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DIREITO CIVIL AULA EXTRA 03

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DIREITO CIVIL - AULA EXTRA 03 (06/07/12)
COMPENSAÇÃO
- Conceito: A compensação é uma forma de extinção das obrigações em que as partes são, reciprocamente, credora e devedora uma da outra (art. 368, CC).
OBS: Não posso confundir a compensação com a confusão, prevista no art. 381, pois, nesta última, as qualidades de credor e devedor reúnem-se na mesma pessoa.
Espécies de Compensação
- Existem 03 espécies de compensação: legal, convencional e judicial (processual).
- Destas três, a mais importante é a legal, que é regulada pelo CC.
- A compensação legal opera-se quando, reunidos os requisitos da lei, o juiz, provocado, a declara.
- Esta compensação não pode ser reconhecida de ofício, pois cabe à parte alegá-la. E o juiz, verificando os requisitos da lei, a declara.
- Já a compensação convencional é aquela que se opera independentemente dos requisitos da lei, de acordo com a vontade das partes.
- A compensação judicial (processual) é aquela que se opera em juízo por autorização de uma norma processual. Neste caso é possível reconhecer de ofício pelo juiz. Ex: art. 21, CPC, que é quando há compensação dos ônus da demanda, em razão das partes serem vencedoras e vencidas no processo.
Requisitos da Compensação Legal
- Os requisitos estão previstos no art. 369, CC.
- São eles:
1) Reciprocidade dos débitos
- As duas partes são reciprocamente credora e devedora uma da outra.
OBS: O art. 371, do próprio CC mitiga este requisito ao permitir que o fiador (um terceiro) possa compensar sua dívida em face do credor do afiançado.
- O fiador é um terceiro interessado, e não é parte recíproca na relação base.
2) A liquidez das dívidas
- As dívidas recíprocas devem ser certas
3) O vencimento dos débitos recíprocos
- Os débitos recíprocos devem ser exigíveis, estando vencidos.
4) A homogeneidade dos débitos recíprocos
- Nos termos do art. 370, CC.
- Para haver compensação por força de lei, os débitos recíprocos devem ter a mesma natureza. Ex: dinheiro x dinheiro.
- Ainda que sejam do mesmo gênero, não haverá compensação. Ex: café tipo A e café tipo B.
- No caso das partes aceitarem compensar R$ 5.000,00 em dinheiro com R$ 5.000,00 em moedas raras, as partes poderão compensar, mas será a compensação convencional.
- O art. 373, CC afirma que as causas dos débitos recíprocos não interessam para a compensação, exceto nos casos descritos nos incisos.
- O inciso I afirma que a compensação não poderá ocorrer se provier de esbulho, furto ou roubo.
- O inciso II afirma que a compensação não poderá ocorrer se originar de comodato (empréstimo gratuito de coisa infungível – ex: emprestar apartamento), depósito ou alimentos. No caso do comodato, não pode compensar em razão da quebra de confiança. O depósito é um contrato de guarda de uma coisa, e também pressupõe a confiança.
OBS: O STJ, EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS tem admitido a compensação de débito alimentício (ver REsp. 982.857/RJ).
- O inciso III afirma que a compensação não poderá ocorrer se qualquer das dívidas for de coisa não suscetível de penhora. Ex: o empregador não pode reter o salário do empregado, alegando compensação. Isso porque o salário não é penhorável.
OBS: O próprio STJ já decidiu ser inadmissível a apropriação, pelo banco credor de salário do correntista, como forma de compensação de parcelas inadimplidas de contrato de mútuo (AgRg no REsp. 1.214.519/PR).
OBS: O art. 374, CC fora revogado pela L. 10.677/03 por razões tributárias.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
- Conceito: Na linha de pensamento do grande professor Álvaro Villaça Azevedo, trata-se da indicação ou determinação, dentre dois ou mais débitos líquidos e vencidos, devidos ao mesmo credor, em qual deles será efetuado o pagamento.
- Ex: O devedor possui 03 dívidas em face do mesmo credor. Cada dívida é de R$ 5.000,00. O devedor dispõe apenas de R$ 5.000,00 e irá efetuar o pagamento.
- Existem 03 regras sobre a imputação do pagamento:
I) A imputação deve ser feita segundo a escolha do devedor (art. 352, CC).
- Caso o devedor não realize a escolha, seguir-se-á a segunda regra.
II) A imputação deve ser feita pelo credor, ao emitir a quitação (art. 353, CC).
- Caso o credor também não realize a escolha, irá para a terceira regra.
III) A imputação é feita pela lei (arts. 354 e 355, CC).
- O art. 354, CC é específico para juros, tendo uma aplicação mais limitada. Assim, o art. 355, CC é mais importante.
- O art. 354, CC afirma que a imputação será primeiramente nos juros, caso houver, e depois no capital.
