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Lei de Lavagem de Capitais..

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Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
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 Inicialmente, é importante registrar que a Lei 9613/98 foi alterada, 
recentemente, pela Lei 12683/12. 
 
1. Histórico 
A preocupação com a criminalização da lavagem de capitais surge na 
Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas, celebrada em Viena, em 
1988. Esta Convenção foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro por meio 
do Decreto 154/1991. 
Após, advém a Lei 9613, que entra em vigor em 4 de março de 1998, cuja 
redação original previa um rol taxativo de crimes antecedentes: 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou 
indiretamente, de crime: 
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; 
II – de terrorismo e seu financiamento; 
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua 
produção; 
IV - de extorsão mediante sequestro; 
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, 
direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a 
prática ou omissão de atos administrativos; 
VI - contra o sistema financeiro nacional; 
VII - praticado por organização criminosa. 
VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira. 
 
1.1. Histórico da Lei 12683/2012 
A lei 12683/2012 foi resultado da aprovação do PL 209/2003 do Senado, que 
ganhou o n. PL 3443/08 na Câmara. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Em destaque, algumas mudanças significativas: 
A grande mudança produzida pela lei é que agora qualquer infração penal 
(seja crime ou contravenção) poderá servir de antecedente para a prática de 
lavagem de capitais, descartando-se o rol previsto no art. 1º da redação original da 
Lei 9613/98. 
Mas atenção: da infração penal que servir como antecedente deve resultar 
bens, direitos ou valores passíveis de ocultação. Há certas infrações penais que não 
trazem esses benefícios, o que impedirá a caracterização do objeto material da 
lavagem. Ex: prevaricação, da qual não resulta vantagem financeira. 
Além disso, houve uma ampliação do rol dos “sujeitos obrigados” na 
comunicação de operações suspeitas, buscando a prevenção dos crimes. Há certas 
pessoas, físicas ou jurídicas, que comumente são utilizadas na prática de lavagem. 
O Estado, então, admite e precisa que essas pessoas sirvam como suas 
colaboradoras. 
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e 
jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal 
ou acessória, cumulativamente ou não: 
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em 
moeda nacional ou estrangeira; 
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou 
instrumento cambial; 
III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou 
administração de títulos ou valores mobiliários. 
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: 
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de 
negociação do mercado de balcão organizado; 
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência 
complementar ou de capitalização; 
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem 
como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços; 
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro 
meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; 
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial 
(factoring); 
VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, 
imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, 
mediante sorteio ou método assemelhado; 
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil 
qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual; 
VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão 
regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil 
como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma 
representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades 
referidas neste artigo; 
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária 
ou compra e venda de imóveis; 
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais 
preciosos, objetos de arte e antigüidades. 
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto 
valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam 
grande volume de recursos em espécie; 
XIII - as juntas comerciais e os registros públicos; 
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, 
serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou 
assistência, de qualquer natureza, em operações: 
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou 
participações societárias de qualquer natureza; 
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; 
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de 
valores mobiliários; 
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, 
fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; 
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e 
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades 
desportivas ou artísticas profissionais; 
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, 
comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de 
atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; 
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; 
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de 
origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e 
XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por 
meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País. 
 
O legislador demonstrou preocupação também com a recuperação dos ativos. 
Assim, passou-se a constar da lei a possibilidade de antecipação antecipada. 
Art. 4º. § 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos 
bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou 
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. 
 
2. Direito intertemporal 
 A lei 12683/12 teve vigência a partir de 10 de julho de 2012. 
Quanto às normas de direito processual, diz a doutrina que há duas espécies: 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
a) Norma genuinamente processual: trata-se da norma que cuida de 
procedimentos, atos probatórios, técnicas de processo, etc. Em relação a esse tipo 
de norma, aplica-se o princípio do tempus regit actum, previsto no art. 2º do CPP. 
Art. 2º, CPP A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizadossob a vigência da lei anterior. 
 
Exemplo, na Lei 9613/98, é o art. 2º, II: 
Art. 2º, II, Lei 9613/98 - independem do processo e julgamento das infrações 
penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz 
competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de 
processo e julgamento; 
 
b) Norma processual material: trata-se de norma mista, que interfere no 
jus libertatis do agente. Ex: criação de nova espécie de prisão. Nesse caso, será 
aplicado o mesmo critério do Direito Penal, ou seja, a irretroatividade da lei mais 
gravosa ou da ultratividade da lei mais benigna. 
O melhor exemplo na Lei de Lavagem é a revogação do art. 3º pela Lei 
12683/12. 
Art. 3º, Lei 9613/98: os crimes disciplinados nesta lei são insuscetíveis de fiança 
e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
 
 Vale lembrar que não é mais possível negar abstratamente a liberdade 
provisória. 
 Quanto às normas de direito penal (material), utiliza-se o critério da 
irretroatividade da lei mais gravosa ou da ultratividade da lei mais benigna. 
Exemplo 1: Veja a nova redação do art. 1º, §5º: 
Art. 1º, § 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em 
regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-
la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou 
partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando 
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos 
autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores 
objeto do crime. 
 
 Veja que a delação premiada passa a ser possível em qualquer momento, até 
mesmo após o trânsito em julgado da sentença. Antes, não havia essa previsão 
expressa. Essa norma, por ser mais beneficia, deve retroagir e ultra-agir para 
beneficiar. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 Exemplo 2: Veja a nova redação do art. 1º, §2º, I, da Lei 9613/98: 
Art. 1º, § 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: 
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de 
infração penal; 
 
 Houve supressão da expressão “que sabe ser proveniente” e, em razão disso, 
o crime de lavagem de capitais passou a admitir tanto o dolo direto quanto o dolo 
eventual. 
 Evidente, a lei tornou-se mais gravosa e, por isso, o dolo eventual só será 
aplicado aos crimes cometidos após a vigência da lei. 
 Exemplo 3: atenção para a nova redação do art. 1º, caput, que suprimiu o rol 
taxativo de crimes que poderiam figurara como antecedentes. 
 Imagine crimes tributários praticados por João em 2010 e 2011, cujos valores 
permanecem dissimulados em nome de laranjas até a vigência da lei 12683/12, ou 
seja, 10 de julho de 2012. João responderá pelo crime de lavagem de capitais, 
considerando que o crime tributário não era antecedente pela redação original da 
Lei de Lavagens? 
 De acordo com uma corrente restritiva (interessante para Defensoria Pública), 
adotada por Luis Flávio Gomes, à exceção dos crimes que já constavam do rol 
taxativo previsto na redação original, tanto a lavagem quanto a infração 
antecedente devem ter sido praticadas a partir do dia 10 de julho de 2012. 
Portanto, no exemplo supra, não existirá crime de lavagem de capitais. 
 Por outro lado, de acordo com uma corrente ampliativa, defendida por 
Vladimir Aras, a ocultação ou dissimulação é crime permanente; logo, ainda que a 
infração antecedente tenha sido cometida antes da lei 12683/12, deverá o agente 
responder por lavagem se a ocultação se prolongar na vigência da referida lei (10 
de julho de 2012). 
 O enunciado da súmula 711 do STF vai ao encontro do entendimento da 
corrente ampliativa. 
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
 Ainda em reforço a essa corrente, ver o Inquérito 2471 do STF. 
 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
3. Expressão “lavagem de capitais” 
A expressão surgiu no direito norte-americano como money laundering, em 
1920. Isso por que, proibida a venda de bebidas alcoólicas, mafiosos passaram a 
comprar lavanderias para dissimular o lucro obtido com as práticas ilícitas. 
Em alguns países da Europa, como Europa e Portugal, utiliza-se a expressão 
“branquiamento de capitais”. 
 
4. Conceito 
Lavagem de capitais é o crime por meio do qual bens, direitos e valores 
obtidos com a prática de infrações penais (diante da nova redação do art. 1º da Le 
9613/98) são integrados ao sistema econômico-financeiro, com a aparência de 
terem sido obtidos de maneira lícita. 
 
5. Gerações de lei de lavagem 
A doutrina costuma citar três gerações: 
 Leis de 1ª geração: apenas o crime de tráfico de drogas figurava como 
antecedente da lavagem; 
 Leis de 2ª geração: há um rol taxativo de crimes antecedentes. É 
exatamente nessas leis que se enquadra a Lei 9613/98 em sua redação original. 
 Leis de 3ª geração: qualquer infração penal pode ser antecedente da 
lavagem. É o que se tem com a Lei 9613/98 com as mudanças produzidas pela Lei 
12683/12. 
 
