços de seus 
membros[8]; 
17. Restringiu os direitos individuais e desconstitucionalizou o instituto da 
ação popular e o mandado de segurança. 
O exercício dessa Constituição foi inconstante. A decomposição dos órgãos 
legislativos e a sua índole centralizadora converteram-na em um texto 
entorpecido e inerte em vários dispositivos. 
5. CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1946) 
5.1. Contexto histórico 
Com o ingresso do Brasil na II Guerrra Mundial ao lado dos aliados, a 
continuidade do Estado Novo ficou comprometida. A posição brasileira 
contrária ao regime ditatorial nazi-fascista pôs em xeque, isto é, tornou 
vulnerável a própria conservação do governo despótico no Brasil. Com a 
ilegitimidade do Estado Novo, este entra em declínio e finda-se em 1945. 
Após a queda de Vargas e da Ditadura, encetou-se um período de 
redemocratização, haja vista a necessidade de um novo ordenamento 
constitucional. 
Eleita a Assembléia Constituinte, sob o governo do general Eurico Gaspar 
Dutra, foi promulgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias em setembro de 1946, sendo 
claramente inspirada pelos parâmetros estabelecidos sob a égide da 
Constituição de 1934, os quais haviam sido eliminados em 1937. 
5.2. Características 
A nova Carta apresentava como principais tópicos: 
1. O bicameralismo é reinstituído; 
2. Reestabelecimento do cargo de Vice-Presidente da República; 
3. Ampliação dos poderes da União, diminuindo os poderes dos Estados; 
4. A propriedade foi regulada a função social, possibilitando a 
desapropriação por interesse social (art. 141, § 16º); 
5. Admissão de título atinente à família, à cultura e à educação; 
6. Instituiu-se a Justiça do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos; 
7. Introdução de mandato presidencial de cinco anos (quinqüênio); 
8. Proteção da propriedade privada e do latifúndio; 
9. Garantia de direito a greve e de livre associação sindical; 
10. Assegura a liberdade de expressão e opinião; 
11. Estabelece-se o equilíbrio entre os poderes; 
12. Constitucionalizou-se o mandado de segurança para proteger direito 
líqüido e certo não amparado porhabeas corpus e a a ação popular (art. 141); 
Além desses dispositivos, também foram inseridos: a igualdade de todos 
perante a lei; a inviolabilidade do sigilode correspondência; a 
inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo; a prisão só em flagrante 
delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla 
de defesa do acusado. 
É imprescindível frisar que, pelo Ato Adicional de 2 de setembro de 1961, 
foi instaurado o Parlamentarismo a fim de que decorrida a posse do Vice-
Presidente João Goulart, em razão da renúncia de Jânio Quadros, fosse 
admitida pelos militares e conservadores. No entanto, com o plebiscito 
ocorrido em setembro de 1962, foi reestabelecido o Presidencialismo. 
Por conseguinte, a Constituição do Brasil de 1946 foi eminentemente um 
progresso para a democracia e para os direitos fundamentais do cidadão 
brasileiro, considerada por muitos como avançada para época. 
6. CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1967 
6.1. Contexto histórico 
A Constituição Brasileira de 1967 foi aprovada pelo Congresso Nacional o 
qual fora transformado em Assembléia Constituinte através do Ato 
Institucional n. 4, sendo atribuída a prerrogativa de poder constituinte 
originário. Os membros da oposição foram banidos e a Carta 
Constitucional foi organizada sob pressão e encomenda dos militares, os 
quais preconizavam legalizar e institucionalizar o regime ditatorial militar. 
 A nova Carta foi elaborada pelo jurista Carlos Medeiros Silva e diversas 
alterações foram realizadas com a inserção de emendas, atos institucionais 
e atos complementares, sendo ratificada pelo Congresso no dia 24 de 
janeiro de 1967, vigorando a partir de 15 de março do ano corrente. 
Nesse ínterim, vale ponderar o que asseveram Marcos Arruda e César 
Caldeira: 
“A necessidade da elaboração de nova constituição com todos os atos 
institucionais e complementares incorporados, foi para que houvesse a 
reforma administrativa brasileira e a formalização legislativa, pois a 
Constituição de 18 de Setembro de 1946 estava conflitando desde 1964 com 
os atos e a normatividade constitucional, denominada institucional”.[9] 
Pode-se depreender a partir do posicionamento supra citado que esta 
Carta procurou institucionalizar o regime ditatorial, ampliando os poderes 
do Executivo em detrimento do Legislativo e Judiciário, engendrando uma 
organização hierárquica constitucional. O Poder Executivo exercia, com 
caráter exclusivo, a prerrogativa de criar emendas constitucionais, sem a 
anuência do Poder Judiciário e legislativo. 
Faz-se mister considerar que esta Carta Constitucional tornou-se, na 
maioria de suas matérias, inerte, devido à imposição do Ato Institucional 
n. 5 (1968) e pela Emenda n. 1 (1969). 
O poder era exercido por uma Junta Militar, denominada Comando 
Supremo da Revolução. Com a criação desta Junta, sucedeu-se diversos 
governos militares. Os líderes do movimento militar entregaram a 
Presidência da República ao Marechal Humberto de Alencar Castelo 
Branco. Apesar de possuir tendências progressistas, objetivando realizar 
um governo transitório a fim de abrir espaço a um novo governo civil 
legítimo, dentre os quais se engajaram nesse propósito, Carlos Lacerda e 
José de Magalhães, os quais propunham a realização de eleições 
presidenciais, os militares mais conservadores, correte militar conhecida 
