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Aula 7 e 8 Prescrição e Decadência

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Trabalho – II Aula 7 e 8 
Prescrição e Decadência
Hector Luiz
Introdução
Prescrição e decadência são institutos que prezam pela estabilidade, segurança e tranquilidade nas relações jurídicas assim como a previsibilidade de regras que regulam estas relações.
TEMPO é elemento fundamental, pois seu transcurso sepulta pretensões e diretos se não reivindicados oportunamente.
Prescrição:
Prescrição é a corrosão da pretensão da ação pelo tempo, ante a inércia do titular.
É a extinção da pretensão de um direito material violado pelo decurso dos prazos previstos em lei.
Arts. 189, 205, 206 do CC c/c 26 e 27 do CDC.
A prescrição retira a exigibilidade de um direito.
Exemplo:
Determinado empregado trabalhou por quatro anos sem nunca receber férias e décimo terceiro. Esse trabalhador tem direito a essas verbas. Foi dispensado sem justa causa e ingressou com a reclamação trabalhista após três anos da extinção do contrato (lembre-se de que o prazo é de dois anos para ingressar na Justiça do Trabalho). Embora persista o direito, ele não tem a exigibilidade, ou seja, o empregador não poderá ser forçado a pagar, pois as verbas estão prescritas.
Decadência/caducidade:
Significa aquilo que está destinado a perecer, morrer.
Decadência é a perda de direitos potestativos e invioláveis pelo decurso de prazo previsto em lei ou no contrato para o seu exercício.
No ramo trabalhista a decadência tem menor incidência.
O prazo decadencial é sempre fatal, logo, a ele não se aplicam as causas suspensivas ou interruptivas da contagem do prazo prescricional, (art. 207, CC) , salvo raras exceções.
Quadro comparativo
Prescrição – Art. 189 a 206, CC
Relaciona-se a uma prestação.
Extingue-se a pretensão - (exigibilidade do direito)
O prazo começa a contar da lesão e não do direito.
As hipóteses e os prazos são aqueles estipulados pela lei, sendo vedada a alteração pelas partes.
O curso do prazo se sujeita a impedimento, interrupção e suspensão
Pode ser objeto de renúncia (desde que consumada)
Decadência – Art. 207 a 211, CC
Relaciona-se a um direito potestativo.
Extingue-se o próprio direito.
O prazo começa a contar do nascimento do direito.
As hipóteses e os prazos são criados pela lei ou pela vontade das partes.
O prazo flui de forma peremptória.
Não pode ser objeto de renúncia.
Prescrição trabalhista
A prescrição trabalhista possui uma particularidade que é a existência de 2 prazos:
 “prazo prescricional de 5 anos...até o limite de 2 anos após dois anos a extinção do contrato” – Art. 7º - XXIX - CF
01.03.09
01.03.09
01.03.07
EXTINÇÃO CONTRATUAL
PRESCRIÇÃO BIENAL
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
01.03.06
01.03.05
01.03.04
01.03.03
01.03.02
Prescrição extintiva
Diz respeito a pretensão, à exigibilidade do direito. 
Começa a fluir após a extinção do pacto.
Seu prazo é de 2 anos. – art. 7º, XXIX, CF c/c art. 11 da CLT.
Prescrição bienal 
Conta-se dois anos PARA FRENTE, a partir da extinção do contrato de trabalho, e então cinco anos PARA TRÁS, a partir da data do ajuizamento da ação (ingresso RT).
A prescrição bienal se dá passado 2 anos da extinção do contrato de trabalho e não sendo proposta ação, PERDE-SE TUDO! 
Prescrição quinquenal
A prescrição quinquenal é de 5 anos e torna exigíveis as parcelas anteriores a cinco anos da data de ajuizamento da ação – súmula 308 do TST.
 A prescrição parcial, por sua vez, não atinge o próprio fundo de direito que deu origem à pretensão, mas apenas a exigibilidade das parcelas devidas há mais de cinco anos, decorrentes de determinado direito fundado em preceito de lei.
Súmula 308, TST – Importante!
