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APOSTILA PROCESSO PENAL 2

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TEORIA GERAL DA PROVA.
Em sentido amplo, os atos de instrução abrangem os atos probatórios e as alegações das partes. Mas, em sentido estrito, os atos de instrução abrangem apenas os atos probatórios, que começam com o interrogatório do acusado (arts. 185 a 196 do CPP) e termina com as diligências requeridas pelas partes.
Em sentido amplo, as provas são os elementos colhidos para a formação da convicção do juiz, tanto na fase policial quanto na fase judicial. 
Em sentido estrito, as provas são os elementos colhidos apenas na fase judicial, sendo certo que os elementos colhidos na fase policial são chamados de atos de investigação.
As provas têm dupla função: 
(a) formar o convencimento do juiz; 
(b) justificar perante a sociedade a decisão do juiz, de modo que não restem dúvidas quanto à honestidade do julgamento.
Definição de prova: prova é todo elemento ou meio destinado ao convencimento do juiz sobre o que se procura demonstrar em determinado processo.
Elementos da prova
A prova é integrada por três elementos:
 
(a) o objeto da prova. 
O objeto da prova é aquilo que as partes desejam demonstrar ou aquilo que o juiz deve conhecer, que compreende os fatos pertinentes, relevantes e não submetidos à presunção legal. 
(b) o sujeito ou órgão da prova.
É a pessoa física que no processo transmite o conhecimento de um objeto de prova (ex. testemunha).
(c) o meio de prova.
São os meios através dos quais o juiz recebe os elementos de prova, os quais são ilimitados, salvo com relação às provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF) e com relação ao estado da pessoa (art. 155 do CPP). No CPP, estão relacionados os seguintes meios de prova: exame de corpo de delito e perícias em geral (arts. 158 a 184 do CPP), interrogatório (arts. 185 a 196 do CPP), perguntas ao ofendido (art. 201 do CPP), testemunhas (arts. 202 a 225 do CPP), reconhecimento de pessoas ou coisas (arts. 226 a 228 do CPP), acareação (arts. 229 e 230 do CPP), documentos (arts. 231 a 238 do CPP) e busca e apreensão (arts. 240 a 250 do CPP).  
Momentos da prova
Existem os seguintes momentos da prova:
(a) da proposição (ex. o MP indica testemunhas na denúncia).
(b) da admissão (ex. o juiz defere as oitivas).
(c) da produção (ex. é realizado o sumário de acusação).
(d) da valoração (ex. o juiz valora os depoimentos na sentença).
Ônus da prova 
Marcellus Polastri interpreta o art. 156, 1ª parte, do CPP, de forma literal, ou seja, cabe à acusação a prova da ocorrência do fato e de sua autoria, enquanto cabe à defesa a prova em relação à inexistência do fato, a existência de uma excludente da ilicitude ou da culpabilidade e a existência de qualquer circunstância que implique em benefício para o réu.
O art. 156, 2ª parte, do CPP, permite que o juiz determine diligências de ofício.
Observação importante: Marcellus Polastri entende que a atuação de ofício do juiz só é possível na fase judicial, em razão do princípio da verdade real e do sistema da persuasão racional, e não na fase do inquérito policial. 
TEORIA GERAL DA PROVA NO PROCESSO PENAL 
O autor ressalta, contudo, que, mesmo na fase judicial, em se tratando de ação de iniciativa privada, o juiz só pode atuar de ofício em benefício do querelado.
Observação: Para Paulo Rangel, em razão do princípio da inocência e do sistema acusatório, o ônus da prova recai exclusivamente sobre o Ministério Público, devendo o art. 156, do CPP, ser interpretado à luz da constituição. Além disso, Paulo Rangel afirma que o art. 156, 2ª parte, do CPP, viola o sistema acusatório quando autoriza a produção de provas por iniciativa do juiz, o qual perderia a sua imparcialidade indispensável ao julgamento. 
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS  
Marcellus Polastri adota, baseado em Nicola Framarino dei Malatesta, a seguinte classificação das provas.
 
QUANTO AO CONTEÚDO:
a) prova direta: refere-se à coisa que se pretende provar.
b) prova indireta: refere-se a outra coisa, da qual se deduz a coisa que se pretende provar.
QUANTO AO SUJEITO:
a) prova pessoal.
b) prova real.
 
QUANTO À FORMA:
a) prova testemunhal.
b) prova documental.
c) prova material.
QUANTO À FINALIDADE:
a) prova incriminatória.
b) prova dirimente.
c) prova corroborante.
d) prova infirmativa.
QUANTO AO VALOR:
a) prova plena.
b) prova não plena.
QUANTO À NECESSIDADE DE REPETIÇÃO:
a) prova irrepetível.
b) prova repetível.
Observação: Para Aury Lopes Jr, as provas irrepetíveis deveriam, mesmo na fase policial, ser colhidas mediante ampla defesa, citando como meio a produção antecipada de prova.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À TEORIA DA PROVA
Aplicam-se vários princípios à teoria da prova, destacando-se os seguintes.
1) PRINCÍPIO DA VERDADE REAL:
O juiz tem liberdade na iniciativa da produção probatória, não se limitado apenas às provas produzidas por indicação das partes, uma vez que lhe interessa saber como os fatos realmente ocorreram. Os arts. 156, 196, 234, do CPP, que, dentre outros, materializam o princípio da verdade real são de constitucionalidade duvidosa, sob o argumento de que violam o sistema acusatório.
2) PRINCÍPIO DA AUTORRESPONSABILIDADE DAS PARTES: 
Cada parte deve suportar ou assumir as consequências de sua inatividade, erros e negligência, uma vez que tem o ônus ou encargo de demonstrar em juízo a prova ou comprovação do ato que lhe interesse.
 
3) PRINCÍPIO DA AQUISIÇÃO OU COMUNHÃO DA PROVA:
Cada parte tem o ônus da produção de sua prova, mas, uma vez produzida, existirá a sua comunhão, ou seja, toda a prova produzida servirá a ambas as partes e ao juiz, já que colhida no interesse da justiça e da busca da verdade.
4) PRINCÍPIO DA AUDIÊNCIA CONTRADITÓRIA:
Toda prova admite uma contraprova e, no processo penal, deve ser produzida com o conhecimento da outra parte.
 
5) PRINCÍPIO DA ORALIDADE:
Com a reforma do CPP, de 2008, a oralidade que era exceção, pois só ocorria no júri e no Juizado Especial Criminal, agora é regra. A oralidade é a regra para todos os procedimentos previstos no CPP. 
6) PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO:
 
Em tese, as provas orais devem ser colhidas numa única audiência, o que na prática, muitas vezes, não ocorre.
7) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:
Em regra, a produção das provas é pública, só podendo haver restrição à publicidade nos casos expressamente previstos em lei.
8) PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO:
O juiz tem a liberdade de valorar as provas de acordo com a sua consciência e com o seu convencimento, desde que motivadamente e não extrapolando o que consta do processo.
9) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DA PROVA:
Trata-se de consequência lógica do princípio da verdade real, ou seja, o juiz deve ter liberdade para agir na busca da verdade dos fatos que lhe foram apresentados. Mas existem limitações: art. 92 do CPP; art. 155 do CPP ; art. 207 do CPP.
10) PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS: 
É previsto no art. 5º, LVI, da CF.
Atualmente, a teoria da proporcionalidade, da razoabilidade ou do interesse preponderante vem ganhando espaço na doutrina e na jurisprudência, a qual sustenta o seguinte:
 
Admite-se a prova ilícita, mesmo havendo violação de norma constitucional, em casos excepcionais, ou seja, também se deveria levar em consideração valores igualmente constitucionais, protegidos da mesma forma ou de forma mais relevante que aqueles violados na coleta da prova (José Carlos Barbosa Moreira, Sergio Demoro Hamilton).
Ultimamente, a doutrina e a jurisprudência, inclusive do STF, admitem o princípio da proporcionalidade somente em favor da defesa, mas nunca a favor do Estado.
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS
Parte da doutrina distingue as provas ilícitas em provas ilícitas em sentido estrito (produzidas com a violação de uma norma ou de um princípio de direito material) e em provas ilegítimas (produzidas com a violação de uma norma de direito processual)
Observação: Tourinho Filho afirma que o art. 5º, LVI, da CF, acabou com a distinção entre as provasilícitas e as provas ilegítimas, sendo certo que, em razão disso, sempre que produzida com a violação de uma norma ou de um princípio, a prova deve ser tratada apenas como ilícita.
PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO
A Suprema Corte dos EUA formulou a fruit of the poisonous tree doctrine, ou seja, a teoria dos frutos da árvore envenenada, segundo a qual a prova derivada fica contaminada pelo vício da prova original.
O art. 157, § 1º, do CPP, traz a vedação à utilização das provas ilícitas por derivação.
São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, quando evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, e quando as derivadas não pudessem ser obtidas senão por meio das primeiras.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
A interceptação telefônica foi autorizada no art. 5º, XII, da CF, e depois foi regulamentada pela Lei 9296/96, a qual prevê os seguintes requisitos.
a) autorização judicial, por solicitação do MP ou outra autoridade.
b) demonstração de existência de indícios razoáveis de autoria na participação do fato investigado ou a ser investigado.
c) investigação, em tese, de crime apenado com reclusão.
Marcellus Polastri classifica as formas de captação eletrônica da prova da seguinte maneira.
a) interceptação telefônica em sentido estrito ou grampeamento: existe interceptação de conversa telefônica por terceiro, sem o consentimento dos interlocutores.
b) escuta telefônica: existe interceptação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um ou dos interlocutores.
c) interceptação ambiental: existe captação oculta da conversa entre presentes, por terceiro, dentro do local onde se realiza a conversa.
d) gravação clandestina: existe quando um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro interlocutor, grava a conversa telefônica.
Observação: Para Marcellus Polastri, a Lei 9296/96 apenas trata da interceptação telefônica em sentido estrito ou grampeamento, não havendo vedação constitucional à escuta telefônica, interceptação ambiental ou gravação clandestina.
Questões trazidas por Marcellus Polastri:
 
