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História do Urbanismo

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Do Urbanismo pré-industrial ao Urbanismo pós-moderno
A sociedade em que vivemos tornou-se essencialmente urbana a partir do período do final do séc. XIX, pós revolução industrial, e assim os problemas urbanos começaram a se acentuar, diante do aumento da população nas cidades decorrente do êxodo rural, em busca de oportunidades de trabalho e sem condições dignas de qualidade de vida. A partir daí várias cidades cresceram em tamanho e população e se transformaram em metrópoles, extrapolando seus limites territoriais formando conurbações (várias cidades inter relacionadas num tecido urbano contínuo). Então surgem propostas na tentativa de buscar soluções para estes problemas, com uma pretensão científica, e também se criam modelos de desenvolvimento urbano para as cidades, muitos deles utópicos a fim de se organizar os espaços da cidade, os seus territórios, suas diversas atividades. Neste contexto é que surge o urbanismo.
Fase pré-industrial
Entre os séculos XV e XVII, papas, reis, príncipes ou nobres, para simbolizar seu crescente poderio, projetaram a construção de novas cidades ou a reforma urbana de outros centros. 
Richelieu, em que as principais inovações foram a diferenciação dos quarteirões segundo sua utilização comercial ou residencial, a construção de um centro cívico e o tratamento da composição das praças com a criação de perspectivas axiais; 
Versalhes, cujo traçado teve origem nos bosques de caça medievais, que estabeleciam um emaranhado de caminhos em forma de teia de aranha de um modo tal que proporcionava uma boa vista da caça, um modelo seguido por todos os demais príncipes europeus;
 Karlsruhe, cujo plano partiu do princípio da radiação de 12 avenidas que convergem para o palácio real; e São Petersburgo, talvez a mais importante criação urbanística do século XVIII. Seu plano, que reflete a aplicação do desenho de jardins numa estrutura urbana, é um tabuleiro de xadrez, cortado por grandes diagonais. 
A reforma de Roma, sede do papado, realizou-se nos pontificados de Sisto IV e Sisto V. Durante décadas foram reconstruídos alguns aquedutos e regularizado o abastecimento de água através de fontes públicas, que se tornaram importantes elementos da estética urbana. 
Urbanismo moderno 
A partir do séc. XIX surgiram vários modelos de desenvolvimento urbano, em busca de solução para os problemas decorrentes do grande processo de urbanização das cidades européias, na tentativa de se criar a cidade ideal, tidos como teorias, que se tornaram utópicas, a exemplo das idéias de Fourier, com o falanstério ,de Howard que idealizava a Cidade-jardim, e de Tony Garnier, com a teoria da cidade industrial (CHOAY,1965). 
Utopia tem como significado mais comum a idéia de civilização ideal, imaginária, fantástica. Pode referir-se a uma cidade ou a um mundo, sendo possível tanto no futuro, quanto no presente, porém em um paralelo. A palavra foi cunhada a partir dos radicais gregos οὐ, “não” e τόπος, “lugar”, portanto, o “não-lugar” ou “lugar que não existe”.
Utopia é um termo inventado por Thomas Morus que serviu de título a uma de suas obras escritas em latim por volta de 1516. Segundo a versão de vários historiadores, Morus se fascinou pelas narrações extraordinárias de Américo Vespucio sobre a recém avistada ilha de Fernando de Noronha, em 1503. Morus decidiu então escrever sobre um lugar novo e puro onde existiria uma sociedade perfeita. O “utopismo” consiste na idéia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa e normalmente contrária ao mundo real. O utopismo é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.
Essa ideia de utopia surge com a decadência do Papel do cristianismo e faz uma crítica a sociedade industrial, mostrando os efeitos negativos causados por ela, como por exemplo: Escassez do solo, divisão do trabalho, degradação do homem, etc. As cidades utópicas deveriam  ser socialmente sustentáveis e contar com soluções espaciais alternativas a metrópole. Nesta época florescem uma série de tentativas para solucionar problemas como os enfrentados por Londres e Paris. Socialmente, leis trabalhistas são revisadas, surge as leis sanitaristas e novos modelos urbanísticos são formulados.
