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Teoria Geral da Política, Capítulo 9, Norberto Bobbio

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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
DISCIPLINA FISOLOFIA E ÉTICA GERAL
Norberto Bobbio e os direitos humanos
Débora Lunkes Kunz 					Turma 489
Guilherme Collares Pascoal
NÓS, OS POVOS DAS
NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.
Preâmbulo da Carta da ONU(1945)
O presente texto foi elaborado a partir do abordaremos o capítulo 9 do livro Teoria Geral da Política, intitulado Direitos do homem, com o objetivo de apresentar e desenvolver, dentro dos limites propostos, algumas ideias centrais sobre a questão dos direitos do homem e as vias para a paz, a partir do pensamento do jurista italiano Norberto Bobbio (1909-2004). Propusemo-nos a aglutinar as idéias deste jurista sobre o tema dos direitos do homem e da paz para que, valorizando estas questões, possamos repensar (algumas) das grandes questões de nosso tempo.
Em 9 de janeiro de 2004 faleceu um dos maiores filósofos políticos contemporâneos, o italiano Norberto Bobbio. Bobbio foi senador vitalício da Itália, nasceu em Turim, onde estudou direito e filosofia, foi professor universitário e jornalista. É conhecido como filósofo que se aplicou ao estudo dos direitos humanos, da filosofia e da política. Norberto Bobbio ficou conhecido por suas contribuições sobre a teoria política, chegando a ser identificado como o pensador político italiano mais famoso do mundo. Bobbio vivenciou quase todo o século XX. Seus escritos são qualificados pelo rigor e pela clareza com que aborda temas complexos, assim como pela forma de sublinhar a importância das dicotomias no processo do conhecimento, apontando seu uso descritivo. 
O PRIMADO DOS DIREITOS SOBRE OS DEVERES
Bobbio inicia revisando um escrito de Kant, na qual o prussiano se perguntava "se o gênero humano estaria em constante progresso em direção ao melhor". Kant acreditava que a Revolução Francesa teria sido o sinal mais evidente de uma disposição moral da espécie humana, pelo aparecimento do direito que um povo tem de não ser impedido por outras forças de dar a si próprio uma constituição civil que ele considere boa. Salientando que o homem tem direitos inatos e adquiridos, sendo que o único direito inato, transmitido a qualquer homem pela natureza, é a liberdade, ou seja, a independência de qualquer coerção imposta pela vontade de um outro.
No início da História, observamos que sempre houve um código de deveres (ou de obrigações), não de direitos. Os códigos morais ou jurídicos eram compostos de normas imperativas, positivas ou negativas, de comandos e proibições, por exemplo podemos citar Dez Mandamentos, o Código Hamurabi, as Leis das XII Tábuas. Enfim, a obrigação sempre veio antes do direito. 
Para Bobbio, a Declaração Universal dos Direitos do Homem representa uma síntese do passado e uma inspiração para o futuro. O reconhecimento e a proteção dos direitos do homem devem estar presentes nas principais constituições democráticas modernas. Por conseguinte, na concepção bobbiana, os direitos humanos se afirmaram historicamente em quatro etapas: 1ª Etapa: Direitos Individuais – pressupõem a igualdade formal perante a lei e consideram o sujeito abstratamente; 2ª Etapa: Direitos Coletivos – os direitos sociais, nos quais o sujeito de direito é visto no contexto social, ou seja, analisado em uma situação concreta; 3ª Etapa: Universalização dos Direitos: a transposição da sua proteção do sistema interno para um sistema internacional, que lhe garante proteção em uma instância superior ao Estado; 4ª Etapa: Especificação dos Direitos; exigências específicas de proteção, seja em relação ao sexo, seja em relação às várias fases da vida, seja em relação às condições de existência.
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
A grande inversão se dá a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em que consta no início: "Os homens nascem e permanecem livres e iguais no direitos". Neste momento, os teóricos do jusnaturalismo firmam uma função histórica, de estabelecer limites ao poder do Estado. Afinal, a teoria dos direitos naturais, ao dar limites ao Estado, considera não mais do ponto de vista do exclusivo dever dos governantes, mas também do ponto de vista dos direitos dos governados.
A validade jurídica das palavras liberdade e igualdade mudou ao longo do tempo: o seu conteúdo ampliou-se, tornando-se cada vez mais denso e rico, pleno de significado. Liberdade, por exemplo, passa a ser entendida não mais como uma liberdade negativa, mas como sendo autonomia, pois o indivíduo passa a obedecer a leis estabelecidas por ele e para ele próprio. 
OS DIREITOS, A PAZ E A JUSTIÇA SOCIAL
Em "Os direitos do homem e a paz" (Bobbio, 2000, p. 497- 501), o jurista italiano descreve de maneira objetiva as relações entre estes temas: “Considero os dois problemas [paz e direitos do homem] em conjunto por que estão estreitamente ligados. Um não pode ficar sem o outro. Com freqüência nos esquecemos disto, mas é bom manter isto em mente. Antes de apresentar argumentos com base nos quais considero poder mostrar que os dois problemas são interdependentes”, cita três documentos que identifica de inquestionável autoridade.
Entre os três documentos referenciados para demonstrar a interdependência entre o problema da paz e o problema dos direitos do homem estão: a Carta das Nações Unidas (1945) que inicia com a declaração de “salvar as futuras gerações do flagelo da guerra [...] que trouxe inenarráveis aflições à humanidade”. Este documento, elaborado logo após o término da Segunda Grande Guerra à nova fase de desenvolvimento da comunidade internacional, com início pelo fortalecimento da proteção dos direitos do homem; a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) que começa com a seguinte afirmação, “o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos, iguais e inalienáveis, constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, considerando que o reconhecimento dos direitos do homem é uma condição para a manutenção da paz; e a Conferência de Helsinque (1975), sobre segurança e cooperação, que contém no preâmbulo, entre os objetivos das nações signatárias (33 da Europa mais Estados Unidos e Canadá), “contribuir para o melhoramento de suas relações recíprocas e para assegurar condições nas quais seus povos possam gozar de uma paz verdadeira e duradoura, livres de toda ameaça ou atentado à sua segurança”, com princípios alinhados aos direitos do homem, com a concepção de que o “respeito recíproco dos direitos do homem um dos princípios que devem guiar os Estados na sua política de distensão e de paz” (Bobbio, 2000, p. 498). 
Outros argumentos que evidenciam esta estreita conexão são referentes: 1. Ao direito à vida. Embora chamado um dos direitos primários, durante a guerra este direito não é garantido e todo estado de beligerância exige o sacrifício dos seus próprios cidadãos. 2. O estado de guerra também suspende outros direitos fundamentais como o direito de liberdade. 3. A imposição de regimes despóticos, de modo a infringir qualquer garantia dos direitos do homem ao aliado mais fraco se esse ameaçar sair do seu âmbito de influência (Bobbio, 2000, p. 499). 4. As condições da guerra dificultam, se não impossibilitam, a proteção internacional dos direitos do homem, já que devem ser criados instrumentos adequados não só no interior do Estado, mas também contra o Estado ao qual o indivíduopertence, com órgãos internacionais com poderes para fazer suas decisões serem respeitadas. 5. O direito de ter o mínimo indispensável para viver, considerando que além de ter o direito de viver, deve ter acesso aos meios que lhe garantem a vida.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Organizado por Michelangelo Bovero. Tradução de Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Campus, 2000

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