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Física e Matemática Claudio M. Maekawa The Date ii Contents Introduction vii 1 A Matemática como Linguagem 1 1.1 Palavras � Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Pitágoras de Samos VI a.C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.3 Newton: 2200 anos depois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4 A Linguagem da Natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2 O papel dos elementos da Matemática 11 2.1 As constantes e as variáveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2 Os papéis das funções na Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3 Funções 23 3.1 Funções de xn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Combinação de funções de potências . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.2.1 Combinação de x2 e x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.3 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.3.1 Seno, Cosseno e tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.3.2 Cálculos para alguns ângulos. . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.3.3 Grá cos das funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.3.4 Aplicação na Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.3.5 Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.3.6 Adição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 3.3.7 Aplicação na Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.4 Limites, Derivadas e a 2a¯ Lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.4.1 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.4.2 A derivada como limite da taxa de variação . . . . . . . . 47 3.4.3 Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.4.4 Uso de limites para o cálculo de derivadas . . . . . . . . . 50 3.4.5 Regra do Produto para derivadas . . . . . . . . . . . . . . 52 3.4.6 A segunda Lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.5 Funções compostas e suas derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.5.1 Derivada de função composta . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.6 Derivadas das funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . 57 iii iv CONTENTS 3.6.1 A derivada do seno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.6.2 A derivada do cos � . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.6.3 Derivada de csc � . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.6.4 Derivada da tan � . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 3.7 Aplicação na Física Movimento Harmônico Simples . . . . . . . . 62 3.7.1 Equação da posição e velocidade . . . . . . . . . . . . . . 62 3.7.2 Equação da aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 A The First Appendix 69 Afterword 71 Preface v vi PREFACE Introduction Em face das mudanças ocorridas no ensino médio a partir da década de 90 se faz necessário que disciplinas introdutórias abordem o papel da Matemática na Física. A visão detectada entre os calouros dos cursos de exatas é a de que as fórmulas só possuem a utilidade como ferramenta de cálculo, não compreendem que a Matemática é essencial para a compreensão da Natureza. Nessa disciplina mostraremos que a Matemática é também um poderosa linguagem que revela os segredos da Natureza e que é necessário o desenvolvimento do raciocínio matemático. vii viii INTRODUCTION Chapter 1 A Matemática como Linguagem '����& = físis = natureza A Física utiliza a Matemática como uma linguagem que permite descr- ever e revelar propriedades fundamentais dos fenômenos da Natureza. Através da linguagem Matemática, foi possível descobrir que a Natureza possui leis e princípios fundamentais que regem os fenômenos e também possui uma lógica natural que organiza os conceitos em estruturas lógicas. A compreensão dessas estruturas aprofundou o nosso entendimento da Natureza e tem modi cado a forma como nos relacionamos com ela. O desenvolvimento da Matemática transformou-a em ciência, contudo o seu aspecto como linguagem está muito presente na Física e atua de forma complementar e de igual importância com seu aspecto cientí co. 1.1 Palavras � Equações As equações não são apenas uma ferramenta de cálculo, elas são frases (expressões) utilizadas na Física para, com grande precisão, elaborar conceitos e raciocínios além de descrever os fenômenos naturais. A palavra também pode ser usada para descrever um fenômeno da na- tureza, mas as frases não possuem a precisão lógica contida nas equações. Os sig- ni cados das expressões, baseadas na palavra, dependem da cultura, da época, do país, ou seja, da forma como elas são utilizadas. Por exemplo: "Os felinos, embora sejam predadores, estão em harmonia na natureza." "A natureza do homem ainda é predatória." "A ciência nasceu da busca pela compreensão da natureza das coisas." Aqui podemos ver que a palavra natureza possui signi cados diferentes. Frase 1): a palavra natureza signi ca um sistema composto por seres vivos imerso num ambiente. 1 2 CHAPTER 1. A MATEMÁTICA COMO LINGUAGEM Frase 2): a palavra natureza signi ca uma qualidade ou característica interna de um ser vivo. Frase 3): a palavra natureza signi ca a essência, uma característica interna dominante. Assim, conforme o seu signi cado, podemos debater sobre a natureza, mas será preciso antes que todos os debatedores quem atentos à qual signi cado da palavra se baseará o debate. Hoje em trabalhos de loso a, sociologia e economia, os pensadores tomam o cuidado de colocar nas páginas iniciais, a delimitação dos signi cados das palavras, por exemplo: Se o trabalho for um ensaio sobre Sociedade Moderna o autor precisa descrever as características que ele vai adotar para delimitar os signi cados da palavra Sociedade e da palavra Moderna, i.e, o autor deve informar o que ele entende por Sociedade e por Moderna. Nesse processo ele deve adotar os signi cados de algum pensador que o precede e se for realizar alguma alteração, deve apresentar justi cativas bem fundamentadas para fazer a alteração. Apesar de todo este cuidado a tarefa não é simples e sempre haverá discordâncias. A origem dessa discordância está no fato de que o conceito não possue uma de nição precisa. Essa imprecisão foi notada pelos pensadores da antiga Grécia e se percebeu que essa imprecisão é uma fonte de discussões e debates intermináveis. Já na antiga Grécia a busca pela compreensão da Natureza, no sentido de um sistema composto por um meio ambiente e seres vivos, passou para a busca da compreensão da Natureza das Coisas, no sentido da essência dos objetos. Foi também nesse período que alguns pensadores começaram a buscar uma linguagem que não gerasse tantos debates e não fosse tão imprecisa como a linguagem baseada na palavra. 1.2 Pitágoras de Samos VI a.C. O primeiro pensador que passou a usar a Matemática como uma linguagem, foi o grego Pitágoras de Samos na metade do século VI a.C. Ele formou uma escola de iniciados (Os Pitagóricos) e baseou o seu pesamento nos números. O Pitagorismo não se limitou a estudar apenas a Natureza, mas procurou entender a natureza de todas as coisas, o que incluia a compreensão da natureza humana e das divindades. Ele acreditava que através dos números seria possível desvendar os segredos da natureza das coisas. Pitágoras foi o primeiro a perceber que se podia associar aos números car- acterísticas não matemáticas. Por exemplo: ele percebeu que as notas musicais estão associados ao comprimento da corda: elemento não numérico elemento numérico nota musical ! comprimento da corda Hoje a Física tem a equação: !r = Cr L ; C = � r � � (1.1) 1.2. PITÁGORAS DE SAMOS VI A.C. 3 onde: !r = frequência angular do modo r ! nota musical r, L = comprimento da corda, � = tensão na corda, � = densidade linear da corda. Observe que equação (1.1) nos mostra que quando comprimento L aumentaa frequência !r diminui, i.e., quando aumentamos o comprimento L o som ca mais grave. Ele também relacionou os números com elementos geométricos: 1 ! � 2 ! � 3 ! 