Naquela época, grandes cidades como Londres e Paris, apresentavam crescimento populacional bastante acelerado, no período da Revolução Industrial, quando grandes contingentes populacionais migravam do campo para a cidade em busca de trabalho, e então se criaram grandes aglomerados populacionais nos quais as pessoas que pertenciam à classe operária viviam em péssimas condições de vida, principalmente de higiene, muitas delas sem ter onde morar, ou habitando em locais insalubres e desconfortáveis. A cidade ainda possuía estrutura urbana medieval, com ruas pequenas e região portuária tumultuada com bairros operários superlotados. A atividade econômica estava em decadência e a população vivia em péssimas condições de vida.
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O século XIX é conhecido por uma série de projetos de interferência na cidade que de alguma maneira tentavam lidar com os problemas da nova cidade industrial. Se os utopistas apresentaram propostas de negação da cidade, afastando-se da urbe doente, essas intervenções eram apresentadas sob a forma de propostas “curativas” que enfrentavam as enfermidades da própria cidade.
Os Planos de Haussmann, para Paris e de Cerdà, para Barcelona, são dois conhecidos exemplos com abordagens diferenciadas dentro do que pode ser chamado de planejamento urbano moderno. Haussmann projeta um esquema que abre passo dentro do tecido medieval de Paris. Cerdá propõe um traçado que envolve o casco antigo de Barcelona, mantendo-o praticamente intacto.
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Georges Eugène Haussmann, Plano de Paris, 1851-1870.
Ildefonso Cerdà, Plano de Barcelona, 1859.
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O desenvolvimento das cidades se dá, ao longo da história ocidental, a partir da sobreposição de diferentes conceitos, da justaposição de sucessivos pedaços de cidade, de diferenciados tecidos. As intervenções globais ou apenas pontuais possuem sempre a função explicita de sanar problemas especificamente urbanos e o propósito, muitas vezes velado, de atender a questões político-ideológicas.
Entre 1851 e 1870, uma série de circunstâncias favoráveis, entre elas a existência da lei sobre a expropriação de 1840 e da lei sanitária de 1850, permitem a Georges Eugène Haussmann, prefeito de Paris e circunvizinhanças, realizar um grande programa de transformações no espaço urbano de Paris. Haussmann considera parte das intervenções precedentes pontuadas por grandiosos complexos monumentais, entre os que predominavam as praças dos séculos XVII e XVIII, conjunto dos Inválidos e a seqüência monumental, única no mundo, do conjunto Ilha da Cité, Louvre, Tulleries, Champs Elysées e l’Etoile, que constituía uma grandiosa diretriz urbana. A partir daí, a abertura de ruas que cortam em todos os sentidos o organismo medieval e prolongam-se até a periferia, a instalação de novos serviços primários – o aqueduto, o esgoto, a iluminação a gás, a rede de transportes públicos com os ônibus puxados a cavalo – e a inclusão no corpo da cidade dos parques públicos Bois de Boulogne a oeste e o Bois de Vincennes a leste constituem-se como as principais realizações.
Georges Eugène Haussmann, Plano para Paris, 1851-1870. Plano indicando as novas ruas, os novos bairros e os dois grandes parques Bois de Boulogne e Bois de Vincennes.
As perspectivas com longas fugas de avenidas com edifícios monumentais como pano de fundo– com precedentes na história como já havíamos destacado em relação aos planos dessa época – assim como a regularidade e uniformidade da arquitetura das fachadas nas praças e nas ruas mais importantes, dão ao plano uma estruturação imponente, espetacular, atitude que correspondia, como chama a atenção Benjamim, à tendência que se observava continuamente no século XIX de enobrecer necessidades técnicas com finalidades artísticas.
A influência do planoHaussmann foi praticamente universal e se traduziu em reformas realizadas não só em diversas cidades da França como em Roma, Viena, Madri, Barcelona, Cidade do México, Chicago, Nova Delhi e outras. No Brasil, Haussmann influiu em vários planos, como o Agache, para o Rio de Janeiro, de 1928; o Prestes Maia-Uchoa Cintra, para São Paulo, de 1930; o Gladosh, para Porto Alegre, de 1939; e o Atílio Correia Lima, para Goiânia, de 1933. 
