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S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 1 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br AULA 01 PRINCÍPIOS GERAIS E SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS Em nossa primeira aula, abordaremos os Princípios Processuais Penais e os Sistemas Processuais Penais. Trata-se de tema relativamente simples, porém importante em nossa preparação para esse concurso de nível tão elevado. Pois bem, começaremos com a análise dos princípios informadores do Processo Penal. PRINCÍPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL 1) Princípio do Devido Processo Legal Também conhecido pela expressão “due process of law”. Sua origem remonta a 1215, na Inglaterra, com a Magna Carta. Em um primeiro momento, aplicava-se apenas à função legislativa do Estado (ou seja, referia-se à forma como as leis eram praticadas), mas com o tempo passou a ser aplicado também à função executiva e judiciária. Encontra-se previsto no art. 5º, LIV, da Constituição. Podemos definir o devido processo legal como a forma devida, correta de se praticar os atos processuais, de acordo com o estabelecido em lei. Subdivide-se em: a) Devido Processo Legal formal ou instrumental: refere-se à forma. Consiste em saber se os atos S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 2 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br processuais estão sendo praticados conforme o procedimento previamente estabelecido em lei; b) Devido Processo Legal material ou substantivo: trata- se de uma análise da razoabilidade/proporcionalidade do ato. Não bastaria saber se o ato obedeceu ao procedimento previsto em lei. Devemos também perguntar se a prática de tal ato é razoável ou proporcional, ou seja, se existe uma correspondência entre o fim almejado pelo agente e os meios empregados para tanto. Como decorrência do devido processo legal podemos elencar alguns subprincípios: i) contraditório: (art. 5º, LV, da CF/88) é a condução dialética do processo. Sempre que uma das partes se manifestar, a outra terá a oportunidade de rebater tais argumentos; ii) igualdade entre as partes: exige-se uma igualdade e paridade de forças e oportunidades entre as partes; iii) ampla defesa: (art. 5º, LV, da CF/88) É a possibilidade do acusado se utilizar de todos os instrumentos que estejam ao seu alcance, desde que não constituam prova ilícita, a fim de provar a veracidade de suas alegações, podendo, inclusive, negar ou calar a verdade. Modernamente, a ampla defesa inclui a autodefesa (oportunidade de o acusado expor sua própria versão dos acontecimentos. Inclui o direito de presença e o direito de audiência. É facultativa, pois o acusado possui o direito constitucional ao silêncio) e a defesa técnica (exigência de que o acusado seja representado por um defensor legalmente habilitado. Nos termos do art. 261, CPP, “nenhum acusado, S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 3 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”); iv) direito ao silêncio e à não autoincriminação: o acusado tem o direito constitucional de permanecer calado. Além disso, ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo. 2) Princípio do Juiz Natural Segundo o art. 5º, LIII, da CF/88 “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Ademais, proibi-se, no Brasil, a existência de juízos ou tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da CF/88). O principio do juiz natural, assim, possui duas acepções: i) o acusado, ao ser processado, já deve saber de antemão quem será a autoridade judicial competente para julgá-lo, ou seja, a competência deve estar definida antes do fato; ii) a proibição de juízos ou tribunais de exceção, isto é, aqueles criados após o fato, com finalidade casuística. Observação: Além do princípio do juiz natural, a jurisprudência STJ vem aceitando também o princípio do Promotor Natural. Assim, da mesma forma que ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, ninguém será processado ou acusado senão pela autoridade competente. Além disso, proibi-se a existência de órgãos de acusação de exceção. Ressalte-se, entretanto, o STF possui precedentes negando a existência do princípio do Promotor Natural, pois violaria o princípio da indivisibilidade do Ministério Público, além de depender de previsão S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 4 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br legislativa (RE nº 387974/DF, Rel. Mina. Ellen Gracie, 2ª Turma, j. 14.10.2003 - Informativo STF nº 328/2003). Esse último entendimento é o que prevalece atualmente. 3) Princípio da presunção de inocência, estado de inocência ou presunção de não-culpabilidade O art. 5º, LVII, da Constituição estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” O agente deve ser tratado como inocente durante todo o andamento do inquérito e do processo, enquanto não houver sentença definitiva. Decorrências: a) O ônus da prova incumbe a quem alega. Assim, se o MP imputa um homicídio a alguém, não será ele quem terá que provar que é inocente, mas sim o Ministério Público que terá que provar ser ele culpado; b) Havendo dúvidas na valoração de uma prova, devemos adotar a interpretação mais benéfica ao acusado. Ao final do processo, persistindo a dúvida, devemos aplicar o principio do in dubio pro reo e absolver o agente; c) A prisão, no curso do inquérito ou do processo, se torna medida de exceção (extrema ratio da ultima ratio). 