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brucelose bovina

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
686 
 
BRUCELOSE BOVINA: REVISÃO 
___________________________________________________________________ 
Marília Cristina Sola1*, Fernanda Antunha de Freitas1, Ervaldo Lourenço de Sousa 
Sena2, Albenones José de Mesquita3 
 
*1Doutoranda, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade 
Federal de Goiás, Goiânia, Brasil 
2 Biomédico, Gerente do Laboratório de Biologia Molecular e Microbiologia, Centro 
de Pesquisa em Alimentos da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil 
3Doutor, Professor adjunto na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil 
*mcsmarilia@gmail.com 
 
 
Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014 
 
RESUMO 
A brucelose é uma enfermidade infectocontagiosa de caráter crônico, causada por 
bactérias do gênero Brucella, que acomete o homem e diferentes espécies animais. 
Nos bovinos, esta enfermidade é provocada pela bactéria Brucella abortus que 
compromete especialmente o sistema reprodutivo, caracterizando-se, principalmente 
pela ocorrência de abortos no terço final da gestação. Apesar da implementação de 
programas que visam o controle e a erradicação da enfermidade, apresenta-se 
endêmica em muitos países, principalmente aqueles em desenvolvimento, 
resultando em prejuízos econômicos significativos aos sistemas de produção e 
sérias implicações em saúde animal e pública, visto seu caráter zoonótico. A 
doença pode ser transmitida pelo contato direto ou indireto com animais infectados e 
anexos fetais e, ainda, veiculada ao homem pela ingestão de produtos de origem 
animal contaminados, principalmente leite e seus derivados que não passaram por 
processamento térmico. Pode ser veiculada também por meio de carnes cruas e 
pela própria manipulação de carcaças e vísceras durante o abate sanitário. Os 
programas de controle e erradicação de uma enfermidade são estruturados 
principalmente na interrupção da cadeia de transmissão do agente através da 
eliminação de indivíduos infectados e no aumento do número de indivíduos 
resistentes na população, sendo a vacinação uma poderosa estratégia de controle. 
PALAVRAS-CHAVE: Brucella spp, patógeno, zoonose. 
 
BOVINE BRUCELLOSIS: REVIEW 
 
ABSTRACT 
Brucellosis is a chronic infectious disease caused by bacterium of the genus 
Brucella, which affects humans and different species of animals. In cattle, this 
disease is caused by the bacterium Brucella abortus that compromises especially the 
reproductive system, characterized mainly by the occurrence of abortions in the last 
third of gestation. Despite the implementation of programs aimed at the disease 
controlling and eradicating, brucelosis is endemic in many countries, especially in 
developing ones, resulting in significant economic losses and serious implications for 
 
 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
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animal and public health, due to its zoonotic character. The disease can be 
transmitted by direct or indirect contact with infected animals, fetal membranes, and 
also transmitted to humans by contaminated animal products, especially milk and 
dairy products that have not undergone thermal processing, by raw meat and the 
handling of carcasses and visceras at the slaughterhouse. Programs for control and 
eradication of a disease are mainly structured in interrupting the chain of 
transmission of the agent through the elimination of infected individuals and the 
increasing number of resistant individuals in the population, with vaccination a 
powerful control strategy. 
KEYWORDS: Brucella spp , pathogenic microrganism, zoonotic disease. 
 
INTRODUÇÃO 
A bovinocultura brasileira apresenta-se como um dos grandes esteios da 
economia do país. Possui um rebanho de aproximadamente 209 milhões de 
cabeças e revela avanços nos índices de produção, com destaque para a 
produtividade e para a exportação de seus produtos (IBGE, 2014). 
 Em termos de comercialização, o Brasil atende as expectativas de demanda e 
sanidade, e ocupa posição estratégica entre os grandes fornecedores mundiais. No 
ano de 2013, as exportações brasileiras de carne bovina in natura e industrializadas 
somaram em torno 1,5 milhões de toneladas que foram comercializadas em cerca 
de 200 países nos cinco continentes (ABIEC, 2014). 
No entanto, ao mesmo tempo em que o Brasil busca aumentar ainda mais 
seus índices de produtividade, sente a necessidade de melhorar a qualidade de 
seus produtos, principalmente a sanitária. A rastreabilidade e os programas voltados 
para a sanidade animal, envolvendo o controle e erradicação de doenças através de 
vacinações, tratamentos e profilaxia, são requisitos fundamentais para que o país 
possa manter-se como exportador e, principalmente, expandir a competitividade no 
mercado (UFLA, 2012). 
 A brucelose é uma enfermidade infectocontagiosa, causada por bactérias do 
gênero Brucella. Apresenta-se na forma endêmica em muitos países, resultando em 
prejuízos econômicos significativos aos sistemas de produção e sérias implicações 
em saúde animal e pública, visto seu caráter zoonótico (BRASIL, 2006) 
 A ocorrência de brucelose bovina em um país ou região pode resultar em 
perdas econômicas significativas como a imposição de barreiras sanitárias e 
tarifárias ao comércio internacional de produtos de origem animal. Provoca perdas 
no rendimento industrial com a condenação do leite e da carne oriundos de animais 
infectados, gastos significativos devidos aos altos custos para a implementação dos 
programas de controle e erradicação da doença, além de prejuízos envolvendo a 
produção animal, devido ao elevado número de abortos, nascimento de bezerros 
fracos, baixa fertilidade nas propriedades rurais e principalmente o declínio na 
produção de leite e carne (POESTER et al., 2009). 
 A brucelose pode ser veiculada ao homem pela ingestão de produtos de 
origem animal contaminados, principalmente leite e derivados que não passaram por 
processamento térmico e transmitida pelo contato direto ou indireto com animais 
infectados, fetos abortados ou anexos fetais, além da própria manipulação de 
carcaças e vísceras no abate sanitário. As principais manifestações clínicas são as 
febres recorrentes, fraquezas, dores musculares, distúrbios nervosos e sudorese, o 
que acaba por levar à incapacidade parcial ou total ao trabalho (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2008). 
 