O plano para Barcelona do engenheiro espanhol Ildefonso Cerdà, aprovado inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente diferente. Os dois traçados urbanísticos básicos na época, a quadrícula e o radial – neste caso o segundo subordinado ao primeiro – eram sintetizados em um grande retângulo de sessenta por vinte módulos, localizado no espaço livre deixado entre a cidade medieval amuralhada e os povoados vizinhos e cortado por duas diagonais (fig. 6).
Como um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo a reivindicar a salubridade das habitações de maneira radical e efetiva como a condição primeira a satisfazer na criação da nova cidade, Cerdá considerava a moradia como suporte fundamental da qualidade de vida. Emprega grande esforço na formulação das “ilhas tipo” e, a partir do reconhecimento da quadrícula como o traçado que reúne tanto vantagens de ordem circulatória, topológica, construtiva, jurídica como urbanística, chega ao módulo quadrado de 113 metros de lado com um chanfro de 20 metros como o mais adequado.
Ao compreender a necessidade de compactação da cidade industrial, abre mão de qualquer exemplo de habitação unifamiliar com jardim, ideais no seu pensamento, mas procura manter o máximo de qualidade ambiental propondo ilhas abertas com dois blocos – três e até quatro blocos na versão de 1863.
Figura 8 – Ildefonso Cerdà, Plano para Barcelona, 1859. Ilha-tipo.
Cerdà escreverá mais tarde em sua Teoría General de la Urbanización, publicada em 1867, “a urbanização reside tão somente na associação do repouso e do movimento” (9). A presença dos dois conceitos diretores, a “habitação” e a “circulação”, que hoje mais do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo estão presentes, no plano de Barcelona no cuidado com a habitação e no projeto cuidadoso de uma rua realmente racional, com 20 metros de largura e separação entre os meios de locomoção 
Ao contrário de Paris, a trama ortogonal, homogênea e igualitária não caracteriza uma Barcelona monumental, mas ambos planos dão corpo às palavras de ordem do desenho urbano no final do século XIX e começo do XX: saneamento e embelezamento.
Os elementos, traçado e rua, foram os componentes fundamentais dos planos e intervenções urbanas que viemos analisando – estivemos até aqui quase que somente falando de traçados e ruas. Mas a ruptura radical que ocorre na cidade do século XX já não permite que uma análise nesses termos continue. 
Na cidade tradicional, rua e edifício são entidades inseparáveis. A arquitetura conforma a rua, a forma da arquitetura é a forma da cidade. Na cidade oitocentista, o traçado viário se estabelece como um sistema autônomo, como uma instalação prévia à produção dos edifícios. Mas ainda assim os edifícios construídos – a posteriori – confirmam o traçado e concretizam o tecido.
Os urbanistas do século XIX em geral, recorriam ao traçado reticular com inclusão de diagonais. O traçado xadrez, que resulta de uma divisão racional do solo e que remonta aos assentamentos urbanos mais antigos, tornou-se o esquema básico da maioria das cidades, prometendo não apenas ordem e clareza, mas também igualdade na distribuição da propriedade. Por outro lado, as diagonais tinham como referência tanto as cidades poligonais fortificadas surgidas a partir de 1500, com ruas que irradiavam do centro para as portas localizadas nos lados do polígono.
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Figura 7 - P. C. L’Enfant. Plano de Washington, 1795
Figura 8 – Scamozzi, Fortaleza de Palmanova, 1593.
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Fanlanstério/ Falanges – Charles Fourier – 1843
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   “O Falanstério era como uma cidade construída no campo”. Para Charles Fourier as fábricas deveriam ser transferidas para o campo e uma comunidade deveria ser construída próxima a elas para os operários, surge assim o falanstério. O edifício continha todas as necessidades de um operário. Foi construído com uma tipologia clássica e possuía uma ala central e duas laterais (direita e esquerda). Em todo o prédio existiam circulação e jardins internos.
Ao mesmo tempo urbanos e rurais, os falanstérios seriam auto-suficientes trocando bens entre si, dispondo de terras para agricultura e outras atividades econômicas, para vivendas e uma grande casa comum. Segundo Fourier os falanstérios seriam criados através da associação voluntária de seus membros e nunca deveriam ser compostos por mais de 1.600 pessoas, que viveriam juntas em um mesmo complexo edificado. Cada pessoa seria livre para escolher seu trabalho, e o poderia mudar quando assim desejasse. Uma rede extensa desses falanstérios seria a base da transformação social que por meio da experimentação daria origem a um novo mundo.
