Buscar

PROCESSO PENAL AULA 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROCESSO PENAL - AULA 04 (12/04/12)
Continuação Aula Anterior:
09) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
- A CF trata dessa ação em seu art. 5º, inciso LIX.
- A idéia é que, se o MP em um crime de Ação Penal Pública não faz nada no prazo legal, a vítima poderá propor Ação Penal Privada.
- Portanto, esta Ação Penal Privada Subsidiária da Pública só é cabível diante da inércia do MP.
- Esta ação funciona como mecanismo de controle do princípio da obrigatoriedade da Ação Penal Pública. Trata do sistema de freios e contrapesos.
- Para que seja possível entrar com a ação subsidiária, a infração penal deve contar com uma vítima determinada (Pessoa Física ou Jurídica). Existem crimes que não possuem vítima (tráfico, porte ilegal de arma de fogo, embriaguez), pois são crimes de perigo, que atentam contra a coletividade.
- Contudo, existem duas exceções importantes: arts. 80 e 82, inc. III e IV do CDC. No inciso III, um exemplo é o Procon e no inciso IV temos as Associações de Defesa do Interesse do Consumidor. Estes entes poderão propor ação subsidiária no caso de crimes e contravenções que envolvam relações de consumo. Então do CDC outorga a legitimidade ao Procon e Associações de propor ação subsidiária; Outra exceção é a do art. 184, p. único, da L. 11.101/05 (Falência e Recuperação Judicial), que confere a legitimidade para propor ação subsidiária pelo credor habilitado ou pelo administrador judicial quando o crime tratar de crimes da Lei de Falência.
9.1) Prazo Decadencial
- O art. 38 do CPP trata do assunto, na sua parte final.
- Este artigo estipula um prazo decadencial de 06 meses, que só começa a contar quando verificada a inércia do MP.
- Como o crime é de ação penal pública, a decadência do direito de propor a queixa subsidiária, não irá acarretar a extinção da punibilidade. 
- Este tipo de decadência, que não acarreta a extinção da punibilidade, é chamado de decadência imprópria.
9.2) Poderes do MP na Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
- Estes poderes estão previstos no art. 29 do CPP.
- O MP poderá:
a) Opinar pela rejeição da peça acusatória
- Se houver alguma das hipóteses do art. 395 do CPP, o MP poderá opinar pela rejeição.
b) Aditar a queixa-crime
- Este aditamento poderá ser tanto para incluir elementos acessórios (ex: lugar, tempo do crime), quanto para incluir novos fatos delituosos, coautores e partícipes.
c) Intervir em todos os termos do processo
- O MP poderá oferecer meios de prova, participar da audiência e interpor recurso.
d) Repudiar a queixa subsidiária
- Se o MP não concordar, ainda que a queixa esteja perfeita, poderá repudiar a queixa.
- De acordo com a doutrina, ao repudiar a queixa, o MP é obrigado a oferecer denúncia. Esta denúncia é chamada de denúncia substitutiva.
e) No caso de negligência do querelante, o MP deve retomar a ação como parte principal
- Este é o caso de ação penal indireta.
10) Ação Penal Popular
- Qualquer pessoa do povo poderá ajuizar esta ação.
- A doutrina se refere a dois exemplos:
a) Habeas corpus
- A própria CF afirma que o HC poderá ser impetrado por qualquer pessoa, capaz ou incapaz, física ou jurídica. 
OBS: Apesar da PJ não poder ser paciente do HC, ela poderá impetrar HC.
- O HC não é uma ação penal condenatória
b) Faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia contra agentes políticos por crimes de responsabilidade.
- Está previsto no art. 14, da L. 1.079/50 (Crimes de Responsabilidade).
- Apesar do dispositivo falar em crime de responsabilidade, trata-se, na verdade, de uma infração político-administrativa. A denúncia descrita no artigo é utilizada com o significado de notitia criminis.
- Então, apesar de alguns doutrinadores citarem estes exemplos como sendo de ação penal popular, ao analisar afundo, verifica-se que eles não são ações penais condenatórias.
11) Ação Penal Adesiva
- Primeira corrente (majoritária): No direito alemão é possível que o MP ofereça denúncia em crimes de ação penal privada, desde que visualize a presença de interesse público. Nesse caso, o ofendido pode se habilitar como acusador subsidiário, como se fosse uma espécie de ação penal adesiva. Corrente sustentada pelo professor Tourinho Filho e Feitosa.
- Segunda corrente (minoritária): Ocorre quando o MP oferece denúncia em relação ao crime de ação penal pública, ao mesmo tempo em que o ofendido oferece queixa-crime em relação ao crime conexo de ação penal privada, formando-se uma espécie de litisconsórcio ativo. Ex: Homicídio e calúnia praticados em conexão. O MP oferece denúncia do homicídio e o ofendido oferece queixa-crime da calúnia. Corrente sustentada pelo professor Nestor Távora e Rosmar Antony.
12) Ação de Prevenção Penal
- É aquela ajuizada com o objetivo de aplicar medida de segurança ao inimputável do art. 26, caput, do CP.
- A medida de segurança só pode ser aplicada ao final do processo, mesmo sabendo que o agente é inimputável. Então deverá realizar a denúncia, pedindo a absolvição imprópria em detrimento da condenação.
13) Ação Penal Secundária
- Ocorre quando as circunstâncias do crime fazem variar a espécie de ação penal.
- Ex: o crime de estupro é de ação penal pública condicionada à representação. Mas se foi praticado contra menor de 18 anos, a ação é publica incondicionada.
14) Ação Penal nos crimes contra a honra
- A regra, em relação a crimes contra a honra, é que tais delitos sejam de ação penal privada.