 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
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 Visando o controle da brucelose bovina, o Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (MAPA) instituiu em 2001 no Brasil, o Programa Nacional de 
Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) que 
consiste em um conjunto de medidas sanitárias buscando uma importante redução 
na prevalência e na incidência da brucelose e tuberculose. Dentre as medidas, 
destacam-se a vacinação obrigatória de fêmeas, com idade entre três e oito meses e 
a certificação de propriedades livres ou monitoradas para as doenças. São 
esperados benefícios sanitários e econômicos com a redução dos prejuízos 
ocasionados pelas doenças, aumento na competitividade da pecuária nacional, 
diminuição do impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal e 
maior credibilidade sanitária dos produtos de origem animal (BRASIL, 2006). 
 O diagnóstico de uma enfermidade é fundamental para se estabelecer a 
ocorrência, distribuição e caracterização do agente. Nesse contexto, a brucelose 
animal pode ser diagnosticada por meio de diferentes métodos, de forma isolada ou 
em conjunto. O diagnóstico clínico baseia-se na presença de sinais como aborto, 
nascimento de bezerros fracos,retenção de placenta e esterilidade de machos e 
fêmeas. O epidemiológico, no histórico dos rebanhos nas propriedades e o 
laboratorial, no isolamento e identificação do agente etiológico, na detecção do DNA 
dos microrganismos, e na presença de anticorpos nos fluidos orgânicos (BRASIL, 
2006; LAGE et al., 2008). 
 Na rotina de inspeção sanitária da carne, os médicos veterinários não 
possuem meios de diagnósticos específicos que os permitem associar as alterações 
observadas durante a inspeção sanitária post-mortem com a infecção brucélica. Este 
desafio conduz a busca de alternativas que possam proporcionar segurança e 
rapidez no diagnóstico das diversas lesões identificadas no decorrer das atividades 
de inspeção nos estabelecimentos de abate. 
 Neste contexto, objetivou-se realizar uma revisão de literatura sobre a 
brucelose bovina, considerando as características do patógeno, manifestações 
clínicas nos animais e homem, formas de diagnóstico e controle da enfermidade. 
. 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
Conceito e histórico 
 A brucelose bovina é uma enfermidade infectocontagiosa, causada por 
bactérias do gênero Brucella, principalmente pela Brucella abortus. Caracteriza-se 
por ser um problema grave ligado à saúde pública, causar elevados prejuízos 
econômicos e ser uma zoonose de distribuição mundial (BRASIL, 2006). 
 A brucelose foi descrita no homem, pela primeira vez, por Marston em 1859, a 
partir de casos de febre ondulante seguidos de morte, ocorridos na Ilha de Malta, no 
Mar Mediterrâneo, sendo por isso denominada Febre de Malta (NICOLETTI, 2002; 
POESTER et al., 2009). 
 Em 1887, Sir David Bruce, médico inglês, isolou pela primeira vez uma 
bactéria do baço de soldados britânicos, mortos na Ilha de Malta, denominando-a 
como Micrococcus melitensis (VIEIRA, 2004; GODFROID et al., 2005; POESTER et 
al., 2009). 
 Bernhard Bang, um patologista veterinário dinamarquês, isolou em 1895, um 
microrganismo do útero e membranas fetais resultantes do aborto de vacas, 
identificando-o como Bacillus abortus (NICOLETTI, 2002; POESTER et al., 2009). 
 
 
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 Em 1913, Gonçalves Carneiro relatou o primeiro caso de brucelose humana 
no Brasil e, no ano seguinte, Danton Seixas realizou pela primeira vez no país, o 
diagnóstico clínico da brucelose bovina, no estado do Rio Grande do Sul (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2003; VIEIRA, 2004). 
 Nos EUA, Alice Evans, em 1918, demonstrou que as bactérias isoladas por 
Bruce e Bang apresentavam similaridades morfológicas, imunológicas e de cultivo. 
Em razão disto, Meyer e Shaw em 1920, propuseram a criação do Gênero Brucella, 
em homenagem ao autor do primeiro isolamento do agente, além da designação dos 
dois microrganismos por Brucella melitensis e Brucella abortus, respectivamente 
(CORRÊA & CORRÊA, 1992; VIEIRA, 2004; RIBEIRO et al., 2008). 
Jacob Traum, em 1914, isolou a partir de fetos abortados de suínos, um 
microrganismo similar aos agentes descritos por Bruce e Bang, sendo confundida a 
princípio, como a causadora dos abortos nos bovinos. Posteriormente, foram 
verificadas as diferenças entre os isolados, em função de algumas propriedades de 
cultivo, bioquímicas e antigênicas, incluindo o agente em outra espécie denominada 
Brucella suis (HUDDLESON, 1931). A partir de então, outras espécies foram 
acrescentadas ao gênero, seguindo-se: Brucella ovis (ovinos) (BUDDLE, 1956), 
Brucella neotomae (roedores silvestres) (STOENNER & LACKMAN, 1957), Brucella 
canis (canídeos) (CARMICHAEL & BRUNER, 1968), Brucella pinnipedialis (focas e 
golfinhos) (FOSTER et al., 2007), Brucella ceti (baleias) (FOSTER et al., 2007), 
Brucella microti (isoladas de roedores silvestre) (SCHOLZ et al., 2008) e Brucella 
inopinata (isolada em humanos) (SCHOLZ et al. 2010). 
 
Características do agente 
As bactérias do gênero Brucella pertencem à classe Proteobacteria, são 
Gram-negativas, intracelulares facultativas, imóveis e não esporuladas. Apresentam-
se na forma de bastonetes curtos que medem de 0,6 a 1,5 µm por 0,5 a 0,7 µm 
de dimensão (VELASCO et al., 2000; REDKAR et al., 2001; PROBERT et al., 
2004). São considerados microrganismos aeróbios, porém uma atmosfera com 
tensão de 5 a 10% de CO2 favorece o isolamento de algumas espécies. Apresentam 
temperatura de multiplicação na faixa de 20 a 40°C, sendo 37°C a temperatura ideal, 
e um pH ótimo de 6.6 a 7.4 (PAJUABA, 2006; OIE, 2009). 
Dentro deste gênero são descritas dez espécies independentes, classificadas 
principalmente por diferenças de patogenicidade, preferência de hospedeiro, 
características bioquímicas e antigênicas. As espécies de Brucella e seus biovares 
são diferenciadas por meio de testes como a sorotipagem, tipificação de fagos, 
requerimentos de CO2, sensibilidade a corantes, produção de H2S, além das 
propriedades metabólicas (ALTON et al., 1988; PAJUABA, 2006; OIE, 2009). 
 As principais espécies do gênero são a B. melitensis (isoladas em cabras, 
ovelhas e camelos), B. abortus (bovinos e bubalinos), B. suis (suínos e javalis), B. 
neotomae (ratos do deserto), B. ovis (ovelhas) e B. canis (cães), as quais são 
subdivididas em sete biovares ou biotipos para B. abortus (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 9), três 
para B. melitensis (1, 2 e 3) e cinco para B. suis (1, 2, 3, 4 e 5) (MORENO et al., 
2002; FOSTER et al., 2007; SCHOLZ et al., 2008). 
 As outras espécies como B. ceti e B. pinnipedialis, isoladas em mamíferos 
marinhos (focas, leões marinhos, golfinhos e baleias) e B.microti (procedente de 
ratazanas selvagens) não foram diferenciadas em biovares, apesar de existirem 
variantes dentro das cepas (CLOECKAERT et al., 2001; SCHOLZ et al., 2008). 
 Classicamente, as bactérias do gênero Brucella podem ser divididas em dois 
 
