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RECURSOS NOVO CPC

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RECURSOS – PROCESSO CIVIL 
67. EFEITOS RECURSAIS 
67.1. INTRODUÇÃO 
Tradicionalmente, os efeitos dos recursos são limitados ao efeito 
devolutivo e efeito suspensivo, havendo doutrina, entretanto, que prefere somar 
a esses dois tradicionais efeitos outros, como o expansivo, translativo e 
substitutivo. Na realidade, mesmo a doutrina que se limita a apontar o efeito 
devolutivo e suspensivo não desconhece os demais fenômenos, somente não 
os considerando efeitos do recurso ou tratando de tais temas dentro do efeito 
devolutivo 
67.3. EFEITO DEVOLUTIVO 
Por efeito devolutivo entende-se a transferência ao órgão ad quem do 
conhecimento de matérias que já tenham sido objeto de decisão no juízo a quo. 
Conforme correto entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a 
aplicação do art. 1.013, §§ 1.º e 2.º, do Novo CPC independe de qualquer 
alegação no recurso ou nas contrarrazões, ainda que equivocadamente o 
julgado tenha qualificado tal efeito como translativo, não o relacionando com a 
profundidade da devolução, como teria sido o mais adequado. A devolução de 
todas as questões e fundamentos que digam respeito ao capítulo da decisão 
devidamente impugnado e devolvido no plano horizontal é automática, 
decorrendo da própria lei e não da vontade das partes 
Dessa forma, o órgão competente para o julgamento do recurso está 
obrigado a aplicar as regras do art. 1.013, §§ 1.º e 2.º, do Novo CPC, cuja 
omissão inclusive causa vício processual corrigível por meio de embargos de 
declaração. 
67.4. EFEITO SUSPENSIVO 
O efeito suspensivo diz respeito à impossibilidade de a decisão 
impugnada gerar efeitos enquanto não for julgado o recurso interposto. 
Essa é a razão pela qual não se admite execução provisória de sentença 
no prazo de interposição do recurso de apelação, porque, sendo esse recurso 
recebido no efeito suspensivo (art. 1.012, caput, do Novo CPC), dever-se-á 
aguardar o transcurso do prazo, sendo certo que a interposição da apelação 
continuará a impedir a geração de efeitos da sentença até o seu final julgamento, 
ao passo que a não interposição produz o trânsito em julgado, com a liberação 
de seus efeitos. 
67.7. EFEITO SUBSTITUTIVO 
A previsão do art. 1.008 do Novo CPC determina que o julgamento do 
recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação. A 
interpretação literal do dispositivo legal, entretanto, não se mostra a mais correta, 
considerando-se ser uníssono na doutrina o entendimento de que a substituição 
da decisão recorrida pelo julgamento do recurso somente ocorre na hipótese de 
julgamento do mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal 
julgamento. 
68.1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
68.1.1. CONCEITO 
Parece não existirem maiores discussões a respeito do conceito de 
duplo grau de jurisdição, entendido como a possibilidade da revisão da solução 
da causa, ou seja, a permissão de que a parte possa ter uma segunda opinião 
concernente à decisão da causa. 
Essa possibilidade de reexame da decisão da causa constitui o elemento 
básico do princípio ora analisado. A polêmica sobre o conceito do princípio do 
duplo grau de jurisdição se refere à espécie de revisão pela qual passará a 
decisão da causa; mais especificamente, se a revisão deverá ou não ser feita 
por órgão jurisdicional hierarquicamente superior àquele que proferiu a decisão 
impugnada. 
Em nível constitucional existe a previsão de três diferentes espécies de 
recursos: recurso ordinário constitucional (art. 102, II, e art. 105, II, da CF); 
recurso especial (art. 105, III, da CF); e recurso extraordinário (art. 102, III, da 
CF). Desses, somente o recurso ordinário constitucional garante o duplo grau de 
jurisdição, considerando-se que funciona excepcionalmente como uma espécie 
de apelação contra determinadas decisões previstas em lei, com devolução ao 
Tribunal competente da matéria de fato e de direito. 
Nos recursos excepcionais a devolução está limitada à matéria de 
direito, o que já seria o suficiente para afastá-los do duplo grau de jurisdição. 
Também por se tratarem de recursos de fundamentação vinculada, no qual o 
recorrente somente poderá alegar as matérias exaustivamente previstas em lei, 
é correta a conclusão de afastar tais recursos do princípio ora estudado. De 
todos os recursos previstos em nível infraconstitucional percebe-se que os 
únicos que são aptos a garantir o duplo grau de jurisdição são previstos como 
forma de impugnação de sentença. 
68.1.2. VANTAGENS DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Entre os argumentos favoráveis à adoção do duplo grau de jurisdição 
encontra-se a própria natureza humana, sendo absolutamente compreensível 
que o ser humano não se sinta satisfeito por decisões que contrariem seus 
interesses, sendo a irresignação natural, e em razão disso a importância de 
permitir à parte uma segunda opinião diante de decisão desfavorável. A 
possibilidade de reexame dá conforto psicológico às partes, em razão da 
existência de um mecanismo de revisão da decisão da causa, o que se dará por 
meio da adoção do duplo grau de jurisdição. 
