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WEB AULAS PROCESSO PENAL I

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WEB AULAS PROCESSO PENAL I 
WEB AULA 1 
Zé Pequeno, 19 anos de idade, morador de um pequeno vilarejo no interior do 
país, foi denunciado pela prática da conduta descrita no art. 217-A do CP por 
manter relações sexuais com sua namorada Josefa, menina com 13 anos de 
idade. A denúncia foi baseada nos relatos prestados pela mãe da vítima, que, 
revoltada quando descobriu a situação, noticiou o fato à delegacia de polícia 
local. Zé Pequeno foi processado e condenado sem que tivesse constituído 
advogado. Á luz do sistema acusatório diga quais são os direitos de Zé 
Pequeno durante o processo penal, mencionando ainda as características do 
nosso sistema processual. 
RESPOSTA SUGERIDA: O sistema processual é o acusatório, onde o acusado não é mais objeto 
do processo e sim sujeito de direitos. No atual sistema, o atos são públicos e o processo é 
regido, dentre outros, pelos princípios do contraditório e ampla defesa, de maneira que o 
acusado jamais poderá ser processado sem advogado, pois tem direito à defesa técnica. O 
acusado tem o direito de ser interrogado para que possa exercer a sua autodefesa. 
 2. (OAB/EXAME UNIFICADO 2010.1) Carlos, empresário reconhecidamente 
bem-sucedido, foi denunciado por crime contra a ordem tributária. No curso da 
ação penal, seu advogado constituído renunciou ao mandato procuratório. 
Devidamente intimado para constituir novo advogado, Carlos não o fez, tendo o 
juiz nomeado defensor dativo para patrocinar sua defesa. 
Nessa hipótese, de acordo com o que dispõe o CPP, Carlos: 
a) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, 
arbitrados pelo juiz. 
b) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, 
arbitrados pelo próprio defensor. 
c) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, 
os quais deverão ser postulados em ação própria no juízo cível da comarca 
onde tenha tramitado a ação penal. 
d) Estará desobrigado do pagamento dos honorários advocatícios, visto que é 
incabível o arbitramento de honorários ao defensor dativo, ainda que o réu não 
seja pobre. 
RESPOSTA: LETRA A - ART. 263, § ÚNICO. 
 3. Com referência às características do sistema acusatório, assinale a opção 
correta. 
a) O sistema de provas adotado é o do livre convencimento. 
b) As funções de acusar, defender e julgar concentram-se nas mãos de uma 
única pessoa. 
c) O processo é regido pelo sigilo. 
d) Não há contraditório nem ampla defesa. 
RESPOSTA: LETRA A. 
WEB AULA 2 
 Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências 
agrupadas em região de veraneio, a polícia detém um suspeito, que 
perambulava pelas redondezas. Após alguns solavancos e tortura físico-
psicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por admitir a autoria de 
alguns dos crimes, inclusive de um roubo praticado mediante sevícia 
consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da pessoa moradora. 
Além de admitir a autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado 
“Chumbinho”, que foi logo localizado e indiciado no inquérito policial instaurado. 
A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu os meliantes, notadamente 
“Chumbinho” como aquele que mais a agrediu, apesar de ter ele mudado o 
corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o 
advogado dos imputados impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar 
a persecução criminal, ao argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione 
a questão, fundamentadamente, com referência necessária aos princípios 
constitucionais pertinentes. 
RESPOSTA SUGERIDA: A questão é controvertida na doutrina pátria. Alguns bons 
processualistas defendem a aplicação do principio da proporcionalidade do bem jurídico em 
confronto: a segurança pública e a paz social de um lado e do outro lado o ius libertatis da 
pessoa do infrator. Para os adeptos dessa corrente, aproveita-se a prova derivada de um outra 
contaminada de ilicitude na origem. Uma segunda corrente defende a admissibilidade da 
prova subsequente, se independente daquela de origem ilícita. Seria a hipótese do caso 
concreto, em que a vítima do roubo fez reconhecimento pessoal dos meliantes na delegacia. 
Um terceiro posicionamento vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal Federal, inadmitindo, 
de forma absoluta, a prova ilícita quer originária quer por derivação. 
 
2. Esse princípio refere-se aos fatos, já que implica ser ônus da acusação 
demonstrar a ocorrência do delito e demonstrar que o acusado é, efetivamente, 
autor do fato delituoso. Portanto, não é princípio absoluto. Também decorre 
desse princípio a excepcionalidade de qualquer modalidade de prisão 
processual. (...) Assim, a decretação da prisão sem a prova cabal da culpa 
somente será exigível quando estiverem presentes elementos que justifiquem a 
necessidade da prisão. Edilson Mougenot Bonfim. Curso de Processo Penal. O 
princípio específico de que trata o texto é o da(o): 
a) Livre convencimento motivado. 
b) Inocência. 
c) Contraditório e ampla defesa. 
d) Devido processo legal. 
RESPOSTA: B. 
3. Relativamente ao princípio de vedação de autoincriminação, analise as 
afirmativas a seguir: 
I – O direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, 
testemunha, etc.), diante de qualquer indagação por autoridade pública de cuja 
resposta possa advir imputação da prática de crime ao declarante. 
II – O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser 
instado pela autoridade a fornecer padrões vocais para realização de perícia 
sob pena de responder por crime de desobediência. 
III – O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, 
sendo certo que o silêncio não importará em confissão, mas poderá ser 
valorado pelo juiz de forma desfavorável ao réu. 
IV – O Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que não é 
lícito ao juiz aumentar a pena do condenado utilizado como justificativa o fato 
do réu ter mentido em juízo. 
Assinale: 
a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
b) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
c) Se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. 
d) Se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. 
e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. 
RESPOSTA: C. 
WEB AULA 3 
 Um transeunte anônimo liga para a circunscricional local e diz ter ocorrido um 
crime de homicídio e que o autor do crime é Paraibinha, conhecido no local. A 
simples delatio deu ensejo à instauração de inquérito policial. Pergunta-se: é 
possível instaurar inquérito policial, seguindo denúncia anônima? Responda, 
orientando-se na doutrina e jurisprudência. 
RESPOSTA SUGERIDA: A simples delatio criminis não autoriza a instauração de inquérito 
policial, devendo a autoridade policial, primeiro, confirmar a informação para instaurar o 
procedimento investigatório. Temerária seria a persecução iniciada por delação, posto que 
ensejaria a prática de vingança contra desafetos. O art. 5º, inciso IV, da CRFB veda o 
anonimato. 
HC 105484 / MT - MATO GROSSO 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA 
Julgamento: 12/03/2013 Órgão Julgador: Segunda Turma 
Publicação PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-069 DIVULG 15-04-2013 PUBLIC 16-04-2013 
Parte(s) 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
PACTE.(S): E S 
IMPTE.(S): VALBER DA SILVA MELO 
COATOR(A/S)(ES): RELATORA DOS INQUÉRITOS N° 558 E 669 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. ALEGAÇÃO 
DE NULIDADE DECORRENTE 
DA EVENTUAL INCOMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DESEMBARGADORAPOSENTADO. PRERROGATIVA 
DE FORO DOS CORRÉUS. CONEXÃO. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
HABEAS CORPUS. LIMITES. 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO PRESERVADA. REINTEGRAÇÃO DO PACIENTE AOS QUADROS DO 
PODER JUDICIÁRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 
1 .Não se comprova a presença de constrangimento ilegal a ferir direito 
do Paciente nem ilegalidade ou abuso de poder a ensejar a concessão da 
presente ordem de habeas corpus. 
2. É firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que 
“nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada 'denúncia 
anônima', desde que esta seja seguida de diligências realizadas para 
averiguar os fatos nela noticiados”. Precedentes. 
3. Pelo que se tem nos autos, no início das investigações não se 
apuravam irregularidades cometidas por autoridades judiciárias, mas 
sim por terceiros que, supostamente, estariam se aproveitando de sua 
posição próxima àquelas autoridades para receber vantagem em troca da 
manipulação de decisões judiciais. 
4. A ocorrência de duas ou mais infrações, supostamente praticadas por 
várias pessoas em concurso, algumas inclusive com prerrogativa de 
foro, embora diverso o tempo e o lugar, resulta tanto na conexão 
subjetiva concursal quanto na reunião dos inquéritos separadamente 
instaurados na instância competente, atendendo às exigências dos arts. 
76, inc. I, e 78, inc. III, do Código de Processo Penal 
5. A apuração unificada, especialmente quando se cogita da existência 
de uma quadrilha envolvendo juízes e desembargadores, justifica a 
tramitação do inquérito policial sob a competência do Superior 
Tribunal de Justiça, na forma estabelecida nos arts. 84 e seguintes do 
Código de Processo Penal, no art. 105, inc. I, alínea “a”, da 
Constituição da República, e na Súmula 704 deste Supremo Tribunal. 
6. O habeas corpus destina-se exclusivamente à proteção da liberdade 
de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de 
poder. 
Precedente. 
7. O pedido de reintegração de Magistrado afastado por decisão do 
Superior Tribunal de Justiça envolve direito estranho à liberdade de 
ir e vir, não podendo ser abrigado em habeas corpus. Precedente. 8. 
Ordem denegada. 
2. Tendo em vista o enunciado da súmula vinculante n. 14 do Supremo 
Tribunal Federal, quanto ao sigilo do inquérito policial, é correto afirmar que a 
autoridade policial poderá negar ao advogado: 
 
A) A vista dos autos, sempre que entender pertinente. 
 