1) se, autorizada uma interceptação telefônica e efetuada na forma que preceitua a lei, é descoberto outro crime além daquele que justificou a medida (ex. autorizada para investigação de tráfico, descobre-se um sequestro), seria válida a prova?
Admite-se possível ilicitude por desvio do objeto da interceptação ou busca autorizada, mas nem toda prova obtida em relação a crime diverso daquele da autorização será ilícita. No caso de “encontro fortuito”, o critério aventado é o da existência de nexo entre os dois crimes.
2) é possível a utilização ou transposição da prova obtida mediante interceptação regular ou lícita, autorizada por juiz de determinado processo criminal, para outro processo, ou seja, é lícita a prova emprestada? 
Se for o mesmo acusado nos dois processos, tendo sido aquela prova obtida mediante o crivo do contraditório, é possível utilizá-la como prova emprestada.
Observação: Quanto à utilização da prova em processo cível, Vicente Greco Filho e Lênio Luiz Streck não admitem o empréstimo porque, pela via oblíqua, haveria desrespeito à norma constitucional. Mas Marcellus 
Polastri, ressaltando a unidade do direito processual e a falta de vedação constitucional neste sentido, admite tal empréstimo.
Observação: no caso de gravação clandestina feita no interior de domicílio, parte da doutrina não a admite, alegando violação ao princípio da inviolabilidade de domicílio, mesmo que haja flagrante delito, uma vez que o art. 5º, XI, da CF, apenas excepciona a inviolabilidade para permitir a prisão, mas não a utilização da prova. Entretanto, Marcellus Polastri afirma que, se o art. 5º, XI, da CF, permite a prisão em flagrante, excepcionando o princípio da inviolabilidade de domicílio, nada obsta o uso da gravação clandestina.
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DAS PROVAS PELO JUIZ
São os métodos utilizados pelo juiz para a valoração das provas produzidas.
a) sistema da prova legal ou da prova tarifada: o legislador valora as provas, cabendo ao juiz apenas respeitar a valoração do legislador (há resquício deste sistema no art. 155 do CPP, já que o estado das pessoas deve ser provado conforme determina a lei civil).
b) sistema da íntima convicção ou do íntimo convencimento: o juiz tem liberdade na valoração das provas, sendo dispensável a fundamentação da sua decisão (há resquício deste sistema, no CPP, no que toca à decisão dos jurados do tribunal do júri).
c) sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional: o juiz tem liberdade na valoração das provas, sendo imprescindível a fundamentação da sua decisão (é a regra geral adotada no CPP).
AULA Nº 3 – MEIOS DE PROVA
Prova pericial
A perícia é um meio instrumental (porque é o meio usado pelo juiz para compor o litígio), técnico-opinativo (porque se justifica quando necessária a opinião de especialista sobre o fato) e alicerçador da sentença (porque ilumina o caminho do juiz que não tem o conhecimento especializado).
A prova pericial é irrepetível, razão pela qual mantém o seu valor probatório mesmo quando colhida no inquérito policial, ou seja, sem o crivo do contraditório.
Tourinho Filho afirma que a perícia é mais que um meio de prova, lembrando que o legislador não considerou o perito como simples sujeito de prova, mas como auxiliar do juiz.
Embora a norma do art. 158 do CPP afirme que o exame de corpo de delito é indispensável e que ele não pode ser suprido pela confissão do réu, Marcellus Polastri entende que a antinomia do referido dispositivo com o sistema do livre convencimento motivado exige que o valor absoluto do exame de corpo de delito deva ser repensado.
Sergio Demoro Hamilton é mais enfático, afirmando que o art. 5º, LVI, da CF, apenas veda as provas obtidas por meios ilícitos, razão pela qual, sendo a confissão uma prova obtida licitamente, não há razão para impedir que ela supra o exame de corpo de delito.
Para Hélio Tornaghi, o corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. Para João Mendes Jr., o corpo de delito é o conjunto de elementos sensíveis do fato criminoso. O exame de corpo de delito é a análise dos vestígios. 
Só se pode falar em corpo de delito nos delitos facti permanentis, ou seja, nos crimes não transeuntes (ex. homicídio), mas nunca nos delitos facti transeuntis, ou seja, nos crimes transeuntes (ex. injúria verbal).
O exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, ele é feito mediante a apreciação dos especialistas, que examinam diretamente o corpo de delito. No segundo caso, ele é feito através da prova testemunhal, conforme do art. 167 do CPP.
 
Para Marcellus Polastri, o exame de corpo de delito indireto pode ser feito por outros meios, como a prova documental (ex. boletim de atendimento médico, registros hospitalares etc).
Observação: Sergio Demoro Hamilton e Helio Tornaghi entendem que o exame de corpo de delito indireto deve ser feito por peritos, através de narrativa de testemunhas aos mesmos sobre o fato. Entretanto, prevalece na doutrina (Tourinho Filho, Eduardo Espínola Filho) e na jurisprudência (inclusive no STF) o entendimento de que basta a prova supletiva nos autos, como a prova testemunhal, devendo o juiz extrair a conclusão da existência da prova indireta da materialidade do crime. 
Distinguem-se o exame de corpo de delito e as demais perícias. A falta do primeiro ocasiona a nulidade do processo, a teor do art. 564, III, b, do CPP. A falta das perícias fica no plano de convencimento do juiz.
A perícia no processo penal, em regra, é realizada por perito oficial (art. 159 do CPP), o § 3º no art. 159 do CPP, admite a figura do assistente técnico.
 
O compromisso referido no art. 159, § 2º, do CPP, não tem, no aspecto penal, qualquer repercussão prática porque o art. 342 do CP não alude ao compromisso, que, dessa forma, não é elementar do tipo penal do crime de falsa perícia. 
Entretanto, no aspecto processual, a falta de compromisso acarreta a nulidade relativa do art. 564, IV, doCPP, que, por sua própria natureza, é sanável, a teor do art. 572 do CPP.
Quanto ao fato do juiz ficar vinculado ou não à perícia, existem dois princípios: o princípio vinculatório, segundo o qual o juiz fica adstrito ao resultado da perícia, e o princípio liberatório, segundo o qual o juiz tem inteira liberdade para aceitar ou rejeitar o laudo pericial.
Observação: o art. 182 do CPP dispõe que o juiz não ficará adstrito ao laudo, em total conformidade com o sistema do livre convencimento motivado. Adota-se, portanto, o princípio liberatório.
A autópsia, necropsia ou necroscopia é o exame de corpo de delito realizado no cadáver.
	
O art. 162 do CPP dispõe que a autópsia deve ser feita, no mínimo, seis horas após o óbito.
O art. 168 do CPP trata do exame de corpo de delito complementar, que é fundamental quando os peritos, no primeiro exame, não têm elementos técnicos suficientes para concluir a perícia. Cabe destacar que o art. 168, § 3º, do CPP, trata do exame de corpo de delito complementar indireto.
O art. 174 do CPP trata do exame grafotécnico ou grafológico.
 
O art. 174, IV, do CPP, não foi recepcionado pelo art. 5º, LXIII, da CF, o qual confere o direito ao silêncio ao indiciado ou réu e, por consequência, lhes concede o direito de não produzir prova contra si. Assim, o indiciado ou réu não é obrigado a fornecer material gráfico para a realização do exame.
Interrogatório
A Lei 10792/03 alterou os arts. 185 a 196 do CPP.
Tourinho Filho, Marcellus Polastri, entre outros entendem que o interrogatório é meio de defesa, em razão do direito ao silêncio previsto no art. 5º, LXIII, da CF. 
A realização do interrogatório é imprescindível, sempre que o réu se encontra presente.
Para a maioria (Tourinho Filho e Marcellus Polastri), a falta de interrogatório, quando possível a sua realização, é causa de nulidade absoluta porque o art. 572 do CPP, quando trata das nulidades relativas, se refere ao art. 564, III, e, segunda parte, do CPP, a qual abrange apenas “os prazos concedidos à acusação e à defesa”. Mas há quem entenda que se trate de nulidade relativa, afirmando que o art. 564, III, e, do CPP, deve ser dividido em quatro partes, razão pela qual o interrogatório estaria na segunda parte, a qual é referida pelo art. 572 do CPP como nulidade relativa.
O silêncio, evidentemente, não pode prejudicar o réu (art. 5º, LXIII, da CF, e art. 186, parágrafo único, do CPP). Entretanto, Marcellus Polastri afirma que o silêncio deve ser comparado com as demais provas coligidas e, pelo sistema da livre convicção, poderá ou não pesar contra ele no momento do julgamento, já que o acusado, permanecendo silente, nada teve a aduzir em seu favor.
Quanto ao princípio do silêncio, convêm alguns comentários.
 
