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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO texto analisado

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1 
 
 
TEXTOS PARA ANÁLISE 
 
Vamos praticar: 
 
Texto 1 
 
PRECONCEITOS 
Preconceitos são juízos firmados por 
antecipação; são rótulos prontos e aceitos para 
serem colados no que mal conhecemos. São 
valores que se adiantam e qualificam pessoas, 
gestos, ideias antes de bem distinguir o que 
sejam. São, nessa medida, profundamente 
injustos, podendo acarretar consequências 
dolorosas para suas vítimas. São pré-juízos. 
Ainda assim, é forçoso reconhecer: dificilmente 
vivemos sem alimentar e externar algum 
preconceito. 
São em geral formulados com um alcance 
genérico: “o povo tal não presta”, “quem nasce ali 
é assim”, “música clássica é sempre chata”, 
“cuidado com quem lê muito” etc. Dispensam-nos 
de pensar, de reconhecer particularidades, de 
identificar a personalidade própria de cada um. 
“Detesto filmes franceses”, me disse um amigo. 
“Todos eles?” − perguntei, provocador. “Quem viu 
um já viu todos”, arrematou ele, coroando sua 
forma preconceituosa de julgar. 
Não confundir preconceito com gosto 
pessoal. É verdade que nosso gosto é sempre 
seletivo, mas ele escolhe por um critério mais 
íntimo, difícil de explicar. “Gosto porque gosto”, 
dizemos às vezes. Mas o preconceito tem raízes 
sociais mais fundas: ele se dissemina pelas 
pessoas, se estabelece sem apelação, e quando 
damos por nós estamos repetindo algo que 
sequer investigamos. Uma das funções da justiça 
institucionalizada é evitar os preconceitos, e o faz 
julgando com critério e objetividade, por meio de 
leis. Adotar uma posição racista, por exemplo, 
não é mais apenas preconceito: é crime. Isso 
significa que passamos, felizmente, a considerar 
a gravidade extrema das práticas 
preconceituosas. 
(Bolívar Lacombe, inédito) 
 
1. Ao avaliar a gravidade e a extensão dos 
preconceitos, o autor os condena sobretudo 
pela seguinte razão: eles 
( ) acabam se confundindo com nosso gosto 
pessoal e prejudicando nosso entendimento das 
coisas. 
( ) proporcionam uma visão de mundo 
excessivamente singular e viciosa, mesmo 
quando justificável. 
( ) promovem profunda injustiça ao julgarem 
pessoas ou coisas a partir de valores já firmados. 
( ) acarretam máximos prejuízos para quem os 
alimenta, não atingindo as opiniões que circulam 
socialmente. 
( )deformam nossa visão de mundo por serem 
muito detalhistas, distraindo-nos do foco principal. 
 
2. Atente para as seguintes afirmações: 
I. No 1o parágrafo, o autor define o que seja 
preconceito e avalia a extensão dos prejuízos 
que sua prática acarreta, considerando ainda 
a dificuldade de se os evitar plenamente. 
II. No 2o parágrafo, o autor reconhece na prática 
algumas formulações preconceituosas, 
reforçando a ideia de que os preconceitos 
impedem uma identificação adequada das 
coisas e das pessoas. 
III. No 3o parágrafo, o autor estabelece um 
paralelo entre o juízo preconceituoso, passível 
de penalização, e o juízo decorrente do gosto 
pessoal, que se rege por critérios 
interiorizados e difíceis de definir. 
 
Texto 2 
 
Ô de casa! 
Acredito que acabei me adaptando a esse 
mundo moderno. Esse mundo de Facebook, 
Instagram, WhatsApp. Sinto saudade de quê? De 
um álbum de retratos com as folhas separadas 
por papel celofane, de um envelope verde e 
amarelo debaixo da porta? Talvez. Mas saudade 
de rebobinar uma fita K-7? Nenhuma. 
Custei a me adaptar a algumas coisas: 
escrever direto no computador, bater fotos sem 
filme, ter uma agenda eletrônica. Mas hoje acho 
tudo isso o máximo, ao ponto de não ter a mínima 
saudade da minha máquina de escrever 
Remington, dos filmes Ektachrome ou da minha 
agenda Pombo com capa de couro. 
 Hoje cedo eu me lembrei da minha mãe à 
beira do fogão separando os marinheiros do arroz 
e tirando as pedras do feijão. Quando a 
campainha tocava, ela sempre exclamava: − 
Quem será? 
O mundo era assim. As pessoas iam à 
casa das outras sem avisar, sem hora nem dia 
marcado. Chegavam de repente, sem mais nem 
menos. Por mais amigo que seja, quem hoje bate 
na porta do outro sem avisar? Há três semanas 
que estou combinando um almoço com um 
grande amigo. Quando eu posso, ele não pode. 
Quando ele pode, sou eu que não posso. Já 
2 
 