4 Essa forma de associação permitiu que os Pitagóricos percebessem a existência das séries numéricas e a relação entre os lados do triângulo retângulo: Teorema de Pitágoras. Ele também atribuiu características religiosas aos números, e.g: A divindade é associada ao número Um. Do ponto de vista matemático o Um é um número indivisível que é uma característica que se espera que a divindade tenha. Dessa forma os Pitagóricos utilizavam os números e a aritmética para se determinar as propriedades das "coisas". Foi Pitágoras que ensinava a amar o saber (amar= lo, saber = so a) e a estruturar os conhecimentos com princípio e lógica. Pode-se ver que a escola de Pitágoras desenvolveu a base da metodologia cientí ca que utilizamos hoje. Um ponto interessante: A metodologia baseada em princípios, lógica e matemática trouxe prob- lemas para a escola pitagórica. A associação entre números e religião passou a enfrentar problemas. Os números naturais foram tomados como base funda- mental para a religião, dessa forma para os Pitagóricos não deve existir outros tipos de números e o conhecimento baseado neles também não deve gerar outros tipos de números. Contudo do Teorema de Pitágoras h2 = a2 + b2 se usarmos a = 1 e b = 1, obtemos h2 = 2! h = p 2 E p 2 não é um número natural! Esse tipo de resultado levantou questionamen- tos a respeito do uso dos números naturais como uma base fundamental para o Pitagorismo. Após a morte de Pitágoras, o Pitagorismo se dividiu em duas escolas: a) Acusmáticos. Se dedicaram à parte religiosa b) Matemáticos. Se dedicaram à parte racional que hoje conhece- mos como a ciência Matemática. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da Matemática a associação Matemática - Natureza foi também abandonada, uma vez que se percebeu que o desenvolvimento da Matemática não precisava dessa relação com a Natureza. 4 CHAPTER 1. A MATEMÁTICA COMO LINGUAGEM 1.3 Newton: 2200 anos depois No ano de 1687, aproximadamente 2200 anos depois de Pitágoras, Isaac New- ton com o seu Cálculo Diferencial e Integral e sua Mecânica Vetorial gera uma nova revolução. No trabalho de Newton os elementos e propriedades da Na- tureza são associados à símbolos matemáticos em vez de ser associados apenas a números. Devido à exatidão, as leis da natureza são melhor expressas por meio de equações e o comportamento dos fenômenos são descritos por funções matemáticas. E as palavras são usadas para expressar comportamentos qualita- tivos e/ou gerais desde que os signi cados das palavras estejam bem delineadas e fundamentadas por expressões matemáticas. As palavras também são usadas para a interpretação das equações e da lógica. Quando a interpretação é muito precisa, ela permite avanços e extensões dos trabalhos, uma vez que o nosso raciocínio é muito dependente da Linguagem das Palavras. Para continuar, precisamos do conceito matemático de taxa de variação el- ementar de quantidade de movimento: d~pdt Remark 1 Conceito de d~pdt . Seja ~p a quantidade de movimento do corpo: ~p = m~v (m = massa, ~v = velocidade). A Variação de tempo é: �t = tf � ti, onde f = nal e i = inicial. Pode-se reescrever tf = ti + �t. A Variação de ~p é �~p = ~p (tf )� ~pi (ti) Taxa de variação temporal da quantidade de movimento é: �~p �t = ~p (tf )� ~pi (ti) �t = ~p (ti +�t)� ~pi (ti) �t : A ação de uma força é num instante de tempo. Quando chutamos uma bola parada, mudamos a quantidade de movimento da bola: ~pi = 0 vai para ~pf 6= 0. A força do chute atua num intervalo de tempo muitíssimo curto, �t ! 0. A Matemática permite que se calcule a taxa de variação da quantidade de movimento sendo realizado nesse intervalo de tempo �t quase nulo. Ela é o limite para �t! 0 do cálculo de ~p(ti+�t)�~pi(ti)�t e se escreve: lim �t!0 �~p �t = d~p dt : (1.2) onde d~pdt simboliza o resultado desse limite. Esse resultado pode ser um número ou uma função. Veja detalhes em Notas Matemáticas (3.4.3) Na segunda Lei de Newton, elementos matemáticos são usados para repre- sentar elementos da Física: Elemento da Natureza Elemento da Matemática Força ! ~F Quant. de movimento ! ~p = m~v Variação temporal de ~p ! d~pdt Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 1.3. NEWTON: 2200 ANOS DEPOIS 5 Newton, por meio de três leis, revela as causas e os fundamentos que regem os movimentos: 1) Lei da Inércia. Na ausência de forças externas um corpo permance no seu estado de movimento. 2) A força impressa num corpo produz alteração temporal na quantidade de movimento desse corpo, i.e.: ~F = d~p dt : (1.3) 3) Lei de ação e reação. Para cada força impressa no corpo, o corpo reage com uma força de mesma intensidade e direção mas no sentido oposto. Essas são as Leis que sintetizam toda a Mecânica Vetorial. Observe que os conceitos expressos por palavras na 1a¯ e 2a¯ Lei estão bem delineadas pela expressão matemática da segunda Lei. Isto ca mais clara mu- dando a ordem e reescrevendo essas três leis da seguinte forma: Seja dado um corpo com massa m e velocidade ~v. A medidade do estado de movimento desse corpo é dado pela grandeza quantidade de movimento ~p de nida por: ~p = m~v A) Seja ~F uma força externa impressa sobre o corpo. A força ~F causa uma variação temporal da quantidade de movimento, i.e: ~F = d~p dt : (1.4) B) Na ausência de forças externas, ~F = 0, o corpo permanece no seu estado de movimento, ou seja: ~F = 0; d~p dt = 0 =) ~p = const: (1.5) Obs: Em alguns livros essa expressão é chamada de Lei de Conservação da Quantidade de Movimento. C) Para cada força aplicada ~F o corpo reage com uma força igual à �~F . Remark 2 Obs: As tres leis de Newton ensinada no ensino médio e presente nos capítulos iniciais de alguns livros é um caso especial dessa versão mais geral. Nessas versões a segunda Lei é dada por ~F = m~a. Essa expressão é um caso especial da segunda Lei onde se considera que a massa m e a força ~F sejam constantes. Veja em Notas (3.4.6) no nal deste capítulo a dedução de ~F = m~a. No mundo real a massa de um corpo pode variar com o tempo, m = m (t), como no caso de carros cujas massas diminuem ao consumirem o combustível. Há vários tipos de forças que são dadas como funções da posição ~r, velocidade ~v e tempo, ~F = ~F (~r;~v; t) 6 CHAPTER 1. A MATEMÁTICA COMO LINGUAGEM Embora separados por 2200 anos o trabalho de Newton recupera o programa iniciado por Pitágoras e o extende para além dos números, ele extende para toda a Matemática com a sua estrutura lógica e as suas equações. O trabalho de Newton revela que a natureza possui mecanismos e que todos os mecanismos obedecem essas tres leis. Dessa forma esse trabalho também con rma um outro ensinamento de Pitágoras, o uso de princípios e lógica. Qual é o princípio que está expressa na segunda lei de Newton e que reúne ~F , ~p e ddt? A segunda Lei segue o princípio de causa e efeito. "A força é a causa da variação temporal da quantidade de movimento." Assim na segunda Lei temos: Causa Efeito ~F = d~pdt Observe o signi cado do sinal de igualdade =. Aqui ele é um elo de ligação entre causa e efeito. Um aspecto novo revelado pela Matemática. Do ponto de vista puramente matemático pode-se reescrever a segunda lei na seguinte forma: d~p dt = ~F (1.6) e aplicando o princípio de causa e efeito, temos: Causa Efeito d~p dt = ~F "A variação temporal da quantidade de movimento é causa de uma força." Vemos agora que o que era efeito virou causa e o que era causa virou efeito. Será que essas forças gerados por d~pdt existem? Um exemplo dessas forças está presente no nosso cotidiano quando estamos num onibus e ele freia ou acelera. Dessa forma,o uso da Matemática nesse caso nos revela que: "O efeito pode ser causa e a causa pode ser efeito." A lógica que está expressa com palavras nessa frase não faz sentido. Mas vemos que essa lógica faz sentido quando ela é expressa pela equação da segunda lei de Newton. Isto é um exemplo de como a compreensão das equações nos revela uma lógica e propriedades que não somos capazes de imaginar que possam existir, até mesmo quando nós já tenhamos tido experiência dos efeitos (no onibus que freia não tem ninguem empurrando-nos para frente). Essa nova forma de ler a equação da segunda lei, nos revela que não é preciso ter um agente para aplicar a força. A força aparece quando se muda ( ddt ) a quantidade de movimento (~p) de um sistema. 