6. Fases da lavagem de capitais 
A doutrina costuma trabalhar com as fases da lavagem de capitais sugerida 
pelo Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI), formado por 
vários países com o objetivo precípuo e combater a esta espécie de crimes. 
Vejamos: 
 1ª fase: colocação (placement) - Consiste na instrução do dinheiro ilícito 
no sistema financeiro. Exemplo disso é a técnica denominada smurfing, que 
consiste na pulverização de uma enorme quantia em pequenos valores. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 2ª fase: dissimulação ou mascaramento (layering) – Nesta fase são 
realizadas várias movimentações financeiras, com o objetivo de dificultar o 
rastreamento da origem ilícita dos valores. 
 3ª fase: integração (integration) – Com a aparência ilícita, os valores são 
reinvestidos, inclusive para o financiamento de novas atividades delituosas. 
No HC 80.816 (máfia da propina dos fiscais da Prefeitura de São Paulo), o 
STF entendeu que a consumação da lavagem de capitais independe do 
preenchimento das três fases. 
Lavagem de dinheiro: L. 9.613/98: caracterização. O depósito de cheques de terceiro 
recebidos pelo agente, como produto de concussão, em contas-correntes de pessoas 
jurídicas, às quais contava ele ter acesso, basta a caracterizar a figura de "lavagem de 
capitais" mediante ocultação da origem, da localização e da propriedade dos valores 
respectivos (L. 9.613, art. 1º, caput): o tipo não reclama nem êxito definitivo da 
ocultação, visado pelo agente, nem o vulto e a complexidade dos exemplos de 
requintada "engenharia financeira" transnacional, com os quais se ocupa a 
literatura. 
 
7. Bem jurídico tutelado 
O tema é polêmico e discutido pela doutrina em quatro correntes: 
1ª corrente: o bem jurídico tutelado é o mesmo da infração antecedente; 
2ª corrente: o bem jurídico tutelado é a administração da justiça; 
3ª corrente (majoritária, art. 170, CF): o bem jurídico tutelado é a ordem 
econômico-financeira; 
4ª corrente: o bem jurídico tutelado é tanto a ordem econômico-financeira 
quanto o bem jurídico tutelado pela infração antecedente. 
 
7.1. Princípio da insignificância 
Requisitos: 
o Mínima ofensividade da conduta do agente; 
o Nenhuma periculosidade social da ação; 
o Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
o Inexpressividade da lesão jurídica provocada; 
 
Se crimes de lavagem de capitais são crimes contra aordem financeira 
(corrente majoritária), à semelhança dos crimes tributários, que também possuem 
esta natureza, podem ser usados os seguintes parâmetros: 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 R$100,00 (cem reais): acreditava-se que o valor inferior a cem reais, 
previsto no art. 18, §1º da Lei 10522/02, poderia ser considerado como 
insignificante (REsp 495.872); 
 R$10.000,00 (dez mil reais): abandonado o valor de R$100,00, passou-se 
a utilizar o parâmetro de R$10.000,00, previsto no art. 20 da Lei 10522/02 (REsp 
1.112.748); 
 R$20.000,00: a Portaria MF n. 75 de 22/03/2012, estabelecida pelo Min. 
Guido Mantega, determina o arquivamento das execuções fiscais com valor inferior 
a R$20.000,00. 
 
8. Da autonomia do processo de lavagem e da acessoriedade desse 
delito 
Autonomia: As ações referentes aos crimes de lavagem de capitais e à 
infração antecedente podem até tramitar em um processo único, haja vista a 
conexão probatória, mas esta reunião dos feitos não é obrigatória. 
Compete ao juízo competente para o julgamento do crime de lavagem de 
capitais deliberar sobre a reunião dos processos, o que, no entanto, não impede 
que um conflito de competência seja suscitado. 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: 
II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, 
ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes 
previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; 
 
Quanto à competência, não se observará mais a regra do art. 78, II, “a” do 
Código de Processo Penal, eis que competirá ao juízo da lavagem de capitais o 
julgamento do crime antecedente no caso de reunião dos processos. 
 
Acessoriedade limitada: para que a conduta de lavagem seja punível, basta 
que na infração penal antecedente seja demonstrada a prática de uma conduta 
típica e ilícita. 
Art. 2, § 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração 
penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido 
ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal 
antecedente. 
 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 Diante da adoção da teoria da acessoriedade limitada, é necessário que a 
conduta antecedente seja típica e ilícita. Logo, se a absolvição quanto à infração 
antecedente ocorrer com base no reconhecimento da atipicidade ou licitude, não 
será punível o crime de lavagem de capitais. 
 Se o reconhecimento da atipicidade oi ilicitude sobrevém à condenação por 
crime de lavagem, admite-se a impetração de habeas corpus ou ajuizamento de 
ação revisão criminal. 
 Lado outro, se a absolvição quanto à infração antecedente ocorrer com 
fundamento em causa excludente da culpabilidade, subsiste a possibilidade de 
punição do crime de lavagem de capitais. 
 Como a punibilidade é mera consequência do delito, a incidência de uma 
causa extintiva da punibilidade quanto à infração antecedente não impede a 
condenação quanto ao crime de lavagem de capitais, salvo em se tratando da 
anistia e da abolitio criminis, hipóteses de novatio legis em que o fato antecedente 
deixa de ser considerado infração penal. 
 
9. Sujeitos do delito 
9.1. Responsabilização do autor da infração antecedente pelo crime 
de lavagem de capitais 
Imagine que João tenha praticado crime de roubo. Ele responderá pelo crime 
de lavagem de capitais? Há divergência na doutrina. Vejamos: 
1ª corrente (minoritária - Delmanto): Não. O autor da infração antecedente 
não responderá pelo crime de lavagem de capitais, sob pena de bis in idem e 
violação ao princípio do nemo tenetur se detegere (Este princípio não tem natureza 
absoluta (RE 640.139)) 
2ª corrente: Sim. É possível a responsabilização da mesma pessoa pela 
infração antecedente e pelo crime de lavagem de capitais (STF, Inq 2471). 
Atenção: é necessário separar o que é o exaurimento da conduta 
antecedente (guarda de produto de furto, por exemplo), da prática de nova 
conduta visando à ocultação de tais bens, valores ou direitos, sob pena de todo 
crime de furto configurar lavagem de dinheiro. 
Ex¹: furto um aparelho celular e guardo na gaveta  furto (com 
exaurimento); 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Ex²: furto 1 milhão do banco e compro uma casa em meu nome  furto (com 
exaurimento); 
Ex³: furto 1 milhão do banco e compro uma casa, registrando-a em nome do 
meu namorado  furto + lavagem de capitais 
 
9.2. Desnecessidade de participação na infração antecedente 
A participação na infração penal antecedente não é condição essencial para 
que se possa ser sujeito ativo do crime de lavagem de capitais, desde que o agente 
tenha consciência da origem ilícita dos valores (STJ, RMS 16.813). 
 
9.3. Advogado como sujeito ativo da lavagem de capitais 
Art. 9º, XIV, Lei 9613/98 - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo 
que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, 
aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: 
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou 
participações societárias de qualquer natureza; 
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; 
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de 
valores mobiliários; 
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, 
fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; 
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e 
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades 
desportivas ou artísticas profissionais; 
 
 O art. 9º, XIV, deve ser ponderado com o art. 113 da CF, que garante o sigilo 
no exercício da advocacia. Deve buscar-se uma posição de equilíbrio. 
 No exercício da defesa técnica em processo judicial referente ao crime de 
lavagem de capitais, ou nas hipóteses em que o advogado é consultado de uma 
concreta situação jurídica, vinculada a um processo criminal de lavagem, não se 
impõe ao advogado a obrigação de comunicar situações suspeitas ao Coaf, ainda 
que tome conhecimento no exercício de sua atividade profissional de fatos que se 
amoldam à lavagem de capitais. 
 No entanto, se o advogado promove uma atividade de “consultoria jurídica” 
visando à criação de um esquema de blindagem patrimonial para facilitação de 
blindagem de valores obtidos a partir de qualquer infração penal, a ele se impõe a 
obrigação de comunicar operações suspeitas, podendo inclusive responder 
criminalmente pelo delito de lavagem de capitais (STF, HC 50933). 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 
10. Tipo Objetivo 
 Somente é punido a título doloso. 
Em alguns países, como Alemanha e Espanha, é também punido na 
modalidade culposa. 
Na redação antiga, o crime de lavagem só era punível se o elemento 
subjetivo preenchesse todos os elementos do art. 1º, ou seja, não bastava saber 
que provinha de crimes, mas dos crimes elencados no art. 1º. Com a alteração 
legislativa, basta saber que é proveniente de um crime, seja ele de qualquer 
natureza. 
Diante da Lei 12.683/12, o dolo também deve abranger a consciência de que 
os valores ocultados são produto de infração penal. 
 