B) A vista dos autos, somente quando o suspeito tiver sido indiciado 
formalmente. 
 
C) Do indiciado que esteja atuando com procuração o acesso aos depoimentos 
prestados pelas vítimas, se entender pertinente. 
 
D) O acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido 
documentados no procedimento investigatório. 
 
RESPOSTA: D. 
 
 
3. Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de 
tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de 
Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da 
América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o 
tribunal americano realiza o interrogatório do réu e devolve o procedimento à 
Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário, 
ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja 
declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias 
processuais brasileiras para o réu. 
 
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a 
alegação do advogado está correta? 
 
a) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que 
as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território 
nacional. 
 
b) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as 
normas processuais brasileiras só se aplicam no território nacional. 
 
c) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as 
normas processuais brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território. 
 
d) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que 
as normas processuais brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional. 
 
RESPOSTA: B. 
 
 
WEB AULA 4 
 
Joaquim e Severino, por volta de 13h de determinado dia de semana, 
ingressam em um ônibus e assaltam os passageiros, para logo adiante descer 
em fuga. Podem ser presos em flagrante 1 hora depois, 10 horas depois, 30 
horas depois? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: A resposta é afirmativa, desde que haja imediata 
perseguição aos agentes logo após o crime. Não importa o tempo que 
demore a perseguição, se for contínua e ininterrupta, autorizará a 
prisão em flagrante em qualquer tempo. A perseguição deve ser 
entendida nos precisos termos do que preceitua o art. 290, § 1º, a e b 
do CPP. 
 
Ver RANGEL, PAULO. Direito Processual Penal. 21ª Ed. 2013. Atlas. Pág. 
767-769. O STJ adota o critério da razoabilidade para saber o que deve 
se entender pela expressão “logo após”. Veja HC 1014; HC 7622; HC 
27839. 
 
 
2. Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. 
 
a) É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser 
observadas as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
 
b) A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua 
elementos suficientes para a propositura da ação penal. 
 
c) Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e 
disponível. 
 
d) A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, 
no curso da investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais. 
 
RESPOSTA: B. 
 
 
3. Leia o registro que se segue: Mévio, motorista de táxi, dirigia seu auto por 
via estreita, que impedia ultrapassagem de autos. Túlio, septuagenário, seguia 
com seu veículo à frente do de Mévio, em baixíssima velocidade, causando 
enorme congestionamento na via. Quando Túlio parou em semáforo, Mévio 
desceu de seu táxi e passou a desferir chutes e socos contra a lataria do auto 
de Túlio, danificando-a. Policiais se acercaram do local e detiveram Mévio, que 
foi conduzido à Delegacia de Polícia. Lá, o Delegado entendeu que o crime era 
de dano, com pena de detenção de 01 a 06 meses ou multa. Iniciou a lavratura 
do Termo Circunstanciado, previsto na Lei n.º 9.099/95. Ao finalizá-lo, entregou 
a Mévio para que assinasse o Termo de Comparecimento ao Juizado Especial 
Criminal, o que foi por ele recusado. Indique o procedimento a ser adotado. 
 
a) Registro apenas em Boletim de Ocorrência para futuras providências. 
 
b) Considerando que ocorrera prisão em flagrante, ante a não assinatura do 
Termo de Comparecimento ao JECRIM, deve o Delegado de Polícia lavrar auto 
de prisão em flagrante, fixando fiança. 
 
c) Deve o Delegado lavrar o auto de prisão em flagrante e permitir que Mévio 
se livre solto. 
 
d) O Termo Circunstanciado deve ser remetido ao Juízo, mesmo que Mévio 
não tenha assinado o Termo de Comparecimento, para que o Magistrado, 
ouvido o Ministério Público, tome as providências que julgar cabíveis, 
podendo até decretar eventual prisão temporária. 
 
RESPOSTA: B. 
 
 
WEB AULA 5 
 
João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído 
o IP e remetidos ao MP, este vem oferecer denúncia em face de João, 
silenciando quanto a José, que é recebida pelo juiz na forma em que foi 
proposta. Pergunta-se: Trata-se a hipótese de arquivamento implícito? Aplica-
se a Súmula 524 do STF? 
 
RESPOSTASUGERIDA: 
 
1ªC – Aplica-se o verbete 524 do STF, é hipótese de arquivamento 
implícito subjetivo. (Afrânio Silva Jardim, Paulo Rangel) logo, p/ 
aditar precisa de novas provas. No momento em que a denúncia foi 
oferecida em face apenas de João e o juiz não exerceu a fiscalização 
do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, nos termos do 
art. 28 do CPP, deu-se o arquivamento implícito do IP, logo para que 
haja o aditamento somente com o surgimento de novas provas. 
 
2ªC – Não existe arquivamento implícito no ordenamento jurídico 
brasileiro. Para que haja arquivamento é necessário requerimento 
expresso do MP fundamentando o seu pedido no art. 395 do CPP, e a 
manifestação do juiz acerca desse pedido, aplicando o art 28 do CPP. O 
art. 28 CPP diz que “o juiz no caso de considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa dos autos ao Procurador Geral”, então 
p/ haver arquivamento é preciso que o MP invoque razões, o que não 
ocorreu no caso em questão. Sendo assim, aquele corréu não denunciado 
não haverá arquivamento implícito, não cabendo invocar o verbete 524 
do STF. O MP poderá aditar a denúncia a qualquer momento. (Polastri, 
Mirabete). 
 
 
RHC 113273 / SP - SÃO PAULO 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 
 
Relator(a): Min. LUIZ FUX 
 
Julgamento: 25/06/2013 Órgão Julgador: Primeira Turma 
 
Publicação 
 
PROCESSO ELETRÔNICO 
 
DJe-158 DIVULG 13-08-2013 PUBLIC 14-08-2013 
 
Parte(s) 
 
RECTE.(S) : MARIO THIMOTEO 
 
RECTE.(S) : RODNEY ROLDAN 
 
RECTE.(S) : CÁSSIO ROBERTO SANTANA 
 
ADV.(A/S) : MARCOS RIBEIRO DE FREITAS 
 
RECDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
 
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA 
 
Ementa: PROCESSO PENAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO E EXTORSÃO. NULIDADES. ADITAMENTO DA DENÚNCIA. 
INCLUSÃO DE RÉU ANTES DA SENTENÇA FINAL. POSSIBILIDADE. 
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL AUTORIZATIVA DO COGNOMINADO “ARQUIVAMENTO 
IMPLÍCITO”. OFENSA À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO PELO ACUSADO. NÃO 
OCORRÊNCIA. RÉU DEVIDAMENTE CITADO. OPORTUNIZADA A PRODUÇÃO DE PROVAS. 
RECONHECIMENTO PESSOAL DO PACIENTE. RECONHECIMENTO DE OBJETO. VIOLAÇÃO 
DOS ART. 226 E 227 DO CPP NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE 
AUTORIA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE EM SEDE 
DE HABEAS CORPUS. RECURSO ORDINÁRIO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA 
PARTE, DESPROVIDO. 
1. O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento 
jurídico brasileiro, e modo que nada obsta que o Parquet proceda ao 
aditamento da exordial acusatória, no momento em que se verificar a 
presença de indícios suficientes de autoria de outro corréu. ( 
Precedentes: AI nº 803138 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda 
Turma, Dje 15.10.2012; HC nº 104356/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
Primeira Turma, Dje 02.12.2010; RHC nº 95141/RJ, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Primeira Turma, Dje 23.10.2009). 2. O aditamento da 
denúncia pode ser feito, a qualquer tempo, com vistas a sanar 
omissões, desde que ocorra (i) em momento anterior à prolação da 
sentença final e (ii) seja oportunizado ao réu o exercício do devido 
processo legal, da ampla defesa e do contraditório, ex vi do art. 5º, 
LIV e LV. 3. In casu, o aresto assentou: "(…) verifica-se que embora 
existissem informações suficientes para se atribuir a Rodney Roldan o 
crime de extorsão a denúncia foi omissa. Todavia, não houve 
requerimento de arquivamento a esse respeito. Tal irregularidade, não 
verificada judicialmente, resultou no recebimento da denúncia sem que 
os autos retornassem ao Ministério Público, para o necessário 
aditamento. Entretanto, depois, verificadas também na instrução 
criminal, indicações do recorrente em tal delito, foi providenciado o 
aditamento à denúncia." (fl. 90) 4. A análise da suposta nulidade do 
auto de reconhecimento de objeto e da inexistência de indícios de 
autoria reclama a incursão no arcabouço fático-probatório acostado aos 
autos, o que não se afigura possível na estreita via do habeas corpus. 
5. Recurso desprovido. Jurisprudência: STJ – “O silêncio do MP em 
relação a acusados cujos nomes só aparecem depois em aditamento à 
denúncia, não implica arquivamento quanto a eles. Só se considera 
arquivado o processo com o despacho da autoridade judiciária. (RT 
691/360). STF, HC 92663/GO TJ/RJ, 3ª Cam Crim. – Arquivamento 
implícito. Inexiste no Direito Brasileiro.“O arquivamento deve ser 
requerido ao juiz, para que haja controle da utilização dos princípios 
da obrigatoriedade, oportunidade e utilidade da propositura da ação 
penal; sem requerimento expresso e fundamentado pelo Promotor e 
decisão a respeito, não há arquivamento no Direito brasileiro.” 
 