como linha dura, impediram tal ensejo e Castelo Branco acabou 
sucumbindo às pressões que lhe foram feitas. 
Em seu governo, Humberto Castelo Branco extinguiu os partidos políticos, 
anulou as eleições presidenciais de 1965, permanecendo até 1967, ano em 
que foi aprovada a Constituição autoritária. Assim, paulatinamente, os 
militares conseguem dirimir a “ameaça comunista”. Com o Congresso 
Nacional reduzido pelas cassações que ocorreram, o novo Documento 
Constitucional não teve muitas alterações e impedimentos para ser 
aprovado. 
As principais medidas do texto constitucional são as seguintes: 
1. Estribou todo o arcabouço de poder na Segurança Nacional; 
2. Aumentou os poderes da União e do Poder Executivo em conflito com 
os interesses dos demais Poderes; 
3. Ocorreu reformulação do sistema tributário nacional; 
4. É conferido ao Poder Executivo o condão de legislar em matéria de 
orçamento e segurança; 
5. Ação de suspensão de direitos políticos e individuais (art. 151. Aquele 
que abusar dos direitos individuais previstos nos §§ 8º, 23, 27 e 28); 
6. Eleição indireta para Presidente da República; 
7. Instituiu-se a pena de morte para crimes de segurança nacional; 
8. Abre margem para posterior imposição de leis de censura e banimento; 
9. Aniquilou a autonomia dos Municípios; 
10. Autorização para expropriação. 
7. EMENDA CONSTITUCIONAL N.1 DE 1969 (EDITADA EM 
17/10/1969) 
7.1 Contexto histórico 
A Constituição brasileira de 1967 sofreu grandes alterações em sua redação 
em razão da Emenda Constitucional n. 1, decretada pela Junta Militar que 
assumiu o exercício da Presidência da República, no período em que o 
Presidente Costa e Silva fora acometido por um acidente vascular cerebral, 
vulgoderrame cerebral. O vice-presidente Pedro Aleixo, substituto legal 
para o cargo, foi impedido de assumir a Presidência por manifestar 
intenções de reformular os Atos Institucionais e reabrir o Congresso 
Nacional. 
7.2 Características 
 Esta Emenda é considerada por parte da doutrina como uma nova 
Constituição, como pondera com propriedade José Afonso da Silva: 
“Teórica e tecnicamente, não se tratou de emenda, mas de nova 
constituição. A emenda só serviu como mecanismo de outorga, uma vez 
que verdadeiramente se promulgou texto integralmente reformado, a 
começar pela denominação que se lhe deu: Constituição da República 
Federativa do Brasil, enquanto a de 1967 se chamava apenas Constituição 
do Brasil. (...) Se convocava a Constituinte para elaborar Constituição nova 
que substituiria a que estava em vigor, por certo não tem a natureza de 
emenda constitucional, pois tem precisamente sentido de manter a 
Constituição emendada. Se visava destruir esta, não pode ser tida como 
emenda, mas como ato político.” [10] 
A Emenda Constitucional n. 1, introduziu as seguintes alterações: 
1. Aumento do mandato presidencial para cinco anos (qüinqüênio); 
2. Determina eleições indiretas para a função de governador de Estado; 
3. Extirpação das imunidades parlamentares. 
Além dessas alterações, o governo estabeleceu a Lei de Segurança 
Nacional, que tornava adstrita as liberdades civis, e a Lei de Imprensa que 
institua o órgão da Censura Federal. 
8. ATOS INSTITUCIONAIS 
Digno de nota, os Atos Institucionais (AIs) foram tão importantes quanto 
a própria Constituição de 1967 para a História constitucional 
brasileira. [11] Ao todo, foram dezessete Atos Institucionais, mas 
destacaremos os seguintes: 
Ato Institucional – 1 
Poder de alterar a Constituição; cassar mandatos e suspender políticos; 
estabelecia eleições indiretas para presidência da República. 
Ato Institucional – 2 
Determinou eleição indireta para presidência da República; extinguiu 
todos os partidos políticos; ampliou o número de ministros do STF; 
intervenção nos Estados. 
Ato Institucional – 3 
Determinava eleições indiretas para governador e vice-governador e 
nomeação de prefeitos pelos governadores. 
Ato Institucional – 4 
Invitou o Congresso Nacional para a votação e promulgação do Projeto de 
Constituição. 
Ato Institucional – 5 
Fechamento do Congresso Nacional; cassação dos mandatos eletivos; 
suspensão dos direitos políticos e liberdades individuais; proibição de 
manifestações públicas; ao Poder Executivo foi dada a prerrogativa de 
legiferar sobre todos os temas. 
9. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 
1988 
9.1. Contexto histórico 
Em 15 de março de 1974, o general Ernesto Geisel assume a presidência da 
República. Em seu discurso, Geisel comprometia-se em recuperar o 
desenvolvimento econômico e reimplantar a democracia. A frase 
“distensão lenta, segura e gradual”, caracterizou o seu governo. Esse 
processo de redemocratização, também conhecido como abertura, teve o 
fulcro e mobilização de várias instituições civis, entre elas a Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB). 
O sucessor na Presidência da República, eleito de forma indireta, foi o 
general João Baptista Figueiredo, assumindo o cargo em 1979. Com a 
multiplicação de apoio pela anistia de presos e exilados, o Presidente 
ratificou a Lei da Anistia, a qual fora votada no Congresso. Depois de 
diversas campanhas, sendo a mais conhecida a “Diretas-já”, mesmo sendo 
derrotada, contribuiu de forma significativa para que, em 1985, de forma 
indireta, o poder fosse devolvido a um civil. Dessa forma, os valores 
democráticos foram restabelecidos aos cidadãos brasileiros e a Nova 
República pôs termo às ditaduras militares. 
