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Aula Ensino Médio Ciência e senso comum

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Área –Ciências Humanas e suas Tecnologias Componente curricular- Sociologia
Ensino Médio, Série -1º Ano
Tópico: Ciência e Senso Comum
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COMPONENTE CURRICULAR, Série
Tópico
Os conhecimentos do senso comum baseiam-se na experiência cotidiana das pessoas, na chamada experiência de vida, e se distingue da 
experiência científica, que é feita com um planejamento rigoroso e método.
Senso comum: Em alguns casos, trata-se de experiências pessoais, em outros casos são experiências partilhadas pelos membros da comunidade – no decurso do processo de socialização. Em suma, é um conhecimento que se adquire, geralmente, sem estudos, sem investigações sistemáticas (1). 
Algumas diferenças entre o senso comum e a ciência 
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Por exemplo: para aprender onde fica a padaria mais próxima de casa ou para aprender a amarrar os sapatos não é preciso efetuar uma investigação metódica, basta a experiência de vida.
Pelo contrário, a ciência implica investigações, estudos efetuados metodicamente. 
Por exemplo: De outra forma, como se poderia descobrir a temperatura média de um planeta tão distante como Mercúrio? Como é que a simples experiência de vida podia permitir a descoberta de que a luz do Sol leva 8,33 minutos a chegar à Terra (2)?
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O senso comum, em geral, é um saber assistemático, na medida em que constitui um conjunto disperso e desorganizado de crenças e práticas, não implicando por parte dos seus detentores um esforço de organização (3). 
Por isso algumas das crenças podem ser contraditórias. Por exemplo: as mesmas pessoas podem acreditar que “Quem espera desespera” e “Quem espera sempre alcança” (4).
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Ciência é um saber sistemático na medida em que constitui um conjunto organizado de conhecimentos, havendo da parte dos cientistas um esforço para que as diversas teorias se articulem entre si e sejam coerentes.
Por exemplo: Os historiadores ficariam preocupados se descobrissem que, nas suas análises de um fenômeno do passado, como a batalha de Aljubarrota, havia afirmações sobre o relevo incompatíveis com as informações fornecidas pela Geografia.
Em geral, o senso comum é um saber impreciso, já que, normalmente, não se exprime de modo rigoroso (5).
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O senso comum é um saber superficial, porque se conhecem os próprios fenômenos, mas, muitas vezes, desconhecem-se as suas causas verdadeiras . Constatam-se formas de agir, mas não se tem um método (com experimentação, controle, acúmulo de informações). 
A ciência tende a ser um saber mais preciso que o senso comum. As diversas ciências, naturais ou sociais, recorrem sempre que possível à linguagem (e modelos) da Matemática, na tentativa de apresentar resultados rigorosos. Mesmo nas investigações em que não é possível quantificar (a observação psicológica de uma certa pessoa, por exemplo) existe essa procura do rigor.
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Por exemplo: no Norte de Portugal, chove mais do que no Sul. O conhecimento científico desse fenômeno é muito mais exato: no mês de Janeiro de 2003, a precipitação em Faro situou-se entre os 20 e os 40 mm, enquanto no mesmo período no Porto situou-se entre os 350 e os 400 mm (de acordo com o Instituto de Meteorologia) (6). 
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Ciência é um saber mais aprofundado, uma vez que procura descobrir a causa dos fenômenos, não se contentando apenas em constatar a realidade (7).
Por exemplo: sabe-se que o caju desbota a roupa, mas um químico sabe explicar porque é que isso acontece. 
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O senso comum é um saber de caráter mais subjetivo (ou pessoal) do que o conhecimento científico, pois a sua aquisição está mais relacionada com a experiência imediata, cotidiana. 
É influenciado, também, pela época histórica, pela cultura, pelos grupos sociais a que se pertence, pelo meio ambiente em que vive, pela idade, pela profissão, personalidade, entre outros fatores. 
Por isso, uma determinada crença do senso comum varia consoante o grupo social em que o indivíduo está inserido. Seja como for, não são partilhadas por todos os seres humanos, ou seja, não possui um caráter universal.
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Por exemplo: Um rapaz de 17 anos de Recife pode ter diversos conhecimentos relacionados a discotecas da região que o seu pai ignora e que outro rapaz de 17 anos também não possui (porque vive em Glória do Goitá ou porque, além de viver em Glória do Goitá, é introvertido e não gosta de sair à noite). 
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A ciência, pelo contrário, procura, idealmente, alcançar um saber objetivo. Por meio de pesquisas tenta mostrar as coisas (o objetos) como elas são. Um conhecimento para ser científico deve buscar ser independente das particularidades do cientista. Por isso, tem validade universal, aceito por toda a comunidade científica. (Claro que antes de uma teoria ter sido confirmada e aceita pode ter havido um período mais ou menos longo de controvérsia e discussão. É preciso dizer também que existem teorias que questionam a objetividade do conhecimento científico.)
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«A ciência tem sempre defendido que, ao contrário de outras formas de conhecimento consideradas menos rigorosas, ela é objetiva. Não depende de quem faz, de quem mede, de quem segue a demonstração. O resultado da experiência, o número lido no aparelho, a lógica da dedução matemática são coisas objetivas, impessoais, podem ser repetidas.» Jorge Dias de Deus, Ciência, Curiosidade e Maldição, Gradiva.
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Por exemplo: A ideia de que Plutão leva 247,7 anos a completar uma volta em torno do Sol e a ideia de que a temperatura média na sua superfície é de 237 graus negativos são completamente independentes da nacionalidade, do sexo ou da personalidade dos cientistas que as descobriram (8).
A objetividade é mais difícil de conseguir nas Ciências Sociais do que nas Ciências da Natureza e na Matemática.
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Um conhecimento para ser considerado científico tem de ser testável. Ou seja: deve ser possível confrontar as teorias com os fatos, pô-las à prova através de experiências exigentes e rigorosas de modo a averiguar se são ou não falsas. Caso contrário, a teoria não passaria de uma mera opinião pessoal do cientista, de uma crença sem fundamento (9).
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Por exemplo: Quando o astrônomo Clyde W. Tombaugh anunciou, em 1930, a descoberta de Plutão, as suas observações tiveram que ser repetidas e confirmadas por muitos outros astrônomos. Recentemente, os cientistas resolveram que Plutão não é mais um planeta. O que demonstra a dinamicidade do conhecimento científico.
Por outro lado, no senso comum não existe essa preocupação constante de testar as crenças. Perceber-se-á melhor quando se explicar outra característica do senso comum: o fato de se constituir, geralmente, como um saber acrítico (10).
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 O senso comum tende a ser um saber acrítico. Acrítico significa não refletido, não examinado. É compreensível que assim seja, pois trata-se de saberes cuja aprendizagem é informal: aprende-se à medida que se vai vivendo e tendo experiências, aprende-se vendo, ouvindo e imitando os outros. Muitas vezes essa aprendizagem é inconsciente: as pessoas não têm noção de que estão a aprender, mas vão interiorizando crenças, costumes, saberes práticos, etc. Tanto podem aprender crenças verdadeiras como crenças falsas e injustificadas (superstições). De resto, essa atitude acrítica tem a ver com todas as características do senso comum aqui referidas (11).
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 Exemplo: Algumas crianças, ao observarem muitas vezes os pais e outros adultos deixarem lixo no chão, aprendem a fazer o mesmo e interiorizam a ideia de que esse comportamento é correto. Outras crianças – talvez em menor número – ao observarem muitas vezes os pais e outros adultos deixarem o lixo no lixeiro aprendem a fazer o mesmo e interiorizam a ideia de que esse comportamento é correto. Na maior parte dos casos, tanto umas como outras realizam essas aprendizagens sem refletir, sem discutir: limitam-se a imitar. Ou seja: aprendem acriticamente.
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 A ciência não pode ser acrítica
como o senso comum. Pelo contrário, implica uma atitude crítica por parte dos cientistas. Ou seja: para fazer ciência é preciso refletir e ter uma preocupação permanente com a fundamentação das ideias. Os cientistas devem ter essa atitude crítica relativamente às suas próprias ideias e relativamente às ideias dos outros. De resto, essa atitude crítica tem a ver com todas as características da ciência aqui referidas (12).
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 Exemplo: um cientista que queira publicar um artigo científico numa revista tem de submetê-lo a um processo de avaliação que costuma ser chamado “refereeing”: o artigo tem de ser lido primeiro por especialistas da área; o nome destes não é divulgado e estes também não sabem quem é o autor do artigo, para que a crítica possa ser mais livre e imparcial (13). 
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 O conhecimento do senso comum é obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos. A bela letra desta música abaixo, de Ivan Lins e Vitor Martins, deixa isto claro (20):
 