4) Princípio da Iniciativa das Partes ou Princípio da Inércia: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 5 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br É conhecido pela expressão “ne procedat iudex ex officio”. O juiz, como regra, não se manifesta sem ser provocado (a jurisdição é inerte). Podemos destacar algumas exceções. Ex: o juiz pode decretar a prisão preventiva de ofício, bem como conceder a ordem de habeas corpus de ofício, etc. 5) Princípio da Verdade Real Tradicionalmente, é comum diferenciarmos o Processo Civil do Processo Penal, estabelecendo que, para o primeiro, aplicaríamos o princípio da verdade formal, ao passo que, para o Processo Penal, valeria o princípio da verdade real. Por verdade formalentende-se aquela produzida pelas partes (que não necessariamente corresponde a realidade dos acontecimentos). No processo penal, entretanto, seria diferente. O juiz não deve se conformar meramente com a verdade produzida pelas partes, devendo, sim, buscar descobrir como realmente os fatos ocorreram (materialidade, autoria, etc). Observação: modernamente, a distinção entre verdade formal e verdade real vem ficando cada vez menos evidente. Tanto o processo civil quanto o processo penal seriam norteados pela verdade real. Em outras palavras, mesmo no processo civil em que os bens são disponíveis e os interesses envolvidos menos importantes, o juiz deve buscar descobrir como realmente os fatos se passaram na realidade. 6) Princípio do Favor Rei Alguns o tratam como principio autônomo, enquanto outros como mera regra de interpretação. Representa apenas a idéia de que, havendo S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 6 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br dúvidas na interpretação de uma norma, devemos sempre adotar aquela que for mais benéfica ao acusado, privilegiando-se o seu status libertatis. 7) Princípio do duplo grau de jurisdição Duplo grau de jurisdição é a possibilidade de revisão das decisões judiciais por um outro órgão ou instância. Questiona-se se ele seria obrigatório no Brasil. O Pacto de São José da Costa Rica (ou Convenção Americana de Direitos Humanos), internalizado por meio do Decreto 678/92, estabelece que o acusado tem o direito de revisão das decisões que lhe sejam desfavoráveis, o que dá a entender que o duplo grau seria obrigatório. Nada obstante, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o Duplo Grau de Jurisdição, no Brasil, não é obrigatório. Ele existiria, sim, nos casos em que a lei o estabelecer, nos termos do art. 5º, LV,da Constituição. Assim, no Brasil, o duplo grau não é de ordem constitucional, mas sim de ordem legal (uma vez que existira nos casos em que a lei prever). Ex: os senadores, nos crimes comuns, são julgados e processados perante o STF. Nesse caso, sendo a decisão desfavorável, não haverá outro grau recursal. Consequentemente, não há que se falar em duplo grau jurisdicional nessa hipótese. 8) Princípio da Identidade Física do Juiz De acordo com esse princípio o mesmo juiz que participou da coleta de provas (presidiu a instrução criminal) é que deve proferir sentença. Com a nova redação do art. 399, § 2º do CPP (“o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”), determinada pela Lei nº 11.719/2008, o princípio da identidade física do juiz foi incorporado ao Processo Penal. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 7 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Registre-se que, de acordo com o STJ, “o princípio da identidade física do juiz, introduzido no sistema penal brasileiro pela Lei nº 11.719/2008 (art. 399, § 2º, do CPP), deve ser observado em consonância com o art. 132 do CPC. Assim, em razão de férias da juíza titular da vara do tribunal do júri, foi designado juiz substituto que realizou o interrogatório do réu e proferiu a decisão de pronúncia, fato que não apresenta qualquer vício a ensejar a nulidade do feito (HC 163.425-RO, DJe 6/9/2010. HC 197.112-RS, Rel. Min. Og. Fernandes, j. 19.05.2011).” 9) Princípio da Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF/88) Tradicionalmente, distinguem-se as provas ilegais, das ilícitas e das ilegítimas. As provas ilegais seriam o gênero, possuindo duas espécies: i) provas ilícitas: aquelas produzidas com violação a regras do direito material. Ex: confissão obtida mediante tortura (viola a dignidade e integridade da pessoa humana); ii) provas ilegítimas: são aquelas produzidas com violação a regras do direito processual. Ex: ordem judicial que autoriza a quebra do sigilo bancário de alguém sem a devida fundamentação (viola a regra prevista no art. 93, IX, da CF/88 de que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas). A Lei nº 11.690/2008 deu nova redação ao art. 157 do Código de Processo Penal, estabelecendo que “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. Provas Ilícitas por Derivação ou Ilicitude por Derivação: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 