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Relatividade Restrita (E = mc2) 1. introdução: Nesta seção, tentaremos deduzir matematicamente a expressão E = mc², que talvez seja a equação mais popular da Física. Para tanto, primeiramente, vamos supor que já é bem conhecido do leitor as transformações de Lorentz, e a diferença entre massa inercial e massa gravitacional. 2. As Transformações de Lorentz: Não deduziremos aqui as Transformações de Lorentz, mas, vamos relembrar a sua forma e a sua utilidade. As Transformações de Lorentz são utilizadas para mostrar como dois observadores diferentes, em referenciais diferentes S e S', que se movem à velocidade v, um com relação ao outro. (1) Resolvendo o sistema (1) em função de x, y, z e t, teremos as Transformações de Lorentz inversa, que é: (2) As expressões (1) e (2) também são conhecidas como Transformações de Lorentz especial, pois são deduzidas a partir da consideração de que para um dos referenciais haja movimento apenas na direção do eixo x, por isso que y e z não se transformam, sendo iguais, respectivamente a y' e z'. 3. Mecânica Relativística: A mecânica desenvolvida por Isaac Newton, conhecida como Mecânica Newtoniana é um grande marco do pensamento racional e de toda a ciência ocidental. Pois, com ela, se pôde associar os mais diversos movimentos em um número bastante reduzido de leis. É possível se estudar de maneira bastante parecida tanto o movimento da Lua em volta da Terra quanto uma maçã que cai na superfície do planeta. Mas, esta teoria é incompatível com a teoria eletromagnética de Maxwell. E, para conciliar as duas teorias mais bem elaboradas que a humanidade já criou, foi preciso se desenvolver uma outra teoria: a teoria da relatividade. A teoria da relatividade, na verdade, é dividida em duas: a relatividade restrita e a relatividade geral. Nos será de maior interesse no momento a relatividade restrita, pois é a partir dela que começa a acontecer a grande reformulação da mecânica de Newton. Como já foi dito anteriormente, não pretendemos entrar em detalhes nos conceitos abordados pela teoria da relatividade; no entanto, mostraremos que ela reduz a mecânica de Newton a um caso particular de um principio físico mais geral. x '= x−vt 1− v2c2 y '= y z '=z t '= t− xv c2 1− v2c2 x= x 'vt ' 1− v2c2 y= y ' z= z ' t= t 'x ' c2 1− v2c2 Albert Einstein, criador da teoria da relatividade, mostrou que há duas formas distintas de massa e que é preciso que se diferencie uma da outra. Uma ele chamou de massa inercial e a outra de massa gravitacional. Quando a velocidades pequenas comparadas com velocidade da luz, ambas tendem a serem iguais. Não é uma tarefa difícil se deduzir a expressão matemática para a massa inercial, já que a mesma depende da velocidade. E ela é: (3) A expressão (3) dar mais consistência aos postulados que Einstein criou para conseguir chegar a teoria da relatividade. Observe o que acontece quando v tende para c. (4) A relação v2/ c2 tenderá para 1, então, o termo no interior da raiz quadrada tenderá para 0. como: (5) Então, teremos que m(v) será uma indeterminação. Fisicamente, poderíamos dizer que m(v), a massa relativística, seria infinita se a velocidade da partícula fosse igual a velocidade da luz. E, se a velocidade da partícula fosse superior a velocidade da luz, teríamos um números complexo puro. Isso justifica um dos postulados da teoria da relatividade, que diz que nada que tenha massa pode alcançar a velocidade da luz. Mas, a relatividade ainda conserva alguns conceitos que são comuns à mecânica newtoniana, como por exemplo a quantidade de movimento, p, e a força F, que são definidos, respectivamente como: p≡mv (6) e F≡dpdt (7) Onde v é a velocidade da partícula e a é a aceleração da mesma. Ainda na mecânica newtoniana temos que: (8) Onde T é o trabalho realizado pela força para mover um corpo na distância dx. Agora nós já temos as ferramentas necessárias para deduzir a equação de Einstein. 