68.1.3. DESVANTAGENS DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Não restam maiores dúvidas de que o duplo grau de jurisdição pode 
prejudicar a ideia de unidade da jurisdição, considerando-se que a reforma obtida 
por meio do julgamento do recurso demonstrará a possibilidade – natural, mas 
maléfica em termos de unidade da jurisdição – de decisões contraditórias. É 
evidente que, para um jurista, que compreende a possibilidade de diferentes 
interpretações da mesma norma, essa dualidade será aceita normalmente, mas 
o mesmo não se pode dizer com relação ao jurisdicionado, para o qual, em última 
análise, é prestada a tutela jurisdicional. 
68.1.4. O PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO É PRINCÍPIO 
CONSTITUCIONAL? 
Para parcela da doutrina, o princípio do duplo grau de jurisdição é previsto 
constitucionalmente, ainda que não de forma expressa. 
68.3. SINGULARIDADE (UNIRRECORRIBILIDADE OU UNICIDADE) 
O princípio da singularidade admite tão somente uma espécie recursal 
como meio de impugnação de cada decisão judicial. Admite-se a existência 
concomitante de mais de um recurso contra a mesma decisão desde que tenham 
a mesma natureza jurídica, fenômeno, inclusive, bastante frequente quando há 
no caso concreto sucumbência recíproca ou litisconsórcio. 
68.6. FUNGIBILIDADE 
O princípio da fungibilidade recursal vinha consagrado no art. 810 do 
Código de Processo Civil de 1939, sendo que o legislador no atual diploma 
processual abandonou a expressa previsão legal desse princípio, mantendo a 
tradição do CPC/1973. O princípio, entretanto, continua em plena vigência, 
sendo nesse sentido o Enunciado 104 do Fórum Permanente de Processualistas 
Civis (FPPC): “O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o CPC e 
alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício”. Há, entretanto, pelo menos 
duas previsões específicas de cabimento da fungibilidade recursal no novo 
diploma legal que serão analisadas no devido momento. 
O art. 1.024, § 3.º, do Novo CPC trata de tradicional aplicação de 
fungibilidade recursal, o recebimento de embargos de declaração contra decisão 
monocrática em tribunal como agravo interno, exigindo do juízo a intimação 
prévia do recorrente para que, no prazo de cinco dias, complemente as razões 
recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1.º, do Novo CPC 
68.7. PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS 
Existem dois sistemas possíveis relativos ao efeito devolutivo dos 
recursos: 
(a) sistema de proibição de reformatio in pejus, no qual não se admite que a 
situação do recorrente seja piorada em virtude do julgamento de seu próprio 
recurso;(b) sistema do benefício comum (communio remedii), no qual o recurso 
interposto por uma das partes beneficia a ambas, de forma que é aceitável que 
a situação do recorrente piore em razão do julgamento de seu próprio recurso. 
69. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
69.1. INTRODUÇÃO 
Para que o mérito de uma demanda seja julgado, o juiz precisa 
anteriormente analisar os pressupostos processuais e as condições da ação, 
considerados genericamente como pressupostos de admissibilidade do 
julgamento de mérito. 
69.2.2. LEGITIMIDADE RECURSAL 
Segundo o art. 996 do Novo CPC, o recurso pode ser interposto pela 
parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. O dispositivo 
legal é criticável porque confunde indevidamente o requisito da legitimidade 
recursal com o interesse recursal, desprezando o fato de que a legitimidade é 
fixada sempre em abstrato, não tendo relevância o conteúdo da decisão no caso 
concreto. 
69.2.2.1. Partes 
As partes têm legitimidade recursal, independentemente do conteúdo da 
decisão judicial, ou seja, não importando o fato de terem ou não sucumbido no 
caso concreto, aspecto que diz respeito ao interesse recursal, que é outro 
requisito de admissibilidade. Entendendo-se que a legitimidade recursal diz 
respeito às partes no processo, o que inclui o autor, réu, terceiros intervenientes 
– inclusive o assistente simples – e o Ministério Público, quando atua como fiscal 
da ordem jurídica. 
69.2.2.2. Terceiro prejudicado 
Segundo o art. 996, parágrafo único, do Novo CPC cumpre ao terceiro 
demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à 
apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir 
em juízo como substituto processual. 
O terceiro prejudicado pode ser: 
(a) o sujeito que poderia ter participado do processo como terceiro interveniente; 
(b) o sujeito que poderia ter participado do processo como litisconsorte 
facultativo; 
(c) o sujeito que deveria ter participado do processo como litisconsorte 
necessário. 
69.2.4. INEXISTÊNCIA DE ATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO 
DO DIREITO DE RECORRER 
69.2.4.1. Desistência 
Segundo o art. 998, caput, do Novo CPC, o recorrente poderá desistir de 
seu recurso – total ou parcialmente – a qualquer tempo, o que significa dizer que 
o recorrente poderá abdicar de seu direito de ter seu recurso julgado. 
69.2.4.2. Renúncia 
Aduz o art. 999 do Novo CPC que a parte recorrente pode renunciar ao 
recurso, independentemente de concordância da parte contrária. A renúncia diz 
respeito ao direito de recorrer, de forma que só pode ser realizada antes da 
interposição do recurso, porque depois disso já estará consumado o direito 
recursal, não havendo mais sobre o que se renunciar. 