8 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Indaga-se se uma prova ilícita contamina as outras que dela se originarem? Atualmente, o STF adota a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (“Fruits of the poisonous tree”), segundo a qual uma prova ilícita contamina todas as outras que dela se originarem. Imaginemos, senhores, uma confissão obtida mediante tortura (prova ilícita) na qual o agente, depois de torturado, delata os seus comparsas que, então, são presos pela polícia. Nesse caso, tais prisões deverão ser relaxadas uma vez que somente formam possíveis graças à confissão obtida mediante tortura. (a prisão será uma prova ilícita derivada). Representação: Prova Ilícita Ilícita Ilícita Ilícita Ilícita Ilícita Ilícita S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 9 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br O § 1º do art. 157 do CPP estabelece que “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”. Entende-se por fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova (art. 157, § 2º, CPP). A parte final do § 1º significa que uma prova ilícita por derivação deixa de ser ilícita caso demonstrada a existência de outras provas lícitas que permitam a obtenção dessa primeira prova. Esse entendimento (conhecido como critério da prova separada ou fonte independente) já era consagrado pela jurisprudência do STF, ficando agora expresso no texto legal. Observações a) Nessa primeira observação vamos distinguir os termos interceptação telefônica, escuta telefônica e gravação telefônica. Na interceptação telefônica uma terceira pessoa (sem que nenhuma das partes saiba) capta a conversa. Já na escuta telefônica, um terceiro (com o conhecimento de uma das partes) capta tal conversa. Por fim, na gravação telefônica, um dos interlocutores (não há a participação de terceiros) fazessa gravação. Importante destacar que os dois primeiros (interceptação e escuta telefônica) exigem autorização judicial e só são admitidos se o crime for punido com reclusão e para fins criminais. Se feitos sem autorização judicial, constituem crime (art. 10 da Lei nº 9.296/1996). Já a gravação telefônica é aceita pelo STF como meio de prova, mesmo sem a devida autorização judicial; S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 10 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br b) O STF admite a utilização, para fins de incriminação, de uma interceptação ou escuta telefônica, feita sem autorização judicial, quando o agente estiver abusando de suas garantias constitucionais. Nesse caso, a prova deixaria de ser ilícita e passaria a ser lícita (é o que o STF denomina de legítima defesa das liberdades públicas). O fundamento, para essa decisão, é o de que o direito à intimidade não pode servir para salvaguardar práticas ilícitas; c) Também é possível a utilização de uma interceptação ou escuta, sem autorização judicial, quando este for o único instrumento para provar a inocência de alguém que esteja sendo injustamente acusado de um crime. Nesse caso a prova deixa de ser ilícita e passa a ser lícita; d) O STF entende que as interceptações e escutas telefônicas feitas antes de 24 de julho de 1996 (data em que a Lei nº 9.296/1996 entrou em vigor), ainda que autorizadas judicialmente, são consideradas provas ilícitas. Isso porque o inciso XII do art. 5º da CF/88, que traz a previsão da interceptação telefônica (em sentido amplo), só foi regulamentado em 1996, por meio da Lei nº 9.296/1996. Consequentemente, antes de tal período (entre 1988 e 1996), não era possível produzir efeitos, ainda que houvesse ordem judicial autorizando tal medida. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS Os sistemas processuais constituem reflexo do Estado e do momento histórico vivido, indicando a forma como o processo penal é aplicado. Três são os principais sistemas processuais: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 11 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br 1)INQUISITIVO OU INQUISITÓRIO: podemos apontar as seguintes características: a) Surgiu no Direito Romano e atingiu sua expressão máxima na Idade Média, especialmente durante a fase da inquisição; b) Nesse sistema existe uma concentração das funções de julgar, acusar e defender em uma única pessoa (juiz ou inquisidor). É ele quem inicia o processo, colhe as provas e, ao final, profere a decisão. O juiz podia dar início à acusação de ofício, ignorando as partes, pois estaria sempre em busca da verdade real; c) O processo era sigiloso (procedimento secreto e escrito) e não havia contraditório nem ampla defesa. Inexistia qualquer regra de igualdade ou liberdade processual. A tortura era admitida como meio de se obter uma prova; d) Havia uma hierarquia entre as provas, sendo a confissão a rainha absoluta de todas elas (a confissão era prova suficiente para condenação); e) O acusado não era sujeito de direitos, e sim um mero objeto da investigação. Nenhuma garantia era assegurada ao acusado, que aparecia em situação de total subordinação processual. 