O primeiro ponto refere-se à redação usada pelo constituinte. Quando a constituição fala em “preso”, pretende enfatizar que até o indiciado preso e o réu preso podem ficar calados. É evidente que o indiciado solto e o réu solto também podem ficar calados.
O art. 187 do CPP prevê duas partes do interrogatório: interrogatório de identificação ou subjetivo; interrogatório de mérito ou objetivo. No interrogatório de identificação, é traçado um perfil do acusado. No interrogatório de mérito, o réu é indagado quanto aos fatos que lhe são imputados. Então, a questão é a seguinte: o silêncio pode ser exercido nas duas partes?
Quanto ao interrogatório de identificação, alguns autores sustentam que o réu pode ficar calado e pode até mentir, enquanto outros autores afirmam que o silêncio configura o delito do art. 68 da Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei 3688/41) e que a mentira configura o crime do art. 307 do CP. Quanto ao interrogatório de mérito, é certo que o réu pode ficar calado e pode até mentir, salvo para incriminar-se falsamente porque, neste caso, ele praticaria o crime do art. 341 do CP.
O art. 188 do CPP assegura a participação das partes no interrogatório, constituindo a mais significativa alteração decorrente da Lei 10792/03.
A confissão e a chamada de corréu
Camargo Aranha entende que a admissão da autoria na fase policial configura confissão extrajudicial.
A confissão pode ser simples ou qualificada. No primeiro caso, o réu confessa a prática do crime. No segundo caso, o réu confessa a prática do fato, mas sustenta a presença de um causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. 
O entendimento majoritário afirma que a confissão qualificada não autoriza a aplicação da causa de diminuição de pena do art. 65, III, d, do CPP.
A chamada de corréu, imputação de corréu, delação ou chamamento de cúmplice ocorre quando, na confissão, houver a imputação do crime por um réu ao corréu.
Declarações do ofendido
O ofendido, vítima ou lesado é ouvido como informante, diante de seu inegável interesse no deslinde da causa, razão pela qual, em princípio, as suas declarações têm valor relativo, muito embora, em determinados crimes, geralmente praticados na clandestinidade, as declarações do ofendido sejam de grande importância.
Se, intimado, o ofendido não comparecer, o juiz pode determinar a sua condução, a teor do art. 201, § 1º, do CPP.
Vale mencionar que a reforma de 2008 trouxe uma série de modificações relativas ao ofendido, basta observar a nova redação do art. 201. O par. 2 determina que o ofendido será comunicado dos atos do processo, principalmente relativos à saída do réu da prisão e sua eventual fuga. Tal medida visa a segurança da vítima que, sabendo do estado do réu, poderá se prevenir.
Prova testemunhal
 
A prova testemunhal, embora de grande importância prática, é chamada de “prostituta das provas”, em razão da falibilidade da pessoa humana que vai dar o testemunho.
 
No sistema do livre convencimento motivado, uma única testemunha pode embasar a sentença condenatória, dependendo da credibilidade das suas declarações.
São características da prova testemunhal: 
 
Oralidade: os arts. 192 e 221, § 1º, do CPP, excepcionam a regra; Sergio Demoro Hamilton critica o art. 204, do CPP, que permite a consulta a apontamentos, com o argumento de que se perde a autenticidade do depoimento; Sergio Demoro Hamilton e Tourinho Filho entendem que o art. 221, § 1º, do CPP, é inconstitucional porque viola o princípio do contraditório, mas Marcellus Polastri não vê inconstitucionalidade, uma vez que, surgindo a necessidade de novas perguntas, é possível a expedição de outro ofício à autoridade, para que ela as responda.
(b) objetividade: em regra, a testemunha não pode emitir juízo de valor, conforme o art. 213 do CPP.
(c) retrospectividade: o testemunho é sempre relativo a fato pretérito.
A testemunha pode ser classificada da seguinte maneira:
(a) direta: o depoente presenciou o fato.
(b) indireta: o depoente depõe sobre o que “ouviu dizer”.
(c) instrumental: o depoente presenciou um ato jurídico do inquérito policial ou do processo, dando-lhe autenticidade
(d) judicial: o depoente depõe sobre fato que presenciou ou “ouviu dizer”.
 
(e) própria: o depoente depõe sobre o fato imputado ao réu.
(f) imprópria: o depoente depõe sobre ato do procedimento (ex. a respeito da regularidade do auto de prisão em flagrante).
(g) numerária: o depoente presta o compromisso de dizer a verdade e é computado no número legal.
(h) informante: o depoente não presta o compromisso de dizer a verdade e não é computado no número legal.
(i) referida: o depoente é mencionado no depoimento de outra testemunha e não é computado no número legal.
O art. 203 do CPP determina que a testemunha preste o compromisso de falar a verdade.
As pessoas referidas no art. 208 estão dispensadas de prestar o compromisso.
 
E se for o caso de prestar o compromisso de dizer a verdade, mas o juiz, por descuido, deixar de tomar o compromisso? Espínola Filho e Hélio Tornaghi afirmam que o depoimento é nulo, a teor do art. 564, IV, do CPP. Tourinho Filho e Marcellus Polastri afirmam que só haverá nulidade se houver prejuízo para a acusação ou para a defesa, ou se houver influência na apuração da verdadereal.
A maioria doutrinária (Helio Tornaghi, Heleno Fragoso, Magalhães Noronha) afirma que o compromisso prestado pela testemunha constitui apenas um incentivo moral, pois o crime de falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, se configura independentemente do compromisso.
Observação: o art. 206 do CPP dispensa algumas pessoas do dever de depor, mas o parentesco deve ser examinado no momento do depoimento, e não no momento do fato imputado ao réu. Para Tourinho Filho e Marcellus Polastri, a dispensa legal não pode ser interpretada de forma extensiva.
Embora o art. 214 do CPP apenas se refira à contradita antes do depoimento, deve-se também aceitá-lo no final do depoimento, quando o motivo ou razão da contradita só se tornou conhecido no curso do depoimento.
Sergio Demoro Hamilton e Marcellus Polastri afirmam que o art. 211 do CPP não foi recepcionado porque, em razão do sistema acusatório, não cabe ao juiz requisitar a instauração de inquérito policial, já que deve se manter equidistante e imparcial, não podendo praticar atos investigatórios. Cabe ao juiz, se for o caso, comunicar o fato ao Ministério Público, a teor do art. 40 do CPP.
Atualmente adota-se o sistema do exame cruzado ou sistema do cross examination, conforme art. 212 do CPP.
Os arts. 218 e 219 do CPP prevêem punições às testemunhas que, intimadas, não comparecerem para depor (condução por oficial de justiça; pagamento de multa; pagamento de custas; responsabilização por crime de desobediência).
Reconhecimento de pessoas e coisas
O reconhecimento é o meio processual de prova, eminentemente formal, pelo qual alguém é chamado para verificar e confirmar a identidade de uma pessoa ou coisa, que lhe é mostrada com outras, que viu no passado.
O art. 226 do CPP elenca as formalidades a serem observadas no momento do reconhecimento. Na fase policial, a ausência de qualquer formalidade acarreta a nulidade do ato. Entretanto, na fase judicial, havendo o desrespeito a qualquer das formalidades, parte da doutrina (Camargo Aranha, Hélio Tornaghi) afirma que ocorre nulidade. 
Entretanto, a jurisprudência e a doutrina majoritárias (Frederico Marques, Ada Pellegrini Grinover) reconhece a validade do reconhecimento, não exigindo a observância das formalidades do art. 226 do CPP, já que, em juízo, estão presentes o contraditório e a ampla defesa.
Acareação
A acareação é o ato de se colocar duas ou mais pessoas em presença umas das outras, para que expliquem as divergências de pontos conflitantes de seus anteriores depoimentos ou declarações.
 
O indiciado ou acusado, em razão do princípio do silêncio, previsto no art. 5º, LXIII, da CF, pode se recusar a participar da acareação.
No caso do art. 230 do CPP, para uma parte da doutrina, não há propriamente uma acareação, porque as pessoas não são colocadas frente a frente, havendo apenas um confronto entre as declarações conflitantes.
Documentos
No sentido amplo, a palavra “documento” é tudo que representa um fato.
Entretanto, o art. 232 do CPP restringiu o conceito de “documento”: quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Indícios
Para Marcellus Polastri, indício não constitui em prova em sentido estrito.
Para Malatesta, indício é aquele argumento probatório indireto que deduz o desconhecido do conhecido por meio da relação de causalidade.
Critica-se a redação do art. 239 do CPP, no que se refere ao termo “indução”, sob o argumento de que a expressão correta seria “dedução”.
Considerando o sistema do livre convencimento motivado, a prova indiciária tem o mesmo valor de outras provas. Por isso, teoricamente, é possível que o juiz condene o réu com base apenas em indícios, embora isso dificilmente ocorra na prática porque, normalmente, o juiz não chega à certeza necessária à condenação apenas com base em indícios.
AULA Nº 5 – ATOS JURISDICIONAIS E 	ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL SENTENÇA
 
Os atos jurisdicionais podem ser classificados da seguinte maneira:
(a) despacho de mero expediente ou despacho ordinatório: trata-se de ato que apenas provê a marcha processual, sem ter qualquer carga decisória.
 
