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hermenêutica

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HERMENÊUTICA JURÍDICA 
PLANO DE AULA DEZ
 
A palavra "hermenêutica" é de origem grega, significando interpretação;
 a sua origem é o nome do deus da mitologia grega HERMES, a quem 
era atribuído o dom de interpretar a vontade divina. 
Hermenêutica, pois, no seu sentido mais geral, é a interpretação do 
sentido das palavras. 
Quanto à "hermenêutica jurídica", o termo é usado com diferente 
extensão pelos autores.
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Abrange a interpretação, a aplicação e a integração do Direito. 
Destarte, a Hermenêutica jurídica vem a ser a teoria Científica da 
arte de interpretar, aplicar e integrar o direito. 
QUAL A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA PARA O SISTEMA JURÍDICO?
O Direito se materializa com a LINGUAGEM! É por causa da linguagem 
Que ele se concretiza! o Direito existe, existe para ser aplicado. 
Só aplica bem o Direito quem o interpreta bem. 
Vale lembrar que A lei pode apresentar lacunas, é necessário preencher 
tais vazios, a fim de que se possa dar sempre uma resposta jurídica, 
favorável ou contrária, a quem se encontra ao desamparo de lei 
expressa. Esse processo de preenchimento das lacunas legais chama-se
integração do Direito. 
HERMENÊUTICA JURÍDICA 
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Conceito de Interpretação jurídica:
"Interpretar" é fixar o verdadeiro sentido e o alcance, de uma norma
 jurídica. 
“É indagar a vontade atual da norma e determinar seu campo
 de incidência” (JOÃO BAPTISTA HERKENHOFF);
"interpretar a lei é revelar o pensamento que anima as suas palavras“
(CLÓVIS BEVILÁQUA). 
Revelar o seu sentido: isso não significa somente conhecer o significado
das palavras, mas, sobretudo, descobrir a finalidade da norma jurídica. 
Interpretar é "compreender"; que as normas jurídicas são parte do 
universo cultural, e a cultura, como vimos, não se explica, 
compreende-se em função do sentido que os objetos culturais encerram.
Compreender é justamente conhecer o sentido, entender os 
fenômenos em razão dos fins para os quais foram produzidos; 
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Fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência;
é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma 
jurídica tem aplicação; 
Por exemplo, as normas trabalhistas contidas na Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT) se aplicam apenas aos trabalhadores assalariados,
isto é, que participam de uma relação de emprego; as normas contidas 
no Estatuto dos Funcionários Públicos da União têm o seu campo de 
incidência limitado a estes funcionários; 
 
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Norma jurídica: falamos em "norma jurídica" como gênero, uma vez 
que não são apenas as leis, ou normas jurídicas legais que precisam 
ser interpretadas, embora sejam elas o objeto principal da 
interpretação. 
Assim, todas as normas jurídicas podem ser objeto de interpretação: 
as legais, as jurisdicionais (sentenças judiciais), as costumeiras e os
negócios jurídicos. 
 
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A Necessidade da interpretação:
 
No passado, nem sempre a possibilidade de interpretação foi 
conferida ao intérprete. 0 Imperador JUSTINIANO determinara que 
"quem quer que seja que tenha a ousadia de aditar algum comentário
 a esta nossa coleção de leis... seja cientificado de que não só pelas 
leis seja considerado réu futuro de crime de falso, como também de
 que o que tenha escrito se apreenda e de todos os modos se destrua“
 