9.2. Características 
Em novembro de 1986, uma Assembléia Nacional Constituinte foi eleita a 
fim de elaborar uma nova Constituição. Em 5 de outubro de 1988, com 
transmissão ao vivo pela imprensa televisionada brasileira, a nova Lei 
Maior foi promulgada. Contendo 245 artigos na parte permanente e 73 no 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as principais 
características dessa Constituição estão a seguir arroladas: 
1. Assegura princípios fundamentais ínsitos à necessidade humana, 
servindo de fulcro o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º 
a 4º); 
2. Instituiu-se o Superior Tribunal de Justiça, substituindo o Tribunal 
Federal de Recursos; 
3. Estabeleceu o mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX), 
mandado de injunção (CF, art. 5º, LXXI) e habeas data (CF, art. 5º, LXXII). 
4. Reforma eleitoral, estabelecendo a faculdade de exercício do direito do 
voto aos analfabetos e brasileiros maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos; 
5. A propriedade atenderá a sua função social (CF, art. 5º, XXIII); 
6. Repúdio ao racismo, passando a ser crime inafiançável (CF, art. 4º, VIII); 
7. Assegura aos índios a posse permanente de suas terras; 
8. Assenta novos direitos trabalhistas (CF, art. 7º). 
Por todos os avanços que podemos verificar na Constituição de 1988, o 
deputado Ulisses Guimarães, o qual presidiu a Assembléia Constituinte, a 
denominou de Constituição-cidadã. É interessante destacar também que, 
com base no art. 64 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
exemplares da Constituição do Brasil foram distribuídos por todo o país. 
Por fim, em 1993, ocorreu um plebiscito sobre a forma e sistema de 
governo. Nessa ocasião, o povo brasileiro (a grande maioria sem 
discernimento sobre o assunto), decidiu pela manutenção da república 
presidencialista. Paulo Bonavides faz uma importante exposição: 
“O destino da nova Constituição do Brasil vai depender em larga parte da 
adequação do novo instrumento às enormes exigências de uma sociedade 
em busca de governos estáveis e legítimos, dos quais possa a Nação esperar 
a solução de seus problemas cruciais de natureza política e estrutural.” [12] 
10. CARACTERES DIFERENCIADORES E CORRELATOS 
Observa-se que a Constituição brasileira de 1988 apresenta certa 
identidade principiológica com a Constituição de 34 e a Constituição de 46. 
A Carta de 1934 teve méritos de cunho progressista, ao institucionalizar 
uma revisão na estrutura político-social brasileira, como por exemplo, as 
políticas de inclusão social que se sucederam na época. É importante 
reiterar que a Lei Maior de 34 contribuiu significativamente para a 
consolidação da democracia no Brasil. O próprio preâmbulo desta Carta 
ratifica tais conclusões, quando aduz: “organizar um regime democrático, 
que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social 
e econômico”. [13] Do mesmo modo, a Constituição de 46 também 
apresenta aspectos correlatos ao apresentar caráter democrático e ao 
pressupor avanços no que tange aos direitos fundamentais do cidadão 
brasileiro. 
Pode-se notar que se empregaram meios a fim de relacionar os direitos 
sociais, os quais asseguram certa igualdade e dignidade, ínsitos na 
Constituição de 1988, com os princípios de igualdade política concernentes 
ao tradicional liberalismo estrito, presente na Constituição de 1891, o qual 
preconiza a intervenção do Estado na economia capitalista por intermédio 
de políticas de índole keynesiana e populista, oferecendo oportunidades 
iguais para todos. Faz-se necessário esclarecer que em relação ao 
Neoliberalismo, doutrina de grande aceitação nas últimas décadas do 
século XX, a Constituição brasileira de 1988 apresenta acentuadas 
divergências. Segundo o Dicionário eletrônico Aurélio século XXI: “O 
neoliberalismo se contrapõe à tendência anterior de aumento da 
intervenção governamental, em economias capitalistas, como resultado da 
adoção de políticas sociais de natureza assistencial e de políticas 
econômicas keynesianas”. [14] 
Parece claro, portanto, que a CartaMagna de 1988 está correlacionada com 
os princípios keynesianos, ao idealizar “o Estado como provedor de 
condições mínimas de renda, educação, saúde, etc., consideradas como 
direitos dos cidadãos”. [15] Esta doutrina do Welfare State constitui-se 
como preceito da Constituição de 1891 e que atinge a atual Carta brasileira. 
De forma sintética, podemos dizer que o liberalismo (que não se confunde 
com o neoliberalismo) está presente, em alguns pontos, na Constituição 
atual, diferentemente do neoliberalismo que prega a redução do papel do 
estado no âmbito sócio-econômico, o qual diverge do atual modelo 
constitucional brasileiro. 
Faz-se oportuno salientar o interessante posicionamento de Jorge Miguel 
ao explanar sobre a inserção da palavra Deus no preâmbulo da 
Constituição, sendo que a única a excluí-la foi a de 1891, sob influência do 
cientificismo: 
“A Carta de 1824 invocou o Deus cristão e católico: Santíssima Trindade. Os 
constituintes de 1934 puseram suaconfiança em Deus. Os de 1946 alegam 
sob a proteção de Deus. A Carta de 1967 invoca a proteção de Deus. Em 1988, 
os constituintes voltam ao texto de 46 e de lá se inspiram ao promulgar a 
Carta sob a proteção de Deus”.[16] 
O preâmbulo da atual Carta Magna além de ser o mais extenso de todas as 
Constituições, elucida que o Poder Constituinte pertence ao Povo, 
conforme esquematiza Jorge Miguel[17]: 
 
