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FICHAMENTO CARMEN LÚCIA

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Esse fichamento tem como fonte o primeiro capítulo do livro Educação Física: raízes europeias e Brasil, escrito pela professora Carmen Lúcia Soares, no ano de 2001. O capítulo é intitulado “As bases políticas, econômicas e sociais da educação física” e a edição na qual está contido é a segunda, e publicada pela editora Autores Associados.
No livro, a autora reflete acerca do processo de constituição da educação física na contemporaneidade, contemplando o discurso científico e os interesses de cunho capitalista. Além disso, aborda a inclusão da educação física no ambiente escolar a partir do século XIX e como isso ocorreu em consonância com os ideais burgueses. 
Para a construção das duas ideias, a autora teve como base e referências de autores como: SHAFF (1983); LOWY (1987); LUZ (1982 e 1988); MARX e ENGELS (1978); HOBSBAWN (1982); SINGER, CAMPOS e OLIVEIRA (1981); COMTE (1979); BERGO (1979); BERNAL (1976); GOBINEAU (1852); BISSERET (1978); ROSEN (1979); COSTA (1981); DONZELOT (1986); LIMA (1985) e FOUCAULT (1985). 
A primeira parte do capítulo é intitulada “A ciência e a construção do homem novo necessário ao capital: homem produtivo/homem biológico” e trata das raízes europeias no processo de construção de um homem novo, surgido em decorrência das necessidades de uma classe social emergente no século XIX: a burguesia. O burguês é o homem novo que precisa manter sua supremacia frente à nova ordem mundial nos campos da política, da economia e, em oposição à classe operária. Para isso, as intervenções em cuidados devem ser realizadas sob as perspectivas mental, intelectual, cultural e física. Em suma, a autora se utiliza de noções de teorias científicas de diversos autores e das imposições do capitalismo para analisar o processo de constituição da educação física desde o seu nascimento europeu até sua introdução no Brasil, onde vincula-se a ideais de regeneração e embranquecimento da raça. 
Na segunda parte, “Da saúde do "corpo biológico" a saúde do "corpo social": o pensamento médico higienista e a definição dos hábitos da família moderna”, Carmen Lúcia Soares trata da fragmentação dos conceitos de saúde e de doença por parte do campo biomédico, de tal forma que os termos foram reduzidos ao estado de funcionamento orgânico (bom ou mau). Sendo assim, se o homem é um ser biológico e suas ações justificadas por causas também biológicas, delineia-se um contexto no qual o profissional e as praticas que envolvem os conhecimentos acerca do biológico passam a ocupar espaço na sociedade. “Em nome da saúde, da ordem e do progresso, o poder médico esquadrinha os espaços de vida dos indivíduos e as suas próprias vidas ao definir normas... regras necessárias para a manutenção da saúde de seus corpos biológicos, individuais” (SOARES, 2001, p. 31).
Nesse contexto, a Educação Física surge como “mais uma forma de intervenção na realidade social, a qual operará tanto no âmbito corporal dos indivíduos isoladamente, quanto no âmbito do "corpo social", quando tornada hábito” (SOARES, 2001, p. 32). Em outras palavras, a Educação Física passa a ser defendida como ferramenta capaz de atender às demandas de uma sociedade que necessita da formação de uma educação higiênica, ordem e disciplina, em prol da garantia de saúde.

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