(b) decisão interlocutória: trata-se de ato que decide uma questão incidente que não se confunde com o julgamento do mérito do conflito de interesses, podendo ser subdividido da seguinte forma.
(b.1) decisão interlocutória mista não terminativa: divide duas grandes fases do procedimento (ex. pronúncia).
(b.2) decisão interlocutória mista terminativa: extingue a relação jurídica processual (ex. impronúncia, rejeição da denúncia).
(b.3) decisão interlocutória simples: é decisão residual que não se adéqua às classificações acima (ex. decretação da prisão preventiva, concessão da liberdade provisória)
 
(c) sentença: trata-se de ato que decide o conflito de interesses, admitindo-se a seguinte classificação.
(c.1) condenatória própria: julga procedente a pretensão punitiva estatal, ou seja, conclui que o direito de punir deve prevalecer em detrimento ao direito de liberdade
(c.2) condenatória imprópria: parte da doutrina confere tal classificação para o ato do juiz que homologa a transação penal (art. 76 da Lei 9099/95) porque, neste caso, não se julga procedente a pretensão punitiva estatal, mas se aplica uma pena restritiva de direito ou uma pena de multa ao autor do fato.
(c.3) absolutória própria: julga improcedente a pretensão punitiva estatal, ou seja, conclui que o direito de liberdade deve prevalecer em detrimento ao direito de punir. 
(c.4) absolutória imprópria: julga improcedente a pretensão punitiva estatal, mas reconhece a inimputabilidade do acusado, ou seja, o réu não é condenado mas é obrigado a submeter-se a uma medida de segurança (internação em hospital de custódia ou tratamento ambulatorial).
(c.5) subjetivamente simples: é proferida por um órgão monocrático.
(c.6) subjetivamente plúrima: é proferida por um órgão colegiado, cujos integrantes analisam os mesmos aspectos.
(c.7) subjetivamente complexa: é proferida por um órgão colegiado, cujos integrantes analisam aspectos distintos.
(c.8) suicida: a doutrina italiana chama de sentença suicida aquela em que a parte dispositiva contradiz completamente a fundamentação.
(c.9) vazia: a doutrina italiana chama de sentença vazia aquela sem fundamentação, o que, no sistema brasileiro, significa sentença nula, a teor do art. 93, IX, da CF.
PARTES DA SENTENÇA 
O art. 381 do CPP indica as partes da sentença.
(a) relatório (incisos I e II)
(b) fundamentação (incisos III e IV)
(c) dispositivo (inciso V)
(d) autenticação (inciso VI)
(a) relatório
  
(a)A doutrina afirma que no relatório deve constar a “história relevante” do processo, ou seja, apenas os atos processuais mais significativos devem ser destacados no relatório.
Em regra, a denúncia ou queixa-crime é transcrita no relatório e, em seguida, passam a ser indicadas as principais ocorrências.
Registre-se que o art. 81, § 3º, da Lei 9099/95, dispensa expressamente o relatório na sentença proferida pelo juiz do Juizado Especial Criminal. 
(b) fundamentação
Trata-se de parte importantíssima porque todas as provas devem ser examinadas pelo juiz e todas as teses sustentadas pelas partes, sem exceção, devem ser enfrentadas.
A fundamentação é tão importante que o princípio da motivação das decisões judiciais, previsto no art. 93, IX, da CF, expressamente exige a fundamentação, sob pena de nulidade.
A fundamentação deve ser elaborada de forma lógica.
De início, devem ser enfrentadas as questões preliminares (ex. competência do juízo, inépcia da denúncia ou queixa; nulidade por cerceamento de defesa); superadas as preliminares, devem ser enfrentadas as questões prejudiciais (ex. propriedade da coisa quando a acusação é relativa ao crime de apropriação indébita); superadas as prejudiciais, deve ser enfrentado o mérito do conflito de interesses, abordando-se primeiramente as questões de fato, ou seja, estabelecendo-se qual a conduta praticada pelo agente, e depois abordando-se as questões de direito, ouseja, estabelecendo-se qual a resposta penal que melhor se adéqua ao caso concreto. 
(c) dispositivo
Em se tratando de sentença absolutória, a parte dispositiva é muito simples, bastando que o juiz esclareça que o direito de liberdade deve prevalecer em detrimento ao direito de punir (ex. “Isso posto, julgo improcedente a pretensão punitiva estatal, para absolver o réu José da Silva, com base no art. 386 do CPP”).
Mas, se a sentença for condenatória, a questão é diferente.
É que, no caso de condenação, o juiz deve observar o critério trifásico previsto no 58 do CP e, depois, deve analisar alguns aspectos que serão abaixo abordados.  
Por isso, é conveniente dividir a parte dispositiva da sentença condenatória nos seguintes tópicos.
 
(1) fixação da pena base: o juiz deve examinar a pena abstrata prevista para o crime e, obedecendo os seus limites mínimo e máximo, ele deve fixar a pena base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (ex. no caso de furto simples, a pena abstrata, segundo o art. 155, caput, do CP, é de um a quatro anos de reclusão; se o réu tiver maus antecedentes, se a sua conduta social for reprovável, se a sua personalidade for distorcida, o juiz deve fixar a pena em dois anos de reclusão).
(2) fixação da pena intermediária: considerando a pena base fixada, o juiz deve, obedecendo os limites mínimo e máximo da pena abstrata, avaliar a presença das circunstâncias atenuantes (arts. 65 e 66 do CP) e das circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62 do CP), podendo diminuir, manter ou aumentar a pena (ex. no caso de furto simples, tendo sido fixada a pena base em dois anos de reclusão, se o réu tiver confessado a prática do crime, deve incidir a circunstância atenuante do art. 65, III, d, do CP; logo, o juiz deve fixar a pena intermediária em um ano e seis meses de reclusão).
(3) fixação da pena definitiva: considerando a pena intermediária fixada, o juiz deve, ignorando os limites mínimo e máximo da pena abstrata, avaliar a presença de causas de diminuição de pena (ex. tentativa, conforme o art. 14, parágrafo único, do CP) e a presença de causas de aumento de pena (ex. roubo com arma, conforme o art. 157, § 2º, do CP), podendo diminuir, manter ou aumentar a pena (ex. no caso de furto simples tentado, o juiz deve aplicar a causa de diminuição de pena do art. 14, parágrafo único, do CP, diminuindo a pena em um terço; logo, o juiz deve fixar a pena definitiva em um ano de reclusão).
(4) fixação da pena total: este tópico só tem aplicação no caso de concurso de crimes; após fixar a pena de cada um dos crimes, o juiz deve considerar os arts. 69, 70 e 71 do CP (ex. no caso de dois furtos simples tentados praticados em concurso material, o juiz somaria as penas de um ano de reclusão fixada para cada crime e, assim, chegaria à pena total de dois anos de reclusão).
(5) fixação do regime de cumprimento de pena: considerando a pena total, o juiz deve aplicar as normas do art. 33 do CP, para fixar o regime inicial de cumprimento de pena (ex. no caso de dois furtos simples tentados praticados em concurso material, sendo a pena total de dois anos de reclusão, o juiz fixaria o regime inicialmente aberto para o cumprimento da pena privativa de liberdade.
(6) substituição das penas: após fixada a pena e definido o regime de seu cumprimento, o juiz deve examinar as possibilidades dos arts. 43 e segs. do CP, a fim de evitar, na medida do possível, o encarceramento do réu (ex. no caso dos furtos, com pena de dois anos de reclusão e regime inicial aberto, o juiz substituiria a pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos).
(7) suspensão condicional da pena ou sursis penal: se não for possível a substituição de penas, os arts. 77 e segs. do CP permitem que o juiz suspenda condicionalmente a pena, também como forma de evitar o encarceramento do réu (ex. no caso dos furtos, com pena de dois anos de reclusão e regime inicial aberto, não sendo possível a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito, caberia a suspensão condicional da pena por dois anos, submetendo-se o réu a determinadas condições, sendo certo que, ao final, seria declarada extinta a punibilidade).
(8) situação prisional do réu: ao proferir a sentença de condenação, o juiz deve definir se o réu poderá ou não apelar em liberdade; o art. 594 do CPP deve ser interpretado à luz do princípio da inocência previsto no art. 5º, LVII, da CF; por isso, em regra, o réu condenado pode recorrer em liberdade, só sendo obrigatória a sua prisão cautelar quando presente algum dos fundamentos do art. 312 do CPP.
(d) autenticação 
A autenticação da sentença é muito importante porque a falta assinatura do juiz torna inexistente o ato, razão pela qual a sentença não produzirá qualquer efeito. A sentença sem a assinatura do juiz é mero trabalho intelectual, sem o status de ato processual. É um não ato.
ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL: CITAÇÃO
A citação é o chamado inicial (art. 363). A intimação ocorre quando o intimando é chamado para tomar ciência de um ato que já ocorreu. A notificação ocorre quando o notificando é chamado para tomar ciência de um ato que ainda ocorrerá. 
Os arts. 351 a 369 do CPP tratam da citação
A citação por mandado ocorre quando o réu é citado na comarca em que o processo foi ajuizado. Nesse sentido, arts. 351, 352 e art. 357 do CPP. O oficial de justiça vai à casa do réu e efetiva a citação. O mandado judicial de citação deve conter os requisitos intrínsecos previstos no art. 352, CPP. Os requisitos extrínsecos da citação estão previstos no art. 357, CPP.
A citação por carta precatória ocorre quando o réu citado em comarca distinta daquela em que o processo foi ajuizado. Nesse sentido, arts. 353 a 356 do CPP. O juízo que expede a precatória é chamado de deprecante. O juízo que recebe a precatória é chamado de deprecado.
 
A citação por carta rogatória é realizada quando o réu for citado em outro país. Nesse sentido, arts. 368 e 369 do CPP. O juízo que expede a rogatório é chamado de rogante. O juízo que recebe a rogatória é chamado de rogado.
A citação por requisição só ocorre no caso do réu ser militar, conforme o art. 358 do CPP.
Antes da Lei 10792 o réu preso também era requisitado ao diretor do presídio. No entanto, o art. 360, CPP determina que o réu preso deve ser pessoalmente citado. Contudo, vale mencionar que o art. 570, CPP prevê a substituição da citação pela presença do acusado.
 