 
 
2. Na cidade “A”, o Delegado de Polícia instaurou inquérito policial para 
averiguar a possível ocorrência do delito de estelionato praticado por Márcio, 
tudo conforme minuciosamente narrado na requisição do Ministério Público 
Estadual. Ao final da apuração, o Delegado de Polícia enviou o inquérito 
devidamente relatado ao Promotor de Justiça. No entendimento do parquet, a 
conduta praticada por Márcio, embora típica, estaria prescrita. Nessa situação, 
o Promotor deverá: 
 
a) Arquivar os autos. 
 
b) Oferecer denúncia. 
 
c) Determinar a baixa dos autos. 
 
d) Requerer o arquivamento. 
 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
 
 
3. A autoridade policial, ao chegar no local de trabalho como de costume, lê o 
noticiário dos principais jornais em circulação naquela circunscrição. Dessa 
forma, tomou conhecimento, através de uma das reportagens, que o indivíduo 
conhecido como “José da Carroça”, mais tarde identificado como José de 
Oliveira, teria praticado um delito de latrocínio. Diante da notícia da ocorrência 
de tão grave crime, instaurou o regular inquérito policial, passando a investigar 
o fato. Após reunir inúmeras provas, concluiu que não houve crime. Nesse 
caso, deverá a autoridade policial: 
 
a) Determinar o arquivamento dos autos por falta de justa causa para a 
propositura da ação. 
 
b) Encaminhar os autos ao ministério público para que este determine o seu 
arquivamento. 
 
c) Relatar o inquérito policial, sugerindo ao ministério público seu 
arquivamento, o que será apreciado pelo juiz. 
 
d) Relatar o fato a chefe de polícia, solicitando autorização para arquivar os 
autos por ausência de justa causa para a ação penal. 
 
e) Relatar o inquérito policial, requerendo o seu arquivamento e encaminhando-
o ao juízo competente. 
 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
 
WEB AULA 6 
 
 
João, operário da construção civil, agride sua mulher, Maria, causando-lhe 
lesão grave. Instaurado inquérito policial, este é concluído após 30 dias, 
contendo a prova da materialidade e da autoria, e remetido ao Ministério 
Público. Maria, então, procura o Promotor de Justiça e pede a este que não 
denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a lesão já desapareceu e, 
principalmente, a condenação de João (que é reincidente) faria com que este 
perdesse o emprego, o que deixaria a própria vítima e seus oito filhos menores 
em situação dificílima, sem ter como prover sua subsistência. Diante de tais 
razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: A pretensão de Maria não pode ser acolhida, em 
razão do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, que, no 
caso, é incondicionada. 
 
 
2. Paulo Ricardo, funcionário público federal, foi ofendido, em razão do 
exercício de suas funções, por AnaMaria. Em face dessa situação hipotética, 
assinale a opção correta no que concerne à legitimidade para a propositura da 
respectiva ação penal. 
 
a) Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa, e do 
MP, condicionada à representação do ofendido. 
 
b) Somente o MP terá legitimidade para a propositura da ação penal, mas, para 
tanto, será necessária a representação do ofendido ou a requisição do chefe 
imediato de Paulo Ricardo. 
 
c) A ação penal será pública incondicionada, considerando-se que a ofensa foi 
praticada propter officium e que há manifesto interesse público na persecução 
criminal. 
 
d) A ação penal será privada, do tipo personalíssima. 
 
RESPOSTA: LETRA A – VERBETE DA SÚMULA DO STF 714. 
 
 
 
3. Maria, que tem 18 anos de idade, é universitária e reside com os pais, que a 
sustentam financeiramente, foi vítima de crime que é processado mediante 
ação penal pública condicionada à representação. Considerando essa situação 
hipotética, assinale a opção correta. 
 
a) Caso Maria venha a falecer, prescreverá o direito de representação se seus 
pais não requererem a nomeação de curador especial pelo juiz, no prazo legal. 
 
b) O representante legal de Maria também poderá mover a ação penal, visto 
que o direito de ação é concorrente em face da dependência financeira e inicia-
se a partir da data em que o crime tenha sido consumado. 
 
c) Caso Maria deixe de exercer o direito de representação, a condição de 
procedibilidade da ação penal poderá ser satisfeita por meio de requisição do 
ministro da justiça. 
 
d) Caso Maria exerça seu direito à representação e o membro do MP não 
promova a ação penal no prazo legal, Maria poderá mover ação penal privada 
subsidiária da pública. 
 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
WEB AULA 7 
 
 
Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do 
exposto, pergunta-se: 
 
a) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da 
queixa? 
 
b) Caso Paula fosse casada, estaria dispensada a representação por parte do 
cônjuge ou do seu ascendente? Em caso positivo por quê? Em caso negativo 
quem seria seu representante legal? 
 
c) Se na data da ocorrência do fato Paula possuísse 18 anos a legitimidade 
para a propositura da ação seria concorrente ou exclusiva? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: 
 
a) Paula tem capacidade de ser parte (legitimatio ad causam) uma vez 
que foi vítima do crime, entretanto não possui capacidade para estar 
em juízo praticando atos processuais válidos ( legitimatio ad 
processum). Assim sua incapacidade terá que ser suprida através da 
representação. 
 
b) Para alguns, Paula, sendo emancipada, não teria mais representante 
legal, podendo, assim, propor a queixa. 
Segundo a melhor doutrina, ainda que emancipada Paula é inimputável, 
já que a emancipação só gera efeitos civis, e caso fizesse falsas 
afirmações não estaria sujeita as sanções pela prática do injusto 
penal de Denunciação Caluniosa. Assim necessária a intervenção do 
representante legal e não possuindo Paula representante legal, seria 
viável a nomeação de curador especial ( artigo 33 do CPP). 
 
c) De acordo com o disposto no art. 5º do Código Civil a menoridade 
cessa a partir dos 18 completos. Assim não faz sentido que no processo 
penal permaneça a legitimação concorrente para os maiores de 18 e 
menores de 21 anos , pois os maiores de 18 anos são pessoas 
habilitadas para todos os atos da vida civil. Segundo a melhor 
doutrina o artigo 34 do CPP, assim como outros dispositivos do Código 
de Processo Penal, perdeu o objeto e foram revogados. 
 
 
 
2. Acerca da ação civil ex delicto, assinale a opção correta. 
 
a) A execução da sentença penal condenatória no juízo cível é ato 
personalíssimo do ofendido e não se estende aos seus herdeiros. 
 
b) Ao proferir sentença penal condenatória, o juiz fixará valor mínimo para a 
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano 
efetivamente sofrido. 
 
c) Segundo o CPP, a sentença absolutória no juízo criminal impede a 
propositura da ação civil para reparação de eventuais danos resultantes do 
fato, uma vez que seria contraditório absolver o agente na esfera criminal e 
processá-lo no âmbito cível. 
 
d) O despacho de arquivamento do inquérito policial e a decisão que julga 
extinta a punibilidade são causas impeditivas da propositura da ação civil. 
 
RESPOSTA: LETRA B. 
 
 
3. Relativamente às regras sobre ação civil fixadas no Código de Processo 
Penal, assinale a alternativa correta: 
 
a) São fatos que impedem a propositura da ação civil: o despacho de 
arquivamento do inquérito ou das peças de informação, a decisão que julgar 
extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato imputado 
não constitui crime. 
 
b) Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil não poderá 
ser proposta em nenhuma hipótese. 
 
c) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, a execução só poderá 
ser efetuada pelo valor fixado na mesma, não se admitindo, neste caso, a 
liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
d) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderão promover-lhe 
a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
 
WEB AULA 8 
 
 
Determinado prefeito municipal, durante o mandato, desvia verbas públicas 
repassadas ao Município através de convênio com o Ministério da Educação, 
sujeitas a prestação de contas, visando ao treinamento e qualificação de 
professores. Referida fraude somente é descoberta após a cessação do 
mandato, instaurando-se inquérito policial na DP local. Concluído o Inquérito, 
no qual restaram recolhidos elementos de prova suficientes para a denúncia, o 
Promotor de Justiça oferece denúncia contra o ex-prefeito. Diante do exposto, 
diga qual o juízo competente para julgar o ex-prefeito. 
 
RESPOSTA SUGERIDA: “Compete à Justiça Federal processar e julgar 
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas 
perante órgão federal”. Súmula 208, STJ.A teor do art. 109, inciso IV, 
da CRFB, a competência é da Justiça Federal, por tratar-se de recursos 
provenientes da União e que ficam sob o controle do Tribunal de Contas 
da União. A denúncia não deve ser recebida, devendo o procedimento ser 
enviado à Justiça Federal. A competência será da Justiça Federal de 1º 
Grau. 
 
