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DIREITO CIVIL AULA 10

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DIREITO CIVIL - AULA 10 (05/06/12)
DAÇÃO PRO SOLVENDO – DAÇÃO EM PAGAMENTO
- Dação pro solvendo (dação por causa ou em função de pagamento): onde o interesse não é imediatamente satisfeito.
- Ex: Dação de um título de crédito emitido por terceiro (art. 358, CC). Neste caso, para satisfazer o credor é preciso cobrar este título (cheque).
Requisitos da Dação em Pagamento
1º) A existência de uma dívida vencida;
2º) Consentimento do credor;
3º) A entrega de uma prestação diversa;
4º) Animus solvendi (ou seja, o devedor atua com a intenção de pagar).
- Ex: se o devedor disser “credor, quero lhe dar meu carro” é diferente de dizer “credor, quero lhe dar meu carro em troca do pagamento da dívida”. Neste segundo caso, está demonstrado o animus solvendi.
OBS: Toda vez que ver a palavra evicção, deve se lembrar da palavra perda. Vale lembrar que a evicção se opera quando o adquirente de um bem vem a perder a sua posse e propriedade em virtude do reconhecimento judicial ou administrativo DE DIREITO ANTERIOR DE OUTREM.
- Na evicção existem 03 indivíduos: o alienante da coisa, o adquirente (evicto) e o terceiro (evictor). O evictor retira o bem do evicto, e quem responde civilmente por isso é o alienante.
- O art. 359, CC regula a hipótese de o credor da coisa sofrer evicção. Caso a obrigação primitiva não possa se reestabelecer, em virtude de eventual direito de terceiro de boa-fé, resolver-se-á em perdas e danos.
TEORIA DO INADIMPLEMENTO
- Inadimplemento significa descumprimento da obrigação.
- O inadimplemento poderá ser fortuito (art. 393, CC), ou culposo. O culposo é dividido em absoluto (art. 389, CC) e relativo (art. 394, CC).
- O Inadimplemento fortuito também é um tipo de inadimplemento total ou absoluto.
- O Inadimplemento fortuito, nos termos do art. 393, CC, traduz o descumprimento da obrigação por fato não imputável ao devedor (caso fortuito ou força maior), caso em que a obrigação é extinta, em regra, sem que haja obrigação de indenizar.
- No caso excepcional, pode acontecer que uma das partes assuma a obrigação de indenizar, mesmo havendo caso fortuito ou força maior. Ex: seguradora.
OBS: O STJ já consolidou entendimento no sentido de que o assalto a mão armada em coletivo constitui fortuito que afasta a responsabilidade da empresa transportadora (Rcl 4.518/RJ).
- O Inadimplemento culposo deriva de fato imputável ao devedor, caso em que haverá a sua responsabilidade civil. No inadimplemento absoluto (art. 389, CC), ocorre o descumprimento total da obrigação, caso em que o credor poderá resolver em perdas e danos (art. 402, CC), se, por outro lado, não preferir a execução específica da obrigação por entendê-la ainda viável (tutela específica).
- Desta forma, em havendo inadimplemento absoluto, o credor tem duas alternativas: indenização, ou uma tutela específica, com a possibilidade de aplicar astreinte (multa diária), enquanto não se realizar a obrigação.
- O Inadimplemento relativo é estudado por meio do instituto da mora.
Mora
- Conceito: A mora ocorre quando o pagamento não é feito no tempo, lugar e forma convencionados.
Pergunta: Quando o pagamento não é feito no tempo, lugar e forma convencionados e a prestação não interessa mais ao credor, houve mora? R: Não, pois se não interessa mais ao credor, haverá o inadimplemento absoluto da obrigação.
- Então, a mora só ocorre quando ainda há interesse por parte do credor. Se não houver mais interesse, haverá inadimplemento absoluto da obrigação, que irá se resolver através de perdas e danos.
- Existem duas espécies de mora: do credor (credendi ou accipiendi) e do devedor (solvendi ou debendi).
- Ex. mora do credor: Um sujeito está devendo um cavalo ao credor no dia 05. Neste dia, o credor não apareceu no lugar do pagamento. Neste caso, o credor esta em mora de receber. No caso da mora do credor, o devedor deverá depositar em juízo.
- Os efeitos da mora do credor estão previstos no art. 400, CC. Este artigo possui 03 regras:
I) A mora do devedor subtrai o devedor isento de dolo a responsabilidade pela conservação da coisa;
II) Obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-las;
III) Sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
- Ex. regra III: O devedor obrigou-se a entregar um boi de 150 arrobas no dia 05/06, a R$ 100,00 a arroba. Houve mora do credor. O credor só recebeu dia 22/06, e se o valor oscilar entre o dia 05/06 e 22/06, o valor recebido deverá ser o mais favorável ao devedor. Se no dia 22/06 estiver em R$ 180,00, o credor terá que pagar este valor. Se no dia 22/06 o valor da arroba estiver R$ 85,00, o credor pagará os R$ 100,00 do dia 05/06. Mas no caso da arroba ter valido R$ 220,00 dia 10/06, o credor deverá pagar este valor ao devedor, mesmo que só tenha recebido o animal no dia 22/06. Resumindo: O animal estava a disposição do credor para recebê-lo, e, por isso, deve pagar o maior valor que o bem atingiu enquanto perdurou a mora do credor.