10.1. Dolo eventual 
Vejamos alguns dispositivos sobre o tema: 
 O art. 339 do CP só é punível por dolo direto: 
Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
 
 A receptação, prevista no art. 180 do CP, também é punidapor dolo direto: 
Art. 180, CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito 
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que 
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
 
 A leitura do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais nos leva a conclusão de 
que não há qualquer restrição ao dolo eventual. Na antiga redação havia uma 
restrição, constatada por meio da expressão “que sabe serem provenientes”, 
ou seja, não admitia dolo eventual. 
 Porém, no novo inciso II há a restrição “tendo conhecimento”, ou seja, única 
figura punível só por dolo direto. 
Art. 1º, § 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: 
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua 
atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 
 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 Conclusão: Com a nova redação da Lei 9613/98, os crimes do art. 1º, caput, 
§§1º e 2º, I, admitem dolo direto e eventual; todavia, o crime do art. 1º, §2º, II, 
somente será punível a título de dolo direto. 
 Prova do dolo: pode ser aferido pelas circunstâncias objetivas e elementos do 
caso concreto. 
 Observação: No julgamento do Mensalão, há Ministros rechaçando a 
possibilidade de reconhecimento do dolo eventual como elemento subjetivo, tendo 
em vista a redação da Lei de Lavagem de Capitais à época. 
 
10.2. Teoria da Cegueira Deliberada (das instruções da avestruz) 
O art. 9º, X, prevê a responsabilidade do corretor de imóveis: 
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e 
jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal 
ou acessória, cumulativamente ou não: 
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária 
ou compra e venda de imóveis; 
 
 Se o agente, deliberadamente, evita a consciência quanto à origem ilícita dos 
bens, assume o risco de produzir o resultado, daí porque responde por lavagem a 
título de dolo eventual. 
 A teoria foi aplicada no caso do Banco Central de Fortaleza, no qual uma das 
formas utilizadas na lavagem foi a compra de veículos, num sábado, vendendo a 
concessionária em um dia 11 veículos de luxo, todos pagos em dinheiro: 
R$980.000,00 (novecentos e oitenta mil reais) em sacos de nylon preto, deixando 
R$200.000,00 em crédito na loja porque não há havia carros em número suficiente. 
Houve condenação em 1ª instância da concessionária, que foi absolvida em 2ª 
instância, pelo TRF da 5ª região (ApCr 5520), porque o crime só admitida dolo 
direto (antigo art. 2º, I) e além disso, o assalto só se tornou público na 2ª feira. 
 Essa teoria voltou a ser mencionada no voto do Min. Celso de Melo na AP 
470/MG (Informativo 676, STF): 
O Min. Celso de Mello, por sua vez, acentuou que o processo penal só poderia ser 
concebido como instrumento de salvaguarda da liberdade do réu. Enfatizou, assim, 
que a exigência de comprovação dos elementos que dariam suporte à acusação 
penal recairia por inteiro sobre o órgão ministerial. Apontou que os membros do 
poder, quando atuassem em transgressão às exigências éticas que deveriam pautar 
e condicionar a atividade política, ofenderiam o princípio da moralidade, que 
traduziria valor constitucional de observância necessária na esfera institucional de 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
qualquer dos Poderes da República. A seu turno, não acolheu a pretensão punitiva 
do Estado, no que se refere ao inciso VII do art. 1º da Lei 9.613/98. Repeliu a 
aplicação da Convenção de Palermo quanto ao estabelecimento de diretrizes 
conceituais sobre criminalidade organizada. Reputou prevalecer sempre, em 
matéria penal, o postulado da reserva constitucional absoluta de lei em sentido 
formal. Pronunciou não ser possível invocar-se, para efeito de incriminação, norma 
consubstanciada em pactos ou em convenções internacionais, ainda que 
formalmente incorporados ao plano do direito positivo interno. No tocante ao 
crime de lavagem de dinheiro, observou possível sua configuração 
mediante dolo eventual, notadamente no que pertine ao caput do art. 1º da 
referida norma, e cujo reconhecimento apoiar-se-ia no denominado critério 
da teoria da cegueira deliberada ou da ignorância deliberada, em que o 
agente fingiria não perceber determinada situação de ilicitude para, a 
partir daí, alcançar a vantagem prometida. Mencionou jurisprudência no 
sentido de que o crime de lavagem de dinheiro consumar-se-ia com a 
prática de quaisquer das condutas típicas descritas ao longo do art. 1º, 
caput, da lei de regência, sendo pois, desnecessário que o agente 
procedesse à conversão dos ativos ilícitos em lícitos. Bastaria mera 
ocultação, simulação do dinheiro oriundo do crime anterior sem a 
necessidade de se recorrer aos requintes de sofisticada engenharia 
financeira. 
 
11. Objeto material 
Objeto material ≠ bem jurídico 
Objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta delituosa. Pode 
ser qualquer bem, direito ou valor que seja produto direto ou indireto de qualquer 
infração penal. 
Bem jurídico: bem protegido pela lei 
Produto direto (producta sceleris): é o resultado imediato da infração penal: 
ex. um rolex furtado. 
Produto indireto (iructus sceleris): é o proveito obtido pelo criminoso como 
resultado da utilização econômica do produto direto. Ex: o dinheiro obtido com a 
venda do rolex furtado. 
 
12. Tipo objetivo 
Ocultar: esconder a coisa procurando impedir ou dificultar sua localização. 
Pode ser praticado de forma comissiva ou omissiva. 
Dissimular: disfarçar, escamotar, encobrir é uma ocultação com fraude. A 
conduta só pode ser praticada por ato comissivo. 
Tipo objetivo ≠ exaurimento 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Não haverá lavagem de capitais quando a conduta for considerada uma 
utilização ou aproveitamento normal das vantagens ilícitas obtidas com a infração 
antecedente. Ex: gangue de playboys que assaltavam e gastavam em uma balada. 
Trata-se de mero exaurimento, pós factum impunível. 
O crime de lavagem é de ação múltipla ou conteúdo variado, por isso aplica-
se o princípio da alternatividade; ainda que o agente pratique mais de uma ação 
típica deve responder por crime único, desde que isso ocorra em um mesmo 
contexto fático. 
 
12.1. Natureza do delito 
A) É crime material, cujo resultado faz parte do tipo penal: art. 1º, §2º, I. O 
STF, no RHC 80816, afirmou isso sobre o art. 1º, caput. Há, no entanto, 
uma minoria que entende que o caput é crime formal (Rodolfo Maia). 
B) É crime formal: art. 1º, §1º e §2º, II; 
 
13. Tentativa 
O art. 1º, §3º da Lei de Lavagem remete ao art. 14 do CP, embora fosse 
desnecessário, já que o art. 12 do CP prevê sua aplicação subsidiária à lei especial. 
 
14. Causa de aumento de pena 
A lei 9613/98, art. 1º, §2º, mudou a expressão “forma habitual” para “forma 
reiterada”, que são sinônimas. 
O §4º determina o aumento de pena de 1/3 a 2/3 na prática de crime de 
forma reiterada (habitualidade criminosa). 
Crime Habitual Habitualidade criminosa 
Aquele em que um ato isolado não gera 
tipicidade 
Estilo de vida do agente, que faz do 
crime sua atividade regular 
Exige a prática reiterada de determinada 
conduta 
 
 
 O crime não é habitual, mas o criminoso sofrerá aumento de pena se agir 
com habitualidade. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei 
forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. 
 
 O aumento de pena também ocorrerá se praticado por intermédio de 
organização criminosa. 
 