 
2. Compete à justiça federal processar e julgar 
 
a) Furto de bem de sociedade de economia mista. 
 
b) Crime de deserção praticado por bombeiro militar. 
 
c) Crime contra a organização do trabalho. 
 
d) Crime de transporte de eleitores no dia da votação. 
 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
 
3. Paulo reside na cidade “Y” e lá resolveu falsificar seu passaporte. Após a 
falsificação, pegou sua moto e viajou até a cidade “Z”, com o intuito de chegar 
ao Paraguai. Passou pela cidade “W” e pela cidade “K”, onde foi parado pela 
Polícia Militar. Paulo se identificou ao policial usando o documento falsificado e 
este, percebendo a fraude, encaminhou Paulo à delegacia. O Parquet 
denunciou Paulo pela prática do crime de uso de documento falso. 
 
Assinale a afirmativa que indica o órgão competente para julgamento. 
 
a) Justiça Estadual da cidade “Y”. 
 
b) Justiça Federal da cidade “K”. 
 
c) Justiça Federal da cidade “Y”. 
 
d) Justiça Estadualda cidade “K”. 
 
RESPOSTA: LETRA B- VERBETE DA SÚMULA DO STJ 200. 
 
 
WEB AULA 9 
 
 
Aristodemo, juiz de direito, em comunhão de desígnios com seu secretário, no 
dia 20/05/2008, no município de Campinas/SP, pratica o delito descrito no art. 
312 do CP, tendo restado consumado o delito. Diante do caso concreto, 
indaga-se: 
 
a) Qual o Juízo com competência para julgar o fato? 
 
b) Caso fosse crime doloso contra a vida, como ficaria a competência para o 
julgamento? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: 
 
a) Considerando que Aristodemo em concurso com seu secretário 
cometeram o crime de peculato, e que Aristodemo tem foro por 
prerrogativa de função, art. 96, III da CRFB, o magistrado e seu 
secretário serão julgados pelo Tribunal de Justiça, pois a jurisdição 
mais graduada do Tribunal predomina sobre a jurisdição menos graduada 
do 1º grau, fazendo com que também o funcionário seja julgado pelo 
Colegiado, art. 78, III do CPP. 
Nesse sentido, aliás, reza a súmula 704 do STF: “ Não viola as 
garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal 
a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro 
por prerrogativa de função de um dos denunciados.” 
 
b) A questão suscita divergências. Existem duas orientações acerca do 
tema. A primeira tese está no sentido de que o Juiz será julgado pelo 
Tribunal de Justiça nos moldes do art.96, III da CRFB/88, submetendo-
se, contudo, o coautor a Júri Popular, art.5,XXXVIII da CRFB/88. É que 
ambas as competências tem assento na Constituição, devendo os 
processos serem separados, não podendo a lei ordinária, alterar regra 
constitucional. 
Convém salientar, todavia, segundo posicionamento no sentido da 
ocorrência da continência (77, I do CPP) a ensejar unidade de processo 
e julgamento prevalecendo a competência do Tribunal de Justiça, por 
força do art.78,III do CPP. No entanto, pensamos ser a primeira tese 
aquela que está em consonância com o Texto Maior. 
 
 
 
2. Tendo como referência a competência ratione personae, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) Caio, vereador de um determinado município, pratica um crime comum 
previsto na parte especial do Código Penal. Será, pois, julgado no Tribunal de 
Justiça do Estado onde exerce suas funções, uma vez que goza do foro por 
prerrogativa de função. 
 
b) Tício, juiz estadual, pratica um crime eleitoral. Por ter foro por prerrogativa 
de função, será julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas 
atividades. 
 
c) Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma 
questão de competência originária decorrente da prerrogativa de função, será 
julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. 
 
d) Terêncio é prefeito e pratica um crime comum, devendo ser julgado pelo 
Tribunal de Justiça do respectivo Estado.Segundo entendimento do STF, a 
situação não se alteraria se o crime praticado por Terêncio fosse um crime 
eleitoral. 
 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
 
 
3. Acerca da competência no âmbito do direito processual penal, assinale a 
opção correta. 
 
a) Caso um policial militar cometa, em uma mesma comarca, dois delitos 
conexos, um cujo processo e julgamento seja de competência da justiça 
estadual militar e o outro, da justiça comum estadual, haverá cisão processual. 
 
b) Os desembargadores dos tribunais de justiça dos estados e dos tribunais 
regionais federais possuem prerrogativa de foro especial, devendo ser 
processados e julgados criminalmente no STF. 
 
c) A competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou 
descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do local por onde as 
mercadorias sejam indevidamente introduzidas no Brasil. 
 
d) Caso um indivíduo tenha cometido, em uma mesma comarca, dois delitos 
conexos, um cujo processo e julgamento seja da competência da justiça federal 
e o outro, da justiça comum estadual, a competência para o julgamento 
unificado dos dois crimes será determinada pelo delito considerado mais grave. 
 
RESPOSTA: LETRA A. 
 
 
WEB AULA 10 
 
 
Deoclécio, pistoleiro profissional, matou um desafeto de Pezão, a mando deste, 
abandonando o cadáver numa chácara de propriedade de Lindomar, que nada 
sabia. Temeroso de que lhe atribuíssem a autoria do homicídio, Lindomar 
sepultou clandestinamente o cadáver da vítima. Isso considerado, indaga-se: 
 
a) A hipótese é de conexão ou continência? 
 
b) Haverá reunião das ações penais em um só juízo? 
 
c) Qual será o juízo competente para julgar Cabeção, Pezão e Lindomar? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: 
a) Continência em relação a Deoclécio e Pezão pelo crime de 
homicídio, art.77,I CPP. Conexão do homicídio com ocultação de cadáver 
praticado por Lindomar, art.211CP c/c art.76,II CPP(Conexão objetiva). 
b) Sim, art.78,I CPP. 
c) Ao teor do art.78,I CPP compete ao Júri julgar todos os 
delitos. 
 
 
 
2. Márcio foi denunciado pelo crime de bigamia. O advogado de defesa 
peticionou ao juízo criminal requerendo a suspensão da ação penal, por 
entender que o primeiro casamento de Márcio padecia de nulidade, fato que 
gerou ação civil anulatória, em trâmite perante o juízo cível da mesma 
comarca. Nessa situação hipotética, 
 
a) A ação penal deverá ser suspensa até que a nulidade do primeiro 
casamento de Márcio seja resolvida definitivamente no juízo cível. 
 
b) Deverá o juízo criminal, de ofício, extinguir a punibilidade de Márcio, uma 
vez que o delito de bigamia foi revogado. 
 
c) Considerando-se a independência das instâncias, o processo criminal 
deverá ter seguimento independentemente do desfecho da ação anulatória 
civil. 
 
d) Apesar de as instâncias cível e criminal serem independentes, o juízo 
criminal poderá, por cautela, determinar a suspensão da ação penal até que se 
resolva, no juízo cível, a controvérsia relativa à nulidade do primeiro casamento 
de Márcio. 
 
RESPOSTA: A. 
 
 
3. Em relação à delimitação da competência no processo penal, às 
prerrogativas de função e ao foro especial, assinale a opção correta. 
 
a) O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso contra a vida de 
um civil deve ser processado perante a justiça militar. 
 
b) Membro do Ministério Público estadual que pratica crime doloso contra a 
vida deve ser processado perante o tribunal do júri e, não, no foro por 
prerrogativa de função ou especial, visto que a competência do tribunal do júri 
está expressa na Constituição Federal. 
 
c) No caso de conexão entre um crime comum e um crime eleitoral, este deve 
ser processado perante a justiça eleitoral e aquele, perante a justiça estadual, 
visto que, no concurso de jurisdições de diversas categorias, ocorre a 
separação dos processos. 
 
d) Não viola a garantia do juiz natural a atração por continência do processo do 
corréu ao foro especial do outro denunciado, razão pela qual um advogado e 
um juiz de direito que pratiquem crime contra o patrimônio devem ser 
processados perante o tribunal de justiça. 
 
RESPOSTA: D. 
 
 
WEB AULA 11 
 
 
O Promotor de Justiça com atribuição requereu o arquivamento do inquérito 
policial, em razão da atipicidade, com fundamento no artigo 395,II do CPP. O 
juiz concordou com as razões invocadas e determinou o arquivamento do IP. 
Um mês depois, o próprio promotor de justiça tomou conhecimento de prova 
substancialmente nova, indicativa de que o fato realmente praticado era típico. 
Poderá ser instaurada ação penal? A decisão de arquivamento do IP faz coisa 
julgada material? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: STF, Inp 1538/PR 
 
Pet3927 / SP - SÃO PAULO 
 
PETIÇÃO 
 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
 
EMENTA: Petição. 1. Investigação instaurada para apurar a suposta 
prática do crime de corrupção eleitoral ativa por Deputado Federal 
(Código Eleitoral, art. 299). 2. Arquivamento requerido pelo inistério 
Público Federal (MPF) sob o argumento de que a conduta investigada é 
atípica. 3. Na hipótese de existência de pronunciamento do Chefe do 
MPF pelo arquivamento do inquérito, tem-se, em princípio, um juízo 
negativo acerca da necessidade de apuração da prática delitiva 
exercida pelo órgão que, de modo legítimo e exclusivo, detém a opinio 
delicti a partir da qual é possível, ou não, instrumentalizar a 
persecução criminal. Precedentes do STF. 4. Apenas nas hipóteses de 
atipicidade da conduta e extinção da punibilidade poderá o Tribunal 
analisar o mérito das alegações trazidas pelo Procurador-Geral da 
República. 5. Ausência de elementar do fato típico imputado: promessa 
de doação a eleitores. 6. Arquivamento deferido. Decisão O Tribunal, 
por unanimidade, deliberou pelo arquivamento da ação, nos termos do 
voto do relator, Ministro Gilmar Mendes (Presidente). Ausentes, 
justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa e, neste 
julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 12.06.2008. 
Indexação 
 
- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: JURISPRUDÊNCIA, STF, 
IMPOSSIBILIDADE, APRECIAÇÃO, MÉRITO, SOLICITAÇÃO, PROCURADOR-GERAL DA 
REPÚBLICA, ARQUIVAMENTO, INQUÉRITO POLICIAL. EXCEÇÃO, ARQUIVAMENTO, 
INQUÉRITO, FUNDAMENTO, EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, PRESCRIÇÃO, PRETENSÃO 
PUNITIVA, CONDUTA ATÍPICA, POSSIBILIDADE, PRODUÇÃO, EFEITO, COISA 
JULGADA MATERIAL. 
 