- Exceções:
a) Crimes contra a honra praticados durante a propaganda eleitoral
- São crimes eleitorais, que, de acordo com o Código Eleitoral, são de ação penal pública incondicionada.
b) Crimes militares contra a honra
- Ação penal pública incondicionada.
c) Injúria Real
- Trata-se de injúria praticada através de vias de fato ou lesão corporal.
- Está descrito no art. 140, § 2° do CP.
- Se for praticado mediante vias de fato (utiliza a violência mas não produz lesão), a ação penal é privada. Se for praticada mediante lesão corporal leve, a ação penal é pública condicionada à representação. Se for praticada mediante lesão corporal grave ou gravíssima, a ação penal é pública incondicionada.
d) Crime contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro
- Neste caso, a ação penal é pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
e) Injúria Racial
- Está prevista no art. 140, § 3° do CP.
- É quando se ofende a honra subjetiva de uma pessoa, utilizando elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, pessoa idosa ou portadora de deficiência.
- Antes da L. 12.033/09 o crime era de ação penal privada. Após esta lei, o crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação.
- Não confundir a Injúria Racial com Racismo (L. 7.716/89). O racismo é contra uma raça, etnia, em geral, e não só contra um único indivíduo. O crime de Racismo, por ofender a coletividade, é de ação penal pública incondicionada.
f) Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções (propter officum)
- Está descrito na súmula 714 do STF. Se for mediante queixa, a ação será privada. Se for mediante representação, a ação será pública condicionada à representação.
- No inquérito 1.939, entendeu o STF que, uma vez oferecida a representação pelo funcionário público, estará preclusa a possibilidade de ajuizamento de queixa-crime. Logo, não se trata de legitimação concorrente, mas sim de legitimação alternativa, cabendo ao servidor optar pelo ajuizamento de queixa-crime ou pelo oferecimento da representação.
15) Ação Penal nos Crimes de Lesão Corporal Leve ou Culposa praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher
- A violência contra a mulher está regulamentada pela L. 11.340/06.
- Esta lei é dotada de uma antinomia normativa, ou seja, contém artigos aparentemente contraditórios. São os arts. 16 e 41.
	Art. 16
	Art. 41
	Por força deste dispositivo, no âmbito do STJ, vinha prevalecendo o entendimento que a ação penal seria pública condicionada à representação. REsp 1.097.042.
OBS:Provavelmente o STJ irá mudar o entendimento em razão do posicionamento do STF sobre a matéria.
	O crime de lesão corporal leve e lesão corporal culposa contra a mulher, como não é possível aplicar a lei dos juizados, seria de ação penal pública incondicionada.
- A decisão recente do STF está na ADI 4.424 e ADC 19.
- Nestas decisões, o STF entendeu que o art. 41 é constitucional, por conta do art. 226, § 8° da CF. O STF entendeu que a ação será pública incondicionada apenas nos crimes de lesão leve e lesão culposa.
- Diante disso, os crimes de estupro e ameaça praticados com violência doméstica contra a mulher continuam com a regra do Código, ou seja, ação pública condicionada à representação.
16) Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual
- Por ter ocorrido uma mudança recentemente, deve-se estudar o antes e o depois:
Antes da Lei 12.015/09:
- A regra é que os crimes sexuais eram de ação penal privada.
- As exceções à regra eram:
Vítima pobre: ação penal pública condicionada à representação, ainda que houvesse defensoria pública na comarca.
Abuso do poder familiar: ação penal pública incondicionada.
Qualificado pela lesão corporal grave ou pela morte: ação penal pública incondicionada.
Emprego de violência real: violência real é o emprego de força física sobre o corpo da vítima como forma de constrangimento. Ação penal pública incondicionada. Ver súmula 608, STF. O fundamento legal desta súmula, na visão do STF, era o art. 101 do CP (ação penal extensiva). Assim, este artigo trata da ação penal nos crimes complexos. Se um dos crimes que compõem este crime complexo for de ação penal pública e o outro de ação penal privada, opera-se uma extensão da ação penal pública, passando o crime complexo a ser de ação penal pública. O STF entendia que, ainda que resultasse lesão leve, a ação seria pública incondicionada.
Violência Presumida: menor de 14 anos e alienado ou débil mental. Ação penal privada.
Depois da Lei 12.015/09:
- Em regra, a ação penal é pública condicionada à representação.
- A mudança da lei alterou o legitimado. Antes era o ofendido e agora é o MP. Esta mudança repercute no direito de punir, pois diminui o número dos casos de extinção da punibilidade. Quando era de ação privada, o acusado poderia ser beneficiado pela decadência, renúncia, perdão e perempção. Depois da lei, o acusado somente poderia beneficiado pela decadência.
- A vigência desta lei é de 10/08/2009.
- As exceções são:
Menor de 18 anos: ação penal pública incondicionada.
Vítima vulnerável: Vulnerável é o menor de 14 anos, o alienável ou débil mental. De acordo com o art. 225, a ação seria pública condicionada, mas o p. único afirma que seria incondicionada. A maioria da doutrina entende que no caso de vulnerável a ação será pública incondicionada.
Vítima pobre: não se trata pela nova Lei, e, portanto, segue a regra geral.
Abuso de poder familiar: também não é tratada, aplica-se a regra geral, a não ser que a vítima seja menor de 18 anos;
Crime qualificado por lesão ou morte: regra geral. Há uma incongruência, pois se houver morte e a vítima não tiver sucessores, não haverá representação. Está tramitando no STF a ADI 4.301 a respeito desse fato.
Crime com Violência Real: a doutrina diz que segue a regra geral, em detrimento da Súmula 608, do STF.

Outros materiais