trocamos uns cinco e-mails e uns dez recados 
pelo celular. E o almoço ainda não aconteceu. 
Estou pensando seriamente em sair daqui 
uma hora dessas, chegar à casa dele e tocar a 
campainha. Se não tiver campainha, vou bater 
palmas e gritar: − Ô de casa! (Adaptado de: 
 
VILLAS, Alberto. Disponível em: 
www.cartacapital.com.br/cultura/o-de-casa-8837.html. 
Acessado em: 05.09.2015) 
 
 
 
3. A partir da leitura do texto, conclui-se 
corretamente que, com relação ao mundo 
moderno, o autor demonstra ter 
 
( ) um comportamento indiferente, pois os 
benefícios advindos com a modernidade não 
alteraram sua rotina de maneira significativa. 
( ) uma sensação de frustração, pois esperava 
que as transformações da modernidade fossem 
tornar sua vida profissional mais fácil. 
( ) uma atitude de empolgação, pois percebe que 
as inovações tecnológicas permitiram um contato 
mais próximo entre as pessoas. 
( ) um julgamento reprovador, pois considera que 
alguns hábitos são insubstituíveis, como receber 
cartas em envelope debaixo da porta. 
( ) um sentimento ambivalente, pois aprecia 
alguns avanços tecnológicos, mas se mostra 
crítico quanto ao comportamento das pessoas. 
 
 
Texto 3 
 
O termo saudade, monopólio sentimental 
da língua portuguesa, geralmente se traduz em 
alemão pela palavra “sehnsucht”. No entanto, as 
duas palavras têm uma história e uma carga 
sentimental diferentes. A saudade é um 
sentimento geralmente voltado para o passado e 
para os conteúdos perdidos que o passado 
abrigava. Embora M. Rodrigues Lapa, referindo-
se ao sentimento da saudade nos povos célticos, 
empregue esse termo como “ânsia do infinito”, 
não é esse o uso mais generalizado. Emprega-se 
a palavra, tanto na linguagem corrente como na 
poesia, principalmente com referência a objetos 
conhecidos e amados, mas que foram levados 
pela voragem do tempo ou afastados pela 
distância. 
A “sehnsucht” alemã abrange ao contrário 
tanto o passado como o futuro. Quando usada 
com relação ao passado, é mais ou menos 
equivalente ao termo português, sem que, 
contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática 
de valores elaborados durante uma longa história 
de ausências e surgidos em consequência do 
temperamento amoroso e sentimental do 
português. Falta à palavra alemã a riqueza 
etimológica, o eco múltiplo que ainda hoje vibra 
na palavra portuguesa. 
A expressão “sehnsucht”, todavia, tem a 
sua aplicação principal precisamente para 
significar aquela “ânsia do infinito” que Rodrigues 
Lapa atribuiu à saudade. No uso popular e 
poético emprega-se o termo com frequência para 
exprimir a aspiração a estados ou objetos 
desconhecidos e apenas pressentidos ou 
vislumbrados, os quais, no entanto, se julgam 
mais perfeitos que os conhecidos e os quais se 
espera alcançar ou obter no futuro. 
Assim, a saudade parece ser, antes de 
tudo, um sentimento do coração envelhecido que 
relembra os tempos idos, ao passo que a 
“sehnsucht” seria a expressão da adolescência 
que, cheia de esperanças e ilusões, vive com o 
olhar firmado num futuro incerto, mas 
supostamente prometedor. Ambas as palavras 
têm certa equivalência no tocante ao seu sentido 
intermediário, ou seja, à sua ambivalência doce-
amarga, ao seu oscilar entre a satisfação e a 
insatisfação. Mas, como algumas de suas janelas 
dão para o futuro, a palavra alemã é portadora de 
um acento menos lânguido e a insatisfação nela 
contida transforma-se com mais facilidade em 
molade ação. 
(Adaptado de: ROSENFELD, Anatol. Doze 
estudos. São Paulo, Imprensa oficial do Estado, 1959, 
p. 25-27) 
 