Pet 3943 / MG - MINAS GERAIS 
 
PETIÇÃO 
 
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO 
 
EMENTA: INQUÉRITO POLICIAL. Arquivamento. Requerimento do Procurador-
Geral da República. Pedido fundado na alegação de atipicidade dos 
fatos. Formação de coisa julgada material. Não atendimento 
compulsório. Necessidade de apreciação e decisão pelo órgão 
jurisdicional competente. Inquérito arquivado. Precedentes. O pedido 
de arquivamento de inquérito policial, quando não se baseie em falta 
de elementos suficientes para oferecimento de denúncia, mas na 
alegação de atipicidade do fato, ou de extinção da punibilidade, não é 
de atendimento compulsório, senão que deve ser objeto de decisão do 
órgão judicial competente, dada a possibilidade de formação de 
coisa julgada material. 
 
 
 
2. Em relação às exceções previstas na legislação processual penal, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) A arguição de suspeição sempre precederá a qualquer outra. 
 
b) Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de 
ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no 
prazo de 10 (dez) dias. 
 
c) Poderá se opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito. 
 
d) As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, 
em regra, o andamento da ação penal. 
 
RESPOSTA: LETRA D – ART 111 CPP. 
 
 
3. Acerca de exceções, assinale a opção correta. 
 
a) A exceção de incompetência do juízo, que não pode ser oposta verbalmente, 
deve ser apresentada, no prazo de defesa, pela parte interessada. 
 
b) A parte interessada pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos 
do inquérito, devendo fazê-lo na primeira oportunidade em que tiver vista dos 
autos. 
 
c) Podem ser opostas exceções de suspeição, incompetência de juízo, 
litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada e, caso a parte oponha 
mais de uma, deverá fazê-lo em uma só petição ou articulado. 
 
d) Tratando-se da exceção de incompetência do juízo, uma vez aceita a 
declinatória, o feito deve ser remetido ao juízo competente, onde deverá ser 
declarada a nulidade absoluta dos atos anteriores, não se admitindo a 
ratificação. 
 
RESPOSTA: C. 
 
 
WEB AULA 12 
 
João foi condenado por crime de latrocínio a uma pena de 25 anos de reclusão 
a ser cumprida no regime fechado. Ocorre que no curso da execução de tal 
pena privativa de liberdade sobrevêm doença mental ao condenado. Diante de 
tal situação, na qualidade de juiz da execução como decidiria? E se a doença 
mental ocorresse no curso do processo de conhecimento e posteriormente ao 
crime? E se a doença mental já existia no momento da prática da infração? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: Em um primeiro momento, em tais casos, caberá ao 
juiz da execução suspender a execução da pena determinando a imediata 
internação do condenado em hospital psiquiátrico consoante dispõe o 
artigo 108 da LEP. Sendo constatado através da perícia psiquiátrica 
que a situação é irreversível poderá o juiz converter a pena privativa 
de liberdade em medida de segurança. Nesse sentido artigo 154 do CPP 
c/c 183 da LEP. Nas demais hipóteses ver artigos 151 e 152 do CPP. 
Ver: TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. São 
Paulo: Saraiva, 2010, p.511. 
 
 
 
2. Em relação ao incidente de falsidade, é correto afirmar que: 
 
a) Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o 
documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério 
Público. 
 
b) Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz 
observará o seguinte processo: andará autuar em apartado a impugnação e em 
seguida ouvirá a parte contrária, que, num prazo de 24 (vinte a quatro) horas, 
oferecerá resposta. 
 
c) A arguição de falsidade, feita por procurador, não exige poderes especiais. 
 
d) O juiz não poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 
 
RESPOSTA: A. 
 
 
3. Acerca de incidente de insanidade mental do acusado, assinale a opção 
correta. 
 
a) Não se admite a instauração de exame de sanidade mental do acusado 
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, uma vez que a 
medida não terá mais eficácia. 
 
b) O exame de avaliação da saúde mental do acusado poderá ser ordenado na 
fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz 
competente. 
 
c) Caso seja comprovada a insanidade mental do acusado, ao tempo da 
infração penal, o processo deverá ser imediatamente extinto, decretando-se a 
extinção da punibilidade do réu. 
 
d) Para efeito do exame, o acusado acometido de insanidade mental, se estiver 
preso, deverá ser imediatamente libertado, para que a família o conduza para a 
análise clínica em estabelecimento que entenda adequado. 
 
RESPOSTA: B. 
 
WEB AULA 13 
 
Seguindo denúncia anônima sobre existência de “boca de fumo”, uma equipe 
de policiais combina dar um flagrante no local. Lá chegando, ficam de espreita, 
presenciando alguma movimentação de pessoas, entrando e saindo do imóvel, 
que também servia de residência. Já passava das 21h, quando telefonaram à 
autoridade policial e esta autorizou o ingresso para busca e apreensão. Assim 
foi feito e os policiais lograram apreender grande quantidade de pedra de 
crack, que estava escondida sob uma tábua do assoalho. Levado o morador à 
DP local, foi ele submetido ao procedimento legal de flagrante, sendo 
imediatamente comunicada a prisão ao juízo competente. O defensor público 
requereu o relaxamento do flagrante, por ilegalidade manifesta. Assiste razão a 
defesa? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: No particular aspecto do crime de drogas, a 
modalidade de cometimento da infração: guardar, ter em depósito, 
trazer consigo ou transportar, caracteriza estado de flagrância 
permanente. Em que pese a aparência de ilegalidade da atividade 
persecutória,não houve violação do domicílio, em razão do estado de 
flagrante delito. Existe, contudo, entendimento contrário. 
 
 
 
2. Assinale a opção correta. 
 
a) Os conceitos de flagrante preparado e esperado se confundem. 
 
b) A prisão em flagrante delito somente poderá ser realizada dentro do período 
de 24h, contadas do momento em que se inicia a execução do crime. 
 
c) O estado de flagrante delito é uma das exceções constitucionais à 
inviolabilidade do domicílio, nos termos da Constituição Federal. 
 
d) No flagrante esperado a prisão é ilegal. 
 
RESPOSTA: C. 
 
 
 
3. Relativamente à prisão, assinale a opção correta de acordo com o CPP. 
 
a) Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou 
comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, 
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que providenciará a 
remoção do preso depois de haver lavrado, se for o caso, o auto de flagrante. 
 
b) Na hipótese de resistência à prisão em flagrante, por parte do réu, o 
executor e as pessoas que o auxiliarem não poderão usar dos meios 
necessários para defender-se ou para vencer a resistência. 
 
c) Na hipótese de o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu 
tenha entrado em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista 
da ordem de prisão. Se não for atendido imediatamente, o executor convocará 
duas testemunhas e, ainda que seja noite, entrará à força na casa, arrombando 
as portas, caso seja necessário. 
 
d) Ainda que haja tentativa de fuga do preso, não será permitido o emprego de 
força. 
 
RESPOSTA: A. 
 
WEB AULA 14 
 
 
Após uma longa investigação da delegacia de polícia local, Adamastor foi preso 
às 21h em sua casa, em razão de um mandado de prisão temporária expedido 
pelo juiz competente, por crime de descaminho. A prisão fora decretada por 10 
dias. O advogado de Adamastor impetrou Habeas Corpus requerendo a sua 
liberdade provisória com fundamento no art. 310 do CPP. Em no máximo 10 
linhas, discorra sobre o exposto acima, analisando as hipóteses de cabimento, 
prazo da prisão temporária. 
 
RESPOSTA SUGERIDA: Inicialmente cumpre esclarecer que a CRFB/88 
estabelece que ordem judicial só poderá ser cumprida durante o dia, 
art. 5º, XI. A prisão temporária tem um prazo de 05 dias, prorrogáveis 
por mais 05, e se for crime hediondo, o prazo será de 30 dias 
prorrogáveis por mais 30 (art. 2º da lei 7960/89 e art. 2º, p. 4º da 
lei 8072/90). A teor do que dispõe o art. 1º, III da lei 7960/89, não 
cabe prisão temporária em crime de descaminho. Prisão ilegal é cabível 
o relaxamento de prisão. Só se fala em liberdade provisória quando se 
está diante de uma prisão em flagrante legal, porém desnecessária 
(art. 310 do CPP). 
 