(De confirmatione digestorum, in Corpus Juris Civilis, par. 21). 
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O trabalho do intérprete 
Não é apenas necessário quando as leis são obscuras. 
A interpretação sempre é necessária, sejam obscuras ou claras as 
palavras da lei ou de qualquer outra norma jurídica; e isso por três 
razões: 
1.   O conceito de clareza é muito relativo e subjetivo, ou seja, o que
parece claro a alguém pode ser obscuro para outrem';
2.   Urna palavra pode ser clara segundo a linguagem comum e ter, 
entretanto, um significado próprio e técnico, diferente do seu sentido
 vulgar (p. ex., a "competência" do juiz); 
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3.   A consagração legislativa dos princípios contidos no art. 5º da Lei
De Introdução significa uma repulsa ao referido brocardo, já que 
toda e qualquer aplicação das leis deverá conformar-se aos seus "fins 
sociais e às exigências do bem comum"; ora, se em todas as leis o 
intérprete não poderá deixar de considerar seus fins sociais e as 
Exigências do bem comum, todas as leis necessitam de interpretação 
visando à descoberta desses. 
Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se 
dirige e às exigências do bem comum.
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A leitura do ordenamento jurídico à luz dos Princípios Constitucionais.
A Constituição é o fundamento universal de validade de todo o 
Ordenamento Jurídico. 
Princípios: são mandamentos nucleares de um ordenamento jurídico que
 se irradiam por todo o sistema.
No que diz respeito à origem dos princípios, pode-se dizer que eles
 são constatados pelo ordenamento jurídico, uma vez que preexistem 
à positivação. Os valores superiores de uma sociedade, em um 
determinado momento histórico, são materializados e formalizados 
juridicamente através dos princípios. 
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Os princípios constitucionais são regras legais por excelência e que se
 encontram no topo da pirâmide jurídica. Num sistema constitucional, 
democrático, como o brasileiro, os princípios devem ser 
obrigatoriamente observados pelo Juiz quando da prolação de uma 
decisão. 
Sendo os princípios expressamente previstos no primeiro artigo 
da Constituição Federal, impossível não reconhecer sua positivação e, 
portanto, a necessidade de integração, sempre hierárquica, com as
 demais regras constitucionais e, sobretudo, infraconstitucionais. 
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Os princípios não estão apenas no rol exemplificativo do artigo 1º do 
texto constitucional, mas espalhados por todo o  corpo do texto 
constitucional e, mesmo, por todo o sistema legal pátrio, levando-se 
em consideração, ainda, os princípios gerais do Direito, perfeitamente 
harmonizados aos princípios constitucionais. 
A função orientadora da interpretação desenvolvida pelos princípios 
"decorre logicamente de sua função fundamentadora do direito. 
Realmente, se as leis são informadas ou fundamentadas nos princípios,
então devem ser interpretadas de acordo com os mesmos, porque são 
eles que dão sentido às normas. Os princípios servem, pois, de guia e 
orientação na busca de sentido e alcance das normas.
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Exemplos de princípios constitucionais, entre muitos outros: 
Princípio do Estado de Inocência (art. 5º, LVII, da CF);
Princípio do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF);
Princípio da publicidade (art. 93, IX, da CF);
Princípio do Juiz Natural – do Juiz Constitucional (art. 5º, LIII e XXXVIII, 
da CF);
Princípio do duplo grau de jurisdição (art. 5º, LV).
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Assim, na lição de CARLOS ARI SANDFELD:
a)   É incorreta a interpretação da regra, quando dela derivar 
contradição, explícita ou velada, com os princípios; 
b)   Quando a regra admitir logicamente mais de uma interpretação, 
prevalece a que melhor se afinar com os princípios; 
c)   Quando a regra tiver sido redigida de modo tal que resulte mais
 extensa ou mais restrita que o princípio, justifica-se a interpretação 
extensiva ou restritiva, respectivamente, para calibrar o alcance da 
regra com o princípio." Agora, quanto à integração jurídica, diz: 
"Na ausência de regra específica para regular dada situação 
(isto é, em caso de lacuna), a regra faltante deve ser construída de 
modo a realizar concretamente a solução indicada pelos princípios."
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A colisão entre princípios tem sido bastante debatida na doutrina 
atualmente, não só por se tratar de um tema muito interessante, mas, 
principalmente, pela importância prática que a delicadeza do assunto 
suscita. 
Vivemos um período histórico de grande complexidade das relações 
sociais, em que o direito deixa de ser apenas o garante das liberdades
individuais frente ao Estado, para ser também o garante dos valores 
democráticos de uma sociedade que se pretende igualitária, e que, 
para tanto, clama por tutela frente aos desmandos e excessos tanto da 
ordem pública, quanto privada. E diante da colisão, como resolver?
PRINCÍPIO DA PONDERAÇÃO DE VALORES – RAZOABILIDADE-
PROPORCIONALIDADE
 
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E Quanto à origem ou fonte de que emana, a interpretação pode ser: 
 