4. O texto 
 
( ) compara Portugal e Alemanha a partir do 
estudo da tradução de uma palavra alemã para o 
português, concluindo que o povo alemão não é 
dado a expansões de sentimentos. 
( ) desenvolve-se principalmente com base na 
comparação entre as diferenças e as 
similaridades contidas nos significados das 
palavras “saudade” e “sehnsucht”. 
( ) critica a tendência portuguesa de evocar o 
passado em vez de partir para a ação, costume 
que se reflete no amplo uso, tanto na poesia 
como no cotidiano, da palavra saudade. 
( ) mostra que os sentidos de “saudade” e 
“sehnsucht” são completamente antagônicos, o 
que impossibilita a tradução de “sehnsucht” para 
o idioma português. 
( ) apresenta semelhanças entre o povo alemão e 
o português a partir do estudo de duas palavras, 
“saudade” e “sehnsucht”, cujos significados são 
praticamente idênticos. 
 
Texto 4 
 
Numa dessas anotações que certamente 
contribuíram para lhe dar a reputação de grande 
fotógrafo da existência humana em sua época, 
Stendhal observou que a Igreja Católica aprendeu 
bem depressa que o seu pior inimigo eram os 
livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a 
3 
 
competição com outras religiões; isso tudo podia 
atrapalhar, claro, mas o que realmente criava 
problemas sérios eram os livros. Neles as 
pessoas ficavam sabendo coisas que não 
sabiam, porque os padres não lhes contavam, e 
descobriam que podiam pensar por conta própria, 
em vez de aceitar que os padres pensassem por 
elas. Abria-se para os indivíduos, nesse mesmo 
movimento, a possibilidade de discordar. Para 
quem manda, não pode haver coisa pior − como 
ficou comprovado no caso da Igreja, que foi 
perdendo sua força material sobre países e 
povos, e no caso de todas as ditaduras, de 
ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava 
falando, na sua França de 200 anos atrás, de 
algo que viria a evoluir, crescer e acabar 
recebendo o nome de "opinião pública". Os livros 
ou, mais exatamente, a possibilidade de 
reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias 
foram a sua pedra fundamental. 
 
(J.R.Guzzo. Veja, 3 de agosto de 2011, p. 142) 
 
 
 
 
 
5. Segundo o texto, 
( ) a livre e ampla divulgação do conhecimento 
resulta naquilo que se entende por "opinião 
pública", reflexo do acesso à informação e do 
desenvolvimento do espírito crítico. 
( ) Stendhal foi o criador do termo "opinião 
pública", para se referir à atuação da Igreja 
Católica na França quanto ao controle da 
divulgação do conhecimento, o que em sua época 
era feito pelos padres. 
( ) a grande força da Igreja Católica, em todos os 
tempos e lugares, se deve à educação esmerada 
recebida pelos padres, única fonte do 
conhecimento transmitido aos fiéis. 
( ) a competição pelo poder é marcada, há alguns 
séculos, pela oposição entre valores políticos, 
relativos aos reis, e religiosos, especialmente 
quanto à atuação da Igreja Católica em todo o 
mundo. 
( ) escritores de todas as épocas, como Stendhal, 
aprofundaram-se na discussão de problemas da 
sociedade de seu tempo e, por consequência, 
voltaram-se para a análise do poder que a 
Igreja sempre manteve sobre os governantes. 
 
Texto 5 
 
A sociedade de consumo se construiu 
sobre o “visível”, com o desenvolvimento das 
lojas de departamentos e, depois, dos 
supermercados, baseando-se neste princípio: 
mostrar, sugerir, instigar e seduzir. Nas lojas 
tradicionais, os produtos se encontravam nos 
fundos da loja e, a pedido do cliente, o vendedor 
os trazia. As lojas de departamentos foram as 
primeiras a “mostrar”, conforme Zola, no século 
XIX, descreveu de forma extraordinária em seus 
romances. 
Em seguida, os supermercados 
estenderam esse princípio; as mercadorias são 
não apenas visíveis, mas também apreensíveis, o 
consumidor já não precisa do vendedor para se 
servir. A visibilidade do produto se torna então um 
fator-chave: para ser vendido, o produto deve ser 
visto, e, quanto mais é visto, mais é vendido, as 
vendas das prateleiras que estão no nível dos 
olhos do comprador são superiores àquelas dos 
outros níveis. 
Conforme John Berger, no livro Modos de 
Ver: “em nenhuma outra forma de sociedade na 
história houve tal concentração de imagens, tal 
densidade de mensagens visuais”. A exibição dos 
produtos foi acompanhada de um fluxo de 
imagens destinado a facilitar seu escoamento: a 
publicidade invadiu as revistas, as ruas, a 
televisão e agora a tela do computador. 
(Adaptado de TISSIER-DESBORDES, 
Elisabeth. Consumir para ser visto: criação de si 
ou alienação?, São Paulo, Fap-Unifesp, p. 227-
228) 
 