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Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo foi concebido
 
Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo me deu certeza
 
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Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah! Eu usei todos os sentidos
Só não lavei as mãos
E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo...
 
(Ivan Lins e Vitor Martins. In: Lins, Ivan. Daquilo que eu sei. Rio de Janeiro: Polygram/Philips,1981)
 
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Há, pois, uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento científico.
Diríamos que o senso comum não tem por objetivo e, por isso mesmo, não se caracteriza, pela investigação, pelo questionamento, ao contrário da ciência. Fica no imediato das coisas. É ditado pelas circunstâncias, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz: "Quem ama o feio, bonito lhe parece" e "Nossa amiga que rouba é cleptomaníaca; o trombadinha é ladrão e marginal! (15) "
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JÁ O CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
 Desconfia de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica; 
 Onde o senso comum vê muitas vezes fatos e acontecimentos, o conhecimento científico vê problemas e hipóteses;
 Ele busca leis gerais para os fenômenos Ex.: a queda dos corpos é explicada pela lei da gravidade. Não acredita em milagres mas acredita na regularidade, constância, frequência dos fenômenos (16). 
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É generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, sob as mesmas medidas. Ex.: a química nos revela que a enorme variedade de corpos se reduz a um número limitado de corpos simples que se combinam de modos variados (17). 
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A ciência deve dispor de uma linguagem rigorosa cujos conceitos são definidos de modo a evitar qualquer ambiguidade. 
O método científico pode ser quantitativo. Nesse caso, busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes. Por isso, a matemática se constitui em instrumento importante de várias ciências. A ciência possui métodos rigorosos para a observação, experimentação e verificação dos fatos. 
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Diferentemente do Senso Comum que muitas vezes é marcado pelo sentimento, o conhecimento científico se pretende racional.
Mas, apesar destas diferenças, é uma verdade que no senso comum há elementos do conhecimento científico, bem como o conhecimento científico se apropria dos saberes do senso comum (18).
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CIÊNCIAS
Imagem: Oren Jack Turner / Public domain
Imagem: Bill Shrout, Photographer / Public Domain
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SENSO COMUM
Imagem: Autor Desconhecido / http://caixadepandoran.blogspot.com/2010/12/amuletos-e-talismas.html
Imagem: Autor Desconhecido / http://www.europanet.com.br/site/index.php?cat_id=1109&pag_id=15760
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Tabela de Imagens
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