Dessa forma, pode-se depreender que a titularidade do poder constituinte 
pertence ao povo, sendo o exercício deste poder atribuído aos 
representantes legais que, em nome do povo, mediante uma Assembléia 
Nacional Constituinte, elaboram uma nova Constituição. Os poderes 
legislativos, executivos e judiciários estão condicionados, isto é, devem 
obedecer aos dispositivos estatuídos na Constituição, os quais foram 
editados pelo poder constituinte originário, mediante a prerrogativa dada 
pelo povo para tal exercício. 
A Constituição Federal de 1988 estatuiu como crimes inafiançáveis a 
prática da tortura (CF/art. 5º, XLII) e ações de grupos armados contra a 
ordem institucional e o Estado democrático (CF/art. 5º, XLIII), rompendo, 
destarte, com o modelo autoritário da Constituição de 1967, ao inviabilizar 
quaisquer possibilidades de eventuais golpes. Ela estabeleceu eleições 
diretas para os cargos de presidente da República, governadores dos 
estados e Distrito Federal e prefeitos. A atual Carta Magna também 
aumentou os poderes do Congresso Nacional. 
Outro elemento inovador que merece destaque na Constituição de 1988 é 
a inserção, de forma inédita, de um título sobre política urbana, presentes 
nos artigos 182 e 183. Torna o município em um ente federativo, definição 
esta inexistente nas Constituições pretéritas. São-lhe conferidas 
prerrogativas inéditas e autonomia. Sobre esse tema, Paulo Bonavides 
assevera que: 
“As prescrições do novo estatuto fundamental de 1988 a respeito da 
autonomia municipal configuram indubitavelmente o mais considerável 
avanço de proteção e abrangência já recebido por esse instituto em todas 
as épocas constitucionais de nossa história. [18] 
Com a promulgação do novo texto magno, introduziu-se um federalismo 
de cunho regional, tendo os entes regionais, significativa presença. Não 
houve nas constituintes pretéritas o ensejo de reformulação federativa, 
trazendo a lume o reconhecimento das Regiões. Até a Constituição de 1988, 
os entes regionais foram desconsiderados, com raras exceções como na Lei 
Fundamental de 1946. A atual Lei Maior constitucionalizou a Região no 
art. 43, apesar de restringir tal processo ao plano administrativo, espera-se, 
doravante, um aprofundamento na reforma institucional de modo a 
contemplar as Regiões, dando-lhes a devida constitucionalização política. 
O professor Paulo Bonavides pondera que: 
“Esse quadro propiciará uma ampliação considerável do papel das Regiões 
na moldura econômica do País, por impulso administrativo, com eventuais 
repercussões políticas, tendentes, sem dúvida, a alargar-se em consonância 
com a grande realidade que elas já significam na vida da nação. O caminho 
portanto se descortina para o emergir de uma nova e futura instância 
federativa – a das Regiões. Será ela um sopro renovador na comunhão dos 
seres autônomos que compõem a organização político-administrativa 
propriamente dita do Estado brasileiro.”[19] 
Pela primeira vez, a Constituição atribui à propriedade urbana a função 
social (CF/art. 182, § 2º) e prevê instrumento de política de 
desenvolvimento urbano (CF/art. 182, § 1º). Entende-se que como 
mecanismo de interrupção da especulação mobiliária, a intervenção no 
direito de propriedade, quando não aproveitado de maneira adequada, 
conforme está expresso no art. 182, § 4º inc. III. A regulamentação desse 
instrumento adveio com o Estatuto da Cidade. 
No novo estatuto fundamental de 1988 já foram admitidas até então, 59 
reformas em seu texto original, destas são 6 emendas constitucionais de 
revisão e 53 emendas constitucionais. A única revisão possível pela Lei 
Fundamental do Brasil aconteceu em 05 de outubro de 1993. 
11. QUADRO COMPARATIVO 
Diante de todas as considerações expostas até então, faz-se oportuno 
apresentar um quadro comparativo da classificação das Constituições 
Brasileiras: 
 