Autêntica: quando emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido
 e alcance ela declara. 
Há certos textos legais que, pela confusão que provocam no mundo 
jurídico, levam o próprio legislador a determinar melhor o seu conteúdo. 
Assim, por  exemplo, a Lei nº 5334/67 interpretou dispositivos da 
Lei nº 4484/64, no seu artigo 1º . A interpretação autêntica emana do 
próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela declara; assim, 
por  exemplo, o Regulamento pode esclarecer o sentido da lei e 
completá-lo; mas não tem o valor de interpretação autêntica a oferecida 
por aquele, ou por qualquer outro ato ministerial como uma portaria,
 uma vez que não decorrem do mesmo poder. 
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Judicial: é a resultante das decisões prolatadas pela Justiça; vem a ser
 aquela que realizam os juízes ao sentenciar, encontrando-se nas 
Sentenças, nos Acórdãos e Súmulas dos Tribunais 
(formando a sua jurisprudência). 
 
Administrativa: aquela cuja fonte elaboradora é a própria 
Administração Pública, através de seus órgãos e mediante pareceres, 
despachos, decisões, circulares, portarias etc.. 
Essa interpretação vincula as autoridades administrativas que estiverem
 no âmbito das regras interpretadas, mas não impede que os 
particulares adotem interpretações diversas. 
 
Doutrinária: vem a ser a realizada cientificamente pelos doutrinadores
 e juristas em suas obras e pareceres. Há livros especializados de Direito
 que comentam artigo por artigo de uma lei, código ou consolidação, 
dando o sentido do texto comentado, com base em critérios científicos. 
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Quanto à sua natureza, a interpretação pode ser: 
Literal ou gramatical: toma como ponto de partida o exame do 
significado e alcance de cada uma das palavras da norma jurídica; 
ela se baseia na letra da norma jurídica. 
 
Racional: Feita com a utilização de sistemas lógicos tradicionais, que 
priorizam o formalismo.
              
Lógico sistemática: busca descobrir o sentido e alcance da norma, 
situando-a no conjunto do sistema jurídico; busca compreendê-la como
 parte integrante de um todo, em conexão com as demais normas
 jurídicas que com ela se articulam logicamente.
 
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Quanto à sua natureza, a interpretação pode ser:
Sociológica: a interpretação sociológica  discute o Direito a partir
 das relações entre sociedade e poder: influência da estrutura da 
sociedade na estrutura do Direito; discute a efetividade e a função
 social do Direito, sua influência na transformação social e suas novas
 tendências com o desenvolvimento da sociedade.
 
Histórica: indaga das condições de meio e momento da elaboração da
 norma jurídica, bem como das causas pretéritas da solução dada pelo 
legislador ("origo legis" e "occasio legis"). 
 
Teleológica: busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou tutelar. 
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Quanto a seus efeitos ou resultados, a interpretação pode ser: 
Extensiva: quando o intérprete conclui que o alcance da norma é mais
 amplo do que indicam os seus termos. Nesse caso, diz-se que o 
legislador escreveu menos do que queria dizer e o intérprete, alargando
o campo de incidência da norma, aplica-la-á a determinadas situações 
não previstas expressamente em sua letra, mas que nela se encontram, 
virtualmente, incluídas. 
Restritiva: quando o intérprete restringe o sentido da norma ou limita 
sua incidência, concluindo que o legislador escreveu mais do que
 realmente pretendia e assim o intérprete elimina a amplitude das 
palavras. 
Por exemplo, a lei diz "descendente", quando na realidade queria 
dizer "filho".
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Quanto a seus efeitos ou resultados, a interpretação pode ser: 
Quanto a seus efeitos ou resultados, a interpretação pode ser:
Declarativa ou Especificadora: quando se limita a declarar ou 
especificar o pensamento expresso na norma jurídica, sem ter 
necessidade de estendê-la a casos não previstos ou restringi-la 
mediante a exclusão de casos inadmissíveis. 
Nela o intérprete chega à constatação de que as palavras expressam, 
com medida exata, o espírito da lei, cabendo-lhe apenas constatar 
esta coincidência. 
A interpretação declarativa corresponde à interpretação também 
denominada de "estrita"; nela, as normas “aplicam-se no sentido exato, 
não se dilatam, nem restringem os seus termos”
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Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito.
O triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil

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