15. Colaboração premiada15.1 Origem e conceito: Surgiu no sistema inglês – Direito anglo-saxão 
Consiste em uma técnica especial de investigação na qual o próprio autor da 
infração penal colabora com as autoridades estatais no curso da persecução penal, 
seja para permitir a localização do produto do crime, a identificação dos demais 
coautores e partícipes, seja para facilitar a libertação do seqüestrado. 
Colaboração x delação: 
Delação pressupõe a identificação dos demais agentes, ou seja, a 
incriminação de terceiros. A delação é também denominada “chamamento de 
corréu”. 
Colaboração tem conteúdo mais amplo, genérico. É o gênero do qual a 
delação é espécie. É expressão preferida pela doutrina porque o criminoso pode 
colaborar com a persecução penal sem que, necessariamente, incrimine terceiros. 
Ex. localização do objeto do crime. 
Para Renato Brasileiro, é provável que na prova venha a expressão delação, 
por ser mais usual. 
A colaboração premiada é plenamente compatível com o princípio do Nemo 
tenetur se detegere. É ato voluntário (mas não necessariamente espontâneo); o 
acusado não é obrigado a colaborar, mas é estimulado a isso. 
A colaboração premiada é ato que deve ser assistido pela defesa técnica. 
 
15.2. Previsão legal 
Trata-se de tema espalhado pela legislação especial: 
A) Lei de crimes hediondos, art. 8º, parágrafo único  gera diminuição de 
pena; 
B) Código Penal, art. 159, §4º  pressupõe concurso e gera diminuição de 
pena; 
C) Lei 9098/95, Lei 8137/90 e Lei 7492/86 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
D) Lei 9034/95, art. 6º (fala em espontâneo, mas deve se ler voluntário); 
Geralmente, o que as leis oferecem é apenas a diminuição da pena, benefício 
pequeno se comparado às vantagens maiores da Lei de Lavagem. 
E) Lei 9613/98, art. 1º, §5º 
Antes Depois 
“será” “poderá” 
Regime aberto Regime aberto ou semiaberto 
Substituir a pena Deixar de aplicá-la ou substitui-la 
Apuração de infrações e autoria 
cumulativos 
Apuração das infrações, identificação de 
autores, coautores e partícipes, ou à 
localização de bens, direitos ou valores 
objeto do crime 
 
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime 
aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a 
qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe 
colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que 
conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e 
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. 
 
 Prêmios legais: 
 - diminuição da pena de 1/3 a 2/3 
 - fixação do regime inicial aberto ou semiaberto 
 - substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, ainda 
que não preenchidos os requisitos do art. 44 do CP 
 - extinção da punibilidade por perdão judicial 
 
F) Lei 12529/2011: em vigor desde 29/05/2012, seu art. 86 e 87 (Lei do 
Sistema brasileiro de defesa de concorrência) prevê o acordo de 
leniência ou brandura ou doçura. 
O art. 86 trata do acordo administrativo: é técnica de investigação; o art. 87 
trata do acordo criminal, fazendo menção a crimes tipificados na Lei 8666. Ou seja, 
é possível em qualquer crime que envolva a ordem econômica. 
Consequências: suspensão da prescrição, impedimento de oferecimento da 
denúncia, extinção da punibilidade, caso haja o cumprimento do acordo. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
O acordo de leniência pode ser celebrado antes ou durante o processo; se 
durante o processo, ocorre a suspensão. 
 
G) Lei de Drogas, art. 41. 
H) Lei 9807/99, art. 13 e 14: Lei de proteção de testemunhas e vítimas. 
O art. 13 dá o perdão judicial se o réu for primário, cumprir todos os 
requisitos e a medida atender às circunstâncias do caso concreto. 
O art. 14 concede apenas a diminuição de pena. 
Os requisitos do art. 13, dispostos nos incisos I, II e III não podem ser 
interpretados cumulativamente. O único delito que preenche os três requisitos é a 
extorsão mediante sequestro em concurso de pessoas com a efetivação do 
pagamento. Portanto, os requisitos do art. 13 não são cumulativos, dependem da 
natureza do delito praticado. Pode-se até exigir se, em tese, o crime admitir as três 
“ofensas”. 
Essa lei também dispõe sobre mecanismos de proteção ao colaborador: 
proteção policial, mudança de identidade, testemunho anônimo, ajuda financeira, 
apoio psicológico, entre outros. 
Todas as leis anteriores a esta estão ligadas a crimes específicos. Ao 
contrário, a Lei 9807/99 não é específica para um determinado delito, razão pela 
qual seus dispositivos podem ser aplicados para qualquer delito (salvo para aqueles 
em que há previsão específica). 
Art. 190 da Lei 9807 prevê a oitiva antecipada de pessoas incluídas no regime 
de proteção, mudança ocorrida com a Lei...../2011. Qualquer que seja o rito 
processual, após a citação, o juiz tomará antecipadamente o depoimento das 
pessoas incluídas no programa de proteção e se não fizer deverá justificar-se. 
 
15.3. Eficácia objetiva da colaboração premiada 
Para que o agente faça jus aos prêmios legais, é indispensável aferir a 
eficácia objetiva de sua colaboração (Deve ser efetivamente eficaz). A motivação do 
delator é irrelevante. 
 
15.4. Momento para a colaboração premiada 
 Fase de investigação 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 Fase processual 
 Fase de execução penal (após o trânsito em julgado de sentença 
condenatória) 
Veja que a lavagem pode ser feita a qualquer tempo, e para todo e qualquer 
delito, apesar de prevista apenas na Lei de Lavagem. Ressalte-se que a 
colaboração deve ser eficaz. 
 
15.5. Natureza jurídica da colaboração premiada 
A colaboração premiada pode ser estudada à luz do Direito Penal e à luz do 
Direito Processual. 
Sob o ponto de vista do Direito Penal, pode funcionar como: causa de 
diminuição de pena e fixação do regime inicial aberto ou semiaberto; causa de 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; causa de 
extinção da punibilidade, pelo perdão judicial; causa suspensiva da prescrição. 
Sob o prisma do Direito Processual Penal, a colaboração premiada funciona 
como meio de obtenção de provas, ou, numa classificação mais moderna, como 
uma técnica especial de investigação. 
O acordo de leniência, previsto na Lei 12529/12, também sob o ponto de 
vista processual, funciona como causa impeditiva do oferecimento da denúncia. 
A colaboração premiada é um benefício de natureza pessoal, posto que 
somente será beneficiado aquele que prestar as informações desejadas pelo Estado 
(STF, HC 85176). 
 
15.6. Acordo de colaboração premiada 
Apesar de não haver previsão legal, salvo na hipótese do acordo de leniência, 
este acordo é uma criação jurisprudencial que transmite mais segurança ao próprio 
colaborador, que não fica apenas com uma vaga promessa feita pelos órgãos 
responsáveis pela persecução penal. 
Na grande maioria dos casos, o acordo é estabelecido de forma verbal. No 
entanto, a doutrina sugere que seja escrito e levado à homologação judicial, de 
modo a conferir mais segurança aos envolvidos. Desse modo, este acordo, a ser 
celebrado entre o Ministério Público e o colaborador, assegurada a presença de 
advogado, deve especificar o tipo de colaboração desejada, as provas que o 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
colaborador deve apresentar e os benefícios que irá obter se cumprir o quantum 
acordado. 
Para que haja um pouco mais de segurança, o acordo não deve constar dos 
autos, nem se tornar público. Isso por que característica essencial deste acordo é o 
seusigilo, seja para preservar a identidade física do colaborador e de sua família, 
seja para proteger a produção da prova. 
Trata-se de hipótese de mitigação da publicidade, devendo a decisão que 
declarar o sigilo ser devidamente fundamentada. Nesse sentido, o HC 90688 do 
STF, assim ementado: 
PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ACORDO DE COOPERAÇÃO. 
DELAÇÃO PREMIADA. DIREITO DE SABER QUAIS AS AUTORIDADES DE 
PARTICIPARAM DO ATO. ADMISSIBILIDADE. PARCIALIDADE DOS MEMBROS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. SUSPEITAS FUNDADAS. ORDEM DEFERIDA NA PARTE 
CONHECIDA. I - HC parcialmente conhecido por ventilar matéria não discutida no 
tribunal ad quem, sob pena de supressão de instância. II - Sigilo do acordo de 
delação que, por definição legal, não pode ser quebrado. III - Sendo 
fundadas as suspeitas de impedimento das autoridades que propuseram ou 
homologaram o acordo, razoável a expedição de certidão dando fé de seus nomes. 
IV - Writ concedido em parte para esse efeito. 
 