A citação por carta de ordem não tem previsão no CPP. Ocorre quando o réu tem prerrogativa da função, ou seja, quando ele é denunciado nos tribunais. O relator do processo determina que o juiz de primeiro grau providencie a citação.
A citação por hora certa é prevista no art. 362 do CPP (trazido pela Lei 11.719/2008), o qual se refere expressamente aos arts. 227 a 229 do CPC.
A citação por edital é a última opção do legislador. Nesse sentido, arts. 361 a 365 do CPP. Como o réu não foi localizado, a citação é veiculada no Diário Oficial. Só é possível a citação por edital se forem esgotados todos os meios para a citação pessoal. No mínimo, todos os endereços do réu constantes no processo devem ser diligenciados – de acordo com a jurisprudência do STF.
Convém destacar que, mesmo após a Lei 9271/96, é possível que o réu seja condenado à revelia. Mas isso só ocorre quando ele é citado pessoalmente, conforme o art. 367 do CPP. 
Quanto ao art. 366 do CPP, existem algumas questões importantes.
A primeira questão refere-se à aplicação da norma no tempo.
A redação do art. 366 do CPP anterior à Lei 9271/96 era no seguinte sentido: se o réu, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, será decretada a sua revelia; será nomeado advogado dativo e o processo seguirá normalmente até a prolação da sentença.
Evidentemente, se o fato criminoso imputado ao réu ocorrer após a vigência da Lei 9271/96, será aplicada a atual redação do art. 366 do CPP. Mas, indaga-se: e se o fato criminoso tiver ocorrido antes da vigência da Lei 9271/96, ou seja,enquanto estava em vigor a antiga redação do art. 366 do CPP? Será aplicada a antiga ou a atual redação do art. 366 do CPP?
A segunda questão refere-se à suspensão do prazo prescricional.
 
O art. 366 do CPP, quando o réu é citado, não comparece nem constitui advogado, determina a suspensão do processo e do prazo prescricional. A questão é a seguinte: até quando o prazo prescricional ficará suspenso? 
Formaram-se alguns entendimentos:
 
(a) o prazo prescricional deve ficar suspenso indefinidamente porque o legislador não fixou prazo (esta corrente é criticada porque, em regra, todos os crimes prescrevem, salvo aqueles referidos na constituição federal; se prevalecer tal entendimento, estaria sendo criada uma situação de imprescritibilidade pela legislação infraconstitucional).
(b) o prazo prescricional deve ficar suspenso por trinta anos, voltando a fluir em seguida; neste caso, é feita uma ligação sem sentido com o maior tempo que alguém pode ficar preso, conforme o art. 75 do CP.
(c) o prazo prescricional deve ficar suspenso por vinte anos, voltando a fluir em seguida; neste caso, é feita uma ligação com o maior prazo prescricional previsto no art. 109 do CP. Entendimento de Marcellus Polastri.
(d) o prazo prescricional deve ficar suspenso de acordo com a pena máxima prevista para o crime imputado ao réu, voltando a fluir em seguida; neste caso, deve ser considerada a pena máxima do crime e aplicado o art. 109 do CP para, então, ser descoberto o tempo em que ficará suspenso o prazo de prescrição;
(e) o prazo prescricional deve ficar suspenso de acordo com a pena mínima prevista para o crime imputado ao réu, voltando a fluir em seguida; neste caso, deve ser considerada a pena mínima do crime e aplicado o art. 109 do CP para, então, ser descoberto o tempo em que ficará suspenso o prazo de prescrição.
Notificação e intimação
Tratam-se de atos de comunicação que são utilizados no decorrer do processo para que o mesmo tenha andamento, como forma de chamar as partes e terceiros necessários à prática do ato, ou mesmo dar-lhes ciência de atos já praticados.
A notificação visa ato futuro e a intimação visa ato passado.
A intimação do MP ou do defensor público ou dativo será sempre pessoal (art. 370, par. 4º), sendo que a ciência também será pessoal, apesar de se considerar como tal a entrega no protocolo da instituição, que terá o dever de fazer o encaminhamento ao destinatário.
Contagem dos prazos
Existem os prazos penais e os prazos processuais. No primeiro caso (ex. prazo de prisão, prazo que acarreta a extinção da punibilidade etc), deve ser considerado o primeiro dia, conforme o art. 10 do CP. No segundo caso (ex. prazo para alegações finais, prazo recursal), não deve ser considerado o primeiro dia, conforme o art. 798, § 1º, do CPP.
AULA Nº 6 – PROCEDIMENTO ORDINÁRIO E PROCEDIMENTO SUMÁRIO
Procedimento ordinário
A Lei 11719, de 20/06/08, mudou radicalmente a sistemática dos ritos passando a classificá-los da seguinte forma: 
 Procedimento comum (incluindo os ritos ordinário, sumário e sumaríssimo – art. 394, §1º, CPP) e 
 Procedimento especial (incluindo os demais ritos previstos no CPP e na legislação extravagante).
Quando será aplicado o procedimento ordinário?
Segundo o art. 394, I, do CPP, o rito ordinário será aplicado quando o réu for acusado de crime cuja pena máxima prevista seja igual ou superior a quatro anos e quando não houver previsão de procedimento especial, seja no CPP, seja na legislação extravagante. 
Fases do procedimento ordinário:
(a) oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(c) citação (arts. 351 a 369)
(d) resposta do réu (art. 396)
(e) possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
(f) audiência de instrução e julgamento (art. 400).
(f.1) oitiva da vítima
(f.2) oitiva das testemunhas de acusação
(f.3) oitiva das testemunhas de defesa
(f.4) interrogatório
(f.5) diligências (art. 402)
(f.6) alegações finais (art. 403)
(f.7) sentença (arts. 403 e 404)
(a) oferecimento da denúncia ou queixa 
O art. 41 do CPP prevê os requisitos da denúncia ou queixa, que são os seguintes: exposição detalhada do fato criminoso, qualificação do réu, classificação do crime e rol de testemunhas.
O fato criminoso imputado ao réu deve ser detalhado para viabilizar a ampla defesa. A qualificação do réu é imprescindível para que se possa individualizá-lo, de modo a viabilizar a sua citação. A classificação do crime é a tipificação da conduta imputada ao réu. Este rito admite a indicação de até oito testemunhas, conforme o art. 401 do CPP.
(b) recebimento da denúncia ou queixa 
O art. 395 do CPP prevê as hipóteses de rejeição da denúncia ou da queixa. 
Vejamos, então, as hipóteses previstas no art. 395 do CPP.
O art. 395, I, do CPP, refere-se à inépcia da denúncia ou queixa.
O art. 395, II, 1ª parte, do CPP, refere-se à falta de pressuposto processual.
O art. 395, II, 2ª parte, do CPP, refere-se à falta de condição para o exercício da ação penal.
O art. 395, III, do CPP, refere-se à justa causa, que é o mínimo suporte probatório sem o qual ninguém pode ser processado.
Recurso cabível é o recurso em sentido estrito previsto no art. 581, I, CPP. 
(c) citação – art. 396, CPP: Tema já abordado detalhadamente.
 
(d) resposta do réu
O art. 396 do CPP dispõe que, ao receber a denúncia ou a queixa, o juiz deverá determinar a citação do réu para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
Evidentemente, trata-se de prazo processual que deve ser contado conforme o art. 798, § 1º, do CPP, ou seja, desconsiderando-se o dia em que a intimação foi efetivada.
Segundo o art. 396-A do CPP, a defesa pode arguir preliminares e alegar tudo que lhe interesse, inclusive as exceções (art. 95,CPP) além de oferecer documentos e indicar até oito testemunhas, conforme o art. 401 do CPP. Este número deve ser multiplicado pelo número de réus ou de crimes.
O oferecimento da resposta do réu é obrigatório, de acordo com o art. 396-A, §2º, CPP. 
(e) possibilidade de absolvição sumária
Após a apresentação da resposta do réu, o art. 397 do CPP dispõe que o juiz deve examinar a possibilidade de absolver sumariamente o acusado.
As hipóteses de absolvição sumária são as seguintes.
 
O art. 397, I, do CPP, refere-se à existência manifesta de causa de exclusão da ilicitude, ou seja, o réu evidentemente atuou amparado com uma excludente da ilicitude (legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito e estado de necessidade).  
O art. 397, II, do CPP, refere-se à existência manifesta de causa de exclusão da culpabilidade, excepcionando o caso de inimputabilidade.
O art. 397, III, do CPP, refere-se à hipótese em que se imputa ao réu fato que evidentemente não constitui crime.
O art. 397, IV, do CPP, refere-se às hipóteses de extinção da punibilidade. As causas de extinção, em regra, estão no art. 107 do CP. Mas existem outras: arts. 82, 90 e 312, § 3º, do CP; art. 89, § 5º, da Lei 9099/95.
(f) audiência de instrução e julgamento
Se não for caso de absolvição sumária, o art. 399 do CPP dispõe que o juiz deve designar a audiência de instrução e julgamento. A audiência de instrução e julgamento deve ser realizada no prazo máximo de 60 dias, conforme determina o art. 400 do CPP.
Quais as provas que compõem o conjunto probatório? 
Necessariamente, devem ser produzidas as seguintes provas: oitiva da vítima, oitivas das testemunhas de acusação, oitivas das testemunhas de defesa, interrogatório, diligências, alegações finais e sentença.
(f.1) oitiva da vítima
A oitiva da vítima deve ser colhida conforme o art. 201 do CPP, o qual foi alterado pela Lei 11690/08.
Adota-se o sistema do exame cruzado previsto no art. 212 do CPP, com a redação dada pela Lei 11690/08, ou seja, as partes podem fazer perguntas diretamente à vítima, cabendo ao juiz intervir quando a pergunta induz a resposta, não tem pertinência ou é repetida.
(f.2) oitivas das testemunhas de acusação
Podemser ouvidas até oito testemunhas de acusação indicadas na denúncia ou na queixa, sendo certo que tal número deve ser multiplicado pelo número de crimes e de réus. Também é adotado o sistema do exame cruzado.
(f.3) oitivas das testemunhas de defesa
Em seguida, podem ser ouvidas até oito testemunhas de defesa indicadas na defesa prévia, sendo certo que tal número deve ser multiplicado pelo número de crimes e de réus. Também é adotado o sistema do exame cruzado.
(f.4) interrogatório
A nova redação do art. 185, caput, do CPP, passou a exigir a presença do defensor no interrogatório. 
O art. 185, § 1º, do CPP, prevê a realização do interrogatório do réu preso dentro do presídio. Contudo, a Lei 11900\09 tratou da videoconferência, já que os gastos são altíssimos para levar o preso do presídio até o fórum.
 
