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DIREITO CIVIL - AULA 02 EXTRA (26/05/12) PLANO DE EFICÁCIA NO NEGÓCIO JURÍDICO - Pontes de Miranda dividiu o Negócio Jurídico (NJ) em 03 planos: da Existência, da Validade e da Eficácia. - Esta divisão do NJ em 03 planos gera a “Escada Ponteana”: Plano da Eficácia Plano da Validade Plano da Existência - O Plano de Existência são os elementos mínimos que o NJ deve apresentar. - No Plano de Validade os requisitos mínimos recebem qualificações - Se tiver algum problema neste plano, o negócio será nulo ou anulável. - No Plano de Eficácia temos as conseqüências do NJ, com modificação e extinção de direitos. - Para que o NJ possa gerar efeitos no Plano da Eficácia, ele deve existir e ser válido, em regra. - No Plano da Eficácia temos os Elementos Acidentais do NJ. Eles são acidentais porque não são essenciais. Acidentais podem ou não estar presentes no NJ. ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NJ - Estes elementos não são obrigatórios. - Em regra, estão no Plano da Eficácia. - Eles são tratados pelo CC entre os arts. 121 a 137. - Os elementos acidentais, que remontam ao Direito Romano são: Condição, Termo e Encargo/Modo. Condição - Condição é elemento acidental do NJ que relaciona os seus efeitos a evento futuro e incerto. - Macete: Quando se tem condição, ou aparece a conjunção se ou enquanto. - Ex: Dou-lhe um carro se você for até tal lugar andando. - Deverá ocorrer o implemento da condição para haver o NJ. Classificações da Condição: a) Classificação quanto a Licitude: Lícita ou Ilícita. Condição Lícita: Art. 122, primeira parte, CC. São as não contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Condição Ilícita: Art. 122, segunda parte, CC. Contrária à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Ex: Dou-lhe um carro se você matar Tício. Entre as condições ilícitas, temos as condições: Perplexas: tiram os efeitos do NJ. Ex: Dou-lhe um carro se ganhar o campeonato, mas não pode jogar pelo time campeão. Puramente Potestativas: Há puro arbítrio de apenas uma das partes. Ex: Dou-lhe um carro se eu quiser. Ainda em Condições Ilícitas, temos o art. 123, CC, que desloca a condição para o plano da validade, gerando nulidade (invalidade) do NJ. Por isso que os elementos acidentais, em regra, estão no plano da eficácia. São elas: As condições impossíveis, quando suspensivas; As condições ilícitas As condições incompreensíveis ou contraditórias. Ex. incompreensível: Dou-lhe um carro se hg@ej%#$. Ex. contraditórias: Dou-lhe um carro não dando. b) Classificação quanto a possibilidade: Condição Possível: É aquela que pode ser realizada no plano físico e jurídico. Ex: Dou-lhe um carro se você for à Europa. Condição Impossível: É aquela que não pode ser realizada. Ex: Dou-lhe um carro se você for aos EUA, mas a pessoa está proibida de entrar nos EUA. As condições impossíveis invalidam o NJ quando suspensivas. Quando resolutivas, elas são tidas como não escritas (art. 124, CC). Trata-se do Princípio da Conservação do NJ. Ex: Dou-lhe um carro se você for a marte de bicicleta (suspensiva); Dou-lhe um carro enquanto você for a marte de bicicleta (resolutiva). Neste caso, o “enquanto você for a marte de bicicleta” é tida como não escrita. c) Classificação quanto à origem: Condição Causal/Casual: Decorre da natureza. Ex: Dou-lhe um carro se chover amanhã. Condição Potestativa: Decorre da vontade. Temos dois tipos: Condição Puramente Potestativa: É aquela que tem vontade de apenas uma das partes. Esta condição é ilícita, gerando a invalidade do NJ. Este é o fundamento da proibição das cláusulas abusivas. Condição Simplesmente/Meramente Potestativa: É aquela que tem vontade de uma parte e vontade da outra parte. Esta é perfeitamente lícita e não gera invalidade do NJ. Ex: Dou-lhe um carro se você cantar no show amanhã. Condição Mista: É aquela que tem a vontade de um + vontade do outro + evento da natureza. Ex: Dou-lhe um carro se você cantar no show amanhã e se estiver chovendo. d) Classificação quanto aos efeitos: Condição Suspensiva: É aquela que suspende a aquisição e o exercício do direito (art. 125, CC). Dou-lhe um carro se você cantar no show amanhã. Ainda não há direito adquirido em relação ao carro. Sempre que aparecer a partícula “se”, a condição será suspensiva. Condição Resolutiva: É aquela que gera a extinção do direito, quando de sua ocorrência. Sempre que aparecer a partícula “enquanto”, a condição será resolutiva. Ex: No art. 509, CC, temos o instituto da venda a contento e da venda sujeita a prova. Na venda a contento temos as duas condições. Quando não se conhece o objeto é a contento, mas quando se conhece é sujeito a prova. Primeiramente há uma condição suspensiva enquanto a coisa não é aprovada e a condição resolutiva que é a rejeição da coisa (respeitando a boa-fé). Lembrar no caso da degustação de vinho. - No art. 127, CC afirma que quando há condição resolutiva, esta não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Ou seja, o NJ vigora. No art. 128, CC, temos que em negócios continuados, a condição resolutiva não gera extinção dos atos anteriores. Consagra o princípio da Conservação do NJ. Termo - É o elemento acidental do NJ que relaciona a sua eficácia a evento futuro e certo. - A conjunção utilizada é “quando”. - Temos dois tipos de termo: inicial (“quando começa”) e final (“quando termina”). - O termo inicial é o dies a quo e o termo final é o dies ad quem. - Prazo é o lapso temporal entre o termo inicial e o termo final. - O art. 135, CC afirma que quanto ao termo inicial, aplicam-se as regras da condição suspensiva e quanto ao termo final, aplicam-se as regras da condição resolutiva, em regra, e no que couber. - Atenção: O termo inicial não suspende a aquisição do direito, mas apenas o seu exercício. Classificações do Termo: a) Quanto a origem: Legal: decorre da lei. Ex: Mandato legal, como é o inventariante que assume o compromisso (termo inicial). Convencional: Decorre da vontade ou do acordo entre as partes. b) Quanto a certeza: Certo/Determinado: Sabe-se que ocorrerá e quando ocorrerá. Ex: fim de um contrato. Incerto/Indeterminado: Sabe-se que ocorrerá, mas não se sabe quando. Ex: morte.\ Encargo ou Modo - É um ônus/fardo introduzido em ato de liberalidade. - Trata-se do famoso “presente de grego”. - As conjunções são “para que” e “com o fim de”. - Ex: Dou-lhe um terreno para que você construa em parte dele um asilo. Neste caso, o donatário já recebe o terreno, para poder executar o encargo. - O art. 136, CC afirma que o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito. - No exemplo acima, se o asilo não for construído no prazo fixado pelo doador, caberá revogação da doação (art. 555, CC). Esquema (É o que mais cai em prova): Condição Suspensiva Termo Inicial Encargo ou Modo Suspende a aquisição e o exercício do direito (tudo). Suspende o exercício do direito, não a aquisição. Não suspende a aquisição nem o exercício. Regra do Art. 137, CC: - Se o Encargo for ilícito ou impossível, em regra será não escrito. Mas se constituir o motivo determinante da liberalidade (só foi feito em razão dele), invalidará o NJ.
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