15.7. Valor probatório da colaboração premiada 
A colaboração premiada, isoladamente considerada, não pode servir de 
fundamento para um decreto condenatório. Nesse sentido, o HC 84517 do STF: 
I. Habeas corpus: cabimento: direito probatório. Não cabe o habeas corpus para 
solver controvérsia de fato dependente da ponderação de provas desencontradas; 
cabe, entretanto, para aferir a idoneidade jurídica ou não das provas onde se 
fundou a decisão condenatória. 
II. Chamada dos co-réus na fase policial e o reconhecimento de um deles: 
inidoneidade para restabelecer a validade da confissão extrajudicial, retratada em 
Juízo. Não se pode restabelecer a validade da confissão extrajudicial, negando-se 
valor à retratação, sob o fundamento de que esta é incompatível e discordante das 
"demais provas colhidas" (C. Pr. Penal, art. 197), especialmente as chamadas dos 
co-réus na fase policial e o reconhecimento de um deles, que de nada servem para 
embasar a condenação do Paciente. A chamada de co-réu, ainda que 
formalizada em Juízo, é inadmissível para lastrear a condenação 
(Precedentes: HHCC 74.368, Pleno, Pertence, DJ 28.11.97; 81.172, 1ª T, Pertence, 
DJ 07.3.03). Insuficiência dos elementos restantes para fundamentar a 
condenação. 
III. Nemo tenetur se detegere: direito ao silêncio. Além de não ser obrigado a 
prestar esclarecimentos, o paciente possui o direito de não ver interpretado contra 
ele o seu silêncio. IV. Ordem concedida, para cassar a condenação. 
 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Se o colaborador for ouvido em juízo, os advogados dos demais acusados 
terão direito de lhe fazer reperguntas. Neste sentido, o HC 90830, assim 
ementado: 
AÇÃO PENAL. Interrogatório. Subscrição, sem ressalvas, do termo de audiência 
pela defesa de co-réu. Pedido de realização de novo interrogatório. Indeferimento. 
Nulidade. Inexistência. Argüição extemporânea. Preclusão. Ordem denegada. Se a 
defesa, no interrogatório, não requereu reperguntas ao co-réu, 
subscrevendo sem ressalvas o termo de audiência, a manifestação 
posterior de inconformismo não elide a preclusão. 
 
16. Procedimento dos crimes de lavagem de capitais 
Art. 2º, Lei 9613/98. O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: 
I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos 
com reclusão, da competência do juiz singular; 
 
Atenção: o artigo está desatualizado. Desde o ano de 2008, com o advento 
da Lei 11719, a classificação do procedimento não é feita com base no tipo de 
cumprimento de pena, mas sim de acordo com a quantidade de pena. 
Art. 394, CPP. O procedimento será comum ou especial. 
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual 
ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja 
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; veja que, em razão das 
IMPO, o procedimento sumário será adotado para os crimes de pena máxima entre 
2 a 4 anos 
 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma 
da lei. Infrações de menor potencial ofensivo são aquelas com pena máxima não 
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. 
 
No caso dos crimes de lavagem de capitais, a pena é de 3 a 10 anos de 
reclusão e multa e, em razão disso, adotar-se-á o rito ordinário. 
 
16.1. Procedimento a ser adotado no caso de crimes conexos 
Existe a possibilidade de o processo criminal da lavagem de capitais ser 
conexo com outro crime. Vale lembrar que a reunião dos processos não é 
obrigatória (matéria já estudada em processo penal), embora seja perfeitamente 
possível. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Imagine, então, a conexão de um crime de lavagem (sujeito ao procedimento 
comum ordinário) com um crime de tráfico de drogas (sujeito ao procedimento 
especial previsto na Lei 11343/06). Qual deverá ser o procedimento adotado? 
Atentar para a revogada Lei 6368/76 (antiga Lei de Drogas), que tinha artigo 
específico tratando da matéria: 
Art. 28, Lei 6368/76. Nos casos de conexão e continência entre os crimes 
definidos nesta Lei ou outras infrações penais, o processo será o previsto para a 
infração mais grave, ressalvados os da competência do júri e das jurisdições 
especiais. 
 
Mesmo antes de este artigo ser revogado, a doutrina já criticava sua 
disposição. Hoje, com a revogação do dispositivo e o reforço da doutrina, entende-
se que, no caso de conexão entre crimes com procedimentos distintos, deve 
prevalecer aquele que seja mais amplo, ou seja, aquele que melhor assegura às 
partes o exercício de suas faculdades processuais (não necessariamente o mais 
extenso, o mais demorado). 
Portanto, entre o procedimento comum ordinário e o especial da Lei de 
Drogas, prevalece o comum ordinário, posto que ele oferece mais oportunidades às 
partes de exercitar suas faculdades processuais. Neste sentido, o HC 204658 do 
STJ, assim ementado: 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES. ART. 12 DA LEI Nº 
10.826/03. ALEGADA INOBSERVÂNCIA DO PROCEDIMENTO PREVISTO NA LEI 
11.343/2006. CRIMES CONEXOS. ADOÇÃO DO RITO ORDINÁRIO. DEFESA 
PRELIMINAR APRESENTADA NOS TERMOS DO ART. 396 DO CPP. EIVA 
INOCORRENTE. 
1. Atribuindo-se à acusada a prática de crimes diversos, alguns previstos na Lei 
11.343/06 e outros que observam o rito estabelecido no Código de Processo Penal, 
este deve prevalecer, em razão da maior amplitude à defesa no procedimento nele 
preconizado (Precedentes STJ). 
2. A não adoção do rito previsto na Lei nº 11.343/2006 não ocasionou prejuízo à 
paciente, pois além do procedimento ordinário ser o apropriado ao caso em 
comento, a apresentação de defesa preliminar lhe foi oportunizada nos termos do 
art. 396 da Lei Adjetiva Penal antes do recebimento da exordial acusatória, motivo 
pelo qual não se constata a ocorrência de vício a ensejar a invalidação da instrução 
criminal. 
3. A inobservância do rito procedimental previsto no art. 55 da Lei 11.343/2006, 
que estabelece a apresentação de defesa preliminar antes do recebimento da 
denúncia, implica em nulidade relativa do processo, razão pela qual deve ser 
arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão. 
4. Não logrando a defesa demonstrar que foi prejudicada, impossível agasalhar-se 
a pretensão de anular o feito, pois no sistema processual penal brasileiro nenhuma 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
nulidade será declarada se não restar comprovado o efetivo prejuízo (art. 563 do 
CPP). 
INÉPCIA DA DENÚNCIA. DEFICIÊNCIA NA EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO. 
MATÉRIA NÃO DEBATIDA PERANTE A CORTE ESTADUAL. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA.NÃO CONHECIMENTO. 
1. A matéria referente à inépcia da denúncia não foi alvo de deliberação pelo 
Tribunal de origem, circunstância que impede qualquer manifestação desta Corte 
Superior de Justiça sobre a questão, sob pena de operar-se em indevida supressão 
de instância. 
2. Writ parcialmente conhecido e, nesta extensão, denegada a ordem. 
 
Procedimento comum ordinário Procedimento especial Lei de 
Drogas 
Não há defesa preliminar Há defesa preliminar 
Há possibilidade de absolvição sumária Não há possibilidade de absolvição 
sumária 
8 testemunhas 5 testemunhas 
Cabimento de diligências Não cabem diligências 
Alegações finais orais, com possibilidade 
de conversão em escrita. 
Alegações finais orais 
 
17. Competência 
De acordo com o art. 109, VI, in fine, da CF, os crimes contra o sistema a 
ordem econômico-financeira somente serão julgados pela Justiça Federal nos casos 
determinados em lei. 
Art. 109, CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, 
contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
 
Vejamos quais são as leis que fixam a competência nestes casos: 
 Lei 1521/51 (crimes contra a economia popular): nada estabelece quanto à 
competência, razão pela qual o processo e julgamento desses crimes será da 
Justiça Estadual. 
Súmula 498, STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o 
processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular. 
 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
 Lei 4595/64 (concessão de empréstimos): nada estabelece quanto à 
competência, razão pela qual o processo e julgamento desses crimes será da 
Justiça Estadual; 
 Lei 7492/86: o art. 26 estabelece expressamente a competência da Justiça 
Federal; 
 Lei 8137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de 
consumo): quanto aos crimes tributários, a competência será determinada 
com base na natureza do tributo. Assim, se estamos falando de tributo de 
natureza federal, a competência será da Justiça Federal; se estamos falando 
de tributo estadual ou municipal, a competência será da Justiça Estadual; 
 Lei 8176/91 (crime de adulteração de combustíveis): nada estabelece 
quanto à competência, razão pela qual o processo e julgamento desses 
crimes será da Justiça Estadual, pouco importando o fato da fiscalização do 
comércio de combustíveis ser realizada pela Agência Nacional de Petróleo; 
 Lei 9613/98 (crimes de lavagem de capitais): o art. 2º, III estabelece 
expressamente a competência da Justiça Federal nos seguintes casos: 
Art. 2º, III - são da competência da Justiça Federal: 
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, 
ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas; 
Para Renato Brasileiro, a expressão em destaque é inócua, já que todo crime de 
lavagem de capitais é contra o ordem econômico-financeira. 
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. 
 