1.4. A LINGUAGEM DA NATUREZA 7 O que mais a segunda lei pode revelar? Esse é um dos objetivos da disciplina de Mecânica. Vemos que o sucesso do trabalho de Newton não está em apenas explicar a origem e a mecânica dos movimentos, mas também revelar novos aspectos ou pontos de vista, novos fenômenos e propriedades fundamentais que não se conseguia perceber. Isso abriu um novo caminho e deu uma resposta positiva às seguintes questões: A Natureza realmente possui princípios fundamentais e segue uma lóg- ica? A Matemática pode ajudar a revelar esses princípios e a lógica da Na- tureza? 1.4 A Linguagem da Natureza Hoje, podemos dizer que, o objetivo de Pitágoras foi realizado pela Física. Mas, ao invés de sómente se basear em números, a Física se baseia na Matemática. Desta forma a Matemática se tornou a Linguagem da Natureza através do qual podemos, além de descrever, compreender a '����& (físis). A Matemática como linguagem não é uma linguagem intuitiva, pois a primeira linguagem que aprendemos é a Linguagem das Palavras. Com a evolução, a Matemática se tornou também uma ciência e passou a ter objetivos próprios que não estão diretamente relacionados com a cultura e a sociedade. Assim a forma de raciocínio evoluiu para o que hoje chamamos de raciocínio matemático. A Linguagem das Palavras é estruturada de forma retilínea e unidirecional (da esquerda para a direita), dessa forma os signi cados são encadeados de forma linear e em uma direção. Essa estrutura também molda a forma como raciocinamos. Essa forma linear de raciocínio também está presente na Matemática, porém, pode-se ter uma estrutura bi-direcional como no caso da equação da segunda lei de Newton. ~F = d~pdt causa ! efeito efeito causa que pode ser lida da esquerda para direita, como da direita para esquerda. As palavras matemáticas aplicadas na Física são muito densas em infor- mação: ~F = 8>>>>>>>><>>>>>>>>: %; !;-; #; ::: segmentos orientados Fxx^+ Fy y^; Fxx^+ Fy y^ + Fz z^; ::: repres. cartezianas em 2-D, 3-D,� Fx Fy � ; � Fx Fy Fz � ; ::: matrizes linha 2-D,3-D, etc� Fx Fy � ; 0@ FxFy Fz 1A ; ::: matrizes coluna 2-D, 3-D, etc ~F (x; y) ; ~F (x; y; z) ; ~F (t), ~F (~r; t) funções vetoriais Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 8 CHAPTER 1. A MATEMÁTICA COMO LINGUAGEM O mesmo se pode fazer com a quantidade de movimento ~p. Além das grandezas, as equações são também muito densas em informação. Por exemplo: A Segunda Lei de Newton: ~F = d~p dt pode conter várias equações. Por exemplo, usando: ~F = Fxx^+ Fy y^ e ~p = pxx^+ py y^; pode-se reescrever: ~Fz }| { Fxx^+ Fy y^ = d~p dtz }| { dpx dt x^+ dpy dt y^; (1.7) e separar em duas equações, uma para o eixo x^ e outra para o eixo y^: Fxx^ = d dt pxx^; ! Fx = d dt px; (1.8) Fy y^ = d dt py y^; ! Fy = d dt py; (1.9) Assim, a Segunda Lei de Newton representa várias equações e não apenas uma. O aspecto cientí co da Matemática e o poder de síntese na segunda Lei Esse aspecto nos informa que a segunda Lei é um problema que pode ser re- solvido, pois não é preciso ter conhecimento completo e detalhado das grandezas presentes nessa equação, ou seja, se conhecemos ~p podemos obter ~F e vice- versa. A forma e propriedades matemáticas da segunda Lei nos informa em quais condições podemos resolver essa equação, uma vez que da Matemática essa equação recebe a classi cação de equação diferencial ordinária e se deve aplicar os métodos adequados para resolver essa classe de equações. No caso em que se conhece a função matemática ~F (~r;~v; t) da força, i.e.: ~F = ~F (~r;~v; t), pode-se determinar a expressão matemática que resulta de d~pdt . Esta expressão matemática nal é a equação horária que descreve o movimento do sistema. No caso em que ~F é uma força unidimensional constante; ~F = Fx^ e o sistema possui massa m constante o resultado nal é a equação do Movimento Retilíneo Uniformente Variável. s = s0 + v0t+ 1 2 F m t2: (1.10) Para outros tipos de força encontramos outros tipos de movimento tais como: Movimentos Circulares, Movimentos Amortecidos, Movimentos Oscilantes, Com- binações de Movimentos, etc Assim, a densidade de conteúdo matemático e físico da equação: ~F = d~p dt Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 1.4. A LINGUAGEM DA NATUREZA 9 é muito grande e por essa razão que ela é uma síntese das equações de movimento da Mecânica Newtoniana. O conhecimento matemático de vetores, matrizes, equações diferenciais, méto- dos de integração,etc. é que permite obter dessa equação todos os detalhes a cerca dos movimentos e assim se poderá ver toda a exensão da beleza das três leis de Newton e sua genialidade. Podemos ver que a Linguagem Matemática é muito densa em informação ao ponto de que uma simples frase matemática (equação) pode sintetizar todo o conhecimento de uma área da Física, no sentido em que a partir dessa equação se possa deduzir todas as demais equações de casos mais especí cos e obter resultados exatos sem ambiguidades. Esse poder de síntese e a possibilidade de dedução exata das consequências está presente em outras áreas da Física. No Electromagnetismo, por exemplo, temos as equações de Maxell que sintetiza todo o conhecimento do Electromagnetismo Clássico no sentido em que a partir dessas equações pode-se deduzir todas as demais equações importantes do Electromagnetismo. Estas equações são uma bela aplicação do Teorema de Helmholtz do Cálculo Vetorial. O Teorema tem um papel central na classi cação de vetores em campos (ou classe) de acordo com comportamento deles. O Teorema diz que os campos vetoriais que rotacionam em torno de um ponto não podem se comportar divergindo ou convergindo em relação à esse ponto e que os campos vetoriais que convergem ou divergem em relação à um ponto não podem rotacionar em torno dele. O que Maxwell realizou foi utilizar os campos que podem divergir/divergir em relação à um ponto para representar o campo elétrico e os campos que rotacionam em torno do ponto são usados para representar o campo magnético. Essa capacidade de sintetizar da Matemática se extendeu para outras áreas da Física em especial o Princípio Variacional do Cálculo Variacional é um princípio matemático presente nas teorias fundamentais da Física de Partículas, Física Nuclear e Cosmologia, como também na Mecânica Estatística. Um ponto interessante desse princípio é que ele foi proposto 300 anos atrás por DAlembert (1717-1785) e é utilizado até os dias atuais não só na Física mas também em aplicações na engenharia. Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 10 CHAPTER1. A MATEMÁTICA COMO LINGUAGEM Chapter 2 O papel dos elementos da Matemática Uma das aplicações básicas é a utilização da Matemática para representar el- ementos da Natureza. Um dos passos iniciais é, então, encontrar o elemento matemático que tem as propriedades matemáticas adequadas para representar um elemento da Física. Antes é necessário identi car os elementos da Natureza que são relevantes para o tema do estudo. 