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PROCESSO PENAL AULA 05

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PROCESSO PENAL - AULA 05 (18/04/12)
Continuação da Ação Penal
17) Renúncia e Perdão
Renúncia:
- Conceito: é o ato unilateral e voluntário por meio do qual o ofendido abre mão do seu direito de queixa.
- A renúncia tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade (art. 107, CP), apenas nos casos de ação penal exclusivamente privada e privada personalíssima.
- A renúncia não atinge a ação penal privada subsidiária da pública, pois ela, em sua essência, tem natureza de pública.
- Está ligada ao princípio da oportunidade ou conveniência. Isso significa dizer que o momento da renúncia é antes do início do processo.
- Se a renúncia é um ato unilateral, isso significa dizer que a renúncia não depende de aceitação. Portanto, se o titular do direito abre mão, não é necessário ouvir o acusado.
- A renúncia pode ser de duas espécies:
Renúncia Expressa: é aquela feita através de uma declaração inequívoca, ou seja, declara sem sombra de dúvidas que o sujeito abre mão do direito de queixa.
Renúncia Tácita: acontece quando ocorre a prática de ato incompatível com a vontade de processar. Ex: convidar o autor do crime para ser padrinho de casamento.
OBS: No âmbito do CPP, recebimento de indenização não importa renúncia tácita (art. 104, p. único do CP). Nos Juizados, a composição civil dos danos acarreta a renúncia ao direito de queixa/representação.
- Por conta do princípio da indivisibilidade, a renúncia concedida a um dos coautores estende-se aos demais.
Perdão:
- Conceito: é o ato bilateral e voluntário por meio do qual o querelante perdoa o acusado, acarretando a extinção do processo.
- A natureza jurídica do perdão é de causa extintiva da punibilidade.
- O perdão só acarreta a extinção da punibilidade nos casos de ação penal exclusivamente privada ou nos casos de ação penal privada personalíssima. Não incidirá na ação penal privada subsidiária da pública.
- Este perdão do ofendido não se confunde com o perdão judicial. Um exemplo de perdão judicial é o art. 121, § 5° do CP. O perdão judicial também é uma causa extintiva da punibilidade, mas quem a concede é o juiz, conforme os casos descritos em lei.
- O perdão do ofendido está ligado ao princípio da disponibilidade. Ou seja, durante o processo, é possível abrir mão dele. Isso significa dizer que o perdão do ofendido só pode ser concedido durante o curso do processo, até o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 106, § 2° do CP).
- O perdão, ao contrário da renúncia, é um ato bilateral, ou seja, o perdão depende de aceitação. Se não aceitar o perdão, o processo segue seu curso normal. E o fato de aceitar o perdão não implicará na configuração de culpa.
- O perdão poderá ser concedido de maneira Expressa e Tácita (mesmo que na renúncia).
- O perdão depende de aceitação, portanto ela poderá ser Expressa e Tácita. 
- A lei prevê que o silêncio do acusado é uma espécie de aceitação tácita (art. 58 do CPP).
- O princípio da indivisibilidade assegura que o perdão concedido a um dos coautores estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação. Quem não aceita o perdão, o processo segue seu curso normal.
18) Perempção
- Conceito: é considerada pela doutrina como a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude da negligência do querelante.
- Na perempção, perde-se o direito de prosseguir. Já havia sido exercido o direito, mas durante o processo houve negligência.
- A perempção não se confunde com a decadência. A diferença é que a perempção é a perda do direito de prosseguir, enquanto que a decadência vem um pouco antes, pois é a perda do direito de dar início ao processo em crimes de ação penal privada.
- A natureza jurídica da perempção é de causa extintiva da punibilidade. Mas só será causa extintiva da punibilidade na ação penal exclusivamente privada e privada personalíssima.
- Causas de Perempção (art. 60, CPP):
Art. 60, inc. I: É necessária a intimação do querelante.
Art. 60, inc. II: Não há necessidade de intimação dos sucessores.