 Em entendimento diverso, Nucci defende que todos os crimes de lavagem são 
da competência da Justiça Federal. 
 Conclusão, por meio de interpretação do dispositivo: em regra, é da 
competência da Justiça Estadual, salvo se houver lesão a bens, serviços e 
interesses da União, suas autarquias e empresas públicas, ou se a infração 
antecedente for de competência da Justiça Federal. Neste sentido o RHC 11918 do 
STJ, assim ementado: 
CRIMINAL. RHC. "LAVAGEM" DE DINHEIRO. CRIMES FALIMENTARES, 
ESTELIONATOS E FALSIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. 
REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP. CRIME DE AUTORIA COLETIVA. DENÚNCIA MAIS 
OU MENOS GENÉRICA ADMITIDA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA NÃO-EVIDENCIADA. 
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS DO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
A CONDUTA DO PACIENTE E O DELITO. IMPROPRIEDADE DO MEIO ELEITO. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. RECURSO DESPROVIDO. 
(...) A competência para o crime de lavagem de dinheiro é definida diante 
do caso concreto e em função do crime antecedente. Se o crime anterior 
for de competência da Justiça Federal, caberá a esta o julgamento do 
processo relacionado ao crime acessório. Compete à Justiça Estadual o 
processo e julgamento de delito de "lavagem" ou ocultação de bens, 
direitos e valores oriundos, em tese, de crimes falimentares, estelionatos e 
falsidade, se inexistente, em princípio, imputação de delito antecedente 
afeto à Justiça Federal. 
Recurso desprovido. 
 
 17.1. Competência para decidir sobre possível a reunião dos 
processos em crimes conexos 
Art. 2º, II - independem do processo e julgamento das infrações penais 
antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente 
para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e 
julgamento; 
 
 A tendência natural do magistrado será a de separar os processos, uma vez 
que a lavagem, após a alteração legislativa, pode advir de qualquer espécie de 
crime, e não de infração prevista em rol específico. 
 
 17.2. Varas especializadas para o julgamento da lavagem de capitais 
 Após pesquisa feita com magistrados em 2011, e a constatação de que 
poucos conheciam sobre os crimes de lavagem, o Conselho da Justiça Federal 
editou a Resolução n. 314, determinando que fossem criadas varas especializadas 
nos crimes de lavagem de capitais. 
 Posteriormente, os Tribunais Regionais Federais editaram provimentos para 
atender à Resolução, estabelecendo, por exemplo, que a 2ª e 6ª varas sejam 
especializadas para lavagem de capitais. 
 Há quem entenda que há ofensa ao princípio do juiz natural. Contudo, o 
entendimento é errôneo, posto que a especialização de varas não ofensa tal 
princípio. 
 Além disso, no âmbito da Justiça Federal, esta especialização tem previsão 
legal: 
Art. 12, Lei 5010/66 (Lei que organiza a Justiça Federal). Nas Seções 
Judiciárias em que houver mais de uma Vara, poderá o Conselho da Justiça Federal 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
fixar-lhes sede em cidade diversa da Capital, especializar Varas e atribuir 
competência por natureza de feitos a determinados Juízes. 
 
 O Conselho da Justiça Federal é órgão que funciona na estrutura do Superior 
Tribunal de Justiça. 
Art. 105, Parágrafo único, CF. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: 
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a 
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo 
graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões 
terão caráter vinculante. 
 
A partir da CF/88, o Conselho da Justiça Federal deixou de ter atribuições 
jurisdicionais, adotando função meramente administrativa e orçamentárias. Logo, 
este Conselho não pode especializar varas. Por isso, o STF entendeu que a 
Resolução 314 do Conselho da Justiça Federal seria inconstitucional. 
Por isso, deve ser feita leitura do art. 12 da Lei 5010/66 à luz da Constituição 
Federal, leia-se, nas seções judiciais em que houver mais de uma vara, poderá o 
respectivo Tribunal Regional Federal fixar-lhe sede em cidade diversa, especializar 
varas e atribuir competência por natureza de feitos a determinados juízes. 
Apesar da inconstitucionalidade da Resolução 314 do Conselho da Justiça 
Federal, o Supremo entendeu que os provimentos dos Tribunais são plenamente 
válidos, eis que oriundos do poder de auto-organização administrativa daqueles. 
Ainda segundo o STF, a especialização de varas não é matéria alcançada pelo 
princípio da reserva de lei em sentido estrito, mas sim pela legalidadeem sentido 
amplo. Neste sentido o HC 86660 e o 91024, ambos do Supremo. 
No que tange a possibilidade de redistribuição do feito após especialização 
das varas, vale lembrar que, no processo penal, aplica-se subsidiariamente a regra 
da perpetuação de competência, prevista no art. 87 do CPC. 
Art. 87, CPC. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. 
São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a 
competência em razão da matéria ou da hierarquia. 
 
Portanto, se o processo teve início perante um juiz, deverá terminar com ele, 
salvo se: 
- houver supressão do órgão judiciário; 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
- se houver alteração da competência em razão da matéria; 
- se houver alteração da competência em razão da hierarquia; 
Veja que a segunda hipótese – alteração da competência em razão da 
matéria – é exatamente a que se amolda ao caso de especialização de varas. Por 
isso, o STJ entendeu que é possível a redistribuição dos feitos para a vara 
especializada em sua matéria. Neste sentido, o REsp 628673, assim ementado: 
RECURSO ESPECIAL. JUÍZOS FEDERAIS CRIMINAIS. PENAL. CRIMES CONTRA A 
ORDEM TRIBUTÁRIA E SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. RESOLUÇÃO 20/2003 DO 
TRF DA 4ª REGIÃO. ESPECIALIZAÇÃO DE VARAS CRIMINAIS. VALIDADE. 
A Resolução 20/2003 do TRF da 4ª Região, que determinou a competência de Vara 
Federal Criminal de Florianópolis/SC para “...processar e julgar os crimes contra o 
sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e 
valores...”, não viola os artigos 69 a 91 do CPP, o artigo 8º do Decreto Federal que 
integrou a Convenção Americana sobre direitos humanos, e não afronta o princípio 
constitucional do juiz natural. 
O juízo não é determinado casuisticamente, há uma regra pré-estabelecida para se 
determinar o juízo competente, e é nisto basicamente que se assenta o princípio do 
juiz natural. 
Esta regra, qual seja, a Resolução 20/2003 do TRF da 4ª Região baseou-se nas Leis 
nº 5.010/66, 7.727/89 e 9.664/98, sendo que o referido ato do Conselho da Justiça 
Federal destina-se, à vista da sua atribuição, a zelar pela eficácia célere da 
prestação jurisdicional no âmbito da jurisdição federal ordinária. 
Recurso conhecido, mas desprovido. 
 