4. A equação de Einstein: Primeiramente utilizamos a expressão (8), e substituímos F pela expressão (7): (9) Sabemos que a velocidade é definida como: v≡ dxdt (10) Substituindo (10) em (9), temos: (11) Nosso próximo passo é resolver a integral da expressão (11). Essa integral é resolvida facilmente se usarmos o método de integração por partes. Relembraremos como é utilizado este método: ∫udk = uk−∫ kdu , o que resulta em: (12) Utilizando agora a expressão (6), para substituir na expressão (12) m v= m0 1− v2c2 lim vc m0 1− v2c2 lim m0 m0 0 =∞ T=∫ 0 x F dx T=∫ 0 x dp dt dx T=∫ 0 p vdp T=[vp ]0 v−∫ 0 v pdv T=vmv 0 v−∫ 0 v mvdv (13) Substituiremos agora a expressão (3) na expressão (13), pois necessitaremos da massa relativística. Pela primeira vez, sairemos da mecânica newtoniana, para dizermos que a massa é uma função da velocidade. Como já deu para perceber a integral será de uma forma um pouco mais complicada de se resolver. (14) Nos concentraremos no momento em resolver a segunda parte da expressão (14), que é resolver a integral definida. Esta integral não deve ser muito difícil de ser resolvida, pois, ela se integra com v e este mesmo termo é encontrado elevado ao quadrado e elevado à primeira potência. Tentaremos resolvê-la por substituição, fazendo: u=1−v2/c2 e du=−2v c2 dv Logo: vdv=−c 2 2 du Fazendo todas as substituições necessárias, podemos escrever agora a integral da seguinte forma: Substituímos agora a expressão acima em (14), no lugar da integral, temos: T= m0 v 2 1− v2c2 m0c 21− v2c2 0 v (15) Colocando m0c2 em evidência, temos: (16) Podemos simplificar mais ainda as expressões no interior dos parênteses, reduzindo-a a uma única expressão: (17) Aplicando agora os limites de integração, temos: T=m0 c 2 11− v2c2 − 1 1−02c2 ⇒ T=m0 c 2 11− v2c2 −1 (18) Simplificando para eliminar os parênteses, temos: T= m0 c 2 1− v2c2 −m0 c 2 (19) T=m0 c 2 v 2 c2 1− v 2 c2 1− v2c2 0 v ⇒ T=m0 c 2 11− v 2c2 0 v −m0∫ 0 v −c2/2 u du ⇒ m0 c 2 2 ∫0 v u−1/2du ⇒ m0 c22 .21− v2c2 1 /2 0 v T=m0 c 2 v2/c21− v2c2 1− v2 c2 0 v T= m0 v 2 1− v2c2 0 v −∫ 0 v m0 v 1− v2c2 dv O teorema da conservação da energia diz que o trabalho total executado sobre uma partícula é igual a sua energia cinética. Por isso, deixaremos de usar T, para usar E, pois, desde o início que estamos tratando de energia. Nossa expressão então será: E= m0 c 2 1− v2c2 −m0 c 2 (20) Esta expressão (20) também pode ser escrita da seguinte forma: E=m0c 2[1− v2c2 −1 /2 −1] (21) Devido a forma do termo entre parênteses, a expressão (21) pode ser expandida na forma de uma expansão binomial. Lembrando que de maneiragenérica, uma expansão binomial pode ser assim escrita: 1x n=1nx 1! n n−1 x2 2! ... (22) Expandido (21), fica: E=m0c 2[112 . v2c21/2 1 /2−12! . v2c2 2 −1] (23) Estamos interessados apenas nos termos de potência inferior, pois, se considerarmos que v << c, cada vez que v2/c2 for elevado a uma potência maior, o termos será menor, se tornando irrelevante no que desejamos observar. Mas, é claro que não teremos mais uma exatidão, somente uma aproximação. Mas, esta aproximação é muito