O art. 186, § 2º, do CPP, passou a garantir expressamente o direito de entrevista, ou seja, o réu tem o direito de ser orientado, antes do interrogatório, pelo defensor público, pelo advogado dativo ou pelo advogado constituído.
O art. 186 do CPP, em total respeito ao art. 5º, LXIII, da CF, previu o direito ao silêncio e, de forma taxativa, consignou que o silêncio não pode causar qualquer prejuízo ao réu. 
 
O art. 187 do CPP prevê as duas partes do interrogatório: interrogatório de identificação ou subjetivo; interrogatório de mérito ou objetivo. 
A nova redação do art. 188 do CPP constitui a mudança mais radical feita no interrogatório. É que, antes da Lei 10792/03, apenas o juiz fazia perguntas ao réu. Agora, após as perguntas do juiz, tanto o promotor quando o defensor podem fazer perguntas.
Por fim, o art. 196 do CPP admite que o juiz interrogue o réu mais de uma vez, caso entenda necessário. O réu não tem o direito de ser interrogado mais de uma vez. Trata-se de faculdade que pode ser exercida ou não pelo juiz.
(f.5) diligências
O art. 402 do CPP prevê a fase de diligências. Teoricamente, não são quaisquer diligências, mas apenas aquelas cuja necessidade adveio da instrução criminal.
f.6) alegações finais
Se não houver requerimento de diligências ou se o requerimento for indeferido, as partes devem apresentar alegações finais orais. A acusação e a defesa, nesta ordem, terão respectivamente vinte minutos, prorrogáveis por outros dez minutos, conforme o art. 403 do CPP.
Em dois casos, as alegações finais não serão orais, cabendo às partes oferecer memoriais:
(a) se houver requerimento de diligências e o seu deferimento, a audiência será encerrada para que as diligências sejam providenciadas, conforme o art. 404 do CPP.
(b) se o juiz entender conveniente a apresentação de memoriais, diante da complexidade do caso ou do número de acusados (403, §3º, CPP).
Para os memoriais, a acusação e a defesa terão, sucessivamente, o prazo de cinco dias para a apresentação das alegações finais escritas.
O oferecimento das alegações finais é obrigatório?
No caso do Ministério Público, a apresentação é imprescindível, em razão do princípio da indisponibilidade, previsto no art. 42 do CPP.
No caso do assistente de acusação, ou seja, se a vítima se habilitar no processo para ajudar o Ministério Público, a falta de alegações finais não gera grande prejuízo ao processo. Isso porque a presença do assistente não é obrigatória. O processo, então, deve seguir normalmente, ficando o juiz dispensado de intimar o assistente para os demais atos processuais, conforme o art. 271, § 2º, do CPP. 
No caso de querelante devemos observar o art. 60, III, 2ª parte, do CPP, que prevê como causa de perempção o fato do querelante não pedir a condenação do querelado em alegações finais. Ora, se as alegações sem pedido condenatório geram perempção, é claro que a falta de alegações também gerará. Assim, cabe ao juiz reconhecer a perempção e declarar extinta a punibilidade, com base no art. 107, IV, do CPP.
No caso da defesa não apresentar alegações finais, parte da doutrina entende que o processo deve seguir normalmente, com a consequente prolação da sentença, sob o argumento de que se trata de petição facultativa. Entretanto, a outra parte sustenta que a não apresentação das alegações da defesa viola flagrantemente o princípio da ampla defesa.
(f.7) sentença
O art. 403 do CPP fixa como regra a sentença oral. Isso significa que, na audiência de instrução e julgamento, após a apresentação das alegações finais orais, o juiz proferirá a sua sentença oralmente.
 
Evidentemente, nos dois casos acima (403, §3º e 404) examinados em que as alegações finais não serão orais, o juiz ficará impossibilitado de sentenciar oralmente. Mas, além desses dois casos, ainda que as partes apresentem alegações finais orais, caberá ao juiz examinar a conveniência de proferir a sentença oralmente.
Em todos os casos, se não a proferir oralmente, o juiz terá o prazo de dez dias para proferir a sentença por escrito, conforme dispõem os arts. 403 e 404 do CPP. 
 
OBS: O art. 399, § 2º, do CPP, passou a adotar como regra no processo penal o princípio da identidade física do juiz, o qual já era adotado no processo civil.
Isso significa que o juiz que presidiu a audiência de instrução e julgamento fica vinculado ao processo e, por isso, deverá sentenciá-lo.
PROCEDIMENTO SUMÁRIO
Quando será aplicado o procedimento sumário?
Segundo o art. 394, II, do CPP, o rito sumário será aplicado quando o réu for acusado de crime cuja pena máxima prevista seja inferior a quatro anos. Por outro lado, o art. 394, III, do CPP, prevê o rito sumaríssimo para as infrações de menor potencial ofensivo, as quais englobam as contravenções penais e os crimes com pena máxima até dois anos. Assim, aplica-se o rito sumário quando o réu é acusado da prática de um crime punido com pena máxima superior a dois anos e inferior a quatro anos e quando não houver rito especial, seja no CPP, seja na legislação extravagante.
Fases do procedimento
Para que se tenha uma visão sistemática do procedimento, convém elencar as suas fases.
 
(a) oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(c) citação (arts. 351 a 369)
(d) resposta do réu (art. 396)
(e) possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
(f) audiência de instrução e julgamento (art. 531).
Diferenças para o procedimento ordinário:
1. Número de testemunhas.
Este rito admite a indicação de até cinco testemunhas, conforme o art. 532 do CPP. Este número deve ser multiplicado pelo número de réus ou de crimes.
 
2. Prazo para a audiência de instrução e julgamento.
Se não for caso de absolvição sumária, o art. 531 do CPP dispõe que o juiz deve designar a audiência de instrução e julgamento que deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias. 
AULA Nº 7 – PROCEDIMENTO SUMÁRIO E PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
O juizado especial criminal foi previsto no art. 98, I, da CF, no âmbito da justiça estadual, com competência para os crimes de menor potencial ofensivo, os quais inicialmente não foram definidos pelo legislador.
 
É possível definir a competência da seguinte maneira: 
(a) juizado especial criminal federal: todos crimes da competência da justiça federal com pena máxima não superior a dois anos; 
(b) juizado especial estadual: todas as contravenções penais e todos os crimes da competência da justiça estadual com pena não superior a dois anos.
Fases do procedimento
1- Lavratura do termo circunstanciado
O art. 69 da Lei 9099/95 prevê a lavratura do termo circunstanciado, o qual equivale ao inquérito policial que é instaurado quando o crime a ser investigado é da competência do juizado especial criminal. 
 
O art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95, garante ao agressor o direito de não ser lavrado o auto de prisão em flagrante. Para tanto, basta que o agressor seja imediatamente encaminhado ao juizado especial criminal ou se comprometa a comparecer quando intimado.
Após a sua lavratura, o termo circunstanciado é encaminhado ao juizado especial criminal, sendo certo que será designada uma audiência preliminar.2- Audiência preliminar
A audiência preliminar é prevista no art. 72 da Lei 9099/95, sendo certo que se trata de ato processual composto de alguns momentos, os quais devem ser destacados para que sejam melhor compreendidos.
2.1 – Composição dos danos civis
Trata-se de uma medida despenalizadora que consiste num acordo cível celebrado entre a vítima e o autor do fato. Em geral, ambos chegam ao valor de uma indenização, a fim de impedir que o rito prossiga. 
 
Se houver tal acordo, cabe ao juiz homologá-lo por sentença. Se o acordo não for cumprido, a sentença, que terá o status de título executivo judicial, poderá ser executado no juízo cível competente.
O art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95, afirma que o acordo acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação. O art. 49 do CPP já previa a renúncia ao direito de queixa. Entretanto, o art. 25 do CPP só previa a retratação ao direito de representação, razão pela qual o art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95, constitui novidade, já que prevê a renúncia ao direito de representação. Gerando, assim, a extinção da punibilidade do agente, de acordo com o art. 107, V, CP.
2.2- Representação da vítima
É claro que este momento, previsto no art. 75 da Lei 9099/95, só é aplicável quando se trata de crime de ação pública condicionada à representação. Se não for celebrada a composição dos danos civis, a vítima deve ser indagada quanto à sua representação, ou seja, deve ser perguntada se tem interesse no prosseguimento do feito.
2.3- Transação penal
A transação penal é medida despenalizadora da maior importância processual. O art. 76 da Lei 9099/95 dispõe que, nos casos de ação pública incondicionada e de ação pública condicionada à representação, cabe ao MP propor a transação penal, se não for caso de arquivamento. Isso significa que o promotor de justiça deve examinar o termo circunstanciado para verificar a presença ou não da justa causa (o mínimo suporte probatório sem o qual ninguém pode ser acusado). Se não houver justa causa, o MP deve pedir o arquivamento dos autos. Se houver justa causa, o MP deve propor a transação penal, se o suposto autor do fato cumprir os requisitos legais. 
Obs: O oferecimento da transação penal e o princípio da obrigatoriedade.
 
A transação penal constitui, para a maioria, uma mitigação (atenuação) do princípio da obrigatoriedade. É que o MP conclui que existe justa causa e, ao invés de oferecer a denúncia, propõe a transação penal, cujo objetivo é justamente evitar o oferecimento da denúncia. 
 