18. Justa causa duplicada 
Vale lembrar que justa causa é expressão muito controversa no direito 
processual, posto ser muito aberta. No entanto, pode ser compreendida como 
lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo 
penal. 
Por que o uso da expressão duplicada? Vale lembrar que o crime de lavagem 
de capitais é um crime acessório, parasitário, posto que depende de uma infração 
penal antecedente, ou seja, necessário demonstrar que os direitos, valores e bens 
ocultados são oriundos da prática de um crime anterior. 
Por isso, exige-se que o titular da ação penal apresente justa causa de forma 
dupla, ou seja, do crime antecedente e do crime de lavagem de capitais. Neste 
sentido o HC 128590 do STJ, assim ementado: 
HABEAS-CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. IMPETRAÇÃO QUE DEVE 
SER COMPREENDIDA DENTRO DOS LIMITES RECURSAIS. AÇÃO PENAL MOVIDA 
CONTRA O PACIENTE E CORRÉ. CONDENAÇÃO POR CRIME DE LAVAGEM DE 
DINHEIRO E NATURALIZAÇÃO FRAUDULENTA. SENTENÇA E ACÓRDÃO REGIONAIS 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
UNIFORMES NA CONDENAÇÃO. PENA IMPOSTA REDUZIDA EM PARTE POR ESTE 
ÚLTIMO PARA RECONHECER A CONTINUIDADE NOS CRIMES DE LAVAGEM. ORDEM 
DENEGADA. 
(...) III. Alegação de falta de justa causa para a ação penal por ausência de 
demonstração do crime antecedente - supostamente de tráfico de 
entorpecentes praticado no México - do qual, sustenta a defesa, o paciente 
foi absolvido pelo Grande Júri norte-americano. 
IV. Alegação de nulidade do processo por utilização de prova ilícita constituída por 
depoimento de testemunha presa nos estados Unidos e ouvida por cooperação 
internacional durante a instrução judicial por autoridade não judicial e sem a 
participação da defesa do paciente. 
V. A existência de fortes elementos de convicção reafirmados pela 
sentença e acórdão na apelação e uniformemente reportados por 
depoimentos precisos de testemunhas ouvidas diretamente pelo Juízo, 
entre elas agente especial da DEA (Drug Enforcement Administration), 
entidade estatal americana de repressão ao tráfico de drogas, e da 
companheira do chefe do Cartel de Juarez-México, comprovam a prática de 
tráfico internacional de drogas por organização criminosa da qual 
participava o paciente com destacada atuação. Justa causa 
indiscutivelmente presente. 
(...) VIII. Habeas-corpus que se denega pela inexistência de nulidade ou de falta de 
justa causa, como por inviabilidade de reexame de provas e fatos, além de 
constituir utilização inadequada da garantia constitucional. 
 
19. Art. 366 do CPP 
Art. 366, CPP. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo 
o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for 
o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
 
19.1. Requisitos 
 CITAÇÃO POR EDITAL: trata-se de medida de ultima ratio, somente a ser 
tomada após esgotados os meios de localização do acusado e de citação 
pessoal; 
Art. 361, CPP. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 
15 (quinze) dias. 
 
 NÃO COMPARECIMENTO DO ACUSADO E DE SEU ADVOGADO CONSTITUÍDO: 
ou seja, subentende-se que o acusado não tomou conhecimento da acusação 
que lhe pesa. Considerando a alteração legislativa, não sendo mais o 
interrogatório o primeiro ato praticado no processo, mas sim a apresentação 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
de resposta, entende-se que o correto nesse requisito é a não apresentação 
de resposta escrita à acusação; 
 
19.2. Consequências decorrentes da aplicação do art. 366 do CPP 
 SUSPENSÃO DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO: a lei não dispõe sobre limita 
temporal para esta suspensão. Há, nesse ponto, divergência na doutrina e 
jurisprudência: 
1ª corrente (STJ): a prescrição deve permanecer suspensa de acordo com a 
prescrição da pretensão punitiva abstrata; 
Súmula 415, STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada. 
 
2ª corrente (STF): a suspensão do processo e da prescrição pode perdurar 
por prazo indeterminado. Nesse sentido o RE 460971. 
(...) II. Citação por edital e revelia: suspensão do processo e do curso do 
prazo prescricional, por tempo indeterminado - C.Pr.Penal, art. 366, com a 
redação da L. 9.271/96. 
1. Conforme assentou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ext. 1042, 
19.12.06, Pertence, a Constituição Federal não proíbe a suspensão da prescrição, 
por prazo indeterminado, na hipótese do art. 366 do C.Pr.Penal. 
2. A indeterminação do prazo da suspensão não constitui, a rigor, hipótese 
de imprescritibilidade: não impede a retomada do curso da prescrição, 
apenas a condiciona a um evento futuro e incerto, situação 
substancialmente diversa da imprescritibilidade. 
3. Ademais, a Constituição Federal se limita, no art. 5º, XLII e XLIV, a excluir os 
crimes que enumera da incidência material das regras da prescrição, sem proibir, 
em tese, que a legislação ordinária criasse outras hipóteses. 
4. Não cabe, nem mesmo sujeitar o período de suspensão de que trata o 
art. 366 do C.Pr.Penal ao tempo da prescrição em abstrato, pois, "do 
contrário, o que se teria, nessa hipótese, seria uma causa de interrupção, e 
não de suspensão." 
5. RE provido, para excluir o limite temporal imposto à suspensãodo curso da 
prescrição. 
 
No próprio STF, está sob julgamento o RE 600851, com repercussão geral 
reconhecida sobre o tema, de modo que poderá haver alteração de entendimento. 
 
 PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS URGENTES: deve ocorrer antes da 
suspensão do processo e da prescrição. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
A prova testemunhal, por si só, não é considerada urgente (entendimento 
bom para Defensoria Pública). 
No entanto, há quem entenda se tratar de prova urgente, já que a memória 
da testemunha poderá ficar comprometida com o decurso do tempo (entendimento 
bom para Ministério Público e recentemente adotado pelo STF). 
HC 110280/MG. FURTO QUALIFICADO. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. ART. 
366 DO CPP. PROVA TESTEMUNHAL. MEDIDA CAUTELAR. CARÁTER URGENTE. 
FALIBILIDADE DA MEMÓRIA HUMANA. COLHEITA EM RELAÇÃO AO CORRÉU QUE 
COMPARECEU AOS AUTOS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 
1. Não obstante o enunciado n. 455 da Súmula desta Corte de Justiça disponha que 
a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do 
CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero 
decurso do tempo, a natureza urgente ensejadora da produção antecipada de 
provas, nos termos do citado artigo, é inerente à prova testemunhal, tendo em 
vista a falibilidade da memória humana, motivo pelo qual deve ser colhida o quanto 
antes para não comprometer um dos objetivos da persecução penal, qual seja, a 
busca da verdade dos fatos narrados na denúncia. 
2. Não há como negar o concreto risco de perecimento da prova testemunhal tendo 
em vista a alta probabilidade de esquecimento dos fatos distanciados do tempo de 
sua prática, sendo que detalhes relevantes ao deslinde da questão poderão ser 
perdidos com o decurso do tempo à causa da revelia do acusado. 
3. O deferimento da realização da produção antecipada de provas não traz qualquer 
prejuízo para a defesa, já que, além do ato ser realizado na presença de defensor 
nomeado para o ato, caso o acusado compareça ao processo futuramente, poderá 
requerer a produção das provas que entender necessárias para a comprovação da 
tese defensiva. 
4. Na hipótese vertente, o Magistrado Singular determinou a produção antecipada 
das provas ao argumento de que a colheita dos elementos de informação já ia ser 
realizada em relação ao corréu ** - que havia comparecido aos autos e 
apresentado a sua defesa -, razão pela qual as oitivas das testemunhas, que seriam 
comuns, já poderiam ser aproveitadas para o paciente revel, assegurando, ainda, 
que o ato seria efetivado na presença de defensor dativo, fundamentação que se 
mostra idônea a justificar a antecipação da medida. 
5. O temor na demora da produção de prova se justifica, ainda, pelo fato do 
suposto delito narrado na denúncia ter ocorrido em 2008, isto é, aproximadamente 
2 (dois) anos antes de proferida a decisão que deferiu a produção antecipada de 
provas, correndo-se enorme risco de que detalhes relevantes do caso se perdessem 
na memória das testemunhas, circunstâncias que evidenciam a necessidade da 
medida antecipatória. 
6. Ordem denegada. 
 
Para o STJ, a prova testemunhal, por si só, não tem natureza urgente e deve 
ser interpretada à luz do art. 225 do CPP. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Art. 225, CPP. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por 
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal 
já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, 
tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
Súmula 455, STJ. A decisão que determina a produção antecipada de provas com 
base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando 
unicamente o mero decurso do tempo. 
 
 DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA: não se trata de medida automática; 
sua decretação depende da presença dos pressupostos dos art. 312 e 313 do 
CPP. 
 
19.3. Aplicação do art. 366 do CPP na lei de lavagem 
Na lei de lavagem, é preciso estar atenta quanto à aplicação do art. 366 do 
CPP: 
Art. 2º, § 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto 
no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir 
advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a 
nomeação de defensor dativo. 
 
 Se o acusado, citado por edital, não apresentar resposta à acusação (primeiro 
ato processual), o feito deve prosseguir com a nomeação de defensor dativo. 
 Alguns autores entendem que esta vedação à aplicação do art. 366 do CPP ao 
crime de lavagem é inconstitucional. Contudo, no caso de prova escrita, deve-se 
assinalar a constitucionalidade, em acordo com o texto legal. 
 