O falanstério era organizado de forma que os idosos ficavam no térreo, as crianças no mezanino e os adultos nos andares superiores separados por classe social.
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Cidade Industrial – Tony Garnier – 1901/1904
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   A cidade industrial de Tony Garnier foi criada em 1901 e exposta em 1904, esse projeto de planejamento urbano era a planificação do que deveria ser uma cidade moderna. Projetada para 35000 habitantes, a cidade industrial antecipava alguns princípios da Carta de Atenas do CIAM de 1933.
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A proposta era, sobretudo de uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada, onde todas as áreas não construídas eram parques públicos.
O plano linear de Garnier separava as zonas: existiria o agrupamento racional da indústria, da administração e das residências, além da exclusão dos pátios internos e estreitos, criando uma quantidade suficiente de espaços verdes na cidade. Além dessas características no planejamento urbano, havia também o uso do novo material, o concreto armado, que era a potencialidade estética do século XX.
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Para o estudo da cidade industrial foi escolhida a região Sudeste da França. Essa área foi determinada depois de concluído que ela era bem localizada e teria suas necessidades sanadas por soluções próximas. Alguns fatores que levaram a essa escolha foram: a presença de matéria-prima, a força natural que pode ser usado pelo homem (um leito da torrente represado) e a comodidade dos meios de transporte devido a uma estrada de ferro próxima à área.
Para dispor as construções na cidade buscou-se levar em conta as necessidades materiais e morais do indivíduo, então se criou regulamentos para manter a qualidade de vida humana. As divisões da casa deveriam corresponder aos regulamentos e cada habitação deveria dar acesso para a construção localizada atrás, criando um passeio público que permitiria o acesso em qualquer sentido desejado dentro da cidade.
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Cidade linear
O primeiro modelo teórico de plano urbano linear foi elaborado em 1892 pelo espanhol Arturo Soria y Mata, construída como bairro experimental na periferia de Madrid, Espanha, em 1894. Previa um novo tipo de cidade, para trinta mil habitantes, em que cada função urbana ocuparia uma faixa própria do solo. O projeto se desenvolvia sob a forma de uma espinha central, entrecortada por vias perpendiculares que davam acesso às zonas de habitação e trabalho. Sua principal vantagem é a capacidade de admitir uma expansão indefinida, sem que a cidade como um todo seja perturbada. Entre os exemplos de plano linear estão o de 1929 para a então cidade de Stalingrado (atual Volgogrado) e o de 1937 para Londres. 
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A noção de cidade linear foi utilizada no modernismo a partir do final da década de 20 por alguns urbanistas como Nicolai Miliutin, Le Corbusier, Ernst May, Lúcio costa, Kenzo Tange, entre outros.
A cidade linear tem como característica mais marcante odesenvolvimento em linha, geralmente com uma via central que funciona como estrutura principal, em torno da qual se desenvolvem ramos secundários. A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dos autores. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial, Le Corbusier a utiliza para atingir maior liberdade formal e de igual maneira trabalhar livremente o sistema viário dentro de sua proposta de hierarquía viária apresentada tambem em “Sur Les Quatre Routes” (‘Sobre as 4 Vias’). Ernst May desenvolve a relação cidade/indústria proposta por Miliutin no seu projeto para a cidade soviética de Magnitogorsk. No pós-guerra Lúcio Costa adota o partido linear no desenvolvimento do plano piloto de Brasília e, também em 1960, Kenzo Tange apresenta um plano monumental de cidade sobre a baía de Tóquio. Lúcio Costa utilizará novamente o partido linear como um dos elementos do seu plano para a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.
Está ligada em muitos aspectos à questão do transporte, por este motivo da crescente importância ao sistema viário no planejamento da cidade. Em sua concepção inicial, com Soria y Mata, esteve ligada ao movimento higienista e de igual maneira à questão dos bairros operários. Desde a década de 1880, Soria y Mata acreditava que sua cidade poderia se estender pelo território se ligando a outras e até a diferentes países, em uma grande rede urbana. Este fenômeno não está longe da realidade dos nossos dias. Através de sistemas de transporte super-rápidos (como o trem-bala), cidades são interligadas em poucas horas no Japão e em alguns países da Europa.