Nº 308 PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL
I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ nº 204 - Inserida em 08.11.2000)
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. (ex-Súmula nº 308 - Res. 6/1992, DJ 05.11.1992)
Prescrição total e parcial
A divisão da prescrição em total e parcial, não decorre de lei e sim da jurisprudência (Súm. 294 - TST). A prescrição bienal será sempre total. E a prescrição quinquenal pode ser total ou parcial.
TOTAL
A prescrição é total, fulminando a pretensão em relação a determinada parcela, inclusive em relação a efeitos futuros. Sempre que esta parcela fundar-se em contrato de trabalho, ou regulamento de empresa.
PARCIAL 
A prescrição parcial, por sua vez, não atinge o próprio fundo do direito, que deu origem a pretensão, mas apenas a exigibilidade das parcelas devidas há mais de cinco anos decorrentes de determinado direito fundado em preceito de lei.
Súmula 294 do TST
“Tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.” 
Prescrição intercorrente
É a prescrição que ocorre durante o curso do processo judicial, porque o autor abandonou a demanda ou deixou de impulsionar o processo.
O STF entende cabível a prescrição intercorrente no processo do trabalho nos termos da S. 327.
O TST pela S. 114, por sua vez entende incabível. – Recomendo este posicionamento para fins de concurso e prova.
Contagem do prazo prescricional
Dispõe a Lei. nº 810/49 c/c art. 132, § 3º, do CC que nos prazos fixados em ano devem ser contados repetindo-se o mesmo dia e mês no ano correspondente.
Se o último dia do contrato recaiu no dia 10/05/05, já incluído o aviso prévio, o trabalhador poderá ajuizar a ação até 10/05/07, último dia de seu prazo.
Termo inicial da contagem de prazo
O curso do prazo prescricional inicia-se com a lesão, e não com o direito em si. Veja as hipóteses de fixação do termo inicial de contagem:
- Salários: 5º dia útil do mês subsequente ao vencido; Art. 459 §1º CLT
- 13º : 20 de dezembro; - Art. 1º - Lei. 4.749/65
- Férias: último dia do período concessivo; - Art. 149 da CLT
- Período descontínuos do trabalho: extinção do último contrato. S.156
- Aviso prévio indenizado: data do término do aviso-prévio. OJ. 83.
- Expurgos inflacionários sobre a multa do FGTS: 30.06.2001, que é a data do reconhecimento do direito. - LC. 110/2011.
- Danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho: data da ciência inequívoca acerca da incapacidade laboral. – S. 278 STJ
- Parcelas oriundas de sentença normativa: data do transito em julgado. – S. 350 TST
Termo final de contagem 
Normalmente coincidirá com o dia e o mês do início do prazo, conforme mencionado acima. Entretanto, se não for dia útil, será o primeiro dia útil subsequente, nos termos do disposto no Art. 132, §1º do CC.
Arguição da prescrição
A nova redação do art. 219 do CPC preconiza que: “o juiz pronunciará, de ofício, a prescrição”.
A matéria é controversa com relação a pronúncia de ofício da prescrição no processo do trabalho.
A tendência do TST é pela inaplicabilidade uma vez que é incompatível com a norma constitucional que estabelece o princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador.
Causas impeditivas no curso da prescrição
A contagem do prazo prescricional sequer é iniciada enquanto durar a causa impeditiva:
Hipóteses legais (taxativas)
-Empregado menor de 18 anos (art. 440, CLT). Contra os herdeiros do empregado falecido corre normalmente o prazo prescricional a partir dos 16 anos.
-Contra os ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios (art. 198, II, CC).
-Contra os que acharem servindo as Forças Armadas, em tempo de guerra (198, III)
-Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC)
-Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC)
Causas suspensivas do curso da prescrição
Paralisam o curso do prazo da prescrição já iniciado,
o qual será retomado, do ponto onde parou, com o fim da causa suspensiva.
