Buscar

DIREITO CIVIL AULA 09

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL - AULA 09 (22/05/12)
Continuação Direito das Obrigações
OBS: O que é obrigação natural? R: A obrigação natural é aquela desprovida de exigibilidade jurídica. Ex: Dívidas de jogo (art. 814, CC); Dívidas prescritas. A obrigação natural não pode ser cobrada em juízo, pois carece de exigibilidade, mas, se o devedor efetuar o pagamento, poderá o credor retê-lo, nos termos do art. 882, CC. Este poder de reter o pagamento chama-se soluti retentio.
TEORIA DO PAGAMENTO
Pagamento
- Conceito: O pagamento consiste no cumprimento voluntário da obrigação de dar, fazer, ou não fazer.
OBS: Seguindo a linha de Roberto de Ruggiero, entendemos que o pagamento, por se assentar na autonomia privada, tem natureza negocial, o que permite, inclusive, a incidência de determinados defeitos, a exemplo do erro ou da coação.
Condições do Pagamento
- O pagamento possui condições subjetivas e objetivas.
Condições Subjetivas:
- As condições subjetivas são: quem deve pagar e a quem se deve pagar.
- Nos termos do art. 304 e 305 do CC, quem deve pagar é o devedor ou o seu representante.
- Mas o ordenamento jurídico brasileiro reconhece legitimidade ativa para o pagamento ao terceiro, que poderá ser um terceiro interessado ou um terceiro não interessado.
- Resumindo Quem deve pagar: devedor, representante e terceiro (interessado ou não interessado).
OBS: Terceiro interessado é aquele em face de quem a obrigação pode repercutir, a exemplo do fiador, caso em que, pagando, subroga-se nos direitos, privilégios e garantias do credor satisfeito.
- O terceiro não interessado não sofrerá a repercussão jurídica do descumprimento da obrigação, mas, ainda assim, o ordenamento jurídico permite que ele pague.
- Quando o terceiro não interessado paga, SE O FIZER EM SEU PRÓPRIO NOME TERÁ AO MENOS DIREITO AO REEMBOLSO PELO QUE PAGOU; MAS, SE PAGAR EM NOME DO PRÓPRIO DEVEDOR NÃO TERÁ DIREITO A NADA.
- O devedor pode se opor ao pagamento feito por terceiro? R: Nos termos do art. 306, CC, é possível ao devedor opor-se ao pagamento desde que haja fundamento jurídico para tanto. Ex: O terceiro irá pagar a dívida do devedor, que notifica o mesmo para afirmar que a dívida está prescrita.
- A quem se deve pagar: art. 308 e 309 do CC. Deve-se pagar ao credor ou ao representante dele.
- Ocorre que a lei brasileira admite o pagamento feito a um terceiro.
OBS: O pagamento feito a um terceiro somente terá eficácia se o credor o ratificar ou se houver prova de que reverteu em proveito do credor.
- Outra situação especial de pagamento feito a terceiro opera-se no caso do “credor putativo”. O art. 309 do CC, com amparo no princípio da boa-fé e na teoria da aparência, reconhece a eficácia jurídica do pagamento feito pelo devedor inocente ao terceiro que se apresenta como credor, induzindo-o ao erro. Ex: O pagamento sempre é feito para um funcionário da empresa. Mas este funcionário foi demitido, e induziu o devedor ao erro de que ele ainda era funcionário da empresa.
Condições Objetivas:
- As condições objetivas do pagamento são divididas em: objeto, prova, lugar e tempo.
a) Objeto:
- A regra básica quanto ao objeto do pagamento está descrita no art. 313, CC. O credor não é obrigado a receber coisa diversa do que convencionou, ainda que mais valiosa.
- A segunda regra está descrita no art. 314, CC. Se não for convencionado o pagamento em partes, o credor não pode ser obrigado a receber, nem o devedor ser obrigado a pagar, ainda que a prestação tenha objeto divisível.
- A terceira regra está descrita no art. 315, CC. Afirma que as dívidas em dinheiro devem ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal. Diante disso, a loja pode se recusar a receber cheque e cartões.
OBS: O art. 315 do CC consagra o “princípio do nominalismo”, segundo o qual, em sua essência o devedor se libera pagando a mesma quantidade de moeda prevista no título da obrigação (deve 10, paga 10).