 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
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grupos antigenicamente distintos, denominadas lisas ou rugosas, com base nas 
características de multiplicação em meios de cultura no cultivo primário e na 
constituição química da parede celular - presença ou ausência da cadeia O - um dos 
componentes do lipopolissacáride (LPS) localizado na superfície externa da Brucella 
spp e que possui relação com a virulência de algumas espécies (NIELSEN et al. 
2004; CARDOSO et al., 2006). 
 As colônias lisas possuem como constituinte do LPS, o lipídeo A, o núcleo 
oligossacáride e a cadeia O. Já as rugosas, possuem como constituinte da 
membrana externa apenas o lipídeo A e o núcleo oligossacáride (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008). 
 As espécies B. melitensis, B. abortus, B. suis e B. neotomae normalmente 
apresentam morfologia de colônia lisa e quando sofrem mutações para formas 
rugosas ou mucóides, deixam de ser patogênicas. Já as espécies B. canis e B. ovis 
apresentam morfologia de colônia predominantemente do tipo rugosa (ALTON et 
al., 1988; PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; MINHARRO, 2009; OIE, 2009). 
 A Brucella spp apresenta-se exigente quanto à multiplicação in vitro, porém 
possui uma ampla capacidade de sobrevivência em ambientes que apresentam 
condições de umidade, abrigo de luz solar direta, pH neutro, temperatura e matéria 
orgânica, podendo resistir em pastagens, fetos abortados, anexos fetais e fezes 
úmidas por longos períodos (CARVALHO et al., 1995; PAULIN & FERREIRA NETO, 
2003; BRASIL, 2006; OIE, 2009). 
 Todas as espécies do gênero são sensíveis ao calor e à acidez, e quando 
submetidas à ação de desinfetantes comuns, como soluções de formaldeídos a 2%, 
produtos clorados (2,5% de cloro ativo), compostos fenólicos a 2,5% e 
permanganato de potássio (1:5000), a eliminação de Brucella spp ocorre em, no 
máximo, 15 minutos. O álcool a 70% destrói imediatamente as bactérias enquanto o 
carbonato de cálcio (1:10) as elimina em 30 minutos (PAULIN & FERREIRANETO, 
2003; LAGE et al., 2008; OIE, 2009). 
 A sobrevivência de Brucella spp no leite e produtos lácteos depende da 
temperatura, pH e da presença de outros microrganismos que possam inibir a 
multiplicação, podendo permanecer no alimento de 15 a 90 dias. A refrigeração 
inibe a multiplicação, porém a viabilidade é mantida mesmo em temperatura de 
congelamento. No entanto, a fervura, processos de pasteurização e os métodos de 
esterilização são eficazes na eliminação do microrganismo (CARVALHO et al., 
1995; PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2006). 
 Em carnes, a Brucella spp pode manter-se viável durante meses, sendo 
pouco afetada pela acidificação muscular, refrigeração ou congelamento. Além do 
calor, a eliminação do agente só ocorre em situações de pH inferior a 4 
(PESSEGUEIRO et al., 2003). 
 Os casos de brucelose por ingestão de carne ou derivados são raros, visto o 
número reduzido de bactérias no músculo e o raro consumo de carne crua. Já o 
consumo de sangue e medula óssea pode ser considerado veículo de transmissão 
da doença. A sobrevivência da Brucella spp em carnes depende do grau de 
contaminação no início do processo e do tipo de tratamento tecnológico empregado. 
Essas bactérias podem persistir nas células do sistema monocítico fagocitário, nas 
secreções uterinas, na glândula mamária e na medula óssea. Por isso, o descarte 
dos tecidos que concentram um grande número de bactérias pode diminuir ou até 
mesmo evitar a contaminação de carcaças e vísceras durante o abate (CARVALHO 
et al., 1995; PESSEGUEIRO et al., 2003; PARDI et al., 2006). 
 
 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
691 
Epidemiologia 
 A brucelose encontra-se mundialmente distribuída, sendo considerada uma 
das principais zoonoses. Embora tenha sido erradicada em diversos países da 
região norte e central da Europa, Austrália, Japão e Nova Zelândia, continua re-
emergente e se apresentando como um grave problema sanitário e econômico, 
principalmente em países da América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia 
(CORBEL, 1997; PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; OIE, 2009). 
 No Brasil, a brucelose é endêmica, porém apresenta dados bastante 
diferenciados face à dimensão territorial e às características próprias de cada região 
(POESTER et al., 2002; RIBEIRO et al., 2008; LAGE et al., 2008). 
De acordo com o estudo epidemiológico nacional realizado em 1975, a 
brucelose bovina encontrava-se disseminada por todo o território brasileiro. As 
prevalências estimadas por regiões foram: Norte, 4,1%; Nordeste, 2,5%; Centro-
Oeste, 6,8%; Sudeste, 7,5% e Sul, 4%. Posteriormente, outros inquéritos 
sorológicos, por amostragem, foram realizados por alguns estados, porém não foram 
evidenciadas grandes alterações em relação aos índices verificados em 1975. Os 
dados de notificações oficiais no período de 1988 a 1998 indicaram que a 
prevalência de animais soropositivos se manteve entre 4% e 5% (POESTER et al., 
2002; BRASIL, 2006). 
Em 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 
2001) instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da 
Tuberculose Animal (PNCEBT), que consiste em um conjunto de medidas sanitárias 
estratégicas em busca da redução da prevalência e incidência da brucelose, 
implementando a vacinação compulsória de bezerras com idade entre três e oito 
meses, em todo o país. Dentre outras atividades previstas no programa destacam-se 
a adesão voluntária dos criadores na busca de rebanhos livres e monitorados, a 
prática de testes sorológicos regulares em rebanhos de elite para a participação em 
feiras e exposições e o sacrifício dos animais positivos para brucelose (BRASIL, 
2006). 
 Após a implementação do PNCEBT, foram realizados inquéritos 
soroepidemiológicos no período de 2001 a 2004 em 13 unidades federativas (BA, 
DF, ES, GO, MG, MT, PR, RJ, RS, SC, SE, SP e TO) a fim de conhecer a situação 
epidemiológica da doença no início do programa de controle, baseando-se na 
frequência e distribuição da enfermidade na população. 
 Os resultados revelaram que a brucelose encontra-se disseminada nas 
diversas áreas estudadas e a situação encontra-se heterogênea entre os diversos 
estados brasileiros e, até mesmo, entre regiões de um mesmo estado. Evidenciou-
se também uma tendência de aumento da prevalência da brucelose no sentido 
Centro-Oeste/Norte do país, principalmente nos estados tradicionais produtores de 
carne (POESTER et al., 2009). 
 
Patogenia e sinais clínicos 
A patogenicidade das bactérias do gênero Brucella está intimamente 
relacionada com os mecanismos que permitem sua invasão, sobrevivência e 
multiplicação intracelular nas células do hospedeiro, mantendo-as protegidas da 
ação do sistema imune (ARÉSTEGUI et al., 2001; NIELSEN et al., 2004; XAVIER et 
al., 2009). 
A infecção natural se inicia principalmente pelas mucosas oral, nasofaríngea, 
conjuntival ou por solução de continuidade da pele, sendo que a porta de entrada 
 