Ao analisar o quadro, vê-se que quanto à classificação, as sete 
Constituições brasileiras apresentam conteúdo formal. No tocante à forma, 
todas foram escritas, tendo como modo de elaboração a classificação 
dogmática. No que diz respeito à origem, temos a Constituição de 1824 e 
1937 classificadas como outorgadas. Aquela imposta pelo imperador D. 
Pedro I, esta pelo presidente Getúlio Vargas ao criar o Estado Novo. 
Conseqüentemente, foram promulgadas as Constituições de 1891, 1934, 
1946, 1967 e 1988. Em relação ao critério de estabilidade, somente a 
Constituição de 1824 é semi-rígida, com fulcro no art. 178. Todas as demais 
Constituições são definidas como de natureza rígida. Por último, no que se 
refere à extensão e finalidade, classificamo-nas como analíticas. 
12. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA E SISTEMA DE 
GOVERNO 
No período de vigência das Constituições brasileiras, foram adotadas as 
seguintes formas e sistemas de governo: 
 
Partindo dos dados apresentados pela tabela, podemos verificar que no 
período em vigeu a Lei Maior de 1824, adotou-se como regime político a 
Monarquia Constitucional. Na vigência das constituições de 1891, 1934 e 
1937 foi implantado o sistema político de República presidencialista. A 
Constituição de 1946 estabeleceu uma República presidencialista, 
entretanto, pelo Ato Adicional de 2 de setembro de 1961, foi instaurado o 
Parlamentarismo. Porém, com o plebiscito ocorrido em setembro de 1962, 
foi restabelecido o Presidencialismo. A Carta Magna de 1967, que em 
grande parte constituiu-se em letra morta, representou um dos momentos 
mais deploráveis da política brasileira: a ditadura militar. Com a 
redemocratização em 1988, instituiu-se novamente a República 
presidencialista como forma de governo. 
13. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Constituição de 1824 
Inspirada na doutrina francesa pós-revolução, a Constituição atribuiu ao 
Poder Legislativo “velar pela guarda da Constituição” (art. 15, §§ 8º e 9º). 
Constituição de 1891 
Com inspiração no Direito norte-americano, apresenta um sistema difuso 
de controle de constitucionalidade. A Lei nº. 221, de 1894, reza que “os 
juízes e tribunais apreciarão a validade das leis e regulamentos e deixarão 
de aplicar aos casos ocorrentes as leis manifestamente inconstitucionais e 
os regulamentos manifestamente incompatíveis com as leis ou com a 
Constituição” (art. 13, § 10). 
Constituição de 1934 
Mantém controle difuso e o princípio da reserva de plenário. Porém, 
instituiu-se a possibilidade de nova apreciação, pelo Parlamento, de lei 
vistacomo inconstitucional, em proveito ao bem-estar do povo. 
Constituição de 1946 
Restabelecimento do controle de constitucionalidade, segundo o modelo 
da Constituição de 1934, com inclusão do recurso extraordinário. Manteve-
se o princípio da reserva de plenário. Também se criou a representação 
interventiva. 
Constituição de 1967 
Manteve-se o controle difuso e a ação direta de inconstitucionalidade, não 
sofrendo grandes alterações. 
14. CONCLUSÕES 
1. A Constituição de 1824 foi a primeira Constituição brasileira. Outorgada 
pelo Imperador D. Pedro I, caracterizou-se pelo extremo liberalismo em 
relação aos direitos individuais e pelo absolutismo na organização de 
poderes. Os direitos e garantias individuais estabelecidos nesta Carta 
apresentam ligeira relação com os direitos fundamentais estatuídos na Lei 
Maior de 1988. 
2. A Constituição de 1891 foi a primeira constituição republicana do Brasil. 
Embora tenha sido promulgada, esta Carta atendeu aos interesses da 
oligarquia latifundiária, principalmente em função do “voto de cabresto”. 
Caracterizou-se pela supressão dos princípios democráticos e o poder 
manteve-se com os mesmos dominantes, apesar da instituição de uma 
nova forma governamental. Em relação à forma governamental – 
república, aproxima-se da Carta Magna de 1988, entretanto, afasta-se desta 
ao suprimir os princípios democráticos. 
3. A Constituição brasileira de 1934 foi bastante progressista para a época, 
contribuindo significativamente para consolidar a democracia no Brasil. 
Concatenou os princípios liberais, corporativistas e autoritários. Os 
príncipios socialistas também exerceram grande influência na elaboração 
das leis trabalhistas. Enfim, ela apresenta aspectos correlativos à Lei 
Fundamental de 1988, sobretudo no que respeita aos princípios socialistas, 
como, por exemplo, as leis trabalhistas. 
4. A Constituição de 1937 atendeu aos interesses de grupos políticos 
dominantes e daqueles que se firmaram como aliados, corroborando para 
a consolidação do domínio destas classes. Portanto, a principal 
característica dessa carta política era a concentração de poderes sob o 
domínio do presidente Getúlio Vargas. Tal Constituição foi a primeira, no 
Brasil, a apresentar caráter autoritário. Vargas realizou violenta repressão 
às manifestações populares. Em relação à Lei Maior de 1988, podemos 
destacar como ponto divergente, a eliminação dos direitos políticos e como 
ponto convergente, a função do Estado em fomentar políticas públicas de 
incentivo ao crescimento econômico. 
5. Com a necessidade de um novo ordenamento constitucional, a 
Constituição de 1946 encetou um período de redemocratização. 
Concluímos que esta Constituição foi a que mais se assemelhou com a 
Constituição de 1988. A Carta de 46 foi um progresso para a democracia e 
para os direitos fundamentais do cidadão brasileiro, considerada por 
muitos como avançada para época. Interessante notar que sob a égide desta 
Lei Fundamental, existiram dois sistemas de governo: estabeleceu-se uma 
República presidencialista, entretanto, pelo Ato Adicional de 2 de 
setembro de 1961, foi instaurado o Parlamentarismo. Porém, com o 
plebiscito ocorrido em setembro de 1962, foi restabelecido o 
Presidencialismo. 
6. A Constituição de 1967 deu origem ao Regime Militar, também 
conhecido como os “Anos de Chumbo”. Esta Magna Carta foi promulgada 
apesar de os membros da oposição terem sido banidos. Dessarte, podemos 
dizer que foi uma promulgação “mutilada”. A principal característica é a 
centralização do poder. O Executivo exercia, com caráter exclusivo, a 
prerrogativa de criar emendas constitucionais, sem a anuência do Poder 
Judiciário e legislativo. A ditadura militar representou um dos momentos 
mais deploráveis da política brasileira. 
7. A Emenda Constitucional n. 1 de 1969 alterou profundamente a 
Constituição de 1967, sendo considerada por parte da doutrina como uma 
nova Constituição, inclusive com alteração da denominação, já que a Lei 
Maior de 1967 chamava-se Constituição do Brasil e a Emenda alterou para 
Constituição da República Federativa do Brasil. 
8. Os Atos Institucionais (AIs) foram tão importantes quanto a própria 
Constituição de 1967 para a História constitucional brasileira, levando-se 
em consideração estritamente o sentido histórico. O mais veemente foi o 
Ato Institucional n. 5 ao fixar: fechamento do Congresso Nacional; 
cassação dos mandatos eletivos; suspensão dos direitos políticos e 
liberdades individuais; proibição de manifestações públicas; ao Poder 
Executivo foi dada a prerrogativa de legiferar sobre todos os temas. 
9. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 difere de todas 
as demais Constituições existentes no Brasil, em razão de sua índole 
humanitária, isto é, atinente ao coletivo, ao global. Por isso mesmo, é 
classificada quanto aos direitos fundamentais, na terceira geração, por 
atentar ao princípio de solidariedade e aos direitos humanos. Como Estado 
democrático de direito tem como fundamentos: a soberania, a cidadania, a 
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa e o pluralismo político. 
10. A despeito do que foi exposto e, tendo em vista os princípios 
democráticos assegurados em nossa Constituição, faz-se necessária a 
participação de todas as pessoas, de forma integral, exercendo o pleno 
gozo dos direitos políticos, atuando de forma ativa na vida política 
brasileira, a fim de construir uma sociedade livre, justa, solidária, com 
igualdade de possibilidades, de modo a promover não uma idéia utópica 
de democracia, com uma constituição de folha de papel sem vida e 
utilidade, mas numa ordem social eqüitativa com a prevalência da 
dignidade da pessoa humana. 
 