OBS: É perfeitamente possível haver mora simultânea, caso em que, segundo autores como Washington de Barros Monteiro e Maria Helena Diniz, elas se compensam, ficando tudo como está.
- A mora mais importante é a do devedor, e acontece quando ele retarda culposamente o cumprimento da obrigação.
- Clóvis Beviláqua lembra que a mora do devedor observa 04 requisitos:
I) Existência de uma dívida líquida e certa;
II) Vencimento da dívida. Vale acrescentar que, em regra, as obrigações têm vencimento certo, caso em que a mora do devedor opera-se automaticamente, independentemente de interpelação (mora ex re). Isto está no caput do art. 397, CC. Todavia, caso o credor precise interpelar ou comunicar ao devedor para constituí-lo em mora, fala-se que a mora é ex persona. Isso corre quando não há termo para pagamento (p. único, art. 397, CC).
OBS: Nos termos do REsp 1.186.747/SC, “a jurisprudência deste STJ é pacífica no sentido de que, na ação de busca e apreensão de bem objeto de contrato de financiamento com garantia fiduciária, a mora constitui-se ex re, ou seja, decorre automaticamente do vencimento do prazo para pagamento.
III) A culpa do devedor (art. 396, CC). Se o devedor não provar que não há culpa, não há mora.
IV) A viabilidade do cumprimento tardio da obrigação, ou seja, se não houver mais viabilidade da prestação, o credor poderá enjeitá-la, pois o inadimplemento é absoluto a ser resolvido via perdas e danos.
OBS: O Enunciado 162 da 3ª Jornada de Direito Civil sustenta que, para efeito de reconhecimento ou não da mora do devedor, a inutilidade da prestação deve ser aferida objetivamente segundo o princípio da boa-fé.
Efeitos da Mora do Devedor
- Esta mora causa dois efeitos:
I) A responsabilidade do devedor pelos prejuízos causados ao credor (art. 395, CC).
- Esta responsabilidade geralmente se traduz através de juros moratórios. Estes juros geralmente são de 1% ao mês.
II) Durante a sua mora, o devedor responderá pelos danos sofridos pela coisa, ainda que acidentais (art. 399, CC).
- A doutrina denomina este efeito de perpetuatio obligationis.
- De acordo com o art. 399, CC, o devedor, na mora, possui apenas duas defesas: que não teve culpa na mora; mesmo que houvesse entregado a coisa no dia do pagamento, o dano sobreviria do mesmo jeito.
O problema da mora na alienação fiduciária e a Súmula 284 do STJ
- O DL 911/69 foi a lei básica da alienação fiduciária de bens móveis por muito tempo, e ainda continua sendo aplicado em grande parte.
- De acordo com este Decreto, o STJ editou a Súmula 284. Esta súmula confirmou o entendimento do Decreto, no sentido de que o devedor, na alienação fiduciária, somente poderia purgar a mora se já houvesse pago pelo menos 40% do valor financiado. Isso significa que se o devedor pagou menos do que 40% do financiamento, o credor poderá rejeitar o pagamento dos valores em atraso e requerer o bem de volta.
- Em 2004, foi aprovada a L. 10.931, que revogou o DL 911/69 na parte quecondicionava a purgação da mora aos 40%.
OBS: Embora formalmente em vigor, a Súmula 284, diversas decisões do STJ, à luz da L. 10.931/04 (REsp 767.227/SP, REsp 1.319.433, REsp 1.305.655), considerando não haver mais norma legal condicionando a purga da mora ao pagamento dos 40% do preço financiado, apontam uma tendência de superação do referido enunciado.
Questões Especiais de Concurso
1ª) Já que falamos de inadimplemento obrigacional, o que se entende por violação positiva do contrato? R: Trata-se de uma expressão muito usada pela doutrina moderna para caracterizar o descumprimento dos deveres anexos, colaterais ou de proteção derivados da cláusula geral de boa-fé objetiva. Ex: dever de informação, sigilo, lealdade, etc.
2ª) O que se entende por pós-eficácia objetiva da obrigação? R: Esta expressão caracteriza a hipótese em que, mesmo finda a primeira obrigação, determinados efeitos se projetam para depois do seu fim, na perspectiva do princípio da boa-fé, impondo às partes a sua estrita observância. Ex: Zeca pagodinho, que passou de garoto propaganda de uma cervejaria, para outra.

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