 
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 
 
 
692 
principal da B. abortus em bovinos é a mucosa orofaringeana (BISHOP et al., 1994; 
GORVEL & MORENO, 2002; CAMPANÃ et al., 2003; RIBEIRO et al., 2008). 
Após a penetração na mucosa, as bactérias são fagocitadas principalmente 
por macrófagos, sendo carreadas até os linfonodos regionais, onde se multiplicam e 
podem permanecer por semanas a meses, levando à hiperplasia e linfadenite 
(BISHOP et al., 1994; LAGE et al., 2008; NETA et al., 2009). 
A partir dos linfonodos regionais, os microrganismos podem disseminar 
livremente ou no interior de macrófagos, pela via hemática e linfática albergando-se 
em outros linfonodos, principalmente os supramamários, e em órgãos como baço, 
fígado e outros tecidos ricos em células mononucleares fagocitárias, podendo 
sobreviver nestes locais por longos períodos, escapando da resposta imune 
(HARMON et al., 1988; GORVET & MORENO, 2002; CAMPAÑA et al., 2003; LAGE 
et al., 2008; LIRA, 2008; MATRONE et al., 2009; XAVIER et al., 2009). 
O mecanismo de permanência da Brucella spp no interior de células de 
defesa está relacionado à síntese de enzimas antioxidantes e à produção de 
guanosina 5’ monofosfato-GMP e adenina que atuam inibindo a fusão do lisossomo 
com o fagossomo impedindo assim a degranulação dos macrófagos durante a 
fagocitose e, consequentemente, a destruição do agente (ARESTÉGUI et al., 2001; 
BALDWIN & PARENT, 2002; NETA et al., 2009). 
Durante a fase de multiplicação celular, estas bactérias podem provocar 
alterações inflamatórias e anatomopatológicas caracterizadas por granulomas 
difusos, levando à hiperplasia linfóide, esplenomegalia e até hepatomegalia 
(BISHOP et al., 1994; LAGE et al., 2008; CAMPOS et al., 2009; MATRONE et al., 
2009). Porém, de acordo com CORRÊA & CORRÊA (1992), nem todos os órgãos e 
tecidos invadidos por microrganismos do gênero Brucella apresentam alterações 
evidentes e áreas de necrose. 
 De acordo com CORRÊA & CORRÊA (1992), os órgãos e tecidos invadidos 
por microrganismos do gênero Brucella podem apresentar uma aparência normal ou 
áreas com necrose. A presença de Brucella spp em tecidos pode provocar a 
formação de resposta inflamatória com modulação de macrófagos em células 
epitelióides, infiltração por plasmócitos e linfócitos, podendo assim ocorrer focos de 
necrose no centro das lesões e o desenvolvimento de cápsulas ao redor das áreas 
lesionadas devido à proliferação de tecido conjuntivo, porém, a formação de um 
granuloma depende da resistência natural do organismo, da resistência adquirida e 
principalmente do número e grau de patogenicidade do agente infectante. 
Os órgãos de predileção do gênero Brucella são aqueles que oferecem 
elementos necessários para o seu metabolismo, como o eritritol - álcoolpolihídrico 
de quatro carbonos - presente no útero gravídico, tecidos mamários, ósteo-
articulares e órgãos do sistema reprodutor masculino, sendo importante ressaltar 
que humanos, equinos, coelhos e roedores possuem ausência ou baixa produção do 
eritritol, fato este que justificaria o reduzido impacto da brucelose no aparelho 
reprodutivo nestas espécies (CARTER & CHENGAPPA, 1991; RIBEIRO et al., 2008; 
XAVIER et al., 2009). 
 A infecção do útero gestante ocorre por via hematógena e as alterações 
variam de acordo com a intensidade da infecção e o tempo de gestação. A afinidade 
das brucelas pelos trofoblastos parece estar relacionada à presença de elevadas 
concentrações de eritritol e progesterona na placenta (SILVA et al., 2005). 
 Nos bovinos, a concentração de eritritol se altera de forma gradativa 
conforme o período gestacional, atingindo níveis máximos próximo ao parto, 
 
 
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aumentando assim a capacidade de infecção e multiplicação dos microrganismos 
(CARTER & CHENGAPPA, 1991; LAGE et al., 2008). A evolução do processo 
inflamatório leva a lesões necrótico-inflamatórias na placenta além de lise das 
vilosidades, resultando no descolamento dos cotilédones; prejuízo na circulação 
materno-fetal, dificultando e até mesmo impossibilitando a passagem de nutrientes e 
oxigênio da mãe para o feto, provocando assim danos que variam de nascimento de 
bezerros subdesenvolvidos ao aborto (BISHOP et al., 1994; PAULIN & FERREIRA 
NETO, 2003; LAGE et al., 2008; XAVIER et al., 2009). 
Devido ao desenvolvimento da imunidade celular do animal após o primeiro 
aborto, há uma diminuição significativa do número e tamanho das lesões nos 
placentomas nas gestações subsequentes. Diante disso, os abortos tornam-se 
infrequentes, levando ao aparecimento de outras manifestações da enfermidade 
como a retenção de placenta, natimortalidade ou o nascimento de bezerros fracos, 
além de quadros de metrite ou endometrite crônica e consequentemente 
subfertilidade, infertilidade ou esterilidade (LAGE et al., 2008; RIBEIRO et al., 2008; 
XAVIER et al., 2009). 
Os machos podem apresentar aumento do volume dos testículos de forma uni 
ou bilateral, além dos epidídimos, ampolas e vesículas seminais. Devido à reação 
inflamatória do tipo necrosante, pode haver atrofia do órgão afetado, levando a 
quadros de subfertilidade, infertilidade ou esterilidade (GORVEL & MORENO, 2002; 
PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008; NOZAKI, 2008). 
 No aparelho locomotor, os microrganismos do gênero Brucella, principalmente 
a B. abortus localiza-se na bursa, tendões, músculos e articulações, causando 
artrites, principalmente nas articulações carpianas e tarsianas; espondilites e 
bursites, especialmente nas vértebras torácicas e lombares, podendo atingir a 
medula óssea e bainha dos tendões, sendo o achado clínico clássico, o abscesso 
fistulado ou não na região da cernelha, lesão conhecida como “mal da cernelha” ou 
“mal das cruzes”, que acomete principalmente os equinos (PAULIN & FERREIRA 
NETO, 2003; RADOSTITIS et al., 2007). 
Os inchaços nas articulações dos joelhos e jarretes, conhecidos como 
higromas, também apresentam evidência de brucelose (RADOSTITIS et al., 2007; 
LAGE et al., 2008). 
 VERONESI (1991) considera como lesões sugestivas de brucelose em 
bovinos as alterações denominadas bursites, higroma articular e orquite. As bursites 
cervicais são lesões inflamatórias de origem hematogênica, caracterizadas como 
bolsas serosas localizadas na região da cruz, adjacentes à porção funicular do 
ligamento cervical e apófises espinhosas cervicais. 
 Muitos autores associam a presença de bursite à infecção brucélica, visto a 
frequência de isolamento e detecção do agente em muitos casos, além da detecção 
de títulos de anticorpos aglutinantes compatíveis com a doença (PARDI et al., 1956; 
LANGENEGGER et al., 1975; JUBB et al., 1993; RIBEIRO et al., 2003; FREITAS & 
OLIVEIRA, 2005; PARDI et al., 2006; VIANA et al., 2010). Porém, em muitos relatos 
a ação parasitária principalmente pelo gênero Onchocerca é uma das causas que 
predispõe a formação das bursites cervicais não só como causa primária, mas, 
principalmente, como fator desencadeante de processos inflamatórios graves por 
infecção secundária (ALMEIDA et al., 2000; COSTA et al., 2001). 
 
 
 
 
 
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Mecanismos de transmissão 
A principal via de infecção de Brucella spp no organismo é a oral, além do 
trato respiratório, conjuntivas, pele e trato genital (ACHA & SZYFRES, 2001). 
 Os animais contaminados transmitem as bactérias do gênero Brucella 
através do parto ou aborto, valendo destacar que as fêmeas após abortarem pela 
primeira vez, tornam-se portadoras crônicas, eliminando Brucella spp no leite, urina 
e descargas uterinas durante os partos subsequentes, abortando ou não 
(PACHECO, 2007; MIYASHIRO, 2004). A partir da terceira gestação após a 
infecção, os abortos não ocorrem, devido à imunidade celular e a redução de 
necrose dos placentomas, permitindo assim o nascimento dos bezerros (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2003). 
A enorme quantidade de microrganismos eliminados durante o aborto ou 
parto dos animais infectados, associada à ampla resistência do agente no ambiente 
pode ser caracterizada como a principal fonte de infecção para os animais 
suscetíveis. Há um favorecimento da transmissão de brucelose pelo próprio hábito 
dos bovinos de lamber e cheirar as crias ou fetos abortados por outros animais 
(NICOLLETTI, 2002; SILVA et al., 2005; MINHARRO, 2009). 
 A participação dos machos na transmissão da brucelose pela monta natural é 
pequena não se caracterizando como a forma mais frequente, embora a maioria das 
espécies de Brucella spp seja encontrada no sêmen. Na monta natural, a vagina 
apresenta barreiras inespecíficas que dificultam a infecção, entretanto, cuidados 
especiais devem ser tomados com a inseminação artificial, visto que o sêmen é 
aplicado diretamente no útero, onde não existem barreiras inespecíficas, tornando-
se um ambiente propício para multiplicação do agente (BRASIL, 2006; LAGE et al., 
2008). 
As bactérias do gênero Brucella também podem ser disseminadas entre os 
animais por fômites, destacando-se a água e alimentos contaminados (ACHA & 
SZYFRES, 2001). Este gênero sobrevive no ambiente, mas não se multiplicam 
nele. Possui ampla capacidade de sobrevivência, porém necessita de condições 
como presença de sombra, umidade, baixas temperaturas e pH neutro (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2006; OIE, 2009). 
A introdução dos animais infectados em rebanhos sadios constitui o principal 
risco nas propriedades rurais, por isso o comércio de animais só deve ocorrer 
quando a condição sanitária seja conhecida, sendo o ideal a procedência de 
rebanhos livres ou então que sejam submetidos a testes de diagnóstico que 
garantam a sanidade do rebanho (BRASIL, 2006; LAGE et al., 2008; RIBEIRO et al., 
2008). 
 Várias espécies domésticas ou silvestres são suscetíveis à infecção por 
Brucella spp, mas por não transmitirem o agente novamente aos bovinos, são 
consideradas apenas como hospedeiros finais da infecção. Os bovinos são os 
hospedeiros preferenciais da B. abortus, porém bubalinos, equinos, suínos, ovinos, 
caprinos e cães podem ser infectados (LAGE et al., 2008; MINHARRO, 2009). 
 Outras espécies de Brucella como B. melitensis e B. suis podem causar 
brucelose em bovinos devido ao convívio com cabras ou ovinos e suínos, que são 
respectivamente, os reservatórios naturais desses agentes (ACHA & SZYFRES, 
2001; OIE, 2009). 
 Os cães de fazenda não são considerados como os principais reservatórios 
de B. abortus, porém podem ser responsáveis pela disseminaçãoda doença por 
normalmente carrearem produtos de abortos. Além disso, o agente pode ser isolado 
 