 
2. Como se sabe, a prisão processual (provisória ou cautelar) é a decretada 
antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, nas hipóteses 
previstas em lei.A respeito de tal modalidade de prisão, é correto afirmar que: 
 
a) Em nosso ordenamento jurídico, a prisão processual contempla as seguintes 
modalidades: prisão em flagrante, preventiva, temporária, por pronúncia e em 
virtude de sentença condenatória recorrível. 
 
b) A prisão temporária tem como pressupostos a existência de indícios de 
autoria e prova da materialidade, e como fundamentos a necessidade de 
garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal, a necessidade 
de garantir a futura aplicação da lei penal e a garantia da ordem pública. 
 
c) A prisão temporária não poderá ser decretada de ofício pelo juiz. 
 
d) São requisitos da prisão preventiva a sua imprescindibilidade para as 
investigações do inquérito policial e o fato de o indiciado não ter residência fixa 
ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade. 
 
RESPOSTA: C. 
 
 
 
3. Acerca das prisões cautelares, assinale a opção correta. 
 
a) Considere que Amanda, na intenção de obter vantagem econômica, tenha 
sequestrado Bruna, levando-a para o cativeiro. Nesse caso, a prisão em 
flagrante de Amanda só poderá ocorrer até vinte e quatro horas após a 
constrição da liberdade de Bruna, devendo a autoridade policial, caso descubra 
o paradeiro da vítima após tal prazo, solicitar ao juiz competente o mandado de 
prisão contra a sequestradora. 
 
b) São pressupostos da prisão preventiva: garantia da ordem pública ou da 
ordem econômica; conveniência da instrução criminal; garantia de aplicação da 
lei penal; prova da existência do crime; indício suficiente de autoria. 
 
c) Em regra, a prisão temporária deve ter duração máxima de cinco dias. 
Tratando-se, no entanto, de procedimento 
 
destinado à apuração da prática de delito hediondo, tal prazo poderá estender-
se para trinta dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e 
comprovada necessidade. 
 
d) A apresentação espontânea do acusado à autoridade policial, ao juiz 
criminal ou ao MP impede a prisão preventiva, devendo o acusado responder 
ao processo em liberdade. 
 
RESPOSTA: C. 
 
WEB AULA 15 
 
Adamastor, primário e de maus antecedentes, foi acusado do crime de 
homicídio qualificado. Respondeu solto à instrução criminal. Durante a primeira 
fase do procedimento do Júri, o juiz decide pronunciá-lo. Nesse momento 
determina o seu recolhimento à prisão em aplicação ao artigo 413, P.3º do 
CPP, fundamentando tratar-se de crime hediondo, portanto, inafiançável. 
Pronunciado, Adamastor permanece preso por mais de 2 anos, sem que tenha 
sido marcada a data do seu julgamento pelo Júri. Como advogado, quais 
argumentos você utilizaria para conseguir a liberdade de Adamastor? 
 
RESPOSTA SUGERIDA: 
 
INFORMATIVO Nº 559/STF 
 
TÍTULO Liberdade Provisória - Vedação Legal - Inconstitucionalidade - 
Prisão Cautelar – Fundamentação Inadequada 
 
(Transcrições) 
 
HC - 100362 
 
Liberdade Provisória - Vedação Legal - Inconstitucionalidade - Prisão 
Cautelar – Fundamentação Inadequada (Transcrições) HC 100362-MC/SP* 
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: “HABEAS CORPUS”. VEDAÇÃO LEGAL 
ABSOLUTA, IMPOSTA EM CARÁTER APRIORÍSTICO, INIBITÓRIA DA CONCESSÃO DE 
LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CRIMES TIPIFICADOS NO ART. 33, “CAPUT” E § 
1º, E NOS ARTS. 34 A 37, TODOS DA LEI DE DROGAS. POSSÍVEL 
INCONSTITUCIONALIDADE DA REGRA LEGAL VEDATÓRIA (ART. 44). OFENSA AOS 
POSTULADOS CONSTITUCIONAIS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, DO “DUE PROCESS 
OF LAW”, DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DA PROPORCIONALIDADE. O 
SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, VISTO SOB A PERSPECTIVA 
DA “PROIBIÇÃO DO EXCESSO”: FATOR DE CONTENÇÃO E CONFORMAÇÃO DA PRÓPRIA 
ATIVIDADE NORMATIVA DO ESTADO. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: 
ADI 3.112/DF (ESTATUTO DO DESARMAMENTO, ART. 21). CARÁTER 
EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL. NÃO SE 
DECRETA PRISÃOCAUTELAR, SEM QUE HAJA REAL NECESSIDADE DE SUA 
EFETIVAÇÃO, SOB PENA DE OFENSA AO “STATUS LIBERTATIS” DAQUELE QUE 
A SOFRE. IRRELEVÂNCIA, PARA EFEITO DE CONTROLE DA LEGALIDADE DO 
DECRETO DE PRISÃO CAUTELAR, DE EVENTUAL REFORÇO DE ARGUMENTAÇÃO 
ACRESCIDO POR TRIBUNAIS DE JURISDIÇÃO SUPERIOR. PRECEDENTES. 
 
