Buscar

DIREITO CIVIL AULA 15

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL - AULA 15 (09/08/12)
PERSONALIDADE JURÍDICA
- Conceito: A personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita jurídica. Tanto a pessoa física como a jurídica são dotadas desta qualidade.
Pessoa Física ou Natural
- Vale lembrar que o grande Teixeira de Freitas denominava a Pessoa Física ou Natural de “ente de existência visível”.
- Pergunta: Em que momento a Pessoa Física ou Natural adquire personalidade jurídica? R: Aparentemente, a resposta encontra-se na primeira parte do art. 2º do CC, segundo a qual a personalidade da pessoa começa do NASCIMENTO COM VIDA. Por “nascimento com vida” entenda-se o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório. Vale dizer, nessa linha, ainda que respire por um único instante, o recém nascido, mesmo falecendo em seguida, adquiriria personalidade jurídica.
OBS: Vale lembrar que o CC da Espanha, em seu art. 30, até a entrada em vigor da recente lei nº 20/2011 exigia, para efeito de aquisição de personalidade, forma humana e uma sobrevivência mínima de pelo menos 24 horas. Tal posicionamento, no Brasil, já não seria possível à luz do princípio da dignidade da pessoa humana e segundo a doutrina da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
- Entretanto, a segunda parte do art. 2º estabelece que o nascituro teria direitos desde a concepção. Afinal, o nascituro também seria uma pessoa?
O Nascituro
- Conceito: Segundo Limongi França, o nascituro é o ente concebido, de vida intra-uterina, mas ainda não nascido.
OBS: O que é concepturo? R: O concepturo é aquele que nem concebido ainda foi, também chamado de prole eventual. E o que seria natimorto? R: Trata-se daquele ente nascido morto, em relação ao qual o enunciado nº 1 da 1ª Jornada de Direito Civil reconhece a tutela de determinados direitos da personalidade, na perspectiva da dignidade humana, a exemplo do resguardo à imagem e à sepultura.
- Para se compreender a verdadeira natureza jurídica do nascituro, é indispensável a análise das suas três principais teorias (teorias explicativas do nascituro):
1) Teoria Natalista
- Defendida por autores como Vicente Ráo, Silvio Rodrigues e Eduardo Espinola.
- Para esta primeira teoria, a personalidade jurídica somente seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro não deve tecnicamente ser considerado pessoa, sendo mero titular de uma expectativa de direito.
2) Teoria da Personalidade Condicional
- Defendida por autores como Serpa Lopes.
- Para esta segunda teoria, o nascituro seria considerado pessoa no que tange a certos direitos personalíssimos (como o direito à vida), mas, direitos e efeitos de cunho econômico ou patrimonial só seriam adquiridos sob a condição de nascer com vida. Ou seja, não seria ainda pessoa senão quando implementada a condição do nascimento, no que se refere a efeitos patrimoniais.
3) Teoria Concepcionista
- Defendida por autores como Clóvis Beviláqua e Silmara Chinelato.
- Para esta terceira teoria, o nascituro deve ser considerado pessoa desde a concepção, inclusive para efeitos econômicos ou patrimoniais (o nascimento apenas consolidaria a personalidade existente).
OBS: A Teoria Concepcionista vem ganhando força, mas não chegou ao ponto de justificar para a jurisprudência a transmissibilidade de uma herança para a sua mãe.
- Em vários pontos do nosso sistema, é nítida a influência concepcionista, a exemplo do direito aos alimentos (alimentos gravídicos), bem como o direito de receber doação (art. 542, CC). Além disso, reforçando a corrente concepcionista, o STJ admite dano moral ao nascituro (REsp. 931.556/RS, REsp. 399.028/SP). Ex. dano moral: o nascituro teve o pai morto, e, portanto, não teve o direito de conhecer o pai.
- Vale acrescentar ainda que o Noticiário STJ de 15/05/2011, que, em nosso sentir, tem influência concepcionista, admitiu que um casal obtivesse indenização pelo seguro DPVAT pela morte de um nascituro de 35 semanas.
- Pergunta: Qual das teorias foi adotada pelo Direito Civil Brasileiro? R: Trata-se de uma matéria ainda acentuadamente polêmica. Em nosso sentir, mesmo com o julgamento da ADI 3.510, em que fora questionada a lei de biossegurança, a temática ainda comportaria discussão (a despeito de a ementa do julgado fazer expressa referência à corrente natalista. Clóvis Beviláqua, por sua vez, em doutrina ainda atual, em sua clássica obra “Comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil”, Editora Rio, 1975, página 178, afirma que a melhor teoria é a Concepcionista, embora o Código Civil haja adotado a Natalista “por ser mais prática”.
CAPACIDADE