2.1 As constantes e as variáveis. Na Matemática as constantes são números puros, eles podem ser Reais ou Complexos. Algumas constantes matemáticas se destacam e possuem nomes, e.g.: o Pi � = 3; 1415::: (2.1) o número nepperiano e = 2; 7183::: (2.2) o número imaginário i i = p�1: (2.3) Uma diferença entre a constante i e as constantes � e e está no fato de que não se sabe como calcular p�1. Qualquer que seja o resultado desse cálculo podemos rotulá-lo e se convencionou que o rótulo seja i de número imaginário. Apesar de não se saber o resultado do cálculo de p�1 a adoção desse rótulo, permite que se avance no estudo dos números imaginários. Por exemplo: Qual seria o resultado de p�2? Podemos dizer que: p�2 = p�1� 2 = p�1 p 2 = i p 2 Essa idéia evoluiu para o chamado plano complexo. Os números reais podem ser representados por pontos ao longo de uma reta. 11 Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 12 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA E ao eixo Real se acrescenta um segundo eixo perpendicular onde os pontos representam os números imaginários. Assim temos o plano Complexo onde os pontos nesse plano são dados pelas coordenadas (x; iy). Na Física também temos várias constantes importantes: G = 6; 67�10�11N m2kg2 constante da gravitação, c = 3; 00�108ms velocidade da luz no vácuo, etc. A importância delas está relacionado com a área da Física a qual elas per- tencem. Elas não são números puros e possuem unidades, pois carregam a propriedade física do sistema, por exempo: A constante de gravitação aparece na expressão da força gravitacional entre duas massas m1 e m2 separadas por uma distância r. ~F = �Gm1m2 r2 r^ (2.4) Porque G tem o valor de G = 6; 67 � 10�11N m2kg2 ? ou Porque c = 3; 00 � 108ms ? Essas perguntas ainda não tem respostas, pois as constantes embutem tudo o que a teoria não consegue determinar. A forma que se tem para deter- minar os valôres das constantes na Física são por meio de experimentos. As variáveis Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 2.1. AS CONSTANTES E AS VARIÁVEIS. 13 Um número puro não tem muito sentido na Física. Veja 30:2; 20:4; 6:02: (2.5) As unidades nos fornece mais informação sobre o conteúdo físico do número: 30:2cm; 20:4m; 6:02 km Mas ainda não sabemos se esses números são para comprimento, altura, profun- didade, distância, etc. Acrescentando variáveis que tem signi cados físicos, temos L = 30:2cm; H = 20:4m; d = 6:02 km (2.6) Assim as variáveis são usadas para representar grandezas físicas da natureza. Na Matemática há vários tipos de variáveis:: Variável escalar: a; b; x; y; etc (2.7) Variáveis vetoriais ~a;~b; ~x; ~y; ::: (2.8) Variáveis matriciais aij = 0@ a11 a12 a13a21 a22 a23 a31 a32 a33 1A ; bij = � b11 b12b21 b22 � ; xi = 0@ x1x2 x3 1A ; etc (2.9) Para relacioná-las com grandezas físicas devemos veri car se as propriedades matemáticas dessas variáveis são compatíveis com as propriedades das grandezas físicas. Por exemplo: No estudo do movimento além da distância percorrida precisamos informar para onde foi realizado o movimento. Por exemplo: O carro percorreu 50 km na direção norte-sul e vai em direção ao sul. Nesse exemplo, vemos que além da distância temos a direção e o sentido do movimento. Assim precisamos de uma variável direcional e se utiliza as variáveis vetoriais para o estudo do movimento. A representação de variáveis vetoriais. Na Matemática uma variável vetorial possui diferentes representações: ~A = 8>>>><>>>>: Representações de ~A % segmento orientado Axx^+Ay y^ no plano cartesiano� Ax Ay � repres. matricial Assim o mesmo ocorre para o vetor posição ~r. Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 14 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA ~r = 8>>>><>>>>: Representações de ~r % segmento orientado rxx^+ ry y^ no plano cartesiano� rx ry � repres. matricial Grandezas Físicas Matriciais - Tensor de Inércia Essa grandeza aparece no estudo do movimento de rotação de corpos rígidos. O bloco da gura acima pode girar em torno de um eixo diagonal que atrav- esse dois dos seus cantos. A velocidade de rotação desse corpo em torno desse eixo diagonal é dado por ~! = 0@ !x!y !z 1A (2.10) Usuário Realce 2.2. OS PAPÉIS DAS FUNÇÕES NA FÍSICA 15 onde !x, !ye !z são componentes x, y e z de ~!. O momento angular (quantidade de movimento angular) é dado por: ~L = 0@ LxLy Lz 1A (2.11) essas duas grandezas são relacionadas por meio da seguinte expressão matricial0@ LxLy Lz 1A = 0@ Ixx Ixy IxzIyx Iyy Iyz Izx Izy Izz 1A0@ !x!y !z 1A onde a matriz Iij : Iij = 0@ Ixx Ixy IxzIyx Iyy Iyz Izx Izy Izz 1A (2.12) é o tensor momento de inercia. A componente Ixx fornece a inércia de rotação (resistência em alterar o movimento de rotação) em torno do eixo x. Vemos aqui que as grandezas físicas não se restringe à grandezas do tipo escalar ou vetorial, podemos ter grandezas mais complexas que são representadas por matrizes quadradas. 2.2 Os papéis das funções na Física Motivação: As funções são usadas para descreverem o comportamento de grandezas físicas ao longo do tempo e na extensão do espaço. Isso nos permite que se de- termine o comportamento de um sistema físico apenas no instante presente e na região próxima do observador. Como as funções são exatas, a determinação do comportamento do sistema com a maior precisão possível no tempo e no espaço é necessária para que se estabeleça com precisão as constantes que norteiam o comportamento da função. Elas são usadas, por exemplo, para descrever os diversos tipos de movimento. 1) Movimento Retilíneo Uniforme. Nesse movimento a distância entre dois pontos da trajetória reta, cresce a uma taxa constante com o tempo. A tradução para a Linguagem Matemática do comportamento descrito nessa frase é: �s �t = v (2.13) onde v = constante. Temos que a distância é dada por �s = sf � si, si = posição inicial e f = posição nal. A variação do tempo é �t = tf � ti, tf = tempo nal e ti = tempo inicial. Uma taxa é a razão �s=�t entre essas duas grandezas. Usando as propriedades matemáticas, pode-se reescrever: �s = v�t; (2.14) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 16 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA e substituímos pelas expressões de �s e �t: sf � si = v (tf � ti) ; (2.15) Pode-se assumir que ti = 0 e nesse caso si = s0: sf = s0 + vt; (2.16) onde s0 e v são constantes. Assim as variáveis são s e t. Podemos comparar com a seguinte função: y (x) = y0 + cx que sabemos ser uma função de primeiro grau em x. Com base nessa informação, vemos que sf (t) = s0 + vt; (2.17) é uma função de primeiro grau e aqui ela está sendo usada para descrever o Movimento Retilíleo Uniforme. A constante v representa a velocidade. 2) O MRUV. Nesse caso a velocidade é que varia a uma taxa constante com o tempo: �v �t = a; a = const: (2.18) De formaanáloga, obtemos v (t) = v0 + at: Neste exemplo, os elementos da equação de primeiro grau: y (x) = y0 + ax (2.19) representam outras grandezas: y ! v; y0 ! v0; c! a; x! t: (2.20) A equação que descreve a evolução da posição com o tempo é: s (t) = s0 + v0t+ 1 2 at2: (2.21) que comparamos com y (x) = y0 + cx+ dx 2 que é uma equação do segundo grau em x. Os elementos dessa equação estão associadas as grandezas físicas da seguinte forma: x! t; y (x)! s (t) ; y0 ! s0; c! v0; d! 1 2 a 3) Movimento Circular Uniforme Nesse caso a trajetória é um circulo de raio xo R. Movimento Circular Sabemos da geometria que além da reta, podemos ter o círculo. Caso mais simples Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 2.2. OS PAPÉIS DAS FUNÇÕES NA FÍSICA 17 A grandeza que varia com o tempo t é o ângulo �, assim escrevemos uma função � (t). A taxa que é constante é a taxa de variação angular. O que é traduzido na Linguagem Matemática por �� �t = !; ! = const: (2.22) Do ponto de vista matemático, essa taxa tem a mesma forma que no caso do MRU eq.