 
6. De acordo com o texto, conclui-se 
corretamente: 
 
( ) O mercado tem dado visibilidade cada vez 
maior às necessidades dos consumidores, por 
meio do incremento da propaganda. 
( ) A visibilidade das mercadorias tem se tornado 
um fator de redução de vendedores e, 
consequentemente, de preços, o que faz 
aumentar o consumo. 
( ) Se, a princípio, a visibilidade dos produtos não 
estava atrelada a seu consumo, hoje é associada 
direta e proporcionalmente às vendas. 
( ) Os meios de comunicação têm oferecido mais 
e mais espaço para a publicidade, de modo a 
relegar a segundo plano as necessidades básicas 
dos consumidores. 
4 
 
( ) Com o desenvolvimento do mercado, a 
visibilidade dos produtos ganhou autonomia em 
relação aos meios de comunicação utilizados 
habitualmente. 
 
TEXTO 6 
 
As palavras que nos exprimem 
Há palavras estrangeiras absolutamente 
necessárias para nossa comunicação, como é o 
caso de termos técnicos ligados à computação ou 
de vocábulos cujo sentido muito específico na 
língua original torna muito difícil, ou quase 
impossível, encontrar tradução adequada. 
Mas é um tanto ridículo o abuso 
pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” 
em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. 
Nos programas de congressos, em vez de se ler 
“Intervalo para café” ou, mais simplesmente, 
“Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo 
pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho 
é um hábito brasileiro, é um momento de 
sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis 
aqui uma expressão estrangeira já integrada em 
nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de 
rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos 
de conversa amiga. 
Desde o século XIX o Brasil teve boa 
parte de sua economia sustentada pelo café, 
exportou café para o mundo, criaram-se muitos 
postos de trabalho, fortunas se fizeram, 
exportamos, exportamos, exportamos – e de 
repente ele volta para nós importado, com 
sotaque americano, como prova de prestígio: 
“coffee break”. É como se a matriz central 
devolvesse para a filial da periferia aquela banana 
importada que agora volta com selo de 
exportação para os que acham que em inglês 
tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que 
os estrangeiros possam ter de melhor não é 
preciso subestimar o que seja legitimamente 
nosso, e alimentar assim um tolo complexo de 
inferioridade. 
(Adalberto Tolentino, inédito) 
 
 
7. Quanto ao emprego de termos estrangeiros 
em nosso país, a posição do autor do texto 
consiste, resumidamente, em 
 
( ) abolir toda e qualquer palavra ou expressão 
cujo sentido técnico esteja fora do alcance do 
brasileiro. 
( ) discriminar esse uso, justificando em cada 
caso a razão pela qual devem ou não ser 
evitados. 
( ) acatar esse uso, desde que a razão disso seja 
o fato de não haver expressão similarem nossa 
língua. 
( ) tolerar essa prática, uma vez que ela já está 
arraigada no uso comum do falar brasileiro. 
( ) acolher os vocábulos que constituírem uma 
espécie de apropriação de palavras do português. 
 
8. Atente para as seguintes afirmações: 
 
I. No 1o parágrafo, o autor sugere que sempre é 
possível encontrar numa determinada língua uma 
expressão cujo sentido seja equivalente ao de 
uma expressão de outra língua. 
II. No 2o parágrafo, o emprego da palavra 
cafezinho, no lugar da expressão “coffee break”, é 
apresentado como exemplo de uma forma de 
nacionalismo exacerbado e, até certo ponto, 
injustificável. 
III. No 3o parágrafo, a importância histórica do 
café em nossa economia e em nossa cultura é 
ressaltada pelo autor do texto para mostrar o 
ridículo do emprego da expressão “coffee break”. 
 