Art. 60, inc. III: Este é o inciso que mais cai em prova. Uma das causas é a ausência do querelante a ato processual que deva estar presente. A ausência do querelante à audiência de conciliação não é causa de perempção, pois ele não está com interesse de conciliar, não demonstrando de forma alguma negligência ou desídia. Outra causa trazida pelo inciso é quando o querelante deixa de formular o pedido de condenação nas alegações finais. Qual é a conseqüência do querelante à audiência una de instrução e julgamento? R: Se o querelante não comparece à audiência, ele não poderá apresentar suas alegações orais, o que significa que não foi feito o pedido de condenação do acusado. Se não houve o pedido de condenação, trata-se de caso de perempção.
Art. 60, inc. IV.
19) Peça Acusatória
- Esta peça é chamada de denúncia na Ação Penal Pública e de queixa-crime na Ação Penal Privada.
- Em regra, a peça acusatória deve ser apresentada por escrito, através de uma petição. No entanto, no âmbito dos Juizados, é possível oferecer a peça acusatória de forma oral, que deverá ser reduzida a termo.
19.1) Requisitos da Peça Acusatória
- Ver art. 41 do CPP.
a) Exposição do Fato Criminoso com todas as suas Circunstâncias
- Trata-se basicamente de responder as seguintes perguntas: O que aconteceu? Como? Quem? Contra quem? Quando? Onde? Por que?
- Quanto mais simples for a peça acusatória, melhor será. Não é necessário colocar trechos de doutrina e jurisprudência.
OBS: Quanto aos crimes culposos, o promotor deve descrever em que consistiu a modalidade da culpa (imprudência, imperícia e negligência). Não basta somente dizer que a pessoa agiu negligentemente, ou imprudentemente. Tem que dizer por que se considera a conduta negligente ou imprudente.
OBS: No processo penal o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados (atribuídos), independentemente da classificação formulada.
OBS: O promotor não pode simplesmente copiar o tipo penal na denúncia (ex: sujeito subtraiu para si coisa alheia móvel). Deve detalhar através das perguntas descritas no início do tópico.
- Elementos Essenciais x Elementos Acidentais:
	Elementos Essenciais
	Elementos Acidentais
	São aqueles necessários para identificar a conduta como fato típico.
A partir da leitura desses elementos é que se verifica qual crime está sendo imputado.
	São aqueles relacionados às circunstâncias de tempo, lugar do crime, modus operandi, etc.
Se estes elementos forem conhecidos, deverão constar da peça acusatória.
	Eventual vício é tratado como causa de nulidade absoluta por violação à ampla defesa.
	Eventual vício é tratado como causa de nulidade relativa. Logo, deve ser comprovado o prejuízo.
- Agravantes x Atenuantes: há uma diferença de entendimento entre a doutrina e a jurisprudência, quanto à necessidade de constar atenuantes e agravantes na peça acusatória. A doutrina afirma que devem constar na peça acusatória. Já a jurisprudência (STJ e STF) entende que não é necessário constar da peça acusatória, podendo ser reconhecidas pelo juiz, mesmo que não tenham constado da peça acusatória (art. 385 do CPP). O CPP não trata às atenuantes, mas por interpretação extensiva, entende-se que o juiz pode reconhecê-las.
- A deficiência da narrativa do fato delituoso (criptoimputação) é causa de inépcia formal da peça acusatória. A inépcia é uma das causas de rejeição da peça acusatória (art. 395, inciso I, CPP).
- Na visão do STF e do STJ, a inépcia da peça acusatória deve ser argüida até a sentença, sob pena de preclusão.
- Crimes societários e denúncia genérica: Crimes societários (crimes de gabinete) são crimes praticados por pessoas físicas sob o manto protetor da pessoa jurídica. Ex: crimes tributários e contra a previdência social; Denúncia genérica é aquela que não aponta a conduta individualizada de cada um dos denunciados. A conduta de cada um é individualizada se for possível.