69.2.4.3. Aquiescência 
Segundo o art. 1.000 do Novo CPC, a parte que aceitar expressa ou 
tacitamente a decisão não poderá recorrer. Trata-se do fenômeno da 
aquiescência, que gera uma preclusão lógica a impedir a admissão do recurso, 
em nítida manifestação do princípio da boa-fé objetiva consagrada no art. 5º do 
Novo CPC (nemo venire contra factum proprium). 
69.3. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL 
69.3.1. TEMPESTIVIDADE 
Todo recurso tem um prazo determinado em lei, ocorrendo preclusão 
sempre que vencido o prazo legal sem a sua devida interposição. O Novo Código 
de Processo Civil torna o prazo recursal mais homogêneo, prevendo em seu 
art.1.003, § 5.º, que todos os recursos passam a ter prazo de 15 dias (úteis), 
salvo os embargos de declaração, que mantêm o prazo atual de 5 dias. 
Interessante notar que a contagem do prazo só levará em consideração 
os dias úteis (art. 219, caput, do Novo CPC), o que agrada os advogados, que 
poderão finalmente encarar os finais de semana, feriados e férias como 
momentos efetivos de descanso. 
69.3.2. PREPARO 
O preparo recursal diz respeito ao custo financeiro da interposição do 
recurso. Entendo que no momento de interposição do recurso o Estado pode 
cobrar do recorrente por diferentes atividades que praticará; assim, para o 
julgamento do recurso cobra-se o preparo, para o transporte dos autos para outro 
órgão jurisdicional o porte de remessa e retorno. No meu entendimento são 
diferentes espécies de despesas processuais, cada qual voltada a uma diferente 
espécie de atividade desempenhada pelo Poder Judiciário. 
Não é esse, entretanto, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, 
que entende que todas as despesas devidas na interposição do recurso são 
preparo. Na realidade, a própria redação do art. 1.007, caput, do Novo CPC 
confunde indevidamente as diferentes espécies de despesas processuais. O 
equívoco, entretanto, é benéfico, porque, entendendo o porte de remessa e 
retorno como integrante do preparo, na hipótese do seu não recolhimento 
aplicarse- á o art. 1.007, § 2.º, do Novo CPC, concedendo-se à parte a 
possibilidade de complementar o recolhimento do preparo no prazo de 5 dias. 
70.4. ESCLARECIMENTO E INTEGRAÇÃO 
Tradicionalmente, os embargos de declaração têm causa de pedir 
específica e pedidos que só podem ser feitos por meio desse recurso: a 
integração no caso de decisão omissa e o esclarecimento no caso de decisão 
obscura ou contraditória. Essa realidade foi parcialmente modificada pela praxe 
forense e pelo Novo Código de Processo Civil. 
 
71. APELAÇÃO 
 
71.1. CABIMENTO O art. 1.009 do Novo CPC determina ser a apelação 
o recurso cabível contra a sentença, seja ela terminativa (art. 485 do Novo CPC) 
ou definitiva (art. 487 do Novo CPC). Afirma-se que pouco importa a espécie de 
processo ou do procedimento; havendo uma sentença, o recurso cabível será a 
apelação. Também é irrelevante saber-se a natureza do processo ou o tipo de 
procedimento, porque independentemente de qualquer dessas considerações, 
havendo uma apelação o dispositivo ora comentado indica o cabimento de 
apelação. 
Nos juizados especiais há previsão de cabimento de recurso inominado 
contra a sentença (art. 41 da Lei 9.099/1995), e não de apelação. Cumpre 
consignar que não se trata somente de diferença semântica, já que o recurso 
inominado é substancialmente diferente da apelação. Os prazos são diferentes, 
sendo de 15 dias na apelação e 10 no recurso inominado; o órgão julgador é 
diferente, sendo na apelação um Tribunal de segundo grau e no recurso 
inominado, um Colégio Recursal, órgão formado por juízes de primeiro grau de 
jurisdição; e, em especial, a matéria alegável é diferente, considerando-se que, 
em razão da irrecorribilidade das decisões interlocutórias nos Juizados 
Especiais, a parte poderá impugná-las em sede de recurso inominado, enquanto 
na apelação isso só será possível na hipótese de a decisão interlocutória gerar 
uma nulidade absoluta, que por não ser preclusiva, pode ser alegada a qualquer 
momento. 
71.2. PROCEDIMENTO 
71.2.1. INTRODUÇÃO 
A apelação é um recurso interposto perante o primeiro grau de jurisdição, 
ainda que o juízo sentenciante não tenha competência para seu juízo de 
admissibilidade (art. 1.010, § 3º, do Novo CPC). A competência tanto para a 
admissibilidade como para o julgamento do mérito recursal é exclusiva do 
tribunal de segundo grau (Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal). 
Ainda que o juízo de primeiro grau não tenha mais competência para o juízo de 
admissibilidade da apelação, sendo tal recurso interposto no primeiro grau de 
jurisdição, há uma procedimento bifásico, que envolve tanto o juízo a quo como 
o juízo ad quem. Registre-se que no sistema recursal do CPC/1973 o juízo de 
primeiro grau tinha competência para fazer o juízo de admissibilidade da 
apelação. 