2) ACUSATÓRIO OU ACUSATÓRIO PURO: a) É o sistema adotado no Brasil e na maioria dos países modernos; b) Nesse sistema existe a separação entre as funções de julgar, acusar e defender. O juiz é imparcial e não pode iniciar de ofício S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 12 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br a ação penal (o órgão jurisdicional não pode atuar sem ser provocado). Os três sujeitos processuais (juiz, autor e acusado) atuam em um só nível, originando o actum trium personarum. Existe uma igualdade de direitos e obrigações entre as partes; c) Em regra o processo é público e pode ser fiscalizado ao olho do povo; admite-se excepcionalmente o seu sigilo (art. 5º, LX, CF/88). É assegurado o contraditório e a ampla defesa; d) O processo pode ser oral ou escrito. Não há hierarquia entre as provas (todas são relativas); e) A tortura não é admitida. O acusado é verdadeiro sujeito de direitos; f) Nesse sistema existem duas fases bastante delimitadas: a investigação (que se dá com o inquérito policial) e a outra de acusação (que ocorre com a ação penal). 3) ACUSATÓRIO FORMAL OU MISTO: a) É adotado em alguns países da Europa, a exemplo da Espanha; b) O que caracteriza esse sistema é a existência de uma fase investigativa dentro do próprio processo, sendo conduzida pelo juiz. Não existem duas fases distintas como no sistema acusatório puro, e sim uma fase única (processual) dentro da qual já ocorre toda a investigação. Essa investigação é conduzida pelo juiz (participa da coleta de provas, comprometendo sua imparcialidade); c) Esse sistema possui três fases: a) investigação preliminar, b) instrução preparatória (fase inquisitiva e secreta. A investigação S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 13 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br é feita pelo próprio juiz) e c) julgamento (com todas as garantias do sistema acusatório puro). EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da vedação da autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: O direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, testemunha, etc.), diante de qualquer indagação por autoridade pública de cuja resposta possa advir imputação da prática de crime ao declarante. Comentário: Item CORRETO. O princípio da vedação da autoincriminação garante ao acusado o direito de não produzir prova contra si mesmo. Assim, se indagado sobre determinado fato, de cuja resposta possa advir a imputação da prática de um crime ao declarante, não está obrigado a responder, podendo permanecer em silêncio. A presente questão poderia causar dúvida por dizer que o “direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, testemunha, etc.)”. Notem que nem mesmo a testemunha está obrigada a responder uma indagação cuja resposta possa incriminá-la, uma vez que, nessa situação, caso respondesse, assumiria posição equiparada à do acusado. 2) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da vedação da autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕESPROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 14 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser instado pela autoridade a fornecer padrões vocais para realização de perícia sob pena de responder por crime de desobediência. Comentário: Item ERRADO. Mais uma decorrência do princípio da vedação da autoincriminação. Caso forneça padrões vocais para realização de perícia, o indiciado em inquérito ou acusado em processo criminal estará produzindo prova contra si, razão pela qual, mesmo diante de sua negativa, não responderá pelo crime de desobediência. 3) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da vedação da autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, sendo certo que o silêncio não importará em confissão, mas poderá ser valorado pelo juiz de forma desfavorável ao réu. Comentário: Item ERRADO. Conforme o art. 186 do CPP, “Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas”. Já o parágrafo único desse dispositivo acrescenta: “o silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”. 4) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da vedação da autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 15 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br O Supremo Tribunal Federal já pacificou entendimento de que não é lícito ao juiz aumentar a pena do condenado utilizando como justificativa o fato do réu ter mentido em juízo. Comentário: Item CORRETO. No Brasil, diferentemente do direito norte-americano, não existe o crime de perjúrio. Consequentemente, o acusado pode mentir em juízo, sendo tal prerrogativa uma decorrência do princípio da ampla defesa. 5) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve ser tratado como inocente, salvo quando preso em flagrante por crime hediondo, caso em que será vedada a concessão de liberdade provisória. Comentário: Item ERRADO. O Princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade constitui garantia constitucional, prevista no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Vejam que o princípio não comporta exceções, de modo que não cabe ao intérprete fazê-lo. Como consequência, o indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve ser tratado como inocente, independentemente do crime cometido. 6) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e a S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 16 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. Comentário: Item CORRETO. Esse é o teor da Súmula Vinculante nº 11 do STF. Atualmente, o uso de algemas constitui medida de exceção, só sendo admitido em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia. Não esqueçam que seu uso deve ser justificado por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. 7) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: Milita em favor do indivíduo o benefício da dúvida no momento da prolação da sentença criminal: in dubio pro reo. Comentário: Item CORRETO. É preciso identificarmos dois momentos e os princípios envolvidos. No momento do oferecimento da denúncia vigora o princípio do in dubio pro societatis. Logo, em caso de eventual dúvida, o Ministério Público deve denunciar o agente, dando início à ação penal. Por outro lado, quando da prolação da sentença, vigora o princípio do in dubio pro reo, decorrência lógica do princípio da presunção de inocência. Assim, na dúvida, deve o juiz absolver o acusado. 8) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: A presunção de inocência é incompatível com as prisões cautelares antes de transitada em julgado a sentença penal condenatória. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 17 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Comentário: Item ERRADO. As prisões cautelares, principalmente após o advento da Lei nº 12.403/2011, constituem medida de exceção (extrema ratio da ultima ratio), só sendo decretadas em situações de extrema necessidade. De qualquer forma, ocorrerão não em razão da culpabilidade do agente, mas sim por risco de fuga, cometimento de novas infrações, etc. 9) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao regime legal das interceptações telefônicas, analise as afirmativas a seguir: Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. Comentário: Item CORRETO. Nos termos do art. 5º, XII, da CF/88, “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. Como se pode perceber, a Constituição da República garante o sigilo das comunicações, de uma forma geral. A interceptação telefônica, por sua vez, está disciplinada pela Lei nº 9.296/96, porém não será admitida quando: i) não houver indícios razoáveis de autora ou participação em infração penal; ii) a prova puder ser feita por outros meios disponíveis e iii) o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 10) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao regime legal das interceptações telefônicas, analise as afirmativas a seguir: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 79 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 18 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br A interceptação telefônica não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo se comprovada a indispensabilidade desse meio de prova. Comentário: Item CORRETO. Trata-se de cópia literal de dispositivo de lei. Conforme o art. 5º da Lei nº 9.296/96 “A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.” Acrescento apenas que a referida renovação poderá ser feita sucessivamente. 11) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao regime legal das interceptações telefônicas, analise as afirmativas a seguir: A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da autoridade policial durante a investigação criminal e na instrução processual penal. Comentário: Item ERRADO. A participação da autoridade policial se limita à fase de investigação criminal, de modo que o delegado não pode requerer a interceptação das comunicações telefônicas na fase da instrução processual penal. De acordo com o art. 3º da Lei nº 9.296/96, a interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: i) da autoridade policial, na investigação criminal; ii) do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 19 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br 12) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao regime legal das interceptações telefônicas, analise as afirmativas a seguir: A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial sem que as partes tomem conhecimento desse material. Comentário: Item ERRADO. Nos termos do parágrafo único do art. 9º da Lei nº 9.296/96, o incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. 13) (TJMS/Juiz de Direito/2008) Julgue o item abaixo: Os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais. Comentário: Item CORRETO. A manifestação da defesa posteriormente à acusação é expressão máxima do princípio da ampla defesa, considerando-se que o acusado só se manifestaria após ouvir as alegações da outra parte. Registre- se, porém, que, conforme o art. 468 do CPP, no Júri, a defesa se manifesta antes da acusação quando da recusa dos jurados. 14) (TJMS/Juiz de Direito/2008) Julgue o item abaixo: O princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos em que o corréu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau. Comentário: Item CORRETO. Trata-se da regra já consagrada na Súmula nº 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 20 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.” 