- O art. 355, CC afirma que a imputação será nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, far-se-á na mais onerosa. A mais onerosa é aquela que tenha multa mais alta, por exemplo.
- O CC brasileiro não traz solução para a imputação legal quando todas as dívidas forem vencidas ao mesmo tempo e igualmente onerosas, recomendando-se um julgamento por equidade, mormente se considerarmos a revogação do antigo art. 433, item 4 do Código Comercial que trazia solução para o problema.
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
- Dentro do tópico Transmissão das Obrigações, estuda-se 03 institutos: cessão de crédito; cessão de débito (assunção de dívida); cessão de contrato (cessão de posição contratual).
- O 1º instituto é tratado no CC/16 e CC/02, o 2º é tratado somente no CC/02, e o 2º instituto só é tratado pela doutrina.
Cessão de crédito
- A cessão de crédito opera-se quando o credor originário (cedente) transmite a um novo credor (cessionário), total ou parcialmente o seu crédito em face do devedor (cedido), na mesma relação obrigacional.
- A cessão poderá ser gratuita ou onerosa.
- A regra geral é que todo crédito pode ser cedido (art. 286, CC), salvo se a isso se opuser a natureza da obrigação (ex: crédito alimentício), se a lei impedir a cessão (ex: art. 1.749, III, CC), ou de acordo com a convenção/ajuste feito com o devedor.
- A cláusula do contrato que proíbe a cessão do crédito é chamada de pacto de non cedendo. À luz do princípio da boa-fé objetiva, esta cláusula deve constar no contrato, não podendo ser simplesmente verbal.
OBS: À luz do princípio da boa-fé objetiva, em respeito ao dever de informação, dever este homenageado pela moderna doutrina nacional (O dever de informar no Direito Civil, Cristoph Fabian), o devedor deve ser comunicado a respeito da cessão do crédito, como condição de sua eficácia (art. 290, CC), até para que saiba a quem vai pagar (art. 292, CC).
OBS: Ademais, nos termos do art. 294, CC, que tem regra semelhante no art. 1.474, CC da Argentina, uma vez notificado o devedor, poderá ele, por óbvio, opor ao novo credor (cessionário) as defesas que tinha contra o antigo.
OBS: Em direito das sucessões, deverá ser vista especial forma de cessão, nos termos do art. 1.793, CC: a cessão de direito hereditário.
- Nos termos dos arts. 295 a 297, CC, REGRA GERAL, o cedente garante apenas a existência do crédito que cedeu (cessão pro soluto); todavia, caso seja convencionalmente ajustado, poderá o cedente também garantir a solvência do devedor, caso em que a cessão passa a se chamar pro solvendo.
Cessão de Débito
- Também é chamada de assunção de dívida.
- Conceito: A cessão de débito consiste no negócio jurídico por meio do qual o devedor, COM EXPRESSA ANUÊNCIA DO CREDOR, transmite a um terceiro o seu débito, na mesma relação jurídica obrigacional.
- Ver art. 299 e ss., CC.
Cessão de Contrato
- Ou cessão de posição contratual.
- É comum nos contratos de locação, compromisso de compra e venda, empreitada e financiamento.
- Lembra-nos Emilio Betti, em sua clássica obra dedicada ao direito das obrigações, que a cessão de contrato realiza a mais completa forma de sucessão na relação jurídica obrigacional. De fato, diferentemente do que ocorre na cessão de crédito e de débito, na cessão de contrato, o cedente transfere a sua própria posição contratual, mediante a anuência da parte contrária.
OBS: Com a devida vênia, não assiste razão aos adeptos da teoria atomística ou da decomposição,como Ferrara, segundo a qual a cessão de contrato não teria autonomia jurídica, sendo apenas um conjunto de cessões de crédito e débito simultâneas. Por isso, assiste razão a teoria unitária, defendida por autores como Silvio Venosa e Antunes Varela, segundo a qual a cessão de contrato tem autonomia jurídica e se opera em único ato, globalmente.
- Para que haja a cessão da posição contratual é indispensável a anuência da outra parte do contrato.
OBS: Excepcionalmente, pode a lei autorizar a cessão independentemente da anuência da outra parte (a exemplo do § 1º, art. 31, L. 6.766/79), caso em que a cessão de contrato é denominada de cessão legal ou imprópria.
- A regra geral, quando tratamos especialmente de cessões no Sistema Financeiro de Habitação, é no sentido de se buscar a anuência do agente financeiro. Trata-se de uma regra básica da essência do instituto analisado (AgRg no Ag 1.180.558/SC). Todavia, por exceção, a L. 10.150/00, nos termos e nas condições do seu art. 20, admite a cessão sem a anuência do agente financeiro, por meio do contrato de gaveta (Ver AgRg no Ag 1.423.463/DF).

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