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com 
pedido de medida cautelar, impetrado contra decisão emanada de 
eminente Ministro de Tribunal Superior da União, que, em sede de outra 
ação de “habeas corpus” ainda em curso no Superior Tribunal de Justiça 
(HC 140.641/SP), denegou medida liminar que lhe havia sido requerida 
em favor do ora paciente. Presente tal contexto, impende verificar,desde logo, se a situação processual versada nestes autos justifica, 
ou não, o afastamento, sempre excepcional, da Súmula 691/STF. Como se 
sabe, o Supremo Tribunal Federal, ainda que em caráter extraordinário, 
tem admitido o afastamento, “hic et nunc”, da Súmula 691/STF, em 
hipóteses nas quais a decisão questionada divirja da jurisprudência 
predominante nesta Corte ou, então, veicule situações configuradoras 
de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade (HC 85.185/SP, Rel. Min. 
CEZAR PELUSO - HC 86.634-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 86.864-
MC/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - HC 87.468/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO 
- HC 89.025-MC-AgR/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - HC 90.112-MC/PR, 
Rel. Min. CEZAR PELUSO - HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 
96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 96.483/ES, Rel. Min. CELSO DE 
MELLO, v.g.). Parece-me que a situação exposta nesta impetração 
ajusta-se às hipóteses que autorizam a superação do obstáculo 
representado pela Súmula 691/STF. Passo, em consequência, a examinar a 
postulação cautelar ora deduzida nesta sede processual. Sendo esse o 
contexto, passo a apreciar o pedido de medida liminar. E, ao fazê-lo, 
observo que os elementos produzidos nesta sede processual revelam-se 
suficientes para justificar, na espécie, a meu juízo, o acolhimento da 
pretensão cautelar deduzida pelos ora impetrantes, eis que concorrem, 
no caso, os requisitos autorizadores da concessão da medida em causa. 
Mostra-se importante ter presente, no caso, quanto à Lei nº 
11.343/2006, que o seu art. 44 proíbe, de modo abstrato e “a priori”, 
a concessão da liberdade provisória nos “crimes previstos nos art. 33, 
‘caput’ e § 1º, e 34 a 37 desta Lei”. Cabe assinalar que eminentes 
penalistas, examinando o art. 44 da Lei nº 11.343/2006, sustentam a 
inconstitucionalidade da vedação legal à liberdade provisória prevista 
em mencionado dispositivo legal (ROGÉRIO SANCHES CUNHA, “Da Repressão 
à Produção Não Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas”, “in” LUIZ 
FLÁVIO GOMES (Coord.), “Lei de Drogas Comentada”, p. 232/233, item n. 
5, 2ª ed., 2007, RT).”; FLÁVIO OLIVEIRA LUCAS, “Crimes de Uso 
Indevido, Produção Não Autorizada e Tráfico Ilícito de Drogas – 
Comentários à 
Parte Penal da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006”, “in” MARCELLO 
GRANADO (Coord.), “A Nova Lei Antidrogas: 
Teoria, Crítica e Comentários à Lei nº 11.343/06”, p. 113/114, 2006, 
Editora Impetus”; FRANCIS RAFAEL BECK, “A Lei de Drogas e o Surgimento 
de Crimes ‘Supra-hediondos’: uma necessária análise acerca da 
aplicabilidade do artigo 44 da Lei nº 11.343/06", “in” ANDRÉ LUÍS 
CALLEGARI e MIGUEL TEDESCO WEDY (Org.), “Lei de Drogas: aspectos 
polêmicos à luz da dogmática penal e da política criminal”, p. 
161/168, item n. 3, 2008, Livraria do Advogado Editora”, v.g.). Cumpre 
observar, ainda, por necessário, que regra legal, de conteúdo material 
virtualmente idêntico ao do preceito em exame, consubstanciada no art. 
21 da Lei nº 10.826/2003, foi declarada inconstitucional por esta 
Suprema Corte. A regra legal ora mencionada, cuja 
inconstitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, 
inscrita no Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), tinha a 
seguinte redação: “Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 
são insuscetíveis de liberdade provisória.” (grifei) Essa vedação 
apriorística de concessão de liberdade provisória, reiterada no art. 
44 da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), tem sido repelida pela 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que a considera 
incompatível, independentemente da gravidade objetiva do delito, com a 
presunção de inocência e a garantia do “due process”, dentre outros 
princípios consagrados pela Constituição da República. Foi por tal 
razão, como precedentemente referido, que o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal, ao julgar a ADI 3.112/DF, Rel. Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, declarou a inconstitucionalidade do art. 21 da Lei nº 
10.826/2003, (Estatuto do Desarmamento), em decisão que, no ponto, 
está assim ementada: “(...) V - Insusceptibilidade de liberdade 
provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18. 
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não 
autoriza a prisão ‘ex lege’, em face dos princípios da presunção de 
inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de 
prisão pela autoridade judiciária competente.” (grifei) Essa mesma 
situação registra-se em relação ao art. 7º da Lei do Crime Organizado 
(Lei nº 9.034/95), cujo teor normativo também reproduz a mesma 
proibição que o art. 44 da Lei de Drogas estabeleceu, “a priori”, em 
caráter abstrato, a impedir, desse modo, que o magistrado atue, com 
autonomia, no exame da pretensão de deferimento da liberdade 
provisória. Essa repulsa a preceitos legais, como esses que venho de 
referir, encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (LUIZ 
FLÁVIO GOMES, em obra escrita com RaúlCervini, “Crime Organizado”, p. 
171/178, item n. 4, 2ª ed., 1997, RT; GERALDO PRADO e WILLIAM DOUGLAS, 
“Comentários à Lei contra o Crime Organizado”, p. 87/91, 1995, Del 
Rey; ROBERTO DELMANTO JUNIOR, “As modalidades de prisão provisória e 
seu prazo de duração”, p. 142/150, item n. 2, “c”, 2ª ed., 2001, 
Renovar e ALBERTO SILVA FRANCO, “Crimes Hediondos”, p. 489/500, item 
n. 3.00, 5ª ed., 2005, RT, v.g.). Vê-se, portanto, que o Poder 
Público, especialmente em sede processual penal, não pode agir 
imoderadamente, pois a atividade estatal, ainda mais em tema de 
liberdade individual, acha-se essencialmente condicionada pelo 
princípio da razoabilidade. Como se sabe, a exigência de razoabilidade 
traduz limitação material à ação normativa do Poder Legislativo. O 
exame da adequação de determinado ato estatal ao princípio da 
proporcionalidade, exatamente por viabilizar o controle de sua 
razoabilidade, com fundamento no art. 5º, LV, da Carta Política, 
inclui-se, por isso mesmo, no âmbito da própria fiscalização de 
constitucionalidade das prescrições normativas emanadas do Poder 
Público. Esse entendimento é prestigiado pela jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal, que, por mais de uma vez, já advertiu que o 
Legislativo não pode atuar de maneira imoderada, nem formular regras 
legais cujo conteúdo revele deliberação absolutamente divorciada dos 
padrões de razoabilidade. Coloca-se em evidência, neste ponto, o tema 
concernente ao princípio da proporcionalidade, que se qualifica - 
enquanto coeficiente de aferição da razoabilidade dos atos estatais 
(CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, 
p. 56/57, itens ns. 18/19, 4ª ed., 1993, Malheiros; LÚCIA VALLE 
FIGUEIREDO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 46, item n. 3.3, 2ª 
ed., 1995, Malheiros) - como postulado básico de contenção dos 
excessos do Poder Público. Essa é a razão pela qual a doutrina, após 
destacar a ampla incidência desse postulado sobre os múltiplos 
aspectos em que se desenvolve a atuação do Estado - inclusive sobre a 
atividade estatal de produção normativa - adverte que o princípio da 
proporcionalidade, essencial à racionalidade do Estado Democrático de 
Direito e imprescindível à tutela mesma das liberdades fundamentais, 
proíbe o excesso e veda o arbítrio do Poder, extraindo a sua 
justificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais, 
notadamente daquela que veicula, em sua dimensão substantiva ou 
material, a garantia do “dueprocessoflaw” (RAQUEL DENIZE STUMM, 
“Princípio da Proporcionalidade no Direito Constitucional Brasileiro”, 
p. 159/170, 1995, Livraria do Advogado Editora; MANOEL GONÇALVES 
FERREIRA FILHO, “Direitos Humanos Fundamentais”, p. 111/112, item n. 
14, 1995, Saraiva;PAULO BONAVIDES, “Curso de Direito Constitucional”, 
p. 352/355, item n. 11, 4ª ed., 1993, Malheiros). Como precedentemente 
enfatizado, o princípio da proporcionalidade visa a inibir e a 
neutralizar o abuso do Poder Público no exercício das funções que lhe 
são inerentes, notadamente no desempenho da atividade de caráter 
legislativo. Dentro dessa perspectiva, o postulado em questão, 
enquanto categoria fundamental de limitação dos excessos emanados do 
Estado, atua como verdadeiro parâmetro de aferição da própria 
constitucionalidade material dos atos estatais. Isso significa, dentro 
da perspectiva da extensão da teoria do desvio de poder ao plano das 
atividades legislativas do Estado, que este não dispõe de competência 
para legislar ilimitadamente, de forma imoderada e irresponsável, 
gerando, com o seu comportamento institucional, situações normativas 
de absoluta distorção e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o 
desempenho da função estatal. A jurisprudência constitucional do 
Supremo Tribunal Federal, bem por isso, tem censurado a validade 
jurídica de atos estatais, que, desconsiderando as limitações que 
incidem sobre o poder normativo do Estado, veiculam prescrições 
que ofendem os padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas 
de causa legítima, exteriorizando abusos inaceitáveis e 
institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos direitos das pessoas 
(RTJ 160/140-141, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTJ 176/578-579, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO - ADI 1.063/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). 
Daí a advertência de que a interdição legal “in abstracto”, vedatória 
da concessão de liberdade provisória, como na hipótese prevista no 
art. 44 da Lei nº 11.343/2006, incide na mesma censura que o Plenário 
do Supremo Tribunal Federal estendeu ao art. 21 do Estatuto do 
Desarmamento, considerados os múltiplos postulados constitucionais 
violados por semelhante regra legal, eis que o legislador não pode 
substituir-se ao juiz na aferição da existência, ou não, de situação 
configuradora da necessidade de utilização, em cada situação concreta, 
do instrumento de tutela cautelar penal. O Supremo Tribunal Federal, 
de outro lado, tem advertido que a natureza da infração penal não se 
revela circunstância apta a justificar, só por si, a privação cautelar 
do “status libertatis” daquele que sofre a persecução criminal 
instaurada pelo Estado. Essa orientação vem sendo observada em 
sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Corte, mesmo que se 
trate de réu processado por suposta prática de crimes hediondos ou de 
delitos a estes equiparados (HC 80.064/SP, Rel. p/ o acórdão Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE - HC 92.299/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - HC 
93.427/PB, Rel. Min. EROS GRAU – RHC 71.954/PA, Rel. Min. SEPÚLVEDA 
PERTENCE - RHC 79.200/BA, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.): “A 
gravidade do crime imputado, um dos malsinados ‘crimes hediondos’ (Lei 
8.072/90), não basta à justificação da prisão preventiva, que tem 
natureza cautelar, no interesse do desenvolvimento e do resultado do 
processo, e só se legitima quando a tanto se mostrar necessária: não 
serve a prisão preventiva, nem a Constituição permitiria que para isso 
fosse utilizada, a punir sem processo, em atenção à gravidade do crime 
imputado, do qual, entretanto, ‘ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória’ (CF, art. 5º, 
LVII).” (RTJ 137/287, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei) “A 
ACUSAÇÃO PENAL POR CRIME HEDIONDO NÃO JUSTIFICA A PRIVAÇÃO ARBITRÁRIA 