20. Liberdade provisória nos crimes de lavagem 
Antes da lei 12683/12, havia vedação expressa à concessão de liberdade 
provisória: 
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade 
provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
 
À época, muitos doutrinadores já entendiam pela inconstitucionalidade da 
vedação. A Lei 12683/12, em conformidade com o entendimento doutrinário, 
revogou este dispositivo, razão pela qual se admite a concessão de liberdade 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
provisória, com ou sem fiança, cumulada ou não com as medidas cautelares 
diversas da prisão, para os acusados da prática de lavagem de capitais. 
Merece destaque a medida cautelar prevista no VI do art. 319 do CPP: 
Art. 319, VI, CPP - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de 
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para 
a prática de infrações penais. 
 
21. Recurso em liberdade 
O art. 594 do CPP, que estabelecia o recolhimento à prisão como pressuposto 
de admissibilidade recursal caso o acusado não fosse primário ou não tivesse bons 
antecedentes, foi revogado recentemente pela Lei 11719/2008. 
Art. 594, CPP - O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar 
fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na 
sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. 
 
 O dispositivo vigorou por muitos anos. O STJ chegou a editar uma súmula 
conferindo validada a ele: 
Súmula 9, STJ. A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a 
garantia constitucional da presunção de inocência. 
 
A partir do julgamento do HC 88420 pelo STF, reconheceu-se que o duplo 
grau de jurisdição consta expressamente da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos e, por isso, não pode ser tolhido em face do não recolhimento do acusado 
à prisão. 
HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DE 
APELAÇÃO. PROCESSAMENTO. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE 
RECOLHIMENTO DO RÉU À PRISÃO. DECRETO DE CUSTÓDIA CAUTELAR NÃO 
PREJUDICADO. PRISÃO PREVENTIVA SUBSISTENTE ENQUANTO PERDURAREM OS 
MOTIVOS QUE A MOTIVARAM. ORDEM CONCEDIDA 
I - Independe do recolhimento à prisão o regular processamento de 
recurso de apelação do condenado. 
II - O decreto de prisão preventiva, porém, pode subsistir enquanto perdurarem os 
motivos que justificaram a sua decretação. 
III - A garantia do devido processo legal engloba o direito ao duplo grau de 
jurisdição, sobrepondo-se à exigência prevista no art. 594 do CPP. IV - O acesso à 
instância recursal superior consubstancia direito que se encontra incorporado ao 
sistema pátrio de direitos e garantias fundamentais. 
V - Ainda que não se empreste dignidade constitucional ao duplo grau de jurisdição,trata-se de garantia prevista na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, 
cuja ratificação pelo Brasil deu-se em 1992, data posterior à promulgação Código 
de Processo Penal. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
VI - A incorporação posterior ao ordenamento brasileiro de regra prevista em 
tratado internacional tem o condão de modificar a legislação ordinária que lhe é 
anterior. 
VII - Ordem concedida. 
 
 Esse julgado acabou por mudar a orientação dos demais Tribunais, tanto que 
o STJ, embora não tenha cancelado a Súmula 9, editou a Súmula 347, contrária à 
anterior: 
Súmula 347, STF - O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de 
sua prisão. 
 
 Conforme já mencionado, a Lei 11719/2008 revogou o art. 594 do CPP, 
estando o novo regramento disposto no art. 387, parágrafo único do mesmo 
diploma: 
Art. 387, CPP. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se 
for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem 
prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. 
 
 O art. 3º, que previa que o juiz poderia impor o recolhimento à prisão como 
condição para o recurso, foi revogado pela Lei 12683/12. 
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade 
provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
 
 Conclusão: a regra que proíbe a condição de recolhimento à prisão para 
apelar deve ser aplicada a todo o ordenamento, ainda que a legislação especial 
preveja de forma diferente. 
 
22. Alienação antecipada 
Consiste na venda antecipada de bens móveis considerados instrumentos da 
infração penal ou daqueles que constituam proveito auferido pelo agente com a 
prática da infração penal, ou até mesmo de bens móveis de origem lícita, que 
tenham sido apreendidos, seqüestrados ou arrestados, desde que tais bens estejam 
sujeitos a qualquer grau de depreciação ou quando houver dificuldade para sua 
manutenção. 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
Na redação original da Lei 9613/98, não havia previsão legal para a alienação 
antecipada de bens. Com a alteração pela Lei 12683/12, inseriu-se tal previsão: 
Art. 4º, O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante 
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e 
quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar 
medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou 
existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou 
proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. 
§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos 
bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou 
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. 
Art. 4o-A. A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob 
constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público 
ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autônoma, que será 
autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação ao 
processo principal. 
§ 1o O requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais 
bens, com a descrição e a especificação de cada um deles, e informações sobre 
quem os detém e local onde se encontram. 
§ 2o O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apartados, e intimará o 
Ministério Público. 
§ 3o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, 
o juiz, por sentença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará sejam 
alienados em leilão ou pregão, preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 
75% (setenta e cinco por cento) da avaliação. 
§ 4o Realizado o leilão, a quantia apurada será depositada em conta judicial 
remunerada, adotando-se a seguinte disciplina: 
I - nos processos de competência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito 
Federal: 
a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica Federal ou em instituição 
financeira pública, mediante documento adequado para essa finalidade; 
b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal ou por outra 
instituição financeira pública para a Conta Única do Tesouro Nacional, 
independentemente de qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas; e 
c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal ou por instituição financeira 
pública serão debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de 
restituição; 
II - nos processos de competência da Justiça dos Estados: 
a) os depósitos serão efetuados em instituição financeira designada em lei, 
preferencialmente pública, de cada Estado ou, na sua ausência, em instituição 
financeira pública da União; 
b) os depósitos serão repassados para a conta única de cada Estado, na forma da 
respectiva legislação. 
§ 5o Mediante ordem da autoridade judicial, o valor do depósito, após o trânsito 
em julgado da sentença proferida na ação penal, será: 
I - em caso de sentença condenatória, nos processos de competência da Justiça 
Federal e da Justiça do Distrito Federal, incorporado definitivamente ao patrimônio 
Lei 9613/98 – Lavagem de Capitais 
 
da União, e, nos processos de competência da Justiça Estadual, incorporado ao 
patrimônio do Estado respectivo; 
II - em caso de sentença absolutória extintiva de punibilidade, colocado à 
disposição do réu pela instituição financeira, acrescido da remuneração da conta 
judicial. 
§ 6o A instituição financeira depositária manterá controle dos valores depositados 
ou devolvidos. 
§ 7o Serão deduzidos da quantia apurada no leilão todos os tributos e multas 
incidentes sobre o bem alienado, sem prejuízo de iniciativas que, no âmbito da 
competência de cada ente da Federação, venham a desonerar bens sob constrição 
judicial daqueles ônus. 
§ 8o Feito o depósito a que se refere o § 4o deste artigo, os autos da alienação 
serão apensados aos do processo principal. 
§ 9o Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos contra as decisões 
proferidas no curso do procedimento previsto neste artigo. 
§ 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz 
decretará, em favor, conforme o caso, da União ou do Estado: 
I - a perda dos valores depositados na conta remunerada e da fiança; 
II - a perda dos bens não alienados antecipadamente e daqueles aos quais não foi 
dada destinação prévia; e 
III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) dias após o 
trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou 
terceiro de boa-fé. 
§ 11. Os bens a que se referem os incisos II e III do § 10 deste artigo serão 
adjudicados ou levados a leilão, depositando-se o saldo na conta única do 
respectivo ente. 
§ 12. O juiz determinará ao registro público competente que emita documento de 
habilitação à circulação e utilização dos bens colocados sob o uso e custódia das 
entidades a que se refere o caput deste artigo. 
§ 13. Os recursos decorrentes da alienação antecipada de bens, direitos e valores 
oriundos do crime de tráfico ilícito de drogas e que tenham sido objeto de 
dissimulação e ocultação nos termos desta Lei permanecem submetidos à disciplina 
definida em lei específica. 
 
 Vale lembrar que, modernamente, entende-se que a eficácia do processo 
legal está atrelada não só à punição do agente, mas sim a recuperação de bens de 
vítimas. 
No que tangencia ao tema Lavagem de Dinheiro, responda 
fundamentadamente se há no

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