boa para os nossos parâmetros físicos, pois, não temos nenhum aparelho de medida que meça uma grandeza qualquer com infinita precisão, somente aproximadamente. Então, a expressão (23) toma a seguinte forma: E≈m0 c 2[ 12 . v 2 c2 ] (24) Simplificando, fica: E≈1 2 mv2 (25) Que é a nossa conhecida expressão para a energia cinética, que é proveniente da Mecânica Clássica. Este resultado é uma das provas que a Teoria da Relatividade está de acordo com a mecânica Newtoniana, sendo mais uma generalização do que uma contradição quanto à teoria clássica. Pois, na mecânica de Newton, todos os movimentos ocorrem em pequenas velocidades comparadas à velocidade da luz. Para calcularmos a energia relativística total Et de uma partícula, devemos somar a energia dessa partícula, quando em movimento com a energia dessa partícula quando em repouso. Ou seja: Et = E(v) + E(0), onde E(v) é a energia cinética da partícula e E(0) é a energia de repouso da partícula. Logo: E t=E v E 0 ⇒ E t= m0 c 2 1− v2c2 m0 c 2 1−02c2 ⇒ E t= m0 c 2 1− v2c2 m0c 2 (26) Então, a energia cinética relativística de uma partícula é dada por e a energia de repouso é simplesmente E(0) = mc2. E v = m0 c 2 1− v2c2 Da expressão (3), podemos simplificar ainda mais a (26), que fica: Et = mc2 + m0c2 (27) Podemos ainda escrever: mc2 = Et - m0c2. E quando temos uma partícula presa por um poço de potencial U, podemos generalizar mais ainda a expressão da energia dessa partícula. Da expressão (19), temos que: E(v) = mc2 - m0c2 Ou seja: mc2 = E(v) + m0c2 . Logo, a expressão completa fica: mc2 = E(v) + U + m0c2 (28) Com isso, agora podemos dizer que a massa relativística é uma medida direta do conteúdo total de energia de uma partícula. Qualquer coisa que aumente, de alguma forma, a energia de uma partícula, também aumentará a sua massa relativística mc2. 5. Conclusão: Com este trabalho, conseguimos mostrar um caminho bastante razoável para se chegar à equação mais popular da Física: E = mc2. Para isso, utilizamos um caminho bem mais matemático, e, talvez um pouco mais tortuoso do que era de se esperar. Na verdade, a matemática utilizada pela relatividade restrita é bem simples, o que há de mais difícil nesta teoria é se entender as aparentes contradições que surgem quando estamos aprendendo a relatividade. Mais tarde, nos acostumamos e percebemos que ela é uma teoria bastante natural e de uma simplicidade incrível. Há outras formas de se chegar à mesma expressão. Mas, o que importa não é a forma de se chegar à expressão, mas sim o significado físico dela. Enquanto que na mecânica de Newton, um corpo em repouso só pode ter energia potencial, já que a mesma é uma forma de energia associada ao campo no qual a partícula se encontra; na mecânica relativística, um corpo em repouso tem uma energia intrínseca, a energia de repouso E = mc2. 6. Bibliografia: * Eisberg, Robert Martin. Fundamentos da Física Moderna. * Nussenzveig, Moysés. Física Básica IV. Este trabalho foi elaborado por Maroívo P. Caldeira, estudante de graduação em Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Espero que ele ajude a muitas pessoas na sua caminhada acadêmica. Qualquer dúvida, sugestão ou erro encontrado neste trabalho que alguém queira me comunicar, por favor entre em contato: e-mail: isaacnewton@ig.com.br A relação tenderá para 1, então, o termo no interior da raiz quadrada tenderá para 0. como: (5) Primeiramente utilizamos a expressão (8), e substituímos F pela expressão (7):
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