Essa novidade, que buscou evitar uma duplicidadedo juízo de 
admissibilidade do primeiro e segundo graus de jurisdição, cria três graves 
problemas. Se não tem mais competência para a admissão da apelação, é 
natural que o juízo de primeiro grau não tenha mais competência para declarar 
os efeitos de seu recebimento. Parece lógico que o órgão que não tem 
competência para receber a apelação não pode declarar os efeitos desse 
recebimento. 
71.2.2. PROCEDIMENTO NO 1.º GRAU DE JURISDIÇÃO 
A interposição do recurso de apelação é feita perante o próprio juízo 
prolator da sentença, no prazo de 15 dias, sendo aplicáveis as regras dos arts. 
180 e 229 do Novo CPC, com aplicação do entendimento consagrado pela 
Súmula 641 do Supremo Tribunal Federal. A exceção fica por conta da apelação 
interposta nos procedimentos regidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei 8.069/1990), quando o prazo será de 10 dias (art. 198, II, do ECA). 
O recurso pode ser interposto pelo correio, sendo considerada como 
data da interposição o dia da postagem, nos termos do art. 1.003, § 4º, do Novo 
CPC391. É facultada à lei de organização judiciária a utilização de protocolos 
integrados, também se admitindo a interposição por fax (art. 2.º da Lei 
9.800/1999), desde que o original seja apresentado até cinco dias depois do 
término do prazo. 
Segundo a previsão do art. 1.010 do Novo CPC, a petição de apelação 
deverá preencher quatro requisitos formais mínimos: os nomes e qualificação 
das partes; a exposição dos fatos e do direito; as razões do pedido de reforma 
ou de decretação de nulidade e o pedido de nova decisão. 
71.2.3. PROCEDIMENTO NO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU 
Nos termos do art. 1.011 do Novo CPC, a apelação será distribuída 
imediatamente a um relator, que decidirá se julgará o recurso de forma 
monocrática ou de forma colegiada. O art. 930, caput, do Novo CPC prevê que 
a distribuição será feita de acordo com o regimento interno do tribunal, 
observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade. 
Sendo hipótese de aplicação do art. 932, III, IV e V, do Novo CPC, o 
relator negará conhecimento, negará provimento ou dará provimento ao recurso 
por decisão unipessoal, recorrível por agravo interno no prazo de 15 dias. Caso 
entenda não ser caso de decisão monocrática o relator elaborará seu voto para 
julgamento do recurso pelo órgão colegiado. Nos termos do art. 934 do Novo 
CPC, após a elaboração do voto os autos serão apresentados ao presidente, 
que designará dia para julgamento, ordenando a publicação da pauta no órgão 
oficial. 
Diferente do que ocorria no procedimento da apelação previsto pelo 
CPC/1973, no Novo Código de Processo Civil a apelação deixa de ter revisor, 
de forma que o único julgador que terá contato prévio com o recurso antes da 
sessão de julgamento é o relator. Cada vez mais os julgamentos colegiados são 
na realidade o julgamento de um julgador só, com o restante do “órgão 
colegiado” simplesmente seguindo o relator, sem qualquer preocupação quanto 
ao acerto ou erro da decisão . A retirada do revisor da apelação apenas reforça 
essa impressão de que temos julgamentos substancialmente monocráticos e 
apenas formalmente colegiados. 
71.3. NOVAS Q UESTÕES DE FATO 
Segundo autorizada doutrina, existem duas finalidades distintas que 
podem ser atribuídas ao recurso de apelação: 
(i) o reexame integral da causa, independentemente do decidido em primeiro 
grau (novum iudicium); e 
(ii) o controle da correção da sentença de primeiro grau (revisio prioris 
instantiae), sendo esse segundo sistema o adotado pelo sistema recursal pátrio. 
Segundo a melhor doutrina, existem quatro situações em que a força 
maior exigida pelo art. 1.014 do Novo CPC estaria presente, o que justificaria a 
alegação de fatos novos: 
(a) fatos supervenientes, ocorridos após a publicação da sentença; 
(b) ignorância do fato pela parte, com a exigência de um motivo sério e objetivo 
para que a parte desconhecesse o fato; 
(c) impossibilidade de a parte comunicar o fato ao seu advogado, desde que 
exista uma causa objetiva para justificar a omissão; 
(d) impossibilidade do próprio advogado em comunicar o fato ao juízo, desde 
que demonstrada que a omissão foi causada por obstáculo insuperável e alheio 
à sua vontade. 
71.4. JULGAMENTO IMEDIATO DO MÉRITO DA AÇÃO 
PELO TRIBUNAL NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO 
71.4.1. INTRODUÇÃO 
O art. 1.013, § 3.º, do Novo CPC prevê hipóteses em que o tribunal, após 
anular a sentença, julga imediatamente – novamente ou de forma originária, a 
depender do caso – o mérito da ação. Nos quatro incisos do dispositivo legal, 
portanto, sendo anulada a sentença impugnada por apelação, o processo não 
retornará ao primeiro grau de jurisdição, sendo a decisão de mérito que 
substituirá a sentença impugnada proferida pelo próprio tribunal. Nos termos do 
caput do § 3º do art. 1.013 do Novo CPC o tribunal decidirá desde logo o mérito 
quando o processo estiver em condições de imediato julgamento, aplicando-se 
a chamada “teoria da causa madura”, consagrada no revogado art. 515, § 3º, do 
CPC/1973. 
