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*Aluno do PROMAT – FAMAT –UFU ** Tutor do PETMAT – UFU –SESu/MEC Agradecimento: Os autores agradecem à FAPEMIG pelo apoio financeiro. Álgebra Linear Aplicada a Doenças Autossômicas Recessivas Joabe Oliveira Santos* Marcos Antônio da Câmara** Faculdade de Matemática, FAMAT, UFU 38.408-100, Uberlândia, MG E-mail: joabejos@hotmail.com camara@ufu.br RESUMO Suponhamos que a característica hereditária em questão é governada por um conjunto de dois genes que nós denotaremos por A e a. Por hereditariedade autossômica cada indivíduo possui dois pares destes genes. Este par de genes chamado genótipo do indivíduo e determina como o caráter controlado por estes genes se manifesta no indivíduo. Quando o genótipo Aa apresenta a mesma característica externa que o genótipo AA dizemos que o gene a é recessivo em relação ao gene A ou que o gene A domina o gene a. Existem muitas doenças genéticas governadas por hereditariedade autossômica nas quais um gene normal A domina um gene anormal a. O genótipo AA é um indivíduo normal, o genótipo Aa é um portador da doença, mas não é afetado por ela e o genótipo aa é afetado por doença. Suponhamos que um criador de animais tenha uma população animal portadora de uma doença autossômica recessiva. Suponhamos também que os animais afligidos pela doença não sobrevivam até a maturidade. Uma forma de controlar essa doença é sempre cruzar qualquer fêmea, independentemente de seu genótipo, com um macho normal. Assim, seus descendentes terão dois pais normais ou um pai normal e uma mãe portadora da doença. Não pode haver cruzamento AA x aa, pois os animais do genótipo aa não chegam à maturidade. Desta forma, não haverá descendentes futuros doentes, embora ainda haja portadores em gerações futuras. Para determinarmos a fração de portadores nas gerações futuras vamos construir modelos matriciais que dão os prováveis genótipos dos descendentes em função dos genótipos dos pais e usaremos estes modelos para acompanhar a distribuição genotípica de uma população através de sucessivas gerações calculando potências de matrizes. Estes modelos podem ser encontrados em [1]. Seja n nn b a x )( , n = 1, 2, 3,... em que na é fração da população de genótipo AA na n-ésima geração e nb é fração da população de genótipo Aa (portadores) na n-ésima geração. Como cada descendente tem pelo menos um dos pais normais, podemos considerar este programa de cruzamentos controlados como um de cruzamento constante com o genótipo AA. Neste caso 0a e 0b especificam a distribuição inicial dos genótipos. Também temos que 1nn ba . Listaremos agora as probabilidades dos possíveis genótipos dos descendentes para todas as possíveis combinações de genótipos dos pais. Genótipo dos Descendentes Genótipos dos pais AA x AA AA x Aa AA 1 ½ Aa 0 ½ Aa 0 0 Tabela 1 Através da tabela 1 podemos determinar a distribuição de genótipos em cada geração a partir da distribuição na geração precedente, pelas seguintes equações: 444 ISSN 1984-8218 1 11 2 1 2 1 nn nnn bb baa em que n = 1, 2, 3 ,... (1) As equações (1) podem ser escrita da seguinte forma: )1()( nn Mxx em que 2 1 0 2 1 1 M Conhecendo a distribuição inicial )0(x , a distribuição de genótipos na n-ésima geração é, portanto, dada por )0()( xMx nn , n = 1, 2, 3,... Diagonalizando M, temos que: 0 000 )( 2 1 2 1 b bba x n n n . Como 100 ba , concluímos que: 0 2 1 1 ba n n 0 2 1 bb n n em que n = 1, 2,... Assim, quando n tende ao infinito, resulta 0 1 n n b a ou seja, o número de portadores na população se tornará ínfimo após muitas gerações. Além disso, por (1), nós vemos que 1 2 1 nn bb , n = 1, 2,... , ou seja, a fração de portadores em cada geração é a metade da fração de portadores da geração precedente. Nos humanos, muitas vezes estas doenças genéticas estão associadas a um grupo racial específico; por exemplo, fibrose cística (predominante entre brancos), anemia falciforme (predominante entre negros), beta-talassemia (predominante entre pessoas de origem do Mar Mediterrâneo) e doença de Tay-Sachs (predominante entre judeus europeus ocidentais). Desse modo, estes resultados podem ser utilizados para prever a probabilidade de que os descendentes de representantes desses grupos raciais tenham ou não as doenças citadas. Palavras-chave: Álgebra Linear, Genética, Doença autossômica recessiva. Referências [1] A. Howard e C. Rorres, "Algebra Linear com aplicações", Bookman, Porto Alegre, 2001. 445 ISSN 1984-8218
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