 
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dos cães quando na presença de bovinos infectados, devendo ser incluídos nos 
programas de controle e erradicação da doença (PAULIN & FERREIRA NETO, 
2003). 
 Entre as espécies que apresentam importância na epidemiologia da brucelose 
bovina, podem ser citados além dos cães, os equídeos que, quando convivem com 
bovinos infectados, podem apresentar lesões articulares crônicas, porém, raramente 
abortam (RIBEIRO et al., 2003; LAGE et al., 2008; RIBEIRO et al., 2008). 
 Na inspeção sanitária realizada em matadouros-frigoríficos, os inspetores 
veterinários realizam o julgamento de carcaças e vísceras de bovinos suspeitos de 
brucelose mediante a observação macroscópica de lesões sugestivas da 
enfermidade, não dispondo de meios de diagnóstico específicos que possam 
associar diretamente as alterações observadas nos exames sanitários com a 
infecção brucélica (FREITAS & OLIVEIRA, 2005). 
 As bursites de cernelha de bovinos são de difícil visualização à inspeção ante-
mortem, sendo o diagnóstico macroscópico realizado durante a inspeção post-
mortem, por inspetores veterinários (PARDI et al., 1956; LANGENEGGER et al., 
1975; ALMEIDA et al., 2000). 
 Devido ao caráter zoonótico que o gênero Brucella apresenta, o artigo 163 do 
Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos produtos de Origem Animal - 
RIISPOA (BRASIL, 1952) determina que carcaças que apresentarem lesões 
extensas de brucelose devem ser condenadas ou destinadas a esterilização pelo 
calor, após remoção das áreas atingidas a fim de eliminar qualquer fonte de 
contaminação aos consumidores destes alimentos. 
Humanos normalmente se infectam pelo contato direto do agente com 
mucosas ou soluções de continuidade da pele, pela manipulação de tecidos, 
sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados e envoltórios fetais provenientes 
de animais infectados ou pela ingestão da bactéria em alimentos, geralmente de 
leite cru ou derivados lácteos não pasteurizados (queijos, manteigas, iogurtes, 
sorvetes) além de carnes cruas, mal assadas ou cozidas, obtidas de animais 
infectados (BRASIL, 2006; PAULIN & FERREIRA NETO, 2008). 
 Os sintomas mais frequentes de brucelose são febre intermitente, dores 
musculares, articulares, cefaléia e sudorese, sendo geralmente confundida com 
gripe recorrente. Outras complicações como endocardite e problemas articulares 
podem ocorrer, porém com menor frequência (SILVA et al., 2005; AL DAHOUK et 
al., 2007). 
Esta zoonose pode ser considerada uma enfermidade de caráter ocupacional, 
pois afeta profissionais que desenvolvem atividades com maior risco de exposição 
ao agente (LAGE et al., 2008; MINHARRO, 2009; OIE, 2009). A capacidade de 
penetração pela pele íntegra ou lesada e pelas membranas mucosas, além da 
formação de aerossóis, predispõe os tratadores, veterinários, laboratoristas, 
trabalhadores de matadouros-frigoríficos e entrepostos de leite ao risco de infecção 
(LAGE et al., 2008). 
 LANGENEGGER et al. (1975) e PARDI et al. (2006), alertam sobre a 
possibilidade de contaminação em ambientes de abatedouros, visto ao risco de 
rompimento de bursites durante os procedimentos de manipulação, provocando 
extravasamento do conteúdo das bolsas mucosas e a consequente infecção dos 
operadores, contaminação de equipamentos e das instalações, além da formação de 
aerossóis. A carne não constitui importante fonte de veiculação de brucelose visto 
ao número reduzido do agente, porém traz riscos se estiver pouco cozida ou mal 
 
 
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assada. A medula óssea e vísceras mal cozidas também se constituem em 
importantes fontes de infecção humana. 
 A vacina B19 utilizada amplamente nos programas de controle e erradicação 
da brucelose é patogênica para o homem, havendo inúmeros relatos na literatura de 
infecções acidentais, especialmente entre veterinários e vacinadores, sendo 
necessária a utilização de equipamentos de proteção individual como máscara, 
óculos, luvas e avental de manga longa durante a vacinação (LAGE et al., 2008). 
 Nos laboratórios, a realização de diagnósticos diretos buscando o isolamento 
e identificação do agente a partir de amostras clínicas e a manipulação de massas 
bacterianas para a produção de vacinas e antígenos, constituem uma forma eficiente 
de infecção principalmente por formação de aerossóis, estando a bactéria incluída 
na lista de agentes biológicos com potencial bioterrorista (COSTA, 2001; MENSE et 
al., 2004; MINHARRO, 2009). 
 A transmissão entre pessoas, embora possível, é considerada insignificante 
sob o ponto de vista epidemiológico, porém, a literatura relata casos de transmissão 
por meio de transfusão de sangue, transplante de medula e até por relação sexual 
(GODFROID et al., 2005;MINHARRO, 2009). 
 