Essa exigência, entretanto, só tem razão de ser na hipótese prevista no 
inciso I do dispositivo legal, porque somente na hipótese de anulação – e não 
reforma, conforme incorretamente previsto – da sentença terminativa, deve se 
analisar no caso concreto se o processo já pode ser julgado ou se deve ser 
devolvido ao primeiro grau para a tomada de alguma providência antes da 
prolação da decisão de mérito. Nos demais incisos essa questão não se coloca, 
porque não há nesses casos sentença prematuramente proferida, mas sim 
sentença viciada proferida no momento adequado. 
Anulada a sentença terminativa, porque o tribunal entendeu que o 
processo não deveria ter sido extinto sem a resolução do mérito, deve-se 
analisar se o processo está pronto para o imediato julgamento de mérito. É 
possível que não, como na hipótese de apelação contra sentença que indefere 
a petição inicial. Como é possível que esteja, do mesmo modo que na hipótese 
de sentença terminativa proferida após o encerramento da fase probatória. 
Essa análise, entretanto, não é necessária na hipótese de anulação de 
sentença de mérito viciada nos termos dos incisos III e IV do § 3º do art. 1.013 
do Novo CPC. 
71.4.2. TEORIA DA CAUSA MADURA 
Para que seja aplicada a teoria da causa madura nos termos do art. 
1.013, § 3º, I, do Novo CPC, o processo deve estar em condições de imediato 
julgamento. Nesse caso, sendo anulada a sentença terminativa, poderá o 
tribunal passar ao julgamento originário do mérito da ação. 
Nesse caso, a sentença é anulada e não reformada como previsto no 
dispositivo legal ora comentando, cabendo ao tribunal, após julgar o mérito 
recursal, passar a julgar, de forma originária, o mérito da ação. 
 Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a regra não 
afronta o princípio da ampla defesa, nem mesmo impede a parte de obter o pré-
questionamento, o que poderá ser conseguido com a interposição de embargos 
de declaração. 
72. AGRAVO 
72.1. INTRODUÇÃO 
O recurso de agravo deve ser analisado como um gênero recursal, 
existindo três diferentes espécies de agravo previstos no Novo Código de 
Processo Civil, todas com prazo de interposição de 15 dias. Contra determinadas 
decisões interlocutórias de primeiro grau é cabível o agravo de instrumento, 
sendo que as decisões interlocutórias de primeiro grau não recorríveis por tal 
recurso (art. 1.015 do Novo CPC) são impugnáveis como preliminar de apelação 
ou nas contrarrazões desse recurso (art. 1.009, § 1º, do Novo CPC). Contra as 
decisões monocráticas proferidas no Tribunal cabe agravo interno ou agravo em 
recurso especial e extraordinário,a depender da espécie de decisão. 
Há ainda um recurso de agravo específico previsto no art. 15, caput, da 
Lei 12.016/2009 contra a decisão monocrática do relator que, a requerimento de 
pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para 
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, 
suspende a eficácia da liminar ou da sentença impugnada pelo recurso cabível. 
Esse agravo não se confunde com o agravo interno previsto pelo art. 
1.021, do Novo CPC, porque no caso analisado a decisão monocrática não é do 
relator, mas do presidente do Tribunal. Além disso, há duas importantes 
diferenças procedimentais que não devem ser desprezadas: 
(a) o agravo interno tem prazo de 15 dias (art. 1.021, § 2º, do Novo CPC) e o 
agravo contra decisão unipessoal do presidente no incidente de suspensão de 
segurança tem prazo de 5 dias (art. 15, caput, da Lei 12.016/2009); 
(b) no agravo interno haverá intimação do agravado para apresentar 
contrarrazões e inclusão do recurso em pauta (art. 1.021, § 2º, do Novo CPC) o 
agravo contra decisão unipessoal do presidente no incidente de suspensão de 
segurança é levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 
72.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
72.2.1. CABIMENTO 
No novo sistema recursal criado pelo Novo Código de Processo Civil é 
excluído o agravo retido e o cabimento do agravo de instrumento está limitado 
às situações previstas em lei. O art. 1.015, caput, do Novo CPC admite o 
cabimento do recurso contra determinadas decisões interlocutórias, além das 
hipóteses previstas em lei, significando que o rol legal de decisões interlocutórias 
recorríveis por agravo de instrumento é restritivo, mas não o rol legal, 
considerando a possibilidade de o próprio Código de Processo Civil, bem como 
leis extravagantes, previrem outras decisões interlocutórias impugnáveis pelo 
agravo de instrumento que não estejam estabelecidas pelo disposto legal. 
O Novo Código de Processo Civil prevê o cabimento do agravo de 
instrumento em hipóteses não consagradas no art. 1.015 do Novo CPC, o que é 
plenamente admissível nos termos do inciso XIII do dispositivo, que prevê o 
cabimento de tal recurso em outros casos expressamente referidos em lei além 
daqueles consagrados de forma específica no dispositivo legal. 