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Cidades-jardins
Ebenezer Howard, autor de Garden Cities of Tomorrow (1902; Cidades-jardins de amanhã), formulou o conceito de uma cidade ideal, em cujas características incluiu a existência de um cinturão verde (green belt) em torno da área urbana, para assegurar um máximo de espaços verdes. Howard em seus estudos, perguntou-se “Para onde as pessoas irão?”, então considerou três imãs de atração da população, a cidade inchada, o campo vazio, e a cidade-campo, que seria a terceira solução.
Ele propõe muito mais do que a harmonia entre homem e natureza, ele apresenta toda uma política para a manutenção do equilíbrio social, ameaçado pelas sórdidas condições de urbanização das camadas populares inglesas durante o século XIX. Planeja não só as formas, as funções, os meios financeiros e administrativos de uma cidade ideal, sadia e bela, mas, principalmente, um processo para satisfazer as massas e controlar sua concentração nos centros metropolitanos. A cidade-Jardim seria construída no centro dos 2400 hectares, e ocupando 400 hectares, o resto seria para o campo, cortada por seis bulevares com 36 metros, uma avenida central com 125 metros de largura, formando um parque. 
No centro ficariam órgãos públicos e para o lazer (teatro, museu e etc..), o Palácio de Cristal, ocuparia uma grande área servindo como mercado e jardim de inverno, proporcionando aos ingleses durante o longínquo período chuvoso um lugar para recreação. A população seria de cerca de 30000 pessoas, sendo 2000 no campo, as indústrias ficariam na periferia ao longo da linha férrea, facilitando o escoamento da produção, a área agrícola seria constituídas por fazendas, cooperativas ou particular. Na cidade jardim, o solo urbano é socializado e o lucro obtido pelo loteador vem das cotas pagas mensalmente, ninguém se torna proprietário de sua casa, loja, indústria, isso se da pelo arrendamento.
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Primeiramente Howard pensou como tornaria sua idéia viável, então em 1899 funda a Associação das Garden-Cities, e logo em 1903 pode adquirir Letchworth, e chamou os arquitetos Parker e Umwin para projetar a cidade, esta cidade atingiu grande êxito, e chamou atenção dos jornais de Londres. A atmosfera na cidade era excitante e prazerosa (alcançou em 1962 26000 habitantes). Em 1919 Howard achou um terreno a 15 Km de Letchworth, onde instalaria Welwin, a segunda cidade-jardim. Hermann Muthesius também teve um papel importante na criação da primeira cidade-jardim Alemã – Hellerau, próximo a Dresden, que foi fundada em 1909 por Karl Schmidt-Hellerau – a única cidade da Alemanha onde as idéias de Howard foram completamente implementadas. Radburn
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Urbanismo Orgânico 
O primeiro grande teórico do Urbanismo orgânico no Reino Unido foi Patrick Geddes, biólogo escocês autor de dois livros clássicos: City Development (1904; Desenvolvimento urbano) e Cities in Evolution (1915; Cidades em evolução). A principal contribuição de Geddes, para quem a cidade funciona como um organismo vivo, foi a ênfase na necessidade de se efetuarem estudos e pesquisas antes da elaboração do plano urbanístico. A maioria dos manuais de Urbanismo adotou praticamente na íntegra o roteiro de pesquisa que sugeriu.
Urbanismo Racionalista
O apogeu do Urbanismo de expressão francesa foi alcançado com a obra teórica do arquiteto Charles Edouard Jeanneret-Gris, dito Le Corbusier. Difundiu suas teorias tanto em livros como em planos urbanísticos, dentre os quais se destacam: Une Ville contemporaine apresentado em 1922 no Salon d'Automne de Paris e concebido para abrigar uma população de três milhões de habitantes; Plan voisin, projeto para renovação e modernização de Paris (1925); O nome de Le Corbusier acha-se relacionado a planos urbanísticos esboçados para várias cidades, entre elas Argel, Rio de Janeiro, São Paulo e Montevidéu. O único plano urbanístico de Le Corbusier efetivamente realizado foi o de Chandigar, capital do estado de Punjab. 