Diagnóstico 
Métodos Indiretos 
Os métodos indiretos ou sorológicos empregados no diagnóstico da brucelose 
constituem-se em um importante recurso utilizado nas campanhas de controle e 
erradicação da doença em bovinos e bubalinos (OLIVEIRA, 2003). 
Os testes sorológicos detectam os anticorpos contra Brucella spp presentes 
em diversos fluidos corporais como soro sanguíneo, muco vaginal, sêmen e leite. 
Para se escolher um método sorológico, deve-se levar em consideração o tamanho 
e as características da população a ser analisada, a situação epidemiológica da 
doença, a sensibilidade e a especificidade dos testes e principalmente se há 
utilização de vacinas (POESTER et al., 2005). 
Dentre os testes sorológicos empregados no diagnóstico da enfermidade, 
destacam-se o de Soroaglutinação Lenta em Tubo (SAT), Soroaglutinação Rápida 
em Placa (SAR), 2- Mercaptoetanol (2-ME), Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), 
Fixação de Complemento (FC), Rivanol e o ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent 
Assay) (OLIVEIRA, 2003; NIELSEN et al., 2004). 
O PNCEBT definiu como oficiais os testes do Antígeno Acidificado 
Tamponado (AAT) e o teste de Anel em Leite (TAL), como provas de triagem. Já 
como testes confirmatórios estabeleceu o teste do 2- Mercaptoetanol (2-ME) e a 
reação de Fixação do Complemento (FC) para detecção de antígenos pelo emprego 
de anticorpos específicos, com o objetivo de detectar uma exposição prévia do 
animal ao agente (BRASIL, 2006). 
 Os testes sorológicos empregados para o diagnóstico da brucelose 
identificam os anticorpos específicos presentes no soro sanguíneo dos animais 
infectados, baseando-se em antígenos de superfície bacteriana, compostos por 
lipopolissacarídeos (LPS) e proteínas de membrana externa (ALTON et al., 1988; 
RAJASHEKARA et al., 2005; MINHARRO, 2009). 
 De certa forma, testes sorológicos não apresentam sensibilidade absoluta, 
havendo a necessidade de associação entre várias técnicas em busca de melhores 
resultados na detecção de animais positivos, sobretudo na fase inicial da infecção e 
em infecções crônicas (COSTA, 2001; OLIVEIRA, 2003). 
 
 
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 Nestes testes podem ocorrer reações inespecíficas decorrentes do 
compartilhamento de epítopos com outros gêneros bacterianos ou até mesmo 
envolvendo imunoglobulinas da classe IgM, provenientes da vacinação contra 
brucelose, gerando resultados falso-positivos (ALTON et al., 1988; COSTA, 2001; 
MINHARRO, 2009). 
 Atualmente, acredita-se que os agentes como Yersinia enterocolitica O:9, 
Eschericha coli O:116 e O:157, Bordetella bronchiseptica, Moraxela spp, Francisella 
tularensis, Salmonella urbana, Pseudomonas maltophilia, Staphylococcus spp, 
Campylobacter spp e outros gêneros possam causar reaçõescruzadas em testes 
sorológicos, dificultando o diagnóstico por produzir resultados falso-positivos 
(COSTA, 2001; OLIVEIRA, 2003; MINHARRO, 2009). 
Métodos Diretos 
 
Os métodos diretos de diagnóstico para brucelose incluem o isolamento e a 
identificação do agente, a imunohistoquímica e os métodos de detecção de ácidos 
nucleicos, pela reação em cadeia da polimerase (PCR). 
Geralmente, estes métodos são utilizados após a manifestação dos sinais 
clínicos, momento este em que a bactéria já se encontra disseminada no rebanho, 
sendo importante a confirmação de focos da doença e a caracterização do agente 
(VEJARANO RUIBAL, 2009; MATRONE, 2009). 
A bacteriologia possui alta especificidade e capacidade de diferenciação entre 
espécies e biovariedades, sendo considerada gold standard. No entanto, o 
isolamento de Brucella spp é um processo trabalhoso, sendo necessários dias para 
a identificação do agente visto a sensibilidade e as exigências com relação aos 
meios de cultivo, além de se constituir um patógeno de alto risco biológico, sendo 
necessários laboratórios com funcionários qualificados, instalações e equipamentos 
de proteção de nível 3 (POESTER et al., 2005; LAGE et al., 2008). 
Classicamente, o diagnóstico direto da brucelose é realizado a partir do 
cultivo, isolamento e a identificação do gênero Brucella oriundo de material de 
aborto ou de secreções como leite, sêmen e líquido sinovial de articulações 
comprometidas (CARTER & CHENGAPPA, 1991; NIELSEN, 2004; LAGE et al., 
2008; VEJARANO RUIBAL, 2009). Em casos de aborto, o material de eleição são 
os anexos placentários e o conteúdo gástrico, além do baço, fígado, pulmão e rins 
dos fetos abortados. 
Segundo PAULIN & FERREIRA NETO (2003), devem ser colhidos das 
carcaças de bovinos, no momento do abate, os linfonodos retrofaríngeos, 
mandibulares, parotídeos, pré-escapulares e ilíacos, mas principalmente os 
supramamários, onde o agente é isolado em quase 90% dos animais infectados. 
Entretanto, devido ao processo de replicação das brucelas e a posterior difusão 
através da corrente sanguínea e vasos linfáticos, há disseminação deste agente por 
todo o organismo, sendo possível sua identificação no fígado, baço, pulmões e rins, 
além dos linfonodos e trato genital (GORVEL & MORENO, 2002; CAMPAÑA et al., 
2003; LIRA, 2008). 
 As brucelas podem ser isoladas e mantidas em meios de cultura como o ágar 
sangue desfibrinado de carneiro a 5%, ágar Triptose e ágar Brucella. Durante o 
cultivo, a bactéria necessita de no mínimo três a cinco dias de incubação em um 
ambiente microaerófilo, com tensão de CO2 em torno de 5 a 10%, além de 
temperatura média de 37ºC e pH neutro 6.6 a 7.4 (MINHARRO, 2009; OIE, 2009). 
 Para inibir a multiplicação de contaminantes durante o isolamento, 
 
 
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recomenda-se a utilização do meio de Farrel por conter vários antimicrobianos 
(ácido nalidíxico, bacitracina, ciclohexamida, nistatina, polimixina B e vancomicina) 
que minimizam a contaminação bacteriana secundária (CARTER & CHENGAPPA, 
1991; RIBEIRO et al., 2008, MINHARRO, 2009). 
 No ágar sangue desfibrinado de carneiro a 5%, as colônias apresentam-se 
pequenas, translúcidas, opacas, convexas e com bordos arredondados, após quatro 
a cinco dias de incubação (RIBEIRO et al., 2008). 
 As bactérias do gênero Brucella são Gram negativas, porém coram-se bem 
por outros métodos tintoriais como Ziehl-Neelsen e Koster modificados. À 
microscopia óptica, se apresentam como bastonetes curtos, isolados, aos pares ou 
em pequenos grupos (NIELSEN et al., 2004; LAGE et at., 2008; RIBEIRO et al., 
2008). 
 As características bioquímicas deste gênero revelam, nos testes de 
classificação, a utilização de carboidratos, porém sem a produção de ácido ou gás 
em quantidades suficientes. Algumas cepas são catalase e oxidase positivas, não 
causam hemólise e muitas delas produzem urease, ácido sulfídrico e reduzem 
nitrato a nitritos (CARTER & CHENGAPPA, 1991, PAJUABA, 2006; RIBEIRO et 
al., 2008; VEJARANO RUIBAL,2009). 
 A técnica de imunohistoquímica também constitui um método de 
diagnóstico direto, destacando pela alta praticidade e ausência da viabilidade do 
agente nos tecidos. Tem sido utilizada como técnica auxiliar nos estudos de 
patogenia e diagnósticos de enfermidades como a brucelose. Pode ser realizada a 
partir de materiais de aborto fixados com formol, permitindo além da identificação 
do agente com a especificidade das reações antígeno-anticorpo, a visualização 
das características das lesões examinadas (ANGREVES, 2008; MINHARRO, 
2009; XAVIER et al., 2009). 
A reação em cadeia da polimerase desenvolvida por MULLIS na década de 
80 permite a detecção de um segmento específico de DNA por meio da amplificação 
enzimática in vitro, facilitando o diagnóstico direto de doenças infecciosas pela 
identificação do ácido nucléico do agente, além de superar as limitações 
relacionadas ao isolamento por métodos tradicionais de cultura de microrganismos 
(MULLIS & FALOONA, 1986; BAILY et al., 1992; NOVAIS & PIRES ALVES, 2004). 
 A detecção do DNA do agente bacteriano pela PCR apresenta enorme 
rapidez e sensibilidade, além da grande vantagem de detectar pequenas 
quantidades de microrganismos em diferentes substratos, sem a necessidade de 
estarem viáveis, como ocorre na cultura bacteriológica (FEKETE et al., 1992; 
CORTEZ et al., 2001; GLYNN et al., 2006; PERRY et al., 2007; ANGREVES, 2008; 
SILVA JÚNIOR, 2008). 
 Na reação de PCR convencional, o fragmento alvo é detectado após o 
término da reação (end-point) por eletroforese em gel, necessitando de um ligante 
de DNA para obter a coloração do produto de amplificação, acarretando assim um 
tempo maior para a visualização dos resultados, além da possibilidade de 
contaminação devido à manipulação dos amplicons (MACKAY, 2004). 
 O desenvolvimento da PCR em Tempo Real resultou da complementação da 
técnica criada por MULLIS (1986) e da descoberta de fluoróforos associada à 
utilização da tecnologia óptica e da informática, possibilitando o monitoramento da 
reação a cada momento, e principalmente, revolucionando os processos de 
quantificação de fragmentos de DNA e RNA (NOVAIS & PIRES ALVES, 2004; 
DUARTE, 2006). 
 