A minoria (Afrânio Silva Jardim) entende que a transação penal é outro mecanismo através do qual se busca solucionar o conflito de interesses, não através de uma sentença de mérito, mas sim através de um “acordo” entre o MP e o suposto autor do fato. 
Logo, se o objetivo da denúncia é o mesmo objetivo da transação penal, é possível afirmar que a transação penal não é uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade. Ao contrário, a transação penal representa a própria materialização do cumprimento do princípio da obrigatoriedade. 
Em que consiste a transação penal? Na aplicação imediata de uma pena não privativa de liberdade, ou seja, pena restritiva de direitos ou pena de multa. Cabe ao MP especificar qual a pena a ser cumprida pelo autor do fato. No caso de transação penal, o autor do fato não confessa a prática do crime, nem assume a sua culpa no ocorrido. Ele apenas concorda com a transação penal para ficar livre do processo criminal. Isso significa que ele mantém a sua primariedade, seus bons antecedentes, seu status de inocente. Mas cumpre a pena não privativa de liberdade para não responder ao processo criminal e não correr o risco de ser sentenciado e condenado. 
O art. 76, § 2º, da Lei 9099/95, prevê os requisitos indispensáveis à transação penal, os quais podem ser classificados em objetivos (incisos I e II) e subjetivos (inciso III).
 
O primeiro requisito objetivo (art. 76, § 2º, I, da Lei 9099/95) exige que o autor do fato não tenha sido condenado pela prática de crime à pena privativa de liberdade. 
O segundo requisito objetivo (art. 76, § 2º, II, da Lei 9099/95) exige que o autor do fato não tenha sido beneficiado, nos últimos cinco anos, pela transação penal. Tal prazo deve ser contado da sentença que homologou a transação penal anterior. 
 
Os requisitos subjetivos (art. 76, § 2º, III, da Lei 9099/95) exigem valoração individualizada de cada caso concreto. O MP deve examinar os antecedentes, a conduta social, a personalidade, os motivos e as circunstâncias. Depois de tal exame, o MP deve analisar se a transação penal é cabível. 
Obs: E se houver discordância entre Ministério Público e juiz?
Se o MP propuser a transação penal e o juiz discordar, caberá ao MP impetrar mandado de segurança, sustentando que tem o direito líquido e certo de fazer a proposta, ou caberá ao autor do fato impetrar habeas corpus, sustentando que tem o direito à transação penal. Se o MP não propuser a transação penal e o juiz entender que o caso permite a transação penal, a maioria entende que o juiz deve aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, para que o Procurador-Geral de Justiça se manifeste. 
Há ainda dois entendimentos minoritários quanto ao tema: o primeiro deles é no sentido de que o próprio juiz proponha a transação penal; o segundo deles é no sentido de que o juiz deva rejeitar a denúncia oferecida pelo MP afirmando a falta de justa causa.
Se os requisitos objetivos e subjetivos não autorizarem a transação penal ou se a transação penal não for aceita, o rito segue com as seguintes fases. 
2.4- Oferecimento da denúncia ou queixa-crime
O art. 77 da Lei 9099/95 afirma que, na audiência preliminar, se o autor do fato faltar ou se não couber a transação penal, caberá ao MP oferecer a denúncia oralmente.
Com o oferecimento da denúncia ou queixa, o suposto autor do fato (agora promovido ao status de réu ou querelado) será citado na própria audiência ou, se não estiver presente, será citado por oficial de justiça. 
No próprio ato citatório, o réu ou querelado fica notificado para a audiência de instrução e julgamento, que consiste no próximo momento processual. 
3- Audiência de instrução e julgamento
A audiência de instrução e julgamento é prevista nos arts. 79 e 81 da Lei 9099/95, sendo certo que se trata de ato processual composto de alguns momentos, os quais devem ser destacados para que sejam melhor compreendidos.
 
3.1- Renovação da proposta de composição dos danos civis
O art. 79, da Lei 9099/95, afirma que, no dia designado para a audiência de instrução e julgamento, “se não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação”, a composição dos danos civis será novamente tentada. 
3.2- Representação da vítima
Se não for celebrada a composição dos danos civis, a vítima será de novo indagada quanto à sua pretensão de ver o réu processado. Se ela desistir, será extinta a punibilidade, por analogia ao art. 107, V, do CP. Se ela não desistir, seguem-se as fases seguintes. 
3.3- Renovação da proposta de transação penal
Se não houver composição dos danos civis, o art. 79, da Lei 9099/95, autoriza que seja novamente tentada a transação penal, “se não tiver possibilidade” na audiência preliminar.
Obs: O princípio da indisponibilidade e o oferecimento da transação penal em AIJ.
O princípio da indisponibilidade, previsto no art. 42 do CPP, não permite que o MP desista da ação penal. Isso significa que, havendo oferecimento da denúncia, o MP deve levar o processo até a sentença de mérito, mesmo que, em alegações finais, ele peça a absolvição do acusado. A transação penal oferecida após a denúncia mitiga (atenua) o princípio da indisponibilidade porque, de certa forma, ao propô-la, o MP admite a possibilidade do processo ser extinto sem o julgamento do mérito, caso o autor do fato aceite a proposta e cumpra as condições fixadas.
3.4- Defesa preliminar
A defesa tem oportunidade de manifestar-se antes do juiz fazer o juízo de admissibilidade da acusação. Normalmente,tal manifestação é feita oralmente, mas nada impede que o defensor a traga por escrito.
Vale mencionar que nesta fase, aplica-se o in dubio pro societate, ou seja, na dúvida, a denúncia é recebida para que os fatos sejam apurados.
3.5- Recebimento da denúncia ou queixa
Após a apresentação da defesa preliminar, cabe ao juiz fazer o juízo de admissibilidade da acusação.
3.6- Proposta de suspensão condicional do processo
O art. 89 da Lei 9099/95 prevê a suspensão condicional do processo ou sursis processual. As infrações que permitem a aplicação do sursis processual são chamadas de infrações de médio potencial ofensivo. São aquelas cuja pena mínima não seja superior a um ano. 
 
A suspensão condicional do processo, embora prevista na Lei 9099/95, não se aplica apenas aos crimes de competência do juizado especial criminal. Qualquer crime cuja pena mínima não ultrapasse um ano permite o sursis processual, mesmo que o crime não seja da competência do juizado especial criminal. 
Obs: A suspensão condicional do processo ou sursis processual (art. 89 da Lei 9099/95) não se confunde com a suspensão condicional da pena ou sursis penal (arts. 77 e segs. do CP).  
O art. 89, da Lei 9099/95, exige que a pena mínima fixada para o delito não ultrapasse um ano e que o réu não esteja sendo processado, não tenha sido condenado por outro crime e que os requisitos do art. 77 do CP estejam presentes.
Discute-se a constitucionalidade da parte em que se exige que o réu não esteja sendo processado por outro crime. É que, em razão do princípio da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF, a presunção da inocência só pode ser afastada diante de uma condenação irrecorrível. Por isso, é possível que o réu não seja beneficiado com o sursis processual e, depois, no outro processo, ele seja inocentado. 
Entretanto, há quem afirme que o sursis processual é um benefício legal e, por isso, o legislador pode fixar requisitos para a sua concessão e, dentre eles, é possível exigir que o réu não esteja respondendo por outro processo.   
Logo, para a concessão da suspensão condicional do processo, são necessários os seguintes requisitos: 
(a) a pena mínima prevista para o crime não pode ser superior a um ano; 
(b) o réu não pode estar respondendo por outro processo; 
(c) o réu não pode ter sido condenado por outro crime; 
(d) os requisitos do art. 77 do CP sejam favoráveis à concessão do benefício.   
O art. 89, §§ 1º e 2º, da Lei 9099/95, prevê as condições a serem cumpridas pelo réu durante o período de prova.
Se o réu não cumprir as condições impostas, a suspensão condicional do processo será revogada e o processo seguirá normalmente até a prolação da sentença. Se o réu cumprir as condições, o juiz declarará extinta a punibilidade, com base no art. 89, § 5º, da Lei 9099/95.   
Obs: A suspensão condicional do processo e o princípio da indisponibilidade.
A suspensão condicional do processo mitiga (atenua) o princípio da indisponibilidade porque, de certa forma, ao propô-la, o MP admite a possibilidade do processo ser extinto sem o julgamento do mérito, caso o réu aceite a proposta e cumpra as condições fixadas.   
3.7- Oitiva da vítima
Se for inviável o sursis processual, a instrução tem início com a oitiva da vítima, a qual deve ser ouvida antes das testemunhas.
  
3.8- Oitivas das testemunhas de acusação
Depois da oitiva da vítima, são ouvidas as testemunhas de acusação. A maioria entende que a acusação pode ouvir até cinco testemunhas, por analogia ao art. 538 do CPP. A minoria afirma que a acusação pode ouvir até três testemunhas, por analogia ao art. 34 da Lei 9099/95. Este número de testemunhas deve ser multiplicado pelo número de réus e pelo número de crimes imputados.   
3.9- Oitivas das testemunhas de defesa
Em seguida, são ouvidas as testemunhas de defesa, valendo, quanto ao número de testemunhas, a controvérsia acima.
 