Hipóteses legais (taxativas):
-Submissão de demanda a Comissão de Conciliação Prévia – Art. 625 – G, CLT
-Recurso administrativo 
-Incapacidade absoluta superveniente (art. 3º, III, CC)
- Auxilio doença ou aposentadoria por invalidez não suspende o curso da prescrição, salvo se o trabalhador fica completamente impossibilitado de recorrer ao judiciário. (OJ – 375, SDI-1, TST)
Causas interruptivas do curso da prescrição
Demonstram uma providência inequívoca do interessado no sentido da defesa de seu direito, ou ainda um ato inequívoco de reconhecimento da dívida pelo devedor.
Cessada a causa de interrupção, o prazo prescricional começa a contar, do início, desprezando-se o prazo decorrido até então.
A prescrição só pode ser interrompida uma vez. (art. 202, CC)
Hipóteses legais taxativas: 
Ajuizamento de ação trabalhista / súmula 268, TST
Protesto Judicial.
Casos especiais: 1. MENOR
Contra o menor de 18 anos não corre o prazo prescricional (art. 440, CLT), por se tratar de regra de proteção a idade e não à capacidade.
A prescrição prevista no art. 440 aplica-se apenas ao trabalhador menor.
2. Prescrição do FGTS
A prescrição do FGTS não acompanha o prazo trabalhista, devido à natureza complexa de tal parcela.
Em relação às parcelas devidas e não recolhidas, ou seja, em relação aos depósitos principais, a prescrição é de 30 anos (trintenária), conforme art. 23, §5º da Lei. nº 8.036/90. Ver súmula 362 e 206 do TST.
O TST entende que a prescrição do FGTS é trintenária e bienal - ação dentro do prazo de 2 anos – da prescrição bienal.
Novo entendimento – STF -Agravo (ARE) 709212
Ministro Gilmar Mendes, assinalou que o artigo 7º, inciso III, da Constituição prevê expressamente o FGTS como um direito dos trabalhadores urbanos e rurais, e que o inciso XXIX fixa a prescrição quinquenal para os créditos resultantes das relações de trabalho. Assim, se a Constituição regula a matéria, a lei ordinária não poderia tratar o tema de outra forma. 
De acordo com o ministro, o prazo prescricional de 30 anos do artigo 23 da Lei 8.036/1990 e do artigo 55 do Decreto 99.684/1990, que regulamentam o FGTS está "em descompasso com a literalidade do texto constitucional e atenta contra a necessidade de certeza e estabilidade nas relações jurídicas".
Para os casos cujo termo inicial da prescrição – ou seja, a ausência de depósito no FGTS – ocorra após a data do julgamento, aplica-se, desde logo, o prazo de cinco anos. Para aqueles em que o prazo prescricional já esteja em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir do julgamento.
3. Prescrição das Férias
O art. 149 da CLT determina que o início da contagem da prescrição coincida com o último dia do período concessivo ou, se for o caso, com o dia da cessação do contrato de trabalho, o que ocorrer primeiro.
Exemplo:
José foi admitido em 02.03.2002, neste caso o termo inicial de contagem é 01.03.2004, que é o último dia útil do período concessivo correspondente. (período aquisitivo 02.03.2002 a 01.03.2003, período concessivo de 02.03.2003 a 01.03.2004).
Se aplicasse a parte final do 149, e José tivesse sido demitido antes do final do período concessivo 01.03.2004, o termo inicial de contagem seria o dia da cessação do contrato de trabalho.
4. Prescrição dos salários
Deve-se observar a data da exigibilidade do pagamento de salários, que não é propriamente o mês de aquisição, mas o quinto dia útil do mês subsequente. (art. 459, §1º, CLT)
Ex. pretensão dos salários referentes a janeiro de 2011. Termo inicial é fixado em 05.02.2011 e prescreverá em 05.02. 2016.
5. Prescrição do 13º salário
O 13º salário somente é exigível em 20 de dezembro, data definida em lei para o pagamento da parcela (art.1º, Lei nº 4.749/65).
Ex. o empregado não recebeu o 13º salário de 2005; então, teve em princípio, até 20.12.2010 para reclamá-lo, sob pena de prescrição da sua pretensão.

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