 
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De acordo com RODRIGUEZ - LÁZARO et al. (2007), a técnica de PCR em 
Tempo Real permite o monitoramento da síntese dos fragmentos alvo no decorrer 
da própria reação e não apenas no final, como ocorre na técnica tradicional de PCR. 
Ela é capaz de monitorar a fluorescência emitida durante a reação como um 
indicador da produção das amplificações em cada ciclo de PCR, gerando resultados 
com maior sensibilidade, precisão, velocidade nas análises, facilidade na 
quantificação, melhor controle de qualidade no processo e menor risco de 
contaminação, já que a reação ocorre em um sistema tubular fechado, não havendo 
a necessidade de eletroforese para a visualização das amplificações. 
Considerando a acurácia e a rapidez de execução que a PCR apresenta 
quando comparada ao cultivo bacteriológico, esta técnica tem se mostrado eficiente 
no diagnóstico direto de microrganismos, atuando como ferramenta epidemiológica 
na detecção de Brucella spp (BRICKER, 2002). 
 Diante da necessidade de acurácia e segurança nos diagnósticos das 
enfermidades, os protocolos para colheita de amostras vêm, a cada dia, 
proporcionando facilidades no transporte, armazenamento e manuseio de amostras 
biológicas. 
 Devido ao alto poder infectocontagioso das amostras clínicas, bem como os 
cuidados excessivos requeridos no transporte, armazenamento e manipulação das 
mesmas, o emprego de métodos alternativos como os cartões de celulose para o 
armazenamentode amostras - cartões FTA® - (WHATMAN, FTA® Technology, USA, 
2007), vem ganhando destaque. 
 A tecnologia FTA® foi desenvolvida como método alternativo para colheita de 
DNA e estocagem de amostras de sangue em diagnóstico neonatal, sendo utilizado 
posteriormente em reações de PCR para análises médicas e forenses (CARDUCCI 
et al., 1992; VIDAL-TABOADA et al., 2006; FIGUEIRÓ, 2008). 
 Esta tecnologia vem proporcionando avanços nos processos de colheita, 
transporte, purificação e estocagem de amostras, reduzindo assim o custo e o tempo 
necessários para o processamento do DNA, além de facilitar a colheita de grandes 
quantidades de amostras (ORLANDI & LAMPEL, 2000; MAS et al., 2007; FIGUERÓ, 
2008). 
O cartão FTA® possui uma matriz fibrosa, onde se encontram agentes 
quelantes e desnaturantes adsorvidos, responsáveis por reter e lisar as membranas 
celulares e organelas, eliminando assim o poder infectocontagioso dos 
microrganismos, ao mesmo tempo em que libera o DNA e o imobiliza nas fibras da 
matriz do cartão. Aderidos a este material, estão presentes também, desnaturantes 
de proteínas e outros químicos responsáveis por proteger o DNA do ataque de 
nucleases, da oxidação e dos raios ultravioleta, permitindo a conservação do 
material genético por longos períodos, sob temperatura ambiente (ORLANDI & 
LAMPEL, 2000; GUTIÉRREZ-CORCHERO et al., 2002; NDUNGURU et al., 2005; 
RAJENDRAM et al., 2006; WHATMAN, 2007; OWOR et al., 2007). 
 Em decorrência da inativação dos microrganismos patogênicos, os cartões 
podem ser transportados sem qualquer risco biológico, podendo ser enviados aos 
laboratórios através do serviço postal regular, sem restrições quanto à manipulação, 
tornando-se uma ferramenta muito útil para a coleta de amostras biológicas de 
campo (PURVIS et al., 2006; GLASS et al., 2009; WOLFGRAMM et al., 2009). 
Segundo BECKETT et al. (2008), as amostras armazenadas no cartão FTA® 
apresentam DNA de alta qualidade e cada amostra pode ser usada como molde 
para no mínimo 20 a 30 reações de PCR. Além do baixo custo dos cartões FTA®, 
 
 
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esta tecnologia permite a realização de diagnósticos rápidos, precisos e com 
aplicações em diferentes áreas da ciência como: na conservação do DNA humano 
(DOBBS et al., 2002), em amostras de DNA de animais selvagens (SMITH & 
BURGOYNE, 2004), para a caracterização molecular de vírus a partir de tecidos 
vegetais (NDUNGURU et al., 2005), caracterização molecular de patógenos que 
acometem aves (PURVIS et al., 2006), a caracterização molecular do vírus da raiva 
(PICARD-MEYER et al., 2007) e na colheita, armazenamento e transporte de 
amostras contendo o vírus da febre aftosa (MUTHUKRISHNAN et al., 2008). 
Diante disso, GLASS et al. (2009) com a finalidade de avançar no diagnóstico 
molecular da tuberculose bovina, avaliaram a segurança biológica do material 
impregnado em cartão FTA®, pesquisando Mycobacterium bovis e outras 
micobactérias viáveis, por até cinco semanas de armazenamento. A eficiência do 
cartão na inativação do agente etiológico foi constatada nas concentrações 10-3 e 
10-4. Contudo, mediante dados parciais, contataram também que nos cartões 
impregnados com soluções mais concentradas (solução mãe) foram detectados 
bacilos viáveis. Entretanto, os resultados preliminares apresentaram-se promissores 
para armazenamento do DNA bacteriano nos cartões FTA® visto a eficiência na 
inativação do agente nas concentrações 10-3 e 10-4 do material inicial contendo 
células viáveis de Mycobacterium bovis e de outras micobactérias. 
De acordo com SILVA JUNIOR (2008), a utilização de testes diagnósticos em 
rebanhos e, principalmente, em frigoríficos fornece dados sobre a situação 
epidemiológica, permitindo assim a detecção de focos de doenças e a adoção de 
medidas de controle. Conhecendo-se a procedência dos animais de abate, torna-se 
possível o acionamento e a integração dos órgãos responsáveis para que decisões 
sejam tomadas, por isso, a integração do serviço de fiscalização e monitoramento da 
Defesa Sanitária com o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, pode 
ser considerada ponto chave para o sucesso das atividades propostas pelo 
PNCEBT, visto a sua atuação tanto na proteção do consumidor quanto na vigilância 
epidemiológica. 
 A inspeção sanitária de carnes realizada em estabelecimentos de abate sob 
fiscalização do Serviço de Inspeção Federal realiza atividades preventivas 
importantes para a saúde pública, pois ao examinar carcaças e vísceras à busca de 
situações anormais que condicionam ou impedem o aproveitamento do produto ou 
matéria prima para o consumo, afasta assim do mercado consumidor carnes 
impróprias que podem ser prejudiciais a saúde humana (SILVA JÚNIOR, 2008; 
VIANA et al., 2010.). 
 