DA LIBERDADE DO RÉU. - A prerrogativa jurídica da liberdade - que 
possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser 
ofendida por atos arbitrários do Poder Público, mesmo que se trate de 
pessoa acusada dasuposta prática de crime hediondo, eis que, até 
que sobrevenha sentença condenatória irrecorrível (CF, art. 5º, 
LVII), não se revela possível presumir a culpabilidade do réu, 
qualquer que seja a natureza da infração penal que lhe tenha sido 
imputada.” (RTJ 187/933, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Tenho por 
inadequada, desse modo, para efeito de se justificar a manutenção da 
prisão cautelar do ora paciente, a invocação do art. 44 da Lei nº 
11.343/2006 ou do art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.072/90, 
especialmente depois de editada a Lei nº 11.464/2007, que excluiu, da 
vedação legal de concessão de liberdade provisória, todos os crimes 
hediondos e os delitos a eles equiparados, como o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins. Também não se reveste de idoneidade 
jurídica, para efeito de justificação do ato excepcional de privação 
cautelar da liberdade individual, a alegação de que o paciente 
deveria ser mantido preso, “como garantia da ordem pública, evitando-
se a reiteração de tais atos e que caia a Justiça em descrédito 
perante a comunidade local” (fls. 114 - grifei). Esse entendimento já 
incidiu, por mais de uma vez, na censura do Supremo Tribunal Federal, 
que, acertadamente, tem destacado a absoluta inidoneidade dessa 
particular fundamentação do ato que decreta a prisão preventiva do réu 
(RTJ 180/262-264, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 72.368/DF, Rel. Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE): “O clamor social e a credibilidade das 
instituições, por si sós, não autorizam a conclusão de que a garantia 
da ordem pública está ameaçada, a ponto de legitimar a manutenção da 
prisão cautelar do paciente enquanto aguarda novo julgamento pelo 
Tribunal do Júri.” (RTJ 193/1050, Rel. Min. EROS GRAU - grifei) Por 
sua vez, as alegações - fundadas em juízo meramente conjectural (sem 
qualquer referência a situações concretas) - de que o paciente deve 
ser mantido preso para evitar que “volte a cometer outros delitos” e 
que “por conveniência da instrução do processo-crime deve o indiciado 
permanecer no cárcere” (fls. 114) constituem, quando destituídas de 
base empírica, presunções arbitrárias que não podem legitimar a 
privação cautelar da liberdade individual, como assinalou, em recente 
julgamento, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal: 
“‘HABEAS CORPUS’ - PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA COM FUNDAMENTO NA 
GRAVIDADE OBJETIVA DOS DELITOS E NA SUPOSIÇÃO DE QUE OS RÉUS PODERIAM 
CONSTRANGER AS TESTEMUNHAS OU PROCEDER DE FORMA SEMELHANTE CONTRA 
OUTRAS VÍTIMAS - CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA 
LIBERDADE INDIVIDUAL - UTILIZAÇÃO, PELO MAGISTRADO, NA DECRETAÇÃO DA 
PRISÃO PREVENTIVA,DE CRITÉRIOS INCOMPATÍVEIS COM A JURISPRUDÊNCIA DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO 
CONFIGURADA - PEDIDO DEFERIDO, COM EXTENSÃO DE SEUS EFEITOS AO CO-RÉU. 
A PRISÃO CAUTELAR CONSTITUI MEDIDA DE NATUREZA EXCEPCIONAL. - A 
privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter 
excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta 
necessidade. A prisão preventiva, para legitimar-se em face de nosso 
sistema jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se 
refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e 
presença de indícios suficientes de autoria) - que se evidenciem, com 
fundamento em base empírica idônea, razões justificadoras da 
imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação 
da liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da 
prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos 
os requisitos mencionados no art. 312 do CPP. Necessidade da 
verificação concreta, em cada caso, da imprescindibilidade da adoção 
dessa medida extraordinária. Precedentes. A PRISÃO PREVENTIVA - 
ENQUANTO MEDIDA DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO PODE SER UTILIZADA COMO 
INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO OU DO RÉU. - A prisão 
preventivanão pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público, 
como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a 
prática do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em 
bases democráticas, prevalece o princípio da liberdade, incompatível 
com punições sem processo e inconciliável com condenações sem defesa 
prévia. A prisão preventiva - que não deve ser confundida com a prisão 
penal - não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua 
decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que lhe é 
inerente, a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no 
processo penal. A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI FATOR 
DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE. - A natureza da 
infração penal não constitui, só por si, fundamento justificador da 
decretação da prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal 
instaurada pelo Estado. Precedentes. A PRISÃO CAUTELAR NÃO PODE 
APOIAR-SE EM JUÍZOS MERAMENTE CONJECTURAIS. - A mera suposição, 
fundada em simples conjecturas, não pode autorizar a decretação da 
prisão cautelar de qualquer pessoa. - A decisão que ordena a privação 
cautelar da liberdade não se legitima quando desacompanhada de fatos 
concretos que lhe justifiquem a necessidade, não podendo apoiar-se, 
por isso mesmo, na avaliação puramente subjetiva do magistrado de que 
a pessoa investigada ou processada, se em liberdade, poderá delinqüir, 
ou interferir na instrução probatória, ou evadir-se do distrito da 
culpa, ou, então, prevalecer-se de sua particular condição social, 
funcional ou econômico-financeira. - Presunções arbitrárias, 
construídas a partir de juízos meramente conjecturais, porque 
formuladas à margem do sistema jurídico, não podem prevalecer sobre o 
princípio da liberdade, cuja precedência constitucional lhe confere 
posição eminente no domínio do processo penal. AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇÃO, NO CASO, DA NECESSIDADE CONCRETA DE DECRETAR-SE A PRISÃO 
PREVENTIVA DO PACIENTE. - Sem que se caracterize situação de real 
necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade 
individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, 
revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a 
subsistência da prisão preventiva. O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO 
FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. - A 
prerrogativa jurídica da liberdade - que possui extração 
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida por 
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em 
preocupante discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, 
paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias fundamentais 
proclamados pela Constituição da República, a ideologia da lei e da 
ordem. Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de 
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória 
irrecorrível, não se revela possível - por efeito de insuperável 
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) - presumir-lhe a 
culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que 
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido 
atribuída, sem que exista, a esse respeito, decisão judicial 
condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional da 
presunção de inocência, em nosso sistema jurídico, consagra, além de 
outras relevantes consequências, uma regra de tratamento que impede o 
Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao 
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido 
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário. 
Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) A mera 
suposição desacompanhada de indicação de fatos concretos - de que o 
ora paciente, em liberdade, poderia delinquir ou frustrar, 
ilicitamente, a regular instrução processual - revela-se insuficiente 
para fundamentar o decreto ou a manutenção de prisão cautelar, 
se tal suposição, como ocorre na espécie dos autos, deixade ser 
corroborada por base empírica idônea (que necessariamente deve 
ser referida na decisão judicial), tal como tem advertido, a 
propósito desse específico aspecto, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal (RTJ 170/612-613, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RTJ 
175/715, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.). Nem se diga que a 
decisão de primeira instância teria sido reforçada, em sua 
fundamentação, pelos julgamentos emanados do E. Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo (HC 990.09.065824-0), no qual se denegou a ordem 
de “habeas corpus” então postulada em favor da ora paciente. Cabe ter 
presente, neste ponto, na linha da orientação jurisprudencial que o 
Supremo Tribunal Federal firmou na matéria, que a legalidade da 
decisão que decreta a prisão cautelar ou que denega liberdade 
provisória deverá ser aferida em função dos fundamentos que lhe dão 
suporte, e não em face de eventual reforço advindo dos julgamentos 
emanados das instâncias judiciárias superiores (HC 90.313/PR, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “(...) Às instâncias subsequentes não é 
dado suprir o decreto de prisão cautelar, de modo que não pode ser 
considerada a assertiva de que a fuga do paciente constitui fundamento 
bastante para enclausurá-lo preventivamente (...).” (RTJ 194/947-948, 
Rel. p/ o acórdão Min. EROS GRAU - grifei) A motivação, portanto, há 
de ser própria, inerente e contemporânea à decisão que decreta o ato 
excepcional de privação cautelar da liberdade, pois - insista-se - a 
ausência ou a deficiência de fundamentação não podem ser supridas “a 
posteriori” (RTJ 59/31 - RTJ 172/191-192 - RT 543/472 - RT 639/381, 
v.g.): “Prisão preventiva: análise dos critérios de idoneidade de sua 
motivação à luz de jurisprudência do Supremo Tribunal. 1. A 
fundamentação idônea é requisito de validade do decreto de prisão 
preventiva: no julgamento do hábeas corpus que o impugna não cabe às 
sucessivas instâncias, para denegar a ordem, suprir a sua deficiência 
originária, mediante achegas de novos motivos por ele não aventados: 
precedentes.” (RTJ 179/1135-1136, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - 
grifei) Em suma: a análise dos fundamentos invocados pela parte ora 
impetrante leva-me a entender que as decisões judiciais de primeira 
instância não observaram os critérios que a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal firmou em tema de prisão cautelar. Sendo assim, tendo 
presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, 
até final julgamento desta ação de “habeas corpus”, garantir, 
cautelarmente, ao ora paciente, a liberdade provisória que lhe foi 
negada nos autos do Processo nº 229.08.604143-2 (2ª Vara Criminal do 
Foro Distrital de Hortolândia da comarca de Sumaré/SP), expedindo-se, 
imediatamente, em favor desse mesmo paciente, se por al não estiver 
preso, o pertinente alvará de soltura. Comunique-se, com urgência, 
transmitindo-se cópia da presente decisão ao E. Superior Tribunal de 
Justiça (HC 140.641/SP), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo (HC 990.09.065824-0) e ao MM. Juízo de Direito da 2ª Vara 
Criminal do Foro Distrital de Hortolândia da comarca de Sumaré/SP 
(Processo nº 229.08.604143-2). Publique-se. Brasília, 01 de setembro 
de 2009. Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão pendente de 
publicação 
 
 
 
INFORMATIVO Nº 596/STF 
 
TÍTULO Prisão Cautelar: Fundamentação e Excesso de Prazo 
 
PROCESSO 
 
HC - 99972 
 
Ao considerar a superveniência de pronúncia, em que alterado o 
fundamento para a manutenção da custódia cautelar do paciente, a 
Turma, por maioria, julgou prejudicado

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