15) (Cespe/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o item abaixo: O princípio processual que impede que o cidadão venha a ser preso provisoriamente, de forma desnecessária, é conhecido como não culpabilidade. Comentário: Item CORRETO. O princípio da presunção de inocência ou de não culpabilidade, em uma de suas vertentes, impõe que a prisão seja uma medida de exceção. Isso agora ficou mais claro com o advento da Lei nº 12.403/2011 que deu nova redação aos arts. 319 e 320 do CPP trazendo um rol de medidas cautelares diversas da prisão. Somente na impossibilidade de aplicação das referidas medidas, é que a prisão deverá ser decretada (extrema ratio da ultima ratio). QUESTÕES DA AULA 1) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio de vedação de autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: I) O direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, testemunha, etc.), diante de qualquer indagação por autoridade pública de cuja resposta possa advir imputação da prática de crime ao declarante. II) O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser instado pela autoridade a fornecer padrões vocais para realização de perícia sob pena de responder por crime de desobediência. III) O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, sendo certo que o silêncio não importará em confissão, mas poderá ser valorado pelo juiz de forma desfavorável ao réu. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 21 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br IV) O Supremo Tribunal Federal já pacificou entendimento de que não é lícito ao juiz aumentar a pena do condenado utilizando como justificativa o fato do réu ter mentido em juízo. Assinale: (a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (c) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. (d) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. (e) se todas as afirmativas estiverem corretas. GABARITO: C 2) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: I. O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve ser tratado como inocente, salvo quando preso em flagrante por crime hediondo, caso em que será vedada a concessão de liberdade provisória. II. Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. III. Milita em favor do indivíduo o benefício da dúvida no momento da prolação da sentença criminal: in dúbio pro reo. IV. A presunção de inocência é incompatível com as prisões cautelares antes de transitada em julgado a sentença penal condenatória. Assinale: (a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (c) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. (d) se apenas as afirmativas I, III, IV estiveremcorretas. (e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. GABARITO: B S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 22 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br 3) (FGV/Advogado do Senado Federal/2008) Relativamente ao regime legal das interceptações telefônicas, analise as afirmativas a seguir: I. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. II. A interceptação telefônica não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo se comprovada a indispensabilidade desse meio de prova III. A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da autoridade policial durante a investigação criminal e na instrução processual penal. IV. A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial sem que as partes tomem conhecimento desse material. Assinale: (a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (b) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (c) Se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. (d) Se todas as afirmativas estiverem corretas. (e) Se apenas a afirmativa I estiver correta. GABARITO: A 4. (TJMS/Juiz de Direito/2008) Julgue o seguinte item: Os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais. (TJMS/Juiz de Direito Substituto de Carreira/2008/Questão 44/assertiva C). GABARITO: Correto. 5. (TJMS/Juiz de Direito/2008) Julgue o seguinte item: O princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos em que o corréu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau. (TJMS/Juiz de S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 23 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Direito Substituto de Carreira/2008/Questão 44/assertiva D). GABARITO: Correto. 6. (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o seguinte item: O princípio processual que impede que o cidadão venha a ser preso provisoriamente, de forma desnecessária, é conhecido como não culpabilidade. (DPE-MG/Defensor Público/2009/Questão 34). GABARITO: Correto. Questões extraídas das seguintes provas: a) Advogado do Senado Federal (FGV, 2008): questões 68, 70 e 75; b) Juiz de Direito (TJMS/2008): questão 44; c) Defensor Público (CESPE/2009): questão 34, 40. É isso, senhores e senhoras. Concluímos, assim, nossa aula sobre os Princípios informadores do Processo Penal e os Sistemas Processuais Penais. Daremos continuidade ao nosso curso, tratando, em nossa próxima aula, do tema Aplicação e Interpretação da lei processual. Boa sorte a todos e que Deus nos ilumine. Grande abraço, Prof. Bivar.
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