Sob a liderança de Le Corbusier, o movimento dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM) reuniu, além de arquitetos e urbanistas europeus como Victor Bourgeois, Walter Gropius, Alvar Aalto, Ludwig Hilberseimer (urbanista do grupo do Bauhaus), Gerrit Thomas Rietveld, José Luis Sert e Cor Van Eesteren, representantes dos Estados Unidos (Richard Joseph Neutra, Paul Lester Wiener), Brasil (Lúcio Costa), Japão (Junzo Sakakura) etc.
Urbanismo nos Estados Unidos
O plano em xadrez foi a forma mais comum de estrutura urbana utilizada pelos colonizadores na América do Norte. No final do século XIX renovou-se o pensamento urbanístico nos Estados Unidos com o sucesso da Feira Mundial da Exposição de Columbia, em Chicago (1893), quando se consolidou o City Beautiful Movement (Movimento da Cidade Bela).
O apogeu desse movimento foi o plano de Daniel Burnhams para Chicago (1909). No tocante ao planejamento metropolitano contemporâneo, destacam-se, nos Estados Unidos, na década de 1960, o plano integrado de Chicago e o plano diretor integrado para o desenvolvimento de Detroit. Na atualidade, o desenvolvimento urbano americano tem-se caracterizado pela ênfase na recuperação dos bairros centrais das grandes cidades, degradados nas últimas décadas do século XX devido ao esvaziamento econômico e concentração de populações mais pobres, e pelo fim da primazia dada no passado aos arranha-céus. 
Cidade Moderna X Cidade Tradicional
O inchaço populacional da cidade industrial do século XIX e todos os problemas decorrentes desse fato, constituem-se como o impulso de novas idéias para a moderna cidade. A partir da migração campo-cidade de uma população que buscava trabalho e melhores condições de vida, surgem os primeiros bairros operários que em seguida vão apresentar problemas de insalubridade e falta de infra-estrutura. Desde as primeiras propostas revolucionárias elaboradas pelos chamados pré-socialistas da primeira metade do século XIX – Owen, Fourier, Cabet – à Carta de Atenas, existiu uma busca em comum: a de uma cidade que representasse o “espírito da época”, que respondesse às necessidades, mas também aos anseios do homem da era moderna. O resultado físico último é uma cidade que se constitui como um campo livre pontuado por edifícios isolados que leva implícita uma idéia de higiene, salubridade, banho de sol e velocidade.
O século XX acumulou um acervo considerável de planos urbanísticos baseados nesse paradigma. Algumas cidades totalmentenovas foram projetadas e construídas, mas a grande parte dos planos teve que se confrontar com a cidade existente, com uma intervenção mais ou menos agressiva, com um diálogo mais ou menos amigável, como proposta de uma cidade moderna sobre a cidade tradicional, como uma proposta de mudança ao lado da cidade existente.
A intervenção do tipo cidade moderna sobre cidade tradicional apresenta 3 nuanças: as propostas conciliadoras, como as de Le Corbusier para Buenos Aires, Montevidéu, São Paulo e Rio de Janeiro, onde edifícios-autopista são pousados sobre a cidade sem alteração do tecido ou da paisagem natural (fig.1); as propostas implantadas sob uma nova legislação urbanística aplicada sobre tecido tradicional e obrigadas de alguma forma a dialogar com este (2) (fig. 2); e ainda, as conhecidas proposições mais agressivas como o Plan Voison para Paris, também do mestre moderno, que em uma atitude de tábula rasa propõe a destruição do centro medieval de Paris e a construção de um centro comercial e de negócios com torres isoladas (fig. 3).
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Figura1 - Estudo de Le Corbusier para São Paulo, 
Figura 2 – Simulação de implantação total do Plano Diretor em uma zona de Pelotas. As novas normas urbanísticas são aplicadas sobre a estrutura do quarteirão. Fonte: arquivo do autor
Figura 3 – Le Corbusier, Plano Voison, Paris, 1925. 
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Porém, na prática, a estrutura física moderna se mostrou mais explicitamente nas propostas para novos pedaços de cidade que respondiam, principalmente, à demanda de habitação decorrente do grande crescimento urbano do século XX. Os novos bairros e conjuntos habitacionais, tendo as Siedlungs como organizações pioneiras, se constituirão como principal posta em cena urbana moderna (fig. 4).
Figura 4 – Hans Sharoun, Walter Gropius, Hugo Haring, Otto Bartning, Fred Forbat e Paul Rudolf Henning, Siedlung Siemensstadt, Berlim, 1929.

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