- Este princípio do nominalismo, no entanto, é flexibilizado pelos mecanismos ou índices de correção monetária (IGP-M, INPC).
OBS: Excepcionalmente, admite-se pagamento em moeda estrangeira, como se dá nos free shops de zonas aeroportuárias, bem como, também excepcionalmente é possível reajuste de uma prestação vinculado à variação cambial (ver art. 6º, L. 8.880/94 e AgRg no Ag 845.988/SP).
- É possível a vinculação do salário mínimo ao reajuste da obrigação. Em outras palavras, o salário mínimo pode ser usado como índice de correção? R: Em regra não se pode vincular o salário mínimo a outra finalidade (art. 7º, IV, CF). Ver Súmula Vinculante n. 4 do STF.
- Excepcionalmente, lembra Maria Berenice Dias amparada em julgados do próprio STF, admite-se a vinculação do salário mínimo como critério de correção de obrigação alimentícia (RE 170.203, RE 274.897).
- O que se entende por Tabela Price? R: A Tabela Price, também conhecida como sistema francês de amortização, incorpora juros ao cálculo do pagamento de um financiamento, mantendo, todavia, a homogeneidade de todas as prestações.
- O STJ, por conta da infindável polêmica doutrinária acerca da legalidade da tabela, adotou uma posição jurídica de neutralidade, ao firmar entendimento no sentido de que a abusividade ou não da tabela é questão de matemática financeira, a ser enfrentada no caso concreto (Ver AgRg no Ag 963.285/DF e Noticiário de 21/09/2009).
b) Prova:
- Denomina-se quitação o ato jurídico por meio do qual é efetuada a prova do pagamento (art. 319, CC).
- O recibo é o instrumento da quitação.
- Os requisitos do recibo estão descritos no art. 320, CC. Ver também o p. único, que fala do caso da ausência de alguns requisitos.
OBS: Ainda que não tenha havido a prova do pagamento por meio da quitação, os arts. 322 a 324, CC, trazem presunções de que o devedor pagou.
c) Lugar do Pagamento
- Deve lembrar da Regra do Seu Barriga, que vai até a vila pegar o aluguel.
- A regra geral do sistema jurídico brasileiro, nos termos do art. 327, CC, é no sentido de que as dívidas devem ser pagas no domicílio do devedor (dívida quesível ou querable), e, apenas excepcionalmente devem ser pagas no domicílio do credor (dívida portável ou portable).
- Designado dois ou mais lugares, cabe a credor escolher por um deles (p. único, art. 327, CC).
OBS: O art. 330, CC exemplifica aplicação da regra proibitiva do comportamento contraditório (venire contra factum proprium ou doutrina dos atos próprios).
d) Tempo do Pagamento
- Em regra, nos termos dos arts. 331 e 332, CC, o tempo do pagamento é o vencimento da obrigação; mas, nas obrigações puras, sem vencimento certo, admite-se que sejam cobradas ou exigidas de imediato.
- No caso do mútuo de dinheiro, nos termos do art. 592, II, CC, não havendo vencimento certo, o prazo para pagamento será de 30 dias.
OBS: Ver o art. 333, CC, que estabelece hipóteses de antecipação do vencimento.
Teoria do Adimplemento Substancial:
- O que se entende por Teoria do Adimplemento Substancial (Substantial Performance)? R: De acordo com esta teoria, não é justo considerar-se resolvida a obrigação quando a atividade do devedor, embora não haja sido perfeita, tenha se aproximado consideravelmente do resultado final. O Enunciado 361 da 4ª Jornada aceita esta teoria como decorrência da função social e da boa-fé. O STJ já admitiu a sua aplicação, como se lê no REsp. 415.971/SP (seguro), no REsp. 469.577/SC (alienação fiduciária) e no REsp. 1.051.270/RS (leasing).
- Ex: O segurado dividiu as apólices de seguro, e na última atrasou 01 dia. Neste dia o carro foi roubado. A seguradora não pode deixar de indenizar alegando que não houve cumprimento da obrigação.
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO
Dação em Pagamento
- Também é chamada de datio in solutum
- Conceito: Trata-se de uma especial forma de cumprimento da obrigação, prevista a partir do art. 356, CC, pela qual o credor aceita receber prestação diversa da que lhe é devida.

Outros materiais