- A Capacidade em Direito Civil se desdobra em capacidade de direito e capacidade de fato. A capacidade de direito é uma capacidade genérica que qualquer pessoa tem.
OBS: Segundo Orlando Gomes, na obra Introdução ao Direito Civil (Editora Forense), para o direito moderno não há como diferenciar personalidade e capacidade de direito. Isso porque toda pessoa, por ser pessoa (ter personalidade), tem capacidade de direito.
- A capacidade de fato é a capacidade para pessoalmente praticar atos na vida civil.
- Quando uma pessoa reúne as duas capacidades, esta pessoa tem Capacidade Civil Plena.
OBS: Em Direito Civil, o conceito de capacidade não se confunde com o de “legitimidade”. Uma pessoa pode ser plenamente capaz, mas não ter legitimidade para a prática de um determinado ato, a exemplo de dois irmãos maiores e capazes impedidos de casarem entre si (falta-lhes legitimidade para o ato).
- A falta da capacidade de fato gera a incapacidade civil. A incapacidade pode ser absoluta (art. 3º, CC) ou relativa (art. 4º, CC).
- Os menores absolutamente incapazes, menores de 16 anos são chamados de impúberes. São previstos no art. 3º, I, CC.
- Também são absolutamente incapazes os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
OBS: Mediante procedimento de interdição, a incapacidade, inclusive a absoluta, pode ser declarada, por sentença, valendo registrar que, especialmente nos casos de enfermidade e deficiência mental, o juiz de direito antes de julgar determinará uma perícia médica. Proferida a sentença de interdição, registrada e publicada, todos os atos a partir dali praticados pelo incapaz, mesmo em momento de lucidez, sem o seu curador, é considerado inválido (ver art. 1.177 e ss. CPC).
OBS: É valido o ato praticado por pessoa portadora de uma causa de incapacidade (doença mental, por exemplo) e que ainda não fora interditada? R: Embora a lei civil seja omissa, a doutrina (Orlando Gomes), com inegável influência do Direito Italiano, tem admitido a invalidação do ato praticado pelo incapaz, mesmo ainda não interditado, se concorrerem três requisitos: 1º) A incapacidade de entendimento; 2º) a demonstração do prejuízo ao incapaz; 3º) A má-fé da outra parte (que pode ser aferida pelas circunstâncias do negócio).
- O projeto do Novo CPC, para dar mais segurança jurídica à hipótese, em seu art. 774, III, estabelece que o juiz na sentença fixe o termo inicial da interdição.
- O art. 3º, III, afirma que são absolutamente incapazes também as pessoas que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Ex: pessoa que sofre acidente de carro e está em coma no hospital.
OBS: O CC/1916 considerava absolutamente incapaz também o ausente e o surdo-mudo que não tivesse habilidade para manifestar vontade. Embora o novo Código não seja expresso, o inciso III do art. 3º abrange o surdo-mudo que não tenha habilidade para manifestação da sua vontade. E, quanto ao ausente, veremos que a ausência pode traduzir, não incapacidade, mas presunção de morte.
- O art. 4º, I prevê que são relativamente incapazes os maiores de 16 e menores de 18 anos (menores púberes).
- O art. 4º, II também prevê que são relativamente incapazes os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.
OBS: Nestes casos, se não houver apenas a redução, mas sima totalidade, a incapacidade será absoluta.
- O art. 4º, III prevê que são relativamente incapazes os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
- O art. 4º, IV prevê que são relativamente incapazes os pródigos.
Obs.: o pródigo sofre de um transtorno de personalidade, em geral, uma compulsão, que gera a sua incapacidade relativa, podendo também ser interditado.
- Em verdade, a proteção do pródigo inspira-se na Teoria do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, desenvolvida por Luiz Edson Fachin, segundo a qual as normas civis, na perspectiva da dignidade humana, devem sempre resguardar a cada pessoa um mínimo de patrimônio para que tenha vida digna.
- Note que o pródigo não é simplesmente um “gastador” e sim um portador de transtorno de personalidade compulsivo.
- O curador do pródigo deve assistí-lo em atos de conteúdo patrimonial, para evitar que ele se reduza a miséria, gastando tudo que tem.
- Vale finalmente dizer que o curador do pródigo deve se manifestar quanto ao regime de bens que o incapaz pretenda adotar em seu casamento.
- O Parágrafo único do art. 4º afirma que a capacidade dos índios é regulada por lei especial. O CC não regula mais a capacidade do índio.
- Art. 8.º, da Lei 6001/73 – Estatuto do Índio.
OBS: A idade avançada, por si só, não é causa de incapacidade.
- Pergunta: O que é restitutio in integrum?
- Pergunta: Quais os principais efeitos da redução da maioridade civil?

Outros materiais