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A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

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A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
A regra é toda obrigação ser cumprida, é todo contrato ser cumprido, afinal o contrato faz lei entre as partes, e como diziam os romanos “pacta sunt servanda”.
  Porém, excepcionalmente, as obrigações podem não ser cumpridas por culpa do devedor ou por culpa do credor ou por algum acidente ( = caso fortuito ou de força maior).
O descumprimento de uma obrigação, pode ensejar o inadimplemento ou a mora.
MORA – é a impontualidade culposa, do devedor, no pagamento (mora solvendi) ou do credor, no recebimento (mora accipiendi);
Mora é, pois, o retardamento na execução da obrigação. É o retardamento culposo que não decorre de caso fortuito ou força maior. Seu elemento objetivo é o retardamento na execução da obrigação, quer por parte do devedor que não paga a tempo o compromisso, quer por parte do credor, que não recebe a prestação oferecida, no tempo, lugar e forma convencionados, ou por qualquer modo, a embaraça ou impede (art. 394, CC). independe de culpa
- Para que se configure a MORA, é preciso que haja a possibilidade de cumprimento tardio, caso contrário será inadimplemento.
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Para que se configure a MORA, é preciso que haja a possibilidade de cumprimento tardio, caso contrário será inadimplemento
Se ambos tiverem culpa não haverá mora, pois as moras recíprocas se anulam.
Efeitos da Mora: Disciplinado pelo Código Civil.
Em se tratando de mora solvendi, responde o devedor pelos prejuízos a que a sua mora der causa (art. 395, CC) = Responsabilidade ordinária do devedor. O credor pode exigir também juros moratórios, correção monetária, cláusula penal e a reparação de qualquer outro prejuízo suportado. Podendo, ainda, optar por rejeitá-la, se houver se tornado inútil, reclamando perdas e danos (art. 395, par. único, CC). Os prejuízos advindos da mora apuram-se conforme as regras da liquidação das perdas e danos.
 A mora solvendi pode se equiparar ao inadimplemento e o credor exigir então perdas e danos (art. 389, CC)
Ex: A compra docinhos para o casamento da filha, mas a comida atrasa e chega depois da festa, é evidente que esta mora corresponde a um inadimplemento (pú do 395)
Se o atraso foi por culpa da doceira, além de devolver o dinheiro, vai ter que pagar as perdas e danos do 389. Mas se o atraso foi por causa de uma enchente que derrubou a ponte, a doceira só terá que devolver o dinheiro, sem os acréscimos das perdas e danos.
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Em se tratando de mora accipiendi, suas conseqüências jurídicas estão disciplinadas nos arts. 335 e 400 CC. Conforme o art. 335 CC a mora do credor enseja a consignação judicial do objeto da obrigação, pelo devedor. 
O credor que não quiser ou não for receber o pagamento conforme acertado sujeita-se a quatro efeitos: 1) o credor em mora libera o devedor da responsabilidade pela conservação da coisa (ex: A deve um cavalo a B que ficou de ir buscá-lo na fazenda de A; a mora de B não responsabiliza A caso o cavalo venha a morrer mordido por uma cobra após o vencimento; § 2º do 492); 2) o credor em mora deve ressarcir o devedor com as despesas pela conservação da coisa (no exemplo do cavalo, B deve pagar as despesas de A com ração e medicamento desde o vencimento); 3) obriga o credor a pagar um preço mais alto pela coisa se a cotação subir; este efeito se aplica a coisas que têm preço na bolsa de valores, como ações, açúcar, café, soja, etc. No art. 400 do CC vamos encontrar estes três efeitos; 4) último efeito: o credor em mora não pode cobrar juros do devedor desse período, afinal foi do credor a culpa pela atraso no pagamento.
Purgação da mora: purgar significa emendar, reparar, remediar; purgar a mora é consertar/sanar as consequências da mora, tanto para o devedor como para o credor, conforme art. 401. Em caso de inadimplemento do devedor não se purga mais a mora, resolvendo-se em perdas e danos. A mora do devedor pode também ser purgada se o credor perdoar/remir/dispensar as perdas e danos do 395.
Purgação da Mora: é o ato do contratante moroso, que visa remediar a situação por ele causada, evitando os efeitos decorrentes do retardamento. É o cumprimento espontâneo da obrigação, embora com atraso, por qualquer das partes. Para purgar a mora solvendi, o devedor deverá oferecer a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes até o dia da oferta (art. 401, I, CC), com juros moratórios, correção monetária e o dano emergente para o credor, acrescido daquilo que ele razoavelmente deixou de ganhar caso o cumprimento da obrigação tivesse se dado no prazo. Já o credor, para purgar sua mora (mora accipiendi), deve se oferecer para receber o pagamento, sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data (art. 401, II, CC), entre eles as despesas com a conservação da coisa e o recebimento pela mais alta estimação (art. 400 CC).