(2.13). A variação angular é uma distância angular: �� = �f � �i; (2.23) onde �f = posição angular nal e �i = posição angular inicial. Assim seguindo o que foi feito no caso do MRU, obtemos: � (t) = �0 + !t: (2.24) e a constante ! é a velocidade angular. Encontramos novamente uma equação do primeiro grau em t. 4) MCUV - Movimento Circular Uniformemente Variado As equações são análogas ao do caso MRUV. A taxa de variação da veloci- dade angular é que é constante �! �t = � (2.25) e obtemos uma equação do primeiro grau em t: ! (t) = !0 + �t: (2.26) A equação para o deslocamento angular � (t) é uma equação de segundo grau em t: � (t) = �0 + !0t+ 1 2 �t2 (2.27) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Velocidade angularnull Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 18 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA Resumo: Nesses 4 exemplos vemos que as equações de primeiro e segundo graus são usadas para representar diferentes comportamentos: y (x) = y0 + ax! 8>><>>: x (t) = x0 + vt; MRU v (t) = v0 + at; veloc. de MRUV � (t) = �0 + �t; MCU ! (t) = !0 + �t veloc. de MCUV y (x) = y0 + cx+ dx 2 ! � s (t) = s0 + v0t+ 1 2at 2: MRUV � (t) = �0 + !0t+ 1 2�t 2 MCUV Análise Física Uma vez que essas funções são dependentes do tempo elas permitem que se faça a previsão do comportamento futuro dos sistemas ou corpos cujos movi- mentos são descritos por essas equações. Mas é preciso que se conheça o valor das constantes presentes nessas equações. Essas constantes podem ser obtidas por meio experimental. Por exemplo: No caso MRUV, temos v (t) = v0 + at; (2.28) s (t) = s0 + v0t+ 1 2 at2 (2.29) As constante que precisam ser determinadas são, velocidade inicial (v0), posição inicial (s0) e a aceleração (a). A velocidade e posição iniciais podem ser obtidas tomando-se t = 0 v (t = 0) = v0 (2.30) s (t = 0) = s0 (2.31) e a aceleração pode ser obtida medindo-se a taxa de variação temporal da ve- locidade: �v �t = a: (2.32) Essa é uma situação ideal. Contudo pode ocorrer situações onde uma das constantes não podem ser determinadas, ou até o tempo não pode ser determi- nado. Mas mesmo nesses casos pode-se resolver o problema. Isso é possibilitado pela Matemática. Por exemplo: Quando não se pode obter informações sobre o tempo. Nesse caso a dependência com o tempo é inútil. Do ponto de vista da Matemática a ciência permite que se elimine a variável t das equações, da seguinte forma: 1) Na equação da velocidade isola-se a variável t v (t)� v0 a = t (2.33) Usuário Realce Usuário Realce 2.2. OS PAPÉIS DAS FUNÇÕES NA FÍSICA 19 2) substitui essa expressão de t na equação de s (t) s (t)� s0 = v0 v (t)� v0 a + 1 2 a � v (t)� v0 a �2 = v (t)� v0 a � v0 + 1 2 a v (t)� v0 a � = v (t)� v0 a � v0 + 1 2 (v (t)� v0) � = v (t)� v0 a � 1 2 v0 + 1 2 v (t) � = 1 2 (v (t)� v0) (v0 + v (t)) a e obtemos 2a (s� s0) = v2 � v20 onde se pode mudar a notação de s (t)! s e v (t)! v. De forma análoga se obtém novas equações para as seguintes situações: a) Quando não se pode ter informação sobre a aceleração, nesse caso se obtém s� s0 = 1 2 (v0 + v) t: (2.34) b) Quando não se tem informação sobre a velocidade inicial, se obtém: s� s0 = vt� 1 2 at2: (2.35) Exercício: A partir de v (t) = v0 + at; (2.36) s (t) = s0 + v0t+ 1 2 at2 (2.37) obtenha: s� s0 = 1 2 (v0 + v) t: (2.38) e s� s0 = vt� 1 2 at2: (2.39) Há outros tipos de movimento que requerem outras forma de funções: 5) Movimento dentro da água A força de arrasto da água que atua sobre um barco, reduz a velocidade do barco. No caso em que o barco tem uma velocidade inicial v0 e massa m, a velocidade do barco diminui com o tempo, mas essa diminuição é muito rápida. O decrécimo rápido da velocidade pode ser dado de acordo com a seguinte expressão: v (t) = v0e � bm t; (2.40) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 20 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA onde b é o coe ciente de arrasto (atrito entre a água e a superfície do barco) e e = número eneperiano. Temos aqui o comportamento da velocidade sendo descrita por uma função exponencial decrescente f (x) = f0e �Kx. (2.41) O grá co da equação da velocidade: v (t) = v0e � bm t; (2.42) tem a forma 107.552.50 5 3.75 2.5 1.25 t (s) v(t) (m /s) t (s) v(t) (m /s) v0 = 5 m=s Esse grá co tem tres pontos especiais: a) Quando t = 0, temos e0 = 1 e a velocidade é: v (t) = v0e 0 = v0; (2.43) b) Quando t = mb , temos v (t) = v0e � bm mb = v0e�1 = v0 e ; (2.44) como o valor de e = 2; 7183, vemos que quando o tempo atinge o valor t = m=b, a velocidade é um pouco menor que a metade da velocidade inicial. c) Quando t!1, temos e�1 ! 0 (2.45) 2.2. OS PAPÉIS DAS FUNÇÕES NA FÍSICA 21 e assim t!1; v (1)! 0 (2.46) ou seja, a velocidade tende à zero quando o tempo tende à in nito. 6) Movimento Harmônico No caso do movimento de um corpo preso à uma mola, observamos que o corpo vai e volta, e o movimento oscilante ca con nado à uma região da reta. Uma função que tem esse comportamento oscilante são as funções sin e cos. Uma expressão para um movimento oscilante é s (t) = sm cos (!t+ �) A amplitude máxima do movimento sm é a posição máxima até onde o corpo vai, ! é a frequência de oscilação e � é a fase inicial. A expressão da velocidade é v (t) = �sm! sin (!t+ �) ; (2.47) e vemos que o comportamento da velocidade também oscila. O mesmo ocorre para a aceleração a (t) = �!2sm cos (!t+ �) : As funções também são usadas para descrever o comportamento de forças. 1) No caso de um sistema que sofre a ação de uma força aplicado por uma barra ligado à um motor, pode-se ter a seguinte expressão para a força F (t) = F0 cos (!t+ �) e temos uma força cuja intensidade oscila entre os valores �F0 e +F0. 2) A força devido à uma mola sobre um corpo é representada por uma função linear da posição: F = �kx (2.48) Essa força é denominada de Força Harmônica e é ela que causa o Movimento Harmônico. 3) A função de primeiro grau, pode também ser usada para um outro tipo de força, uma força dependente da velocidade v: F = �bv Essa é a forma de uma força de arrasto/atrito com um meio. Essas expressões para a força não sãodeduzidas, elas são construídas a partir da observação do comportamento que se espera que a força tenha. Construção de F = �kx. (Método Empírico) Observando o comportamento da força que uma mola aplica sobre um corpo. Vemos que quanto mais a mola estica mais forte a mola puxa em sentido con- trário. Aqui podemos representar o comprimento do esticamento da mola por x Usuário Realce 22 CHAPTER 2. O PAPEL DOS ELEMENTOS DA MATEMÁTICA e a descrição acima permite que a intensidade da foça da mola seja diretamente proporcional à x, em termo matemáticos traduzimos para: F / x (2.49) onde o símbolo / signi ca que F é proporcional à x. A descrição também informa que a mola puxa em sentido contrário ao aumento de x. Essa informação é representada colocando-se o sinal negativo: F / �x (2.50) Agora analisamos as unidades. x tem unidade de comprimento (metros, cen- tímetros, etc) e a intensidade de força tem unidades de Newton. Assim é preciso converter unidades de comprimento em unidades de força. Para isso podemos supor que há uma constante de proporcionalidade k que deve ter unidades de força dividido por unidades de comprimento, por exemplo: N=m e acrescenta-se: F / �kx (2.51) Essa constante pode ser considerada como dependente das características da mola. Duas molas difererentes teriam constantes diferentes k1 e k2. Podemos voltar para o sistema e procurar se a força que a mola faz pode depender de alguma outra grandeza. A resposta é negativa e assim se escreve F = �kx (2.52) Esse método de construção de expressões matemáticas para elementos da Física é chamado de Método Empírico. Para entender como estas forças são a causa dos movimentos é necessário que se domine métodos de integração. A relação das forças de arrasto e harmônica com as suas respectivas equações horárias (exemplos 5 e 6 acima) pode ser obtida por meio de métodos elementares de integração da segunda lei de Newton. Essa forma de relacionar é na realidade uma dedução exata das equações horárias dos exemplos anteriores. Todas as equações horárias podem se deduzidas a partir da segunda lei desde que se conheça a expressão matemática da força. Essa dedução será vista no curso de Física I. Esses são apenas alguns primeiros exemplos do papel que as funções repre- sentam na Física. Há muitos outros papéis que as funções matemáticas repre- sentam. Exercício Aplique o Método Empírico para se construir a expressão da força de arrasto com um uído dado por: F = �bv onde v é a velocidade de um corpo (barco) e b é uma constante de propor- cionalidade cujo valor depende das características do meio. Para se perceber a dependência com a intensidade da velocidade, movimente uma colher dentro de um recipiente com água em duas situações diferentes: numa movimente a colher rápidamente e na outra movimente-a lentamente. Em qual das duas situações é preciso aplicar mais força? Chapter 3 Funções Nesse capítulo vamos rever algumas funções elementares e suas propriedades. 