No art. 354, parágrafo único, do Novo CPC, há previsão de cabimento 
de agravo de instrumento contra decisão terminativa que diminui objetivamente 
a demanda e no art. 1.037, § 13, I, do Novo CPC, há previsão de cabimento de 
agravo de instrumento contra decisão interlocutória que indeferir pedido de 
afastamento da suspensão do processo determinada em razão do julgamento 
repetitivo de recurso especial ou extraordinário 
No art. 1.027, § 1º, do Novo CPC há previsão de cabimento de agravo 
de instrumento para o Superior Tribunal de Justiça de decisões interlocutórias 
proferidas nas ações internacionais, previstas pelo inciso II, “b”, do mesmo 
dispositivo legal. Trata-se de aparente novidade porque nesse caso uma 
interpretação sistêmica só permitirá o agravo de instrumento nas hipóteses 
previstas no art. 1.015, do Novo CPC. 
72.2.2. INSTRUÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO – 
PEÇAS PROCESSUAIS 
O nome “agravo de instrumento” indica que a peça do recurso deve ser 
acompanhada de um instrumento, que será formado em regra por cópias de 
peças já constantes dos autos principais. Afirma-se que serão em regra peças já 
existentes no processo porque também é permitido ao agravante instruir o seu 
recurso com documentos que ainda não fazem parte dos autos principais. 
 Tal faculdade é expressamente concedida ao agravado pelo art. 1.019, 
II, do Novo CPC, ao permitir a juntada de documentos novos, devendo existir a 
mesma faculdade ao agravante, em aplicação do princípio da isonomia 
processual425. Corrobora com o entendimento o § 5º do art. 1.017 do Novo CPC, 
que dispensa a juntada de cópias das peças nos autos eletrônicos e permite a 
juntada de novos documentos. 
Naturalmente que a juntada de novos documentos também poderá 
ocorrer em autos físicos. É certa a raridade de tal ocorrência, não havendo muito 
sentido no fato de o agravante deixar para juntar documento somente com a 
interposição do agravo, mas de qualquer forma a faculdade deve lhe ser 
concedida. 
A indispensável instrução do agravo de instrumento leva em 
consideração o fato de esse recurso ser distribuído diretamente no tribunal 
competente para o seu julgamento, permanecendo os autos principais no 
primeiro grau de jurisdição. O agravo de instrumento formará novos autos, não 
tendo os desembargadores do tribunal de segundo grau acesso aos autos 
principais no julgamento do recurso. Em razão disso, torna-se necessária a 
formação de um instrumento que acompanhe o recurso. 
Conhecer a ratio da formação do instrumento no recurso ora analisado 
é importante para se compreender a previsão do art. 1.017, § 5º, do Novo CPC. 
O dispositivo legal ora analisado prevê a dispensa das peças obrigatórias e da 
declaração de inexistência de documentos, admitindo que o agravante anexe 
outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. 
Nesse caso até mesmo o nome agravo de instrumento não parece ser adequado 
em razão da inexistência de instrução do recurso. 
72.2.3. INFORMAÇÃO DA INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO PERANTE O 
PRIMEIRO GRAU 
Estabelece o art. 1.018, caput, do Novo CPC que o agravante poderá 
requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de 
instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos 
que instruíram o recurso. 
É desnecessário juntar cópias de tais documentos, considerando-se que 
eles já estarão nos autos principais, mas, na excepcional hipótese de juntada de 
documento novo com o agravo de instrumento, é imprescindível a juntada de 
cópia no primeiro grau. O Superior Tribunal de Justiça, entretanto, já decidiu que 
a não juntada aos autos de tais documentos não leva à inadmissão do recurso. 
72.2.4. PROCEDIMENTO 
72.2.4.1. Propositura 
O recurso de agravo de instrumento tem o prazo geral de 15 dias (art. 
1.003, § 5º, do Novo CPC), sendo de competência do tribunal de segundo grau 
(Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Federal). O § 2º do art. 1.017 do Novo 
CPC prevê exemplificativamente quatro formas de interposição do agravo de 
instrumento. Pode ser protocolado diretamente no tribunal competente para 
julgá-lo, na própria comarca, seção ou subseção judiciária em que tramita o 
processo em primeiro grau, por postagem, sob registro, com aviso de 
recebimento e por transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei ou em 
outra forma prevista em lei. 
72.2.4.3. Negativa de seguimento liminar 
Após a distribuição do agravo de instrumento, o relator poderá, como 
primeira medida, negar seguimento ao recurso de forma monocrática, desde que 
presente uma ou mais das situações previstas pelos incisos III e IV do art. 932 
do Novo CPC. A decisão unipessoal do relator pode ter como objeto a negativa 
de conhecimento (juízo de admissibilidade), prevista no inciso III do art. 932 do 
Novo CPC, como o não provimento do recurso (juízo de mérito), previsto no 
inciso IV do art. 932 do Novo CPC. Essa decisão monocrática, que coloca fim ao 
agravo de instrumento, é recorrível por agravo interno para o órgão colegiado no 
prazo de 15 dias, nos termos do art. 1.021 do Novo CPC. 