REPUBLICA DAS OLIGARQUIAS – RESUMO, 
SIGNIFICADO E PRESIDENTES 
 
 
Prudente de Morais: 1º 
presidente da República das 
Oligarquias 
 
 
Significado (definição) 
 
Chamamos de República das Oligarquias o período da História do Brasil 
(entre 1894 e 1930), em que houve um forte domínio das oligarquias na 
política nacional. Estas oligarquias eram compostas, principalmente, por 
ricos e poderosos proprietários rurais, principalmente da região sudeste do 
Brasil. 
 
Início e término da República das Oligarquias 
 
A República das Oligarquias teve início em 1894, com o governo de 
Prudente de Morais, representante da oligarquia cafeicultora da região 
sudeste do Brasil. Esta fase terminou em 1930, após a Revolução de 1930, 
golpe de estado que levou Getúlio Vargas ao poder. 
 
Principais características políticas e econômicas do período 
 
- Coronelismo: era o poder político, econômico e social que os “coronéis” 
tinham sobre a população local. Estes coronéis nada mais eram do que 
grandes proprietários rurais com influência na política regional. 
 
- Política do café-com-leite: foi a alternância na presidência da República 
de políticos paulistas e mineiros. Ganhou este nome, pois o café era o 
principal produto de São Paulo e o leite (também os derivados) era o 
principal produto dos mineiros. 
 
- Fraudes eleitorais: como o voto era aberto e o sistema eleitoral facilmente 
manipulado pelos políticos, era comum as fraudes eleitoras, feitas sempre 
para beneficiar os candidatos apoiados pelos grandes proprietários rurais. 
Compra de votos, uso de documentos falsos e alterações de cédulas 
eleitorais eram comuns neste período. O “voto de cabresto” era o sistema 
em que o coronel, com uso da violência ou pressão de todos os tipos, fazia 
com que seus funcionários votassem nos candidatos indicados por ele. 
 
- Início do processo de industrialização do país: parte do lucro dos 
cafeicultores, com a venda do café para o mercado externo, foi usada como 
investimentos no setor industrial. A região sudeste do país, principalmente 
a cidade de São Paulo,foi a que mais recebeu estes investimentos e mais se 
desenvolveu no aspecto industrial. 
 
- Formação da burguesia industrial urbana e do operariado, 
principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro: muitos 
imigrantes, principalmente italianos, foram morar nestas cidades para 
trabalhar nas nascentes e promissoras indústrias. Ocorreram também, 
neste período, muitas greves com a organização do movimento operário, 
que reivindicava melhores salários e condições de trabalho. 
 
- Política dos Governadores: espécie de acordo feito entre os governadores 
de estados e o presidente da República. O presidente dava apoio, 
principalmente nas eleições, aos governadores e, em troca, estes davam 
sustentação política ao presidente. 
 
- Tenentismo: movimento de caráter político-militar, com grande 
participação de militares do exército (média e baixa patente), que eram a 
favor da moralização política do Brasil. O movimento, do início da década 
de 1920, foi caracterizado por rebeliões e protestos. O mais importante 
levante tenentista foi a Revolução Paulista de 1924. 
 
Principais movimentos e revoltas sociais do período 
 
Os movimentos sociais deste período foram reflexos da insatisfação de 
grande parte do povo brasileiro com o controle político das oligarquias e 
também com os problemas sociais advindos da concentração de renda, 
pobreza e miséria. 
 
- Cangaço (do final do século XIX até o final da década de 1930) 
 
- Guerra de Canudos (1896 a 1897) 
 
- Revolta da Chibata (1910) 
 
- Guerra do Contestado (1914) 
 
- Revolta da Vacina (1904) 
 
- Coluna Prestes (de 1925 a 1927) 
 
Presidentes da República deste período: 
 
1894 a 1898 - Prudente de Morais 
 
1898 a 1902 - Campos Sales 
 
1902 a 1906 - Rodrigues Alves 
 
1906 a 1909 - Afonso Pena 
 
1909 a 1910 - Nilo Peçanha 
 
1910 a 1914 - Marechal Hermes da Fonseca 
 
1914 a 1918 - Wenceslau Brás 
 
1918 a 1919 - Delfim Moreira 
 
1919 a 1922 - Epitácio Pessoa 
 
1922 a 1926 - Arthur Bernardes 
 
1926 a 1930 - Washington Luís 
 
 
BRASIL COLÔNIA - RESUMO 
Resumo da História do Brasil Colônia, principais fatos e ciclos da 
história 
 
 
Martim Afonso de Souza: 
pioneiro na colonização do 
Brasil 
 
Ciclo do pau-brasil (1500 a 1530) 
 
- Chegada dos portugueses ao Brasil em 22 de abril de 1500. 
 
- Portugueses começam a extrair o pau-Brasil da região litorânea, usando 
mão-de-obra indígena. A madeira era comercializada na Europa. 
 
- Os portugueses construíram feitorias no litoral para servirem de 
armazéns de madeira. 
 
- Nesta fase os portugueses não se fixaram, vinham apenas para explorar a 
pau-Brasil e retornavam. 
 
- Época marcada por ataques estrangeiros (ingleses, franceses e 
holandeses) à costa brasileira. 
 
Ciclo do açúcar (1530 até século XVII) 
 
- Em 1530 chega ao Brasil a expedição de Martim Afonso de Souza com 
objetivo de dar início a colonização do Brasil e iniciar o cultivo da cana-de-
açúcar. 
 
- A região Nordeste é escolhida para o cultivo da cana-de-açúcar em função 
do solo e clima favoráveis. 
 
- Em 1534 a Coroa portuguesa cria o sistema de Capitanias Hereditárias 
para dividir o território brasileiro, facilitando a administração. O sistema 
fracassou e foi extinto em 1759. 
 
- Em 1549 foi criado pela coroa portuguesa o Governo-Geral, que era uma 
representação do rei português no Brasil, com a função de administrar a 
colônia. 
 
- A capital do Brasil é estabelecida em Salvador. A região nordeste torna-
se a mais próspera do Brasil em função da economia impulsionada pela 
produção e comércio do açúcar. 
 
- Nos engenhos de açúcar do Nordeste é usada a mão-de-obra escrava de 
origem africana. 
 
- Invasão holandesa no Brasil entre os anos de 1630 e 1654, com a 
administração de Maurício de Nassau. 
 
- Nos séculos XVI e XVII, os bandeirantes começam a explorar o interior 
do Brasil em busca de índios, escravos fugitivos e metais preciosos. Com 
isso, ampliam as fronteiras do Brasil além do Tratado de Tordesilhas. 
 