- Denúncia genérica em crimes societários: Para os tribunais superiores, o simples fato de sersócio, gerente ou administrador não permite a instauração de processo penal pelos crimes praticados no âmbito da sociedade, se não se comprovar, ainda que minimamente, a relação de causa e efeito entre as imputações e a função do denunciado na sociedade, sob pena de se admitir verdadeira responsabilidade penal objetiva (STF, HC 24.239).
- Acusação Genérica e Acusação Geral:
	Acusação Genérica
	Acusação Geral
	Vários fatos delituosos são imputados a diversos agentes sem que haja uma individualização.
	O mesmo fato delituoso é atribuído a vários acusados.
	Neste caso, para a doutrina haveria uma nulidade absoluta por violação à ampla defesa.
	Neste caso, entende-se que não há violação à ampla defesa, pois já se sabe por qual fato deve se defender.
b) Qualificação do Acusado
- Envolve os dados que irão individualizar a pessoa do acusado.
- São eles: Nome, filiação, nascimento, CPF, RG, etc.
- No caso de não haver qualificação, segundo a doutrina, ainda é possível o oferecimento da peça acusatória, que deve apontar os esclarecimentos pelos quais se possa identificar a pessoa.
- Os esclarecimentos devem levar a uma identificação física que seja certa. O melhor exemplo é de uma pessoa que esteja presa, ou seja, não se sabe ainda o nome, mas ele está lá na delegacia para ser descrito fisicamente.
- Sobre o assunto, ver art. 259 do CPP.
- Se há problemas para identificar a pessoa, será necessário decretar a prisão preventiva para obter maiores informações quanto à sua qualificação (art. 313, p. único, do CPP).
c) Classificação do Crime
- É a descrição do tipo legal da conduta típica praticada pelo agente.
- Eventual erro quanto à classificação não autoriza a rejeição da peça acusatória, visto que o CPP dispõe de instrumentos para a retificação da classificação no momento da sentença.
- Estes instrumentos são dois: emendatio libelli e mutatio libelli.
- Emendatio Libelli ocorre quando o juiz, sem modificar a descrição do fato constante da peça acusatória, dá a ele classificação diversa (art. 383, CPP).
- Mutatio Libelli ocorre quando, durante a instrução probatória, surge prova de elementar ou circunstância não contida na peça acusatória. Nesse caso, deve ser feito o aditamento pelo MP, com posterior oitiva da defesa, em fiel observância aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da correlação entre acusação e sentença.
d) Rol de testemunhas
- Só deve ser apresentado se necessário. Muitos crimes não dependem de prova testemunhal (ex: crime tributário).
 - Se não apresentado o rol de testemunhas na peça acusatória, a conseqüência é a preclusão temporal. Nestes casos, o juiz acaba invocando o princípio da busca da verdade, e as testemunhas são ouvidas como testemunhas do juízo (art. 156, inc. II do CPP).
- O número máximo de testemunhas varia de acordo com o tipo de procedimento. No procedimento comum ordinário são 8 testemunhas. No procedimento comum sumário são 5 testemunhas. No procedimento comum sumaríssimo são 3 testemunhas (alguns doutrinadores falam que são 5). Na 1ª fase do júri são 8 testemunhas. No plenário do júri são 5 testemunhas. Na lei de drogas são 5 testemunhas. No procedimento ordinário do CPP Militar são 6 testemunhas.
- Para a acusação o número de testemunhas varia de acordo com o número de ações ou omissões. Ou seja, a cada ação ou omissão, é possível arrolar até 8 testemunhas no procedimento comum ordinário. Não é por crime, mas por ação. Ex: o criminoso pode roubar duas pessoas em uma mesma ação. Neste caso são dois crimes em uma única ação. Portanto, poderá arrolar 8 testemunhas.
- Para a defesa, o número de testemunhas varia de acordo com o número de ações ou omissões, por acusado.

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