 
TEXTO 7 
A linguagem politicamente correta 
 
(1) A linguagem politicamente correta é a 
expressão do aparecimento na cena pública de 
identidades que eram reprimidas e recalcadas: 
mulheres, negros, homossexuais e outras 
minorias que eram discriminadas, ridicularizadas, 
desconsideradas. Pretende-se, com essa 
linguagem, combater o preconceito, 
proscrevendo-se um vocabulário que é 
fortemente negativo em relação a tais grupos 
sociais. A ideia é que, alterando-se a linguagem, 
mudam-se as atitudes discriminatórias. 
(2) Sem dúvida nenhuma, a presença de 
certas palavras num determinado texto faz que 
ele seja racista, machista etc., criando uma 
imagem de que seu autor é alguém que tem 
preconceito contra as mulheres, os negros, os 
índios, os homossexuais e assim por diante. O 
que é preciso saber é se combater o uso de 
palavras ou expressões que patenteiam a 
discriminação é um instrumento eficaz de luta 
contra ela. 
(3) De um lado, é verdade que usar uma 
linguagem não marcada por fortes conotações 
pejorativas é um meio de diminuir 
comportamentos preconceituosos ou 
discriminatórios. De outro lado, porém, é preciso 
atentar para dois aspectos. O primeiro é que o 
5 
 
cuidado excessivo com a busca de eufemismos 
para designar certos grupos sociais revela a 
existência de preconceitos arraigados na vida 
social... Em segundo lugar, os defensores da 
linguagem politicamente correta acreditam que 
existam termos neutros ou objetivos, o que 
absolutamente não é verdade. Todas as palavras 
são assinaladas por uma apreciação social. Isso 
ocorre porque as condições de produção de 
discursos sobre a mulher, o negro, o 
homossexual etc. são aquelas de existência de 
fortes preconceitos em nossa formação social. 
Isso significa que não basta mudar a linguagem 
para que a discriminação deixe de existir. 
Entretanto, como a conotação negativa é uma 
questão de grau, não é irrelevante deixar de usar 
os termos mais fortemente identificados com 
atitudes racistas, machistas etc. 
(4) Há, porém, duas posições de 
defensores da linguagem politicamente correta 
que contrariam a natureza do funcionamento da 
linguagem e que, portanto, são irrelevantes para 
a causa que defendem. A primeira é a crença de 
que a palavra isolada carrega sentido e 
apreciação social. Na verdade, um termo funciona 
num discurso e não isoladamente. Por isso, nem 
todos os usos do vocábulo negro com valor 
negativo denotam racismo. Por exemplo, dizer 
que há racismo na expressão “nuvens negras no 
horizonte do país” é um equívoco, porque o 
sentido conotativo de “situação preocupante”, que 
aparece no discurso político ou econômico, está 
relacionado à meteorologia, nada tendo a ver com 
raças ou etnias. Outra coisa que produz efeito 
contrário ao pretendido é o uso de eufemismos 
francamente cômicos, para fazer uma designação 
que é vista como preconceituosa: por exemplo, 
dizer “pessoa verticalmente prejudicada” em lugar 
de anão. Isso gera descrédito para os que 
pretendem relações mais civilizadas entre as 
pessoas. 
(5) As palavras ferem e, como diz o poeta 
Pepe, “as lágrimas não cicatrizam”. Por isso, para 
criar um mundo melhor, é importante usar uma 
linguagem que não machuque os outros, que não 
revele preconceitos, que não produza 
discriminações. É necessário, porém, que, para 
ter eficácia, esse trabalho sobre a palavra 
respeite a natureza e o funcionamento da 
linguagem. 
(José Luiz Fiorin. A linguagem 
politicamente correta.) 
 
9.O Texto, em seu desenvolvimento global, 
pretende: 
 
( ) ressaltar que, em todos os discursos, existem 
palavras e expressões com fortes conotações 
pejorativas. 
( ) defender o uso incondicional de eufemismos, 
como forma de criar relações sociais sem 
preconceitos ou discriminações. 
( ) reforçar a ideia de que existem grupos 
minoritários, vítimas de crendices e 
convenções inconsistentes. 
( ) analisar aspectos teóricos e práticos 
implicados na proposta de uma ‘linguagem 
politicamente correta’. 
( ) convencer o leitor de que as mudanças de 
linguagem são suficientes para que a 
discriminação deixe de existir. 
 
10. Conforme o autor do Texto, o pressuposto 
que fundamenta a proposta da ‘linguagem 
politicamente correta’ é o seguinte: 
 
( ) se os termos com que nos expressamos são 
alterados também são alteradas as atitudes 
discriminatórias. 
( ) a palavra isolada, fora de um discurso, 
portanto, carrega sentido e apreciação social. 
( ) a conotação negativa que certas palavras 
exprimem é uma questão de grau. 
( ) existem termos que expressam sentidos 
neutros ou marcadamente objetivos. 
( ) a busca de eufemismos para designar certos 
grupos sociais pode ser excessiva.

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