Ciclo do ouro (século XVIII) 
 
- Em meados do século XVIII começam a serem descobertas as primeiras 
minas de ouro na região de Minas Gerais. 
 
- O centro econômico desloca-se para a região Sudeste. 
 
- A mão-de-obra nas minas, assim como nos engenhos, continua sendo a 
escrava de origem africana. 
 
- A Coroa Portuguesa cria uma série de impostos e taxas para lucrar com a 
exploração do ouro no Brasil. Entre os principais impostos estava o quinto. 
 
- Grande crescimento das cidades na região das minas, com grande 
urbanização, geração de empregos e desenvolvimento econômico. 
 
- A capital é transferida para a cidade do Rio de Janeiro. 
 
- No campo artístico destaque para o Barroco Mineiro e seu principal 
representante: Aleijadinho. 
 
Ordenações Filipinas- considerável influência no direito 
brasileiro 
04/09/2006 por José Fábio Rodrigues Maciel 
O sistema jurídico que vigorou durante todo o período do Brasil-Colônia 
foi o mesmo que existia em Portugal, ou seja, as Ordenações Reais, 
compostas pelas Ordenações Afonsinas (1446), Ordenações Manuelinas 
(1521) e, por último, fruto da união das Ordenações Manuelinas com as leis 
extravagantes em vigência, as Ordenações Filipinas, que surgiram como 
resultado do domínio castelhano. Ficaram prontas ainda durante o reinado 
de Filipe I, em 1595, mas entraram efetivamente em vigor em 1603, no 
período de governo de Filipe II. 
 
Não houve inovação legislativa por ocasião da promulgação da Ordenação 
Filipina, apenas a consolidação das leis então em vigor. O foco eram casos 
concretos reduzidos a escrito, isto é, essa legislação estava muito distante 
do tipo de consolidação que se deu na França no início do século XIX, como 
conseqüência da Revolução Francesa, na qual se baseiam os nossos atuais 
códigos, que buscam sanar as contradições, repetições e lacunas - as 
consolidações da época mal tinham uma parte geral, com regras abstratas. 
Além disso, como não era intenção de Filipe I e Filipe II, castelhanos que 
circunstancialmente governavam Portugal, impor novas leis a esse povo, 
aproveitaram-se das normas já existentes, optando por não corrigir as 
contradições e lacunas anteriormente existentes. A norma editada seguia a 
estrutura dos Decretais de Gregório IX, dividindo-se em cinco livros que 
continham títulos e parágrafos: (I) Direito Administrativo e Organização 
Judiciária; (II) Direito dos Eclesiásticos, do Rei, dos Fidalgos e dos 
Estrangeiros; (III) Processo Civil; (IV) Direito Civil e Direito Comercial; (V) 
Direito Penal e Processo Penal. Destaca-se o livro II, que demonstra a 
principal característica dos direitos do Antigo Regime, ou seja, a existência 
de normas especiais para cada uma das castas que compunham a 
sociedade daquele período. 
 
Como os costumes que imperavam à época eram muito variados e locais, 
a regra que vigorava nos julgamentos era, sempre que possível, seguir a 
jurisprudência do mais alto tribunal do Reino - a Casa de Suplicação. 
Construía-se, assim, uma forma de buscar uniformidade nas decisões e, em 
última instância, fortalecer o poder central em detrimento dos vários 
poderes locais. Nos casos a serem julgados e que não estivessem previstos 
nas Ordenações Filipinas, casos omissos da legislação nacional, aplicavam-
se subsidiariamente (i) o direito romano (Código de Justiniano), a partir 
das glosas (interpretações) de Acúrsio e das opiniões de Bártolo ou (ii) o 
direito canônico. Este último invocado quando estivesse em voga o pecado, 
como nos casos de crimes de heresia ou sexuais. Portanto, para julgar os 
casos que a eles chegassem, os tribunais deveriam ter à sua disposição o 
texto das Ordenações, o Corpus Iuris Civilis de Justiniano (glosas de 
Acúrsio) e os textos de Bártolo. Na falta de qualquer soluçãoa partir dessas 
fontes, e não fosse o caso passível de ser avaliado pelos tribunais 
eclesiásticos, deveria ser remetido ao rei. A decisão proferida pelo rei 
passava a valer como lei para outros feitos semelhantes. 
 
As penas previstas nas Ordenações Filipinas eram consideradas severas e 
bastante variadas, destacando-se o perdimento e o confisco de bens, o 
desterro, o banimento, os açoites, morte atroz (esquartejamento) e morte 
natural (forca). Mas, como típica sociedade estamental da época, não 
poderiam ser submetidos às penas infamantes ou vis os que gozassem de 
privilégios, como os fidalgos, os cavaleiros, os doutores em cânones ou leis, 
os médicos, os juízes e os vereadores. 
 
É de salientar que a aplicação do direito no vasto espaço territorial do 
Brasil-Colônia não fazia parte das preocupações portuguesas, já que o 
objetivo da Metrópole era principalmente assegurar o pagamento dos 
impostos e tributos aduaneiros, mas mesmo assim as Ordenações Filipinas 
foram a base do direito no período colonial e também durante a época do 
império no Brasil. Foi a partir da nossa Independência, em 1822, que os 
textos das Ordenações Filipinas foram sendo paulatinamente revogados, 
mas substituídos por textos que, de certa forma, mantinham suas 
influências. Primeiro surgiu o Código Criminal do Império de 1830, que 
substituiu o Livro V das Ordenações; em seguida foi promulgado, em 1832, 
o Código de Processo Criminal, que reformou o processo e a magistratura; 
em 1850 surgiram o Regulamento 737 (processo civil) e o Código 
Comercial. Os Livros I e II perderam a razão de existir a partir das 
Revoluções do Porto em 1820 e da Proclamação da Independência 
brasileira 
 
O livro que ficou mais tempo em voga foi o IV, vigorando durante toda a 
época do Brasil Império e parte do período republicano, com profundas 
influências no nosso atual sistema jurídico. As Ordenações, portanto, 
tiveram aplicabilidade no Brasil por longo período e impuseram aos 
brasileiros enorme tradição jurídica, sendo que as normas relativas ao 
direito civil só foram definitivamente revogadas com o advento do Código 
Civil de 1916. O estudo do texto das Ordenações Filipinas é salutar para a 
compreensão de boa parte dos nossos atuais institutos jurídicos. 
 