72.2.4.4. Tutela de urgência 
Não sendo o caso de negativa de seguimento liminar o relator analisará 
o pedido de tutela de urgência, desde que haja pedido expresso nesse sentido, 
sendo vedada sua concessão de ofício. Não há preclusão para o pedido de tutela 
de urgência, quepode ser feito a qualquer momento do recurso até seu 
julgamento, mas, tendo sido feito na própria peça de agravo de instrumento, o 
ideal é que o relator decida liminarmente, não obstante também não ocorrer 
preclusão para o juiz. 
72.2.4.8. Agravo de instrumento pendente de julgamento e prolação de sentença 
O recurso de agravo de instrumento não tem em regra efeito suspensivo, 
de forma que o procedimento do processo principal não será suspenso em razão 
da interposição do agravo de instrumento, salvo nos casos de concessão de 
efeito suspensivo (art. 1.019, I, do Novo CPC). 
72.3. AGRAVOS CONTRA DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS DE SEGUNDO 
GRAU 
72.3.1. AGRAVO INTERNO 
72.3.1.1. Cabimento 
Nos termos do art. 1.021, caput, do Novo CPC, de toda decisão 
monocrática proferida pelo relator será cabível o recurso de agravo interno para 
o respectivo órgão colegiado, ou seja, para o órgão que teria proferido o 
julgamento colegiado caso não tivesse ocorrido o julgamento unipessoal pelo 
relator. 
72.3.1.2. Procedimento 
Nos termos do § 1.º do artigo comentado, na petição de agravo interno 
o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão 
agravada, não bastando, portanto, apenas repetir a fundamentação do recurso 
ou do pedido julgado monocraticamente. 
O agravo será dirigido ao relator, único magistrado a ter funcionado no 
recurso, reexame necessário ou processo de competência originária do tribunal 
julgado monocraticamente. Cabe ao relator determinar a intimação do agravado 
para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 dias. 
72.3.2. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 
 
Quem define o cabimento do agravo previsto no art. 1.042 do Novo CPC 
são os §§ 1º e 2º do art. 1.030 do mesmo diploma legal. A inadmissão prevista 
no inciso I do art. 1.030 do Novo CPC é recorrível por meio de agravo interno, 
enquanto a inadmissão nos demais casos, consagrada no inciso V do mesmo 
dispositivo, é recorrível por meio do agravo ora estudado. 
Conforme prevê o art. 1.042, § 2.º, do Novo CPC, a petição de agravo 
será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e 
independe do pagamento de custas e despesas postais. Embora não haja 
previsão expressa nesse sentido, o recurso ora analisado será interposto e 
processado nos próprios autos principais475, o que, naturalmente, dispensa o 
recorrente de instruir o recurso com cópias de peças processuais. 
73. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
73.1. NATUREZA JURÍDICA 
Os embargos de declaração são o único meio de impugnação de decisão 
judicial previsto no art. 994 do Novo CPC, que suscita na doutrina debate a 
respeito de sua natureza jurídica. 
73.2. CABIMENTO 
A questão do cabimento dos embargos de declaração deve ser 
enfrentada em duas etapas: num primeiro momento devem-se indicar quais as 
espécies de pronunciamento são impugnáveis por esse recurso; num segundo 
momento, quais são os vícios que legitimam sua interposição. 
73.2.1. PRONUNCIAMENTOS RECORRÍVEIS 
Aduz o caput do art. 1.022 do Novo CPC que os embargos de declaração 
são cabíveis contra qualquer decisão judicial, ou seja, são impugnáveis a 
decisão interlocutória, sentença, acordão, e decisão monocrática – final ou 
interlocutória – proferida pelo relator em sede recursal, reexame necessário e 
processo de competência originária do tribunal. Ainda que o dispositivo preveja 
o cabimento contra decisões judiciais, entendo que até mesmo contra despacho, 
em regra irrecorrível por expressa previsão legal (art. 1.001 do Novo CPC), será 
cabível o recurso de embargos de declaração. 
73.2.2. VÍCIOS Q UE LEGITIMAM O INGRESSO DOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO 
Os incisos do art. 1.022 do Novo CPC consagram quatro espécies de 
vícios passíveis de correção por meio dos embargos de declaração: obscuridade 
e contradição (art. 1.022, I, do Novo CPC), omissão (art. 1.022, II, do Novo CPC) 
e erro material (art. 1.022, III, do Novo CPC). 
73.3. PROCEDIMENTO 
O prazo para interposição dos embargos de declaração é sempre de 5 
dias, devendo ser interposto por meio de petição escrita, salvo nos Juizados 
Especiais, quando a parte poderá optar pela interposição por escrito no prazo de 
5 dias ou oralmente na audiência em que a sentença foi proferida (art. 49 da Lei 
9.099/1995). É incompleta a regra consagrada no art. 1.023, § 1º do Novo CPC, 
porque não só na hipótese do art. 229 haverá prazo em dobro para a interposição 
dos embargos de declaração, sendo essa a realidade para toda previsão legal 
que consagra o prazo em dobro para a parte falar em geral nos autos (arts. 180, 
caput, 183, caput, e 186, caput, do Novo CPC). 