3.10- Interrogatório: Por fim, encerra-se a instrução com o interrogatório do réu, aplicando-se os arts. 185 a 196 do CPP.
3.11- Alegações finais
Finda a instrução, iniciam-se os debates. A acusação manifesta-se oralmente em alegações finais e, depois, a defesa, também oralmente, manifesta-se em alegações finais.  
3.12- Sentença
O legislador previu a prolação de sentença oral. Quando o processo não tem grande complexidade, o juiz geralmente profere a sentença oralmente, consignando-a na assentada da audiência. Mas, quando se exige certa cautela no exame das provas, o juiz encerra a audiência e determina que os autos sejam conclusos, a fim de que profira a sentença por escrito. O art. 81, § 3º, da Lei 9099/95, dispensa o relatório na sentença a ser proferida no juizado especial criminal.
AULA Nº 9 – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PREVISTOS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Procedimento especial dos crimes contra a honra: Peculiaridade do procedimento
Art. 519.  No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual não haja outra forma estabelecida em lei especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Titulo I, deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes.
Art. 520.  Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo.
Art. 521.  Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz achar provável a reconciliação, promoverá entendimento entre eles, na sua presença.
Fases do procedimento
Para que se tenha uma visão sistemática do procedimento, convém de início elencar as suas fases.
(a) oferecimento da queixa (art. 41)
(b) audiência de conciliação (art. 520)
(c) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(d) citação (arts. 351 a 369)
(e) resposta do réu (art. 396)
(f) possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
(g) audiência de instrução e julgamento (art. 531).
Procedimento dos crimes praticados por funcionário público
Peculiaridade do procedimento
Art. 513.  Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Art. 514.  Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único.  Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar.
Fases do procedimento
(a) oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) resposta preliminar (art. 514)
(c) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(d) citação (arts. 351 a 369)
(e) resposta do réu (art. 396)
(f) possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
(g) audiência de instrução e julgamento (art. 531).
OBS: Enunciado 330, STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.
Procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial 
Peculiaridade do procedimento
Art. 529.  Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo.
 Fases do procedimento
(a) oferecimento da queixa (art. 41)
(b) recebimento da queixa, sendo certo que a petição inicial tem que ser instruída com o laudo pericial (art. 395, c/c 529)
(c) citação (arts. 351 a 369)
(d) resposta do réu (art. 396)
(e) possibilidade de absolvição sumária (art. 397)
(f) audiência de instrução e julgamento (art. 531).
AULA Nº 10 – PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
Procedimento do Tribunal do Júri
1– Introdução 
O procedimento do tribunal do júri é aquele aplicável quando o réu é acusado da prática de umcrime doloso contra a vida, segundo o art. 5º, XXXVIII, da CF. O dispositivo que o prevê tem natureza de cláusula pétrea, ou seja, o júri não pode ser extinto nem a sua competência pode ser reduzida. Nem através de emenda constitucional isso seria possível, conforme o art. 60, § 4º, do CRFB. 
Hoje em dia, a competência do júri abrange os crimes dolosos contra vida (homicídio doloso, induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto). 
É necessário destacar que, em razão das causas de conexão e continência, previstas nos art. 76 e 77, do CPP, outros crimes podem ser atraídos para o júri. É que as causas de conexão e continência fazem com que dois crimes ou dois réus sejam julgados juntos. O art. 78, I, do CPP prevê o júri como foro atrativo. Isso significa que, havendo conexão ou continência, a competência do júri prevalecerá.
O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de escalonado ou bifásico porque é possível dividi-lo em duas grandes fases: juízo da acusação (do oferecimento da denúncia ou queixa até a decisão de pronúncia) e juízo da causa (a partir da decisão de pronúncia até a sentença).
Registre-se que Lei 11689/08 alterou radicalmente os arts. 406 a 497 do CPP, que tratam do procedimento aplicado no tribunal do júri.
2– Síntese do procedimento
(a) oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(c) citação (art. 351 a 369)
(d) defesa prévia (art. 406)
(e) manifestação do MP (art. 409)
(f) audiência de instrução (art. 411)
(f.1) oitiva da vítima
(f.2) oitivas das testemunhas de acusação
(f.3) oitivas das testemunhas de defesa
(f.4) interrogatório
(f.5) alegações finais
(f.6) opções do juiz
(f.6.1) pronúncia (art. 413)
(f.6.2) impronúncia (art. 414)
(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
(f.6.4) desclassificação (art. 419)
(g) preclusão da pronúncia (art. 421)
(h) manifestação do MP (art. 422)
(i) manifestação da defesa (art. 422)
(j) preparo do julgamento (art. 423)
(k) inclusão em pauta (art. 429)
(l) formação do conselho de sentença (arts. 425, 433, 468 e 469)
(m) oitiva da vítima (art. 473)
(n) oitivas das testemunhas de acusação (art. 473)
(o) oitivas das testemunhas de defesa (art. 473)
(p) leitura de peças (art. 473, § 3º)
(q) interrogatório (art. 474)
(r) sustentação da acusação (art. 476)
(s) sustentação da defesa (art. 476, § 3º)
(t) réplica (art. 476, § 4º)
(u) tréplica (art. 476, § 4º)
(v) sala secreta (art. 485)
(w) sentença (art. 492)
3– Fases do procedimento
(a)oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(c) citação (arts. 351 a 369)
(d) resposta do réu (art. 406)
(e) manifestação do Ministério Público (art. 40)
O art. 409 do CPP prevê a manifestação do órgão ministerial com relação à resposta do réu, no prazo de cinco dias, antes do início da instrução criminal.
OBS: Apesar de tal manifestação não ser prevista para o procedimento ordinário, a doutrina já está entendendo que o MP deve se manifestar sempre após a resposta do réu, em observação ao contraditório.
(f) audiência de instrução (art. 411)
(f.1) oitiva da vítima
(f.2) oitivas das testemunhas de acusação
Podem ser ouvidas até oito testemunhas de acusação indicadas na denúncia ou na queixa, sendo certo que tal número deve ser multiplicado pelo número de crimes e de réus. Também é adotado o sistema do exame cruzado.
  
(f.3) oitivas das testemunhas de defesa
(f.4) interrogatório
(f.5) alegações finais
 
As alegações finais devem ser apresentadas oralmente. A acusação e a defesa, nesta ordem, terão respectivamente vinte minutos, prorrogáveis por outros dez minutos, conforme o art. 411, § 4º, do CPP.
 
(f.6) opções do juiz
(f.6) opções do juiz:
 
(f.6.1) pronúncia (art. 413)
(f.6.2) impronúncia (art. 414)
(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
(f.6.4) desclassificação (art. 419)
(f.6.1) pronúncia (art. 413)
 
 
O art. 413 do CPP exige que o juiz profira a decisão de pronúncia quando se convencer da existência do crime e de indícios de autoria. A pronúncia se contenta com a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, ou seja, não é necessária a prova cabal. 
 
Para a minoria (Frederico Marques), a pronúncia tem natureza de “sentença de caráter processual” que envia a causa aos jurados. Mas, para a maioria esmagadora, a pronúncia tem natureza de decisão interlocutória mista não terminativa.
Contra a pronúncia, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, IV, do CPP.
 
Existe uma divergência interessante quanto à pronúncia. É que, às vezes, o réu é acusado de um crime qualificado ou mesmo é acusado da prática de um crime doloso contra a vida e um crime conexo. A questão é a seguinte: se o juiz não reconhecer a presença de indícios com relação à qualificadora ou com relação ao crime conexo, ele poderá pronunciar o réu em parte, excluindo a qualificadora ou o crime conexo?
(f.6.2) impronúncia (art. 414)
O art. 414 do CPP determina que o juiz impronuncie o réu quando não se convencer da materialidade ou de indícios suficientes de autoria.
Então, faltando um dos requisitos (materialidade ou indícios de autoria), o juiz julga improcedente o pedido inicial e extingue o processo sem julgamento de mérito. É muito importante perceber que a impronúncia não significa a absolvição do réu. No caso de impronúncia, o juiz apenas conclui que o processo não deve ser levado ao tribunal do júri. 
Entretanto, o art. 414, parágrafo único, do CPP, autoriza o oferecimento de outra denúncia ou queixa, caso advenham novas provas. Estas provas têm natureza de condição de procedibilidade para o exercício da nova ação. 
Sendo assim, percebe-se que a impronúncia faz coisa julgada formal, ou seja, não se pode novamente discutir o mérito do conflito naqueles autos, mas é possível que ele seja discutido em outros autos, desde que surjam provas materialmente novas. 
 
A impronúncia tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa.
Contra a impronúncia, cabe o recurso de apelação, conforme o art. 416 do CPP. 
O que é a despronúncia? Trata-se de uma impronúncia antecedida por uma pronúncia. De que forma isso ocorre?
 
Quando o juiz profere a decisão de pronúncia, é possível a interposição do recurso em sentido estrito do art. 581, IV, do CPP. O procedimento do recurso em sentido estrito é peculiar porque permite que o juiz, antes de enviar os autos ao tribunal de justiça, possa exercer o juízo de retratação previsto no art. 589 do CPP, ou seja, o juiz pode voltar atrás. Se ele voltar atrás, a questão está resolvida e os autos não vão ao tribunal de justiça. Se ele não voltar atrás, os autos seguem ao tribunal de justiça e o recurso pode ser provido ou não provido. 
Ocorre, então, a despronúncia nos seguintes casos: 
(a) o juiz profere a decisão de pronúncia; é interposto o recurso em sentido estrito; o juiz exerce o juízo de retratação, transformando a pronúncia em despronúncia.
 
(b) o juiz profere a decisão de pronúncia; é interposto o recurso em sentido estrito; o juiz não exerce o juízo de retratação; os autos são enviados ao tribunal de justiça; se o recurso for provido, a pronúncia se transformará em despronúncia.
(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
O art. 415 do CPP prevê as causas de absolvição sumária.
Trata-se de verdadeira sentença absolutória, a qual excepciona a competência do tribunal do júri prevista no art. 5º, XXXVIII, da CF, porque o crime doloso contra a vida é julgado pelo juiz-presidente, e não submetido ao conselho de sentença.
Isso ocorre nos seguintes casos:
(a) quando provada a inexistência do fato: é necessário que haja prova cabal da inexistência do fato porque, havendo dúvida, a matéria deve ser submetida ao conselho de sentença.
 
(b) quando provado que o acusado não foi o autor nem o partícipe do crime: também é necessário que haja prova cabal neste sentido; a hipótese é estranha porque o fato imputado ao réu restou comprovado, mas também ficou comprovado que o réu não tem envolvimento com o crime.

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