 
Ato Adicional 
 
Por Miriam Ilza Santana 
O Ato Adicional foi promulgado em 12 de agosto de 1834, foi a lei que 
chegou mais perto da democracia durante o período imperial – marcado 
pela vinda da corte portuguesa para o Brasil e futura independência 
política do Brasil, que então vivenciou o Primeiro e depois o Segundo 
Império. 
Logo após a renúncia de D. Pedro I foi eleita uma junta (a qual entrou para 
a história como Regência Trina Provisória), que ficou encarregada de 
manter a ordem do Estado até que os deputados esenadores pudessem se 
reunir no Rio de Janeiro para uma eleição definitiva. A idéia era que tal 
junta permanecesse no poder até a maioridade do herdeiro, porém ela só 
se manteve até o ano de 1834. 
Após três anos sem nenhuma alteração feita nas leis fundamentais que 
regiam o país, ou seja, a Constituição promulgada por D. Pedro I, o país se 
encontrava esfacelado pelos diversos combates que colocavam em risco 
sua união. O Senado, então conservador, era contrário às grandes 
mudanças políticas. 
Os deputados detinham poder constitucional, o que de certa forma deixava 
de mãos amarradas àqueles que ansiavam por mudanças, por aqueles 
consideradas radicais. 
Foi neste momento importante para o país que se instituiu o Ato 
Adicional, sendo que o mesmo tinha o poder de mudar tudo que até então 
fora determinado pela Constituição em vigor. 
O Ato Adicional criou a Regência única, eletiva e temporária, com um 
mandato de quatro anos para o regente, desarticulou o Conselho de Estado 
- órgão de assessoria do Imperador e que agrupava os políticos mais 
tradicionais e conservadores -, instituiu as Assembléias Legislativas 
provinciais - a forma como eram denominados neste tempo os Estados 
atuais –, concedendo-lhes autonomia administrativa. Elas não eram, 
porém, tão livres assim, pois seus presidentes ainda eram escolhidos pelo 
governo central. O Ato Adicional tornou a cidade do Rio de Janeiro um 
município neutro da corte e a capital do país. 
 
LEI DE TERRAS DE 1850 NO BRASIL 
O que foi, resumo, história, consequências da Lei de Terras de 1850 
no Brasil, objetivos, Segundo Reinado 
 
 
Lei de Terras de 1850: 
manutenção da concentração 
agrária 
 
 
O que foi 
 
A Lei de Terras, sancionada por D. Pedro II em setembro de 1850, foi uma 
lei que determinou parâmetros e normas sobre a posse, manutenção, uso e 
comercialização de terras no período do Segundo Reinado. 
 
Objetivos da Lei de Terras 
 
- Estabelecer a compra como única forma de obtenção de terras públicas. 
Desta forma, inviabilizou os sistemas de posse ou doação para transformar 
uma terra em propriedade privada. 
 
- O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a 
criação da necessidade de registro e demarcação de terras. Esses recursos 
tinham como destino o financiamento da imigração estrangeira, voltada 
para a geração de mão-de-obra, principalmente, para as lavouras de café. 
Vale lembrar que o tráfico de escravos já era uma realidade que diminuía 
cada vez mais a disponibilidade de mão-de-obra escrava. 
 
- Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o 
uso destas para fins de produção agrícola voltada para a exportação. Este 
objetivo foi alcançado pelo governo, pois esta lei provocou o aumento 
significativo nos preços das terras no Brasil. 
 
- Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos 
detentores dos meios de produção agrícola, principalmente a terra, no 
Brasil. 
 
- Tornar as terras um bem comercial (fonte de lucro), tirando delas o caráter 
de status social derivado da simples posse. 
 
Consequências 
 
- Possibilitou a manutenção da concentração de terras no Brasil. 
 
- A Lei de Terras regulamentou a propriedade privada, principalmente na 
área agrícola do Brasil. 
 
- Aumentou o poder oligárquico e suas ligações políticas com o governo 
imperial. 
 
- Dificultou o acesso de pessoas de baixa renda às terras. Muitas perderam 
suas terras e sua fonte de subsistência. Restou a estas apenas o trabalho 
como empregadas nas grandes propriedades rurais, aumentando assim a 
disponibilidade de mão-de-obra. 
 
- Aumentou os investimentos do governo imperial na política de estimulo 
à entrada de mão-de-obra estrangeira, principalmente europeia, no Brasil. 
 
- Favoreceu a expansão da economia cafeeira no Brasil, na medida em que 
a Lei de Terras favoreceu a elite agrária brasileira, principalmente da região 
Sudeste. 
 
 
Constituição de 1891 - resumo, características, voto, governo 
Características da Constituição de 1891, resumo, voto, sistema e 
forma de governo, direitos, contexto histórico, história 
 
 
Promulgação da Constituição 
de 1891 
 
 
Introdução e contexto histórico 
 
A Constituição de 1891 foi a primeira da História do Brasil após a 
Proclamação da República. Sua elaboração começou em novembro de 1890, 
com a instalação da Constituinte na cidade do Rio de Janeiro. Ela foi 
promulgada em 24 de fevereiro de 1891. 
 
A primeira constituição republicana teve como função principal 
estabelecer no país os princípios do regime republicano, seguindo o 
sistema de governo presidencialista. Com algumas características liberais, 
apresentou grandes avanços se comparada com a Constituição do Brasil 
Império de 1824. 
 
Principais características da Constituição de 1891 
 
- Implantação da república federativa, com governo central de vinte 
estados membros. 
 
- Estabelecimento

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