73.4. EFEITO INTERRUPTIVO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Questão relevante diz respeito ao efeito interruptivo da interposição dos 
embargos, consagrado no art. 1.026, caput, do Novo CPC, em regra também 
aplicável aos embargos de declaração nos Juizados Especiais, com a mudança 
de redação do art. 50 da Lei 9.099/95 realizada pelo art. 1.065 do Novo CPC. 
73.4.2. REITERAÇÃO ABUSIVA DE EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS 
Na excepcional hipótese de reiteradas oposições de embargos de 
declaração manifestamente protelatórios, com o nítido intuito de travar o 
andamento procedimental, o efeito interruptivo também deve ser afastado. 
Tendo os embargos de declaração efeito interruptivo, bastará a parte de má-fé, 
que pretende protelar indefinidamente o andamento procedimental, interpor 
sucessivos embargos de declaração contra a mesma decisão, fazendo o 
processo “correr na esteira”, ou seja, andar sem sair do lugar. 
A primeira reiteração dos embargos de declaração manifestamente 
protelatórios é tratada pelo art. 1.026, § 3º do Novo CPC, e nesse caso, por já 
existir sanção expressamente prevista em lei, não se deve afastar o efeito 
interruptivo. A segunda reiteração, entretanto, é prevista no § 4º do mesmo 
dispositivo como hipótese expressa de não cabimento dos embargos de 
declaração. Nesse caso, entendo que se pode falar em recurso manifestamente 
incabível a ponto de se afastar o efeito interruptivo. 
73.7.1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITO MODIFICATIVO 
As hipóteses de cabimento quanto a essa espécie atípica de embargos 
de declaração são aquelas previstas expressamente em lei: omissão, 
contradição, obscuridade e erro material (art. 1.022 do Novo CPC). Nesse 
tocante, portanto, nada há de atípico. O pedido formulado pelo embargante 
também não pode ser considerado atípico, porque, havendo contradição e 
obscuridade, o pedido será o de esclarecimento da decisão, e na hipótese de 
omissão o pedido será de integração da decisão. 
74. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
74.1. INTRODUÇÃO 
Tradicionalmente associam-se a atividade recursal do Supremo Tribunal 
Federal e a do Superior Tribunal de Justiça ao recurso extraordinário e especial, 
respectivamente. Ocorre, entretanto, que essa atividade recursal também é 
desempenhada por tais tribunais por meio do julgamento do recurso ordinário 
constitucional, previsto como recurso no art. 994, V, do Novo CPC, e com suas 
hipóteses de cabimento previstas tanto na Constituição Federal (arts. 102, II, e 
105, II, da CF) como no Código de Processo Civil (art. 1.027 do Novo CPC). 
74.2.CABIMENTO 
Ainda que exista previsão de cabimento do recurso ordinário em texto 
constitucional, basta a análise do art. 1.027 do Novo CPC, limitada ao processo 
civil. 
74.2.1.PROCESSOS INTERNACIONAIS 
Diz o art. 1.027, II, “b”, do Novo CPC que cabe recurso ordinário 
constitucional contra sentença proferida em processo em que forem partes, de 
um lado, organismo internacional – por exemplo, ONU, BID, Unesco – ou Estado 
estrangeiro e de outro Municípiobrasileiro ou pessoa residente ou domiciliada 
no Brasil, existindo doutrina a compreender tratar-se tanto de pessoa física como 
jurídica532. O texto é suficientemente claro para se concluir que independe em 
quais dos polos estarão os sujeitos descritos, desde que estejam em polos 
adversos. 
Nesse caso a demanda seguirá em primeiro grau de jurisdição perante 
a Justiça Federal (art. 109, II, da CF), e, sendo proferida sentença de qualquer 
natureza – terminativa ou definitiva – e qualquer que seja seu resultado – 
procedência, improcedência, homologatória –, será cabível o recurso ordinário 
constitucional, afastando-se a regra geral prevista pelo art. 1.009 do Novo CPC. 
74.2.2.RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DESEGURANÇA 
Caberá recurso ordinário constitucional contra decisão de única 
instância denegatória de mandado de segurança, sendo competente o Supremo 
Tribunal Federal (art. 1.027, I, do Novo CPC), quando o acórdão recorrido tiver 
sido proferido pelos tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça, Tribunal 
Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho, Superior Tribunal Militar), e o 
Superior Tribunal de Justiça (art. 1.027, II, do Novo CPC) quando o acórdão tiver 
sido proferido por tribunal de segundo grau (Tribunal de Justiça e Tribunal 
Regional Federal). 
74.2.3. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS DATA E MANDADO DE 
INJUNÇÃO 
As mesmas considerações feitas a respeito do recurso ordinário contra 
a decisão denegatória de mandado de segurança são aplicáveis ao habeas data 
e ao mandado de injunção: 
(a) a decisão de única instância significa que o habeas data e o mandado de 
injunção sejam de competência originária de tribunal, no caso os Tribunais 
Superiores, em razão de expressa previsão do art. 1.027, I, do Novo CPC; 
(b) decisão denegatória significa tanto a improcedência como a extinção sem 
resolução do mérito; e 
(c) acórdão de agravo interno contra decisão monocrática que denega habeas 
data e mandado de injunção e acórdão de embargos de declaração opostos 
contra acórdão denegatório são recorríveis por recurso ordinário.

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