3.1 Funções de xn Estudo de casos simples de funções com xn f (x) = axn; n = 0; 1; 2; 3::: nesses casos onde f (x) = 0 é trivial: x = 0. 1) Caso n = 0, x0 = 1 e a função é apenas uma constante que nesse caso é a: f (x) = a (3.1) 2) Caso n = 1: f (x) = ax Ela é denominada de potência de primeiro grau e por seu grá co ser uma reta ela também é chamada de função linear. A constante a é o coe ciente da reta e determina a inclinação da reta. Quanto maior o valor de a mais inclinado é a reta: 23 24 CHAPTER 3. FUNÇÕES 52.50-2.5-5 10 5 0 -5 -10 x y x y preta - f(x) = 1x, vermelha - f(x) =2x O sinal determina se a reta é crescente ou decrescente: 52.50-2.5-5 5 2.5 0 -2.5 -5 x y x y vermelho f(x) = +1x, verde f(x) = - 1x. Adicionando uma constante f (x) = ax+ b e nesse caso b é a posição onde a reta corta o eixo y. 3.1. FUNÇÕES DE XN 25 2x+ 2 52.50-2.5-5 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 x y x y f (x) = 2x+ 2 Aplicação na Física: A importância do grá co é que ele me fornece o comportamento geral da função. 107.552.50 20 15 10 5 0 t v(t) t v(t) Por essa gura, podemos mais facilmente ver que a medida que t cresce o 26 CHAPTER 3. FUNÇÕES valor de v (t) cresce proporcionalmente. Esse crescimento é chamado de cresci- mento linear. Podemos ver que v não vai parar de crescer. O papel da constante 2, a aceleração: Para perceber o efeito da aceleração, vamos ver os grá cos para valores diferentes da aceleração 107.552.50 40 30 20 10 0 t v(t) t v(t) Aqui temos o grá co de duas funções: Azul v (t) = 2t Vermelho v (t) = 4t Observe que quanto maior a aceleração, mais inclinado é o grá co, i.e., mais rápido a velocidade cresce. Nesse exemplo simples, o grá co nos ajuda a perceber melhor que a aceler- ação altera a inclinação do grá co. Quanto maior a mais inclinado é o grá co de v (t) ; mais rápido a velocidade aumenta. Mas isso é o que esperamos que aconteça quando se aumente a aceleração. Assim, vemos que o grá co está consistente com a física. 3) Caso n = 2 A função de segundo grau f (x) = ax2 O grár co é uma parábola. A constante a determina a abertura da concavi- dade, quanto maior a mais fechado é a parábola 3.1. FUNÇÕES DE XN 27 52.50-2.5-5 75 62.5 50 37.5 25 12.5 0 x y x y preta f (x) = 2x, vermelha f (x) = 3x A adição de uma constante b f (x) = ax2 + b Nesse caso a constante b determina o ponto mínimo da função Grá co 2.51.250-1.25-2.5 12.5 10 7.5 5 2.5 0 -2.5 x y x y preta f (x) = 2x2 + 1, vermelha f (x) = 2x2 � 1 28 CHAPTER 3. FUNÇÕES O sinal de a inverte a parábola Grá co de f (x)� 2x2. 52.50-2.5-5 0 -12.5 -25 -37.5 -50 x y x y Aumento de potências pares, faz com que a parábola que mais fechada 20100-10-20 1250 1000 750 500 250 0 x y x y preta f (x) = 2x2, vermelha f (x) = 2x4 Potências ímpares 3.1. FUNÇÕES DE XN 29 52.50-2.5-5 50 25 0 -25 -50 x y x y preta f (x) = x, vermelha f (x) = x3, verde f (x) = x5 Observe que o aumento em potências ímpares torce a reta f (x) = x para cima no lado direito do eixo y^ e no lado esquerdo esse aumento de potências torce para baixo a reta f (x) = x. Aplicação na Física O caso s (t) = at2 (M.R.U.V.) 52.50-2.5-5 60 40 20 0 x y x y preta s (t) = 2t2, vermelha s (t) = 3t2, azul s (t) = 2t 30 CHAPTER 3. FUNÇÕES Comparação com o caso s (t) = vt:(M.R.U.) O caso s (t) = vt - linha azul, vemos que o grá co é linear. Comparando com o caso s (t) = at2, vemos que o aumento da potência, t ! t2, a inclinação do grá co aumenta, vimos que o aumento da inclinação implica no aumento da rapidez do crescimento, ou seja s (t) = at2 cresce mais rápidamente que s (t) = vt. (Compare s (t) = vt com s (t) = 2t2) O aumento de a. Aqui também o aumento da aceleração a aumenta a inclinação de s (t) = at2, é o mesmo efeito que a velocidade v tem em s (t) = vt. 52.50-2.5-5 10 5 0 -5 -10 t s(t) t s(t) preta s (t) = 2t2, azul s (t) = 2t A análise comparativa dos grá cos nos mostra um outro aspecto interessante. Veja que o movimento de s (t) = 2t2 e s (t) = 2t possuem duas posições em que eles se encontram. O grá co já nos mostra que um desses pontos pode ser t = 0s e s (t) = 0m A Matemática nos permite encontrar com precisão quais são esses pontos. 2t2 = 2t; vemos que t = 0 é realmente um deles. t = 1s; (3.2) e encontramos que o segundo: s (t) = 2 m; t = 1s: (3.3) 3.2. COMBINAÇÃO DE FUNÇÕES DE POTÊNCIAS 31 3.2 Combinação de funções de potências 3.2.1 Combinação de x2 e xA função f (x) = ax2 + bx+ c (3.4) combina x2 com x. Ela também é chamada de função de segundo grau, uma vez que a maior potência é a de segundo grau. Nesse caso encontrar os pontos (raízes) em que f (x) = 0 não é trivial. Depende dos valôres das constantes, que podem ter in nitos valôres. Por ser de segundo grau o grá co pode cruzar o eixo x em pelo menos dois pontos ao longo do eixo. Casos 1) O caso c = 0 0 = ax2 + bx Nesse caso pode-se fazer o seguinte: Colocamos em eviência a variável x: 0 = (ax+ b)x e pode-se ver que há duas situações onde obtemos um resultado nulo: x1 = 0; ax2 + b = 0 o segundo caso é uma equação linear que podemos resolver para x da seguinte maneira: ax2 = �b x2 = �b a e assim temos as duas raízes x1 = 0; x2 = �b a : Como a e b pode ter in nitos valôres x2 também pode ter in nitos valôres e resolvemos o problema de encontrar as raízes não importa quais sejam os valores reais de a e b. Aplicação na Física Essa informação sobre as raízes é muito útil para a Física, por exemplo, no estudo dos movimentos onde a contagem do tempo se inicia em t = 0 e avança, se encontrarmos que a equação horária da posição x (t) tem a forma x (t) = at2 + bt; a > 0; b > 0 já sabemos que a raiz t2 = �b=a resulta num instante de tempo negativo. Assim neste caso só há um instante em que a função pode ser nula, é t = 0. 32 CHAPTER 3. FUNÇÕES Já nos casos em que os sinais de a e b são diferentes (a > 0 e b < 0 ou a < 0 e b > 0) a segunda raiz t2 = �b=a se torna t2 = jbj = jaj e passa a ser importante para Física. Assim, temos duas expressões de x (t) para que a equação x (t) = 0 tenha duas raízes: x (t) = at2 � bt; x (t) = �at2 + bt; a > 0; b > 0 Observe deste exemplo que os sinais das constantes de nem o número de raízes que x (t) = 0 pode ter. 2) Caso c 6= 0 f (x) = ax2 + bx+ c (3.5) Nesse caso temos uma forma geral de se determinar as raízes xi onde f (x) = 0. Ele é x+ = �b+p� 2a ; x� = �b�p� 2a � = b2 � 4ac Observe que se � = 0, encontramos x+ = x� , só tem uma raiz: x0 = �b 2a E no caso em que � < 0, reescreve-se p � = p � j�j = p�1 p j�j = i p j�j e assim, obtemos resultados que são variáveis complexas: x+ = �b+ ipj�j 2a ; x� = �b� ipj�j 2a Aplicação na Física Nesse nível de estudo da Física, ainda não veremos a utilização de variáveis complexas pela Física. Aqui precisamos não só estudar os sinais das constantes a, b e c mas o tamanho relativo entre essas constantes. Por exemplo: A contagem do tempo se inicia em t = 0 e uma equação da posição dada por x (t) = at2 + bt+ c temos as raízes no tempo: t+ = �b+p� 2a ; t� = �b�p� 2a � = b2 � 4ac 3.2. COMBINAÇÃO DE FUNÇÕES DE POTÊNCIAS 33 Caso � = 0 Isso ocorre quando 4ac = b2 o que impõe que ac > 0 e implica que só pode ocorrer a > 0 e c > 0 ou a < 0 e c < 0. Nesse caso temos uma raíz: t0 = �b 2a Se a > 0; c > 0 e b > 0; então t0 < 0 é um resultado inconsistente para a física deste caso. Se a > 0; c > 0 e b < 0 ou a < 0; c < 0 e b > 0. Encontramos t0 > 0 e é consistente com a física. Novamente, sem conhecer os valôres das constantes já pudémos delimitar quais são os casos consistentes para a física deste problema, i.e., casos nos quais o corpo passa por x (t) = 0 mais de uma vez. Com base nessa análise podemos reescrever