Não pode ser purgada a mora quando a prestação se tenha tornado inútil ao credor em virtude da impontualidade. (Inamdimplemento)
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 JUROS LEGAIS
JUROS LEGAIS: um dos efeitos da mora do devedor é o pagamento de juros ao credor (395), principalmente nas obrigações de dar dinheiro ( = pecuniárias).
 Conceito de juro: é a remuneração que o credor exige por emprestar dinheiro ao devedor. Juro é igual a rendimento, é igual a fruto civil.
Os frutos em direito podem ser civis, naturais ou industriais. Os frutos civis são os juros e os rendimentos; os frutos naturais são as frutas das árvores e as crias dos animais; os frutos industriais são, por exemplo, os carros produzidos por uma fábrica de automóveis. Voltando aos juros, estes são livres, conforme art. 406, sendo fixados pelas partes no contrato ou pelo mercado financeiro. Depois de assinado o contrato, não adianta dizer que os juros são altos, pois contrato é para ser cumprido. Se as partes não fixarem os juros, estes serão de um por cento ao mês, conforme art. 406 do CC.
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Realmente, os juros devem ser livres, fixados pelas partes ou pelo mercado. Não pode a lei querer limitar os juros, como acreditam alguns populistas, pois o Direito não manda na Economia. Caso as leis jurídicas fossem superiores às leis econômicas, bastaria um decreto/uma lei acabando com a inflação, acabando com o desemprego, acabando com a recessão, etc., para resolver todos nossos problemas. Mas não é assim que o mundo moderno funciona, precisamos ser realistas e não demagógicos, por isso é que o art. 192, § 3º da CF, que limitava os juros em 12% ao ano, foi revogado em maio de 2003 sem nunca ter efetivamente sido aplicado, apesar de vigorado por quinze anos, desde 1988.
JUROS: são os frutos civis produzidos pelo dinheiro, representando o pagamento pela utilização do capital alheio, podendo ser compensatórios ou moratórios.
Os juros compensatórios ou remuneratórios correspondem aos frutos do capital empregado, a eles referindo-se o art. 591 CC. Devem ser previstos no contrato, não podendo exceder a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (arts. 406 e 591 CC), sendo permitida somente a sua capitalização anual (art. 591, CC, parte final).
Os juros moratórios constituem indenização pelo atraso no cumprimento da obrigação, a esses refere-se o art. 406, CC. Esta espécie de juros podem ser legais ou convencionais. Legais são aqueles a que se refere a lei (art. 406, CC), sendo fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Sendo a eles obrigado o devedor por força do art. 407, CC). Convencionais são aqueles de comum acordo estipulados pelas partes, e correm a partir do momento da constituição em mora, sem que para isso exista limite previamente estipulado em lei.
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Os juros ainda podem ser simples ou compostos. Simples = são sempre calculados sobre o capital inicial. Compostos = capitalizados anualmente, calculando-se juros sobre juros, ou seja, os que forem computados integrarão o capital.
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INADIMPLEMENTO – é o não pagamento/cumprimento da obrigação, enquanto a mora é o atraso do devedor no pagamento ou do
credor no recebimento; inadimplemento é só do devedor, mora pode ser de ambas as partes
Efeito do inadimplemento: responsabilizar o devedor por perdas e danos, se este inadimplemento for culposo (389). Se o inadimplemento não for culposo o devedor está isento das perdas e danos, mas é ônus do devedor provar o caso fortuito ou de força maior.
O caso fortuito ou de força maior está conceituado no p.único do 393; o fato precisa ser superveniente/futuro e imprevisível para justificá-lo. É um problema (ex: cheia, seca, greve, doença, roubo) que o devedor não contribuiu para sua ocorrência e nem poderia evitar.  O fato do príncipe é também um caso fortuito (ex: A deve cigarro a B, porém vem uma lei proibindo o fumo no país, então a obrigação se extingue face à ilicitude do objeto; chama-se fato do príncipe em alusão ao Estado, pois antigamente os governantes eram monarcas).
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INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES –INADIMPLEMENTO
Assim como adimplemento é sinônimo de cumprimento da obrigação, o inadimplemento equivale ao descumprimento obrigacional, e pode ser absoluto e relativo. Diz-se inadimplemento absoluto o descumprimento total da obrigação, sendo a inexecução definitiva, fixando de modo irreversível a posição do devedor inadimplente perante o credor. O inadimplemento relativo quando a obrigação chega a ser cumprida, mas com atraso (mora).
Ao descumprir uma obrigação, de modo absoluto ou relativo, o devedor fica obrigado a reparar os prejuízos decorrentes desse inadimplemento.
Essa reparação ou ressarcimento equivale à substituição, no patrimônio do credor, do correspondente à utilidade que ele teria obtido com a entrega da prestação a que tinha direito.
ESPÉCIES DE INADIMPLEMENTO
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