Controle 
 As estratégias de controle da brucelose têm como base a redução constante 
do número de focos da doença, além do controle do trânsito de animais de 
reprodução e a certificação de propriedades livres da enfermidade por meio do 
diagnóstico, sacrifício dos animais positivos e a adoção de medidas ambientais 
(PAULIN & FERREIRA NETO, 2003). 
 A vacinação é empregada com o propósito de reduzir a prevalência da 
doença a baixos custos. Dentre as vacinas vivas mais utilizadas, a vacina B19 vem 
sendo amplamente empregada nos programas de controle da brucelose em diversos 
países, inclusive no Brasil (BRASIL, 2006; RIBEIRO et al., 2008). 
 A vacina B19 é produzida com amostra viva atenuada da B. abortus bv. 1 
estirpe B19. Apresenta características importantes tais como: permitir uma única 
 
 
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701 
vacinação em fêmeas entre três e oito meses de idade conferindo imunidade 
prolongada; prevenir o aborto; ser estável e não se multiplicar na presença de 
eritritol; ser atenuada para bovinos, causando reações mínimas após a sua 
aplicação, além de conferir proteção em 70-80% dos animais vacinados 
(NICOLETTI, 1980; PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2006). 
 A idade de vacinação deve ser seguida rigorosamente, pois está relacionada 
com a persistência de anticorpos. A vacina B19 deve ser empregada somente em 
fêmeas jovens com até oito meses de idade, pois, após este período há 
probabilidade de uma grande produção de anticorpos que podem perdurar e 
interferir no diagnóstico da doença após os 24 meses de idade. Não se recomenda a 
vacinação de machos ou fêmeas em gestação, devido à virulência residual que a 
cepa conserva, levando machos a permanecerem com títulos vacinais por longos 
períodos, além da possibilidade de desenvolvimento de orquite e artrites. Já em 
fêmeas prenhes, a vacina pode provocar o aborto, principalmente no terço final da 
gestação (BRASIL, 2006, LAGE et al., 2008). 
 Apesar dos inconvenientes que a vacina apresenta como não possuir efeito 
curativo e induzir a formação de anticorpos persistentes, o que reflete no diagnóstico 
em provas de rotina, gerando resultados falso-positivos, a resistência conferida ao 
rebanho pela vacina B19 reduz de forma significativa a severidade dos sinais 
clínicos, diminuindo a quantidade de agentes patogênicos eliminados no ambiente 
pelos animais infectados (NICOLETTI, 1980; PAULIN & FERREIRA NETO, 2003; 
LAGE et al., 2008). 
 Diante da necessidade de obter uma amostra vacinal que não provocasse a 
indução de anticorpos vacinais, foi desenvolvida na década de 90, a vacina não 
indutora de anticorpos aglutinantes, a RB51. Esta amostra, praticamente isenta de 
cadeia O, foi obtida por passagens sucessivas da cepa 2308 de B. abortus em 
meios de cultura contendo rifampicina, originando uma mutante permanentemente 
rugosa, reduzindo assim, sua virulência (POESTER et al., 2005; GARCÍA-YOLDI et 
al., 2006; AMAKU etal., 2009). 
 A amostra RB51 possui características de proteção semelhantes à da B19, 
porém, por ser rugosa, previne a formação de anticorpos reagentes nos testes 
sorológicos de rotina, não interferindo no diagnóstico sorológico da enfermidade 
(POESTER, 2006; LAGE et al., 2008; RIBEIRO et al., 2008). 
Em alguns países esta vacina é empregada oficialmente nos programas de 
controle de brucelose, porém no Brasil, a utilização da RB51 está restrita a 
vacinação estratégica de fêmeas adultas (BRASIL, 2006). 
Os programas de controle e erradicação de uma enfermidade são 
estruturados principalmente na interrupção da cadeia de transmissão do agente 
através da eliminação de indivíduos infectados e no aumento do número de 
indivíduos resistentes na população. A vacinação constitui uma poderosa estratégia 
de controle, principalmente quando empregada de forma ampla com a utilização da 
vacina B19 em fêmeas jovens e a vacinação estratégica com RB51 em fêmeas com 
idade superior a oito meses. Desta forma, aumenta a cobertura vacinal e, 
consequentemente, diminui a porcentagem de indivíduos suscetíveis, a taxa de 
abortos e a taxa de infecção (LAGE et al., 2008; RIBEIRO et al., 2008). 
Com a redução da prevalência a níveis aceitáveis, a vacinação em massa se 
torna desnecessária e as estratégias de controle são alteradas para medidas de 
erradicação, cujo objetivo consiste na eliminação de todos os focos. A identificação 
destes focos tem como base a detecção de anticorpos no leite; a aplicação de testes 
 
 
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sorológicos em animais de reprodução sob trânsito e animais de reprodução 
descartados em abatedouros; a busca por produtores informais; a investigação de 
propriedades que apresentam relação epidemiológica com focos; a investigação de 
abortos bovinos e, principalmente, casos de brucelose humana (PAULIN & 
FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A brucelose é uma doença de caráter infeccioso causada por bactérias do 
gênero Brucella spp., sendo capaz de acometer várias espécies de animais 
domésticos e silvestres, além do homem. Apresenta-se como uma enfermidade de 
grande impacto na saúde pública e no setor econômico, capaz de gerar problemas 
significativos no comércio internacional de animais, abortos e baixa fertilidade nas 
propriedades rurais, altos custos com programas de controle e erradicação e 
principalmente por comprometer os produtos de origem animal tornando-os 
vulneráveis as barreiras sanitárias. 
 As consequências da brucelose nos animais são inúmeras e a maior 
preocupação é o efeito que ela causa no sistema reprodutivo. Os abortos podem 
ocorrer com frequência e na maioria das vezes, podem ser acompanhados de 
retenção de placenta, metrites, repetição de cios, diminuição do número de partos e 
um maior intervalo entre partos. 
Nos seres humanos, a brucelose pode ser caracterizada como ocupacional, 
visto que os indivíduos mais expostos são os que trabalham diretamente com os 
animais infectados (tratadores, proprietários, veterinários) ou manipulam produtos de 
origem animal (magarefes, laboratoristas). 
A brucelose encontra-se mundialmente distribuída, sendo considerada uma 
das principais zoonoses. Embora tenha sido erradicada em diversos países da 
região norte e central da Europa, Austrália, Japão e Nova Zelândia, continua re-
emergente e se apresentando como um grave problema sanitário e econômico, 
principalmente em países da América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia. 
No Brasil, a brucelose é endêmica, porém apresenta dados bastante 
diferenciados face à dimensão territorial e às características próprias de cada região. 
O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose 
Animal (PNCEBT) instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA) busca uma redução na prevalência e na incidência da brucelose e 
tuberculose, através da vacinação obrigatória de fêmeas, com idade entre três a oito 
meses, contra a brucelose e a certificação de propriedades livres ou monitoradas 
para as doenças, trazendo assim, benefícios sanitários e econômicos, diminuindo o 
impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a 
competitividade da pecuária nacional. 
 
 
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