o problema físico da seguinte forma: Para 4ac = b2 e a; b; c > 0, podemos eliminar a constante c = b2=4a e as funções horárias que tem uma raíz e é consistentes com t � 0 são: x (t) = at2 � bt+ b 2 4a ; (3.6) x (t) = �at2 + bt� b 2 4a : (3.7) O signi cado físico das constantes. Do ensino médio sabemos que essa é a expressão do M.R.U.V. Assim sabe- mos que c = x0 posição inicial, b = v0 velocidade inicial e a está associado à aceleração. x (t) = at2 � v0t+ x0; (3.8) x (t) = �at2 + v0t� x0: (3.9) Mas há uma outra forma de se determinar o signi cado físico das constantes. Vamos aos casos onde não temos um conhecimento prévio das equações horárias. Vimos da Matemática que há outras potências de x: f (x) = ax3; f (x) = ax4; f (x) = ax5; etc: como também podemos fazer outras combinações de potências, por exemplo: f (x) = ax3 + bx2 + cx+ d (3.10) f (x) = ax3 + cx+ d f (x) = ax3 + cx; etc Isso nos fornece uma base matemática para, em teoria, inventar outras equações horárias, por meio das relações 34 CHAPTER 3. FUNÇÕES Matemática ! Física variável: x ! tempo: t função: f (x) ! posição: x (t) e obtemos, por exemplo: x (t) = at3 + bt2 + ct+ d: (3.11) Mas será que existe algum movimento na Natureza que obedece essa equação? Uma forma de se obter uma resposta é tentar obter o signi cado físico das constantes. O signi cado físico da constante d. Esse signi cado podemos fácilmente determinar a partir do signi cado físico de x (t). Podemos fazer t = 0 e obtemos: x (t = 0) = d: (3.12) A física dessa equação nos conta que d é a posição inicial: d = xi. O signi cado físico das constantes a, b e c. Para determinar esses signi cados precisamos do conhecimento de derivadas de funções que veremos mais adiante. Pode-se adiantar que: 1) c! v0 é a velocidade inicial, 2) b! a0 é a aceleração inicial, 3) a! é a taxa de variação da aceleração. (Após o estudo de derivadas, vamos retornar a esse exemplo). Assim, parece que é possível que se encontre um movimento descrito pela equação (3.11). Para se ter mais certeza, devemos procurar por uma expressão matemática para a força ~F e substituí-la na segunda Lei de Newton e aplicar o método de resolução de equações diferenciais para veri car se a solução encon- trada é a mesma que a mostrada na equação (3.11). Esse exemplo nos mostra que podemos usar a nossa criatividade para tentar descobrir a existência de outros tipos de movimento. Con- tudo vimos que a criatividade é baseada no conhecimento matemático das expressões da Física. Como ainda não temos muito conhecimento matemático de Cálculo Avançado, vamos nos restringir à funções mais simples e usar a nossa criatividade para en- contrar outros tipos de movimento. 3.3 Funções trigonométricas Bibliogra a: 1) Matemática 20¯ Grau , G. Iezzi, O. Dolce, J. C. Teixeira, N.J. Machado, M. C. Goulart, L. R. da S. Castro, A. dos S. Machado 2) Fundamentos de Matemática Elementar 9, Geometria Plana, O. Dolce, J. N. Pompeo. 3.3. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 35 3.3.1 Seno, Cosseno e tangente O triângulo retângulo: De nição do Seno: Motivação: Círculo de raio R : Observe que temos dois triângulos retângulos. As hipotenusas nos respec- tivos triângulos são iguais e tem comprimento R, o raio do círculo. Um dos triângulos tem o ângulo no centro do circulo dado por �1 e outro com um ângulo maior: �2. Vemos que a medida que o ângulo cresce o cateto oposto também cresce: b > a. ângulo cateto adj �1 a �2 b �1 > �2 ! b > a Será que podemos relacionar o tamanho do cateto oposto com o ângulo �? 36 CHAPTER 3. FUNÇÕES A resposta é a de nição do sin �: sin � = cateto oposto R Podemos escolher o tamanho do raio R. A escolha é: R = 1 e o círculo recebe o nome de círculo de raio unitário, ou simplesmente de círculo unitário. Assim sin � = cateto oposto no circulo unit�ario: (3.13) De nição do Cosseno. Motivação: observe que nesse caso quanto � aumenta o cateto adjacente diminui. ângulo cateto adj �1 c1 �2 c2 �1 > �2 ! c2 < c1 E a relação entre o cateto adjacente e o ângulo é a de nição de cosseno: cos � = cateto adj R e no caso do círculo unitário, obtemos cos � = cateto adj no circulo unit�ario: Observe então que sin � e cos � relacionam-se aos comprimentos dos catetos de um triângulo retângulo com uma hipotenusa de tamanho 1. De nição de tangente. 3.3. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 37 Observe que a razão cateto oposto cateto adjacentetambém é proporcional ao ângulo �. E podemos de nir tan � = cateto oposto cateto adjacente = sin � cos � : (3.14) A partir dessas de nições, podemos também de nir as respectivas funções inversas: sec � = 1 cos � ; csc � = 1 sin � ; cot � = cos � sin � : (3.15) O Círculo trigonométrico O círculo trigonométrico é o mesmo círculo unitário. Coloca-se a origem dos eixos cartesianos no centro do cículo. No eixo y estão representados todos os valôres possíveis da função sin �. Vemos que esses valôres vão de �1 a 1. No eixo x estão os valôres para a função cos � e também desta dentro do intervalo [�1; 1] Os valores para a tan �, estão sobre a reta vertical à direita que tangencia o círculo. O intervalo de valôres é [�1;+1]. Deste círculo, podemos já determinar alguns valôres para as funções trigonométri- cas Para a função cosseno. 38 CHAPTER 3. FUNÇÕES Em unidade de graus. cos 0o = 1; cos 900 = 0; cos 1800 = �1; cos 270o = 0; cos 3600 = 1 Em unidade de radianos cos 0o = 1; cos � 2 = 0; cos� = �1; cos 2� = 0 Para a função seno Em unidade de graus. sin 0o = 0; sin 900 = 1; cos 1800 = 0; sin 2700 = �1; sin 3600 = 0 Em unidade de radianos sin 0o = 0; sin � 2 = 1; cos� = 0; sin 3� 2 = �1; sin 2� = 0 Podemos ver que as funções cosseno e seno oscilam entre os valôres [�1; 1]. Exercício: Obtenha os valôres da tan � para os ângulos: � = 0o, � = 900 3.3.2 Cálculos para alguns ângulos. Com auxílio da gura podemos calcular o seno, cosseno e a tangente de � = 45o Temos que: sin 45o = cateto oposto hipotenusa = a a p 2 = 1p 2 = p 2 2 : Para o cosseno temos: cos 45o = cateto adj hipotenusa = a a p 2 = p 2 2 e a tangente é tan 45o = cateto oposto cateto adj = a a = 1 (3.16) De forma análoga se pode fazer para os ângulos � = 600 e � = 30o utilizando o triângulo equilátero e sua altura. 3.3. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 39 3.3.3 Grá cos das funções Grá co de cos � 52.50-2.5-5 1 0.5 0 -0.5 -1 theta cos theta theta cos theta Grá co de sin � 52.50-2.5-5 1 0.5 0 -0.5 -1 theta sin (theta) theta sin (theta) 40 CHAPTER 3. FUNÇÕES 3.3.4 Aplicação na Física Funções oscilantes são usadas para descrever movimentos oscilantes. Por exem- plo: v (t) = sin � (t) e se pode usar a equação do MCU para � (t) � (t) = !t+ � Essa expressão nos diz que o raio R do circulo gira com uma velocidade constatne !. a posição angular inicial do raio R é � (0) = �. Substituindo em v (t), temos v (t) = sin (!t+ �) A velocidade v (t) está sobre o eixo vertical do círculo.trigonométrico de raio R = 1. Para fazer sentido físico temos que colocar as unidades v (t) = 1 m s sin (!t+ �) : (3.17) Isso é feito desse modo, pois o valor do sin (!t+ �) não tem unidades. Dessa forma os valores de v (t) estão no intervalo ��1ms ;+1ms �. Aqui ! é a frequência angular de oscilação da velocidade. Estudo grá co. O estudo grá co nos mostrará melhor o efeito de !. Vamos considerar ex- emplos onde � = 0 rd (radianos) 6.2553.752.51.250 1 0.5 0 -0.5 -1 t sin (wt) t sin (wt) 3.3. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 41 Linha Preta v (t) = sin (2t) Linha vermelha v (t) = sin (4t) Note que a linha vermelha possui 4 oscilações, enquanto que a linha preta oscila apenas duas vezes. Esse comportamento está consistente com a atribuição de que ! é a frequência de oscilação. A constante 1ms Podemos reescrever a função v (t) na seguinte forma: v (t) = A sin (!t+ �) A fornece a altura dos picos e a profundidade dos vales. Vamo ver os grá cos mantendo ! = 2 rds e � = 0 rd 6.2553.752.51.250 4 2 0 -2 -4 t sin (wt) t sin (wt) Linha Preta v (t) = 2 sin (2t) Linha vermelha v (t) = 4 sin (2t) Podemos ver no grá co que o aumento de A = 2ms para A = 4 m s , dobrou a altura dos picos e a profundidade dos vales. 3.3.5 Relações Teorema de Pitágoras e a relação entre sin �, cos �. O Teorema de Pitágoras é: (cat: oposto) 2 + (cat: adj) 2 = (hipotenusa) 2 : (3.18) 42 CHAPTER 3. FUNÇÕES No círculo trigonométrico, vimos que hipotenusa = 1; cat: adj = cos �; cat: oposto = sin �; substitui no Teorema de Pitágoras, temos sin2 � + cos2 � = 1: (3.19) Relação entre sec2 � e tan2 �. Podemos dividir a eq.(3.19) por cos2 � sin2 � cos2 � + 1 = 1 cos2 � : e usando as de nições de tan � e sec � obtemos: tan2 � + 1 = sec2 �: e se reescreve sec2 � � tan2 � = 1 (3.20) Exercício Divida a expressão sin2 � + cos2 � = 1: (3.21) por sin2 � e obtenha uma relação entre cot2 � e csc2 �: 3.3.6 Adição 1) cos (�� �): cos (�+ �) = cos� cos� � sin� sin� cos (�� �) = cos� cos� + sin� sin� 2) sin (�� �) sin (�+ �) = sin� cos� + sin� cos� sin (�� �) = sin� cos� � sin� cos� Obs: A obtenção dessas fórmulas estão em 1) Matemática 20¯Grau , G. Iezzi, O. Dolce, J. C. Teixeira, N.J. Machado, M. C. Goulart, L. R. da S. Castro, A. dos S. Machado 3) tan (�+ �) A partir de sin (�+ �) e cos (�+ �),podemos obter tan (�+ �) tan (�+ �) = sin(�+�)cos(�+�) = sin� cos �+sin � cos� cos� cos ��sin� sin � 3.3. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 43 Podemos fazer aparecer tan� e tan�, para isso divide o numerador e o denominador por cos� cos�. tan (�+ �) = sin� cos � cos� cos �+ sin � cos� cos� cos � cos� cos � cos� cos �� sin� sin �cos� cos � = sin� cos�+ sin � cos � 1� sin� sin �cos� cos � = tan�+tan �1�tan� tan � tan (�+ �) = tan�+ tan� 1� tan� tan� Exercício: Obtenha a expressão de tan (�� �) em função de tan� e tan� Casos � = � cos (�+ �) = cos� cos�� sin� sin� e obtemos: cos (2�) = cos2 �� sin2 � (3.22) sin (�+ �) = sin� cos�+ sin� cos� e obtemos: sin (2�) = 2 sin� cos� (3.23) tan (�+ �) = tan�+tan�1�tan� tan� tan (2�) = 2 tan� 1� tan2 � 3.3.7 Aplicação na Física A equação horária do movimento oscilante que vimos anteriormente, pode ser construída. Do estudo do movimento ao longo de uma trajetória circular que temos uma equação horária para a posição angular � (t) = !t+ �0: (3.24) Da Trigonometria temos o circulo trigonométrico 44 CHAPTER 3. FUNÇÕES Observe que a projeção do raio do círculo (R = 1) sobre os eixos:. projeção no eixo horizontal é x = cos � projeção no eixo vertical é y = sin � Podemos substituir pela expressão de � (t) x (t) = cos � (t) = cos (!t+ �0) : (3.25) y (t) = sin � (t) = sin (!t+ �0) (3.26) Vamos analisar as unidades. x (t) é uma posição numa reta. Podemos escolher a sua unidade em metros [m]. As funções trigonométricas cosseno e seno resultam num número puro e não tem unidades. Assim para tornar as equações consistentes do ponto de vista dessa análise falta uma constante e reescrevemos: x (t) = A cos (!t+ �0) : (3.27) y (t) = A sin (!t+ �0) (3.28) onde A agora tem unidade de metros [m] : 3.4. LIMITES, DERIVADAS E A 2A¯ LEI 45 3.4 Limites, Derivadas e a 2a¯ Lei O conceito de derivada é baseado no processo de obter o limite de taxas de variações de funções �f (x) quando a variação �x da variável independente vai se tornando cada vez menor, ou seja se tornar um in nitésimo. 3.4.1 Limites Para podermos obter uma intuição dos conceitos de limites e in nitésimos. Uma tartaruga viaja de uma cidade A até uma cidade distante B. Mas a cada dia de viajem ela percorre metade do caminho que falta e pára. Assim temos Seja D a distância entre as duas cidades. Dia 1: distância percorrida d1 = D=2. distância que falta �d1 = D=2 Dia 2: distância percorrida d2 = �d1=2 = D=4. distância que falta �d2 = D=4 Dia 3: distância percorrida d3 = �d2=2 = D=8. distância que falta �d3 = D=8 Dia 4: distância percorrida d4 = �d3=2 = D=16. distância que falta �d4 = D=16:Dia 5: distância percorrida d5 = �d4=2 = D=32. distância que falta �d5 = D=32: Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 46 CHAPTER 3. FUNÇÕES Observação 1. A distância que falta vai diminuindo a cada dia: �d = D 2 ; D 22 ; D 23 ; D 24 ; D 25 ; D 26 ; :::; D 2N ; N !1 porém nunca é nulo. N é o número de dias que passaram. Essa distância que falta, quando 2N é muito maior que D (2N � D) é um exemplo de grandeza in nitesimal ". Observação 2: Observe que a tartaruga nunca vai chegar na cidade B. Ou seja ela nunca vai percorrer a distância D. Somando as distâncias percorridas em cada dia dtotal = d1 + d2 + d3 + ::: = D 2 + D 22 + D 23 + D 24 + D 25 + D 26 + :::+ D 2N + ::: e temos que dtotal . D ou seja, a distância total dtotal é menor queD mas é quase igual aD. A diferença entre essas distâncias se mantém por um in nitésimo D � dtotal = "; 0 < " < 1: Na linguagem matemática dizemos que D é o limite de dtotal a medida que o número de dias que passaram N cresce. lim N!1 dtotal = D ou seja a soma dtotal nunca ultrapassará o valor D. Exemplo: Escolhe-se D = 40km temos: d1 = 40 2 = 20; d2 = 40 22 = 10; dtotal = d1 + d2 = 20 + 10 = 30 somando o próximo di no resultado anterior: d3 = 40 23 = 5:0 dtotal = 30 + 5 = 35; d4 = 40 24 = 2:5 dtotal = 35 + 2:5 = 37:5 d5 = 40 25 = 1:25 dtotal = 37:5 + 1:25 = 38:75 d6 = 40 26 = 0:625; dtotal = 38:75 + 0:625 = 39:375 d7 = 40 27 = 0:312 5; dtotal = 39:375 + 0:3125 = 39:688 d8 = 40 28 = 0:156 25; dtotal = 39:688 + 0:156 25 = 39:844 d9 = 40 29 = 0:07812 5; dtotal = 39:844 + 0:07812 5 = 39:922 3.4. LIMITES, DERIVADAS E A 2A¯ LEI 47 Pode-se observar que a soma dtotal se aproxima de D = 40, mas nunca chega a ser igual pois cada dN seguinte é sempre menor do que o anterior dN�1. Assim nesse caso o limite é lim N!1 dtotal = 40km: (3.29) O in nitésimo " A distância que falta � = D � dtotal n=3 dtotal = 35; � = 40� 35 = 5 km n=4 dtotal = 37:5 � = 40� 37:5 = 2:5 km n=5 dtotal = 38:75 � = 40� 38:75 = 1:25 km n=6 dtotal = 39:375 � = 40� 39:375 = 0:625 km n=7 dtotal = 39:688 � = 40� 39:688 = 0:312 km n=8 dtotal = 39:844 � = 40� 39:844 = 0:156 n=9 dtotal = 39:922 � = 40� 39:922 = 0:078 Observe que � ca cada vez menor tendendo a 0, mas nunca será zero. Quando �! 0 dizemos que ele se torna um in nitésimo " 3.4.2 A derivada como limite da taxa de variação A relação entre df(t)dt e �f(t) �t é dada por lim �t!0 �f (t) �t = df (t) dt essa expressão nos diz que se zermos a diferença �t se aproximar de zero, �f(t)�t tem um limite que ele não ultrapassa. Esse limite é simbolizado por df(t)dt . Vamos ver como isso se dá. A variação da função f (t) é �f = ffim � fini (3.30) onde fini é o valor da função f (t) num instante inicial ti : fini = f (ti) e ffim é o valor da função num instante nal tf : ffim = f (tf ) : Por outro lado, a variação �t do t é dado por �t = tf � ti; (3.31) Essa expressão permite reescrever tf na seguinte forma: tf = ti +�t Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 48 CHAPTER 3. FUNÇÕES Reunindo essas informações, podemos reescrever a variação �f (eq.3.30) como: �f = f (ti +�t)� f (ti) (3.32) Assim a taxa de variação da função f (t) em relação à variação �t é dada por: �f �t = f (ti +�t)� f (ti) �t : (3.33) A relação com dfdt Podemos agora reduzir a variação �t até ela car quase nula, mas não zero, isso é denotado por �t! 0, mas �t 6= 0, Isso faz com que o valor de f (ti +�t) se aproxime do valor de f (ti), mas não precisa ser igual, f (ti +�t) ! f (ti), mas f (ti +�t) 6= f (ti). Nessas condições a taxa�f�t pode ter um valor nito não nulo; esse valor é denotado por dfdt . O procedimento todo é descrito por lim �t!0 �f �t = df dt (3.34) Essa expressão nos diz que quando a variação �t se aproxima de zero, a taxa �f �t tem um limite que é df dt . Como dfdt é uma taxa limite, se pode dizer que df é uma variação elementar (muito pequena) de �f , ou em "matematiquês": lim �t!0 �f = lim �t!0 [f (ti +�t)� f (ti)] = df: assim como dt é uma variação elementar de �t. A expressão d~pdt . Com base no que foi exposto, d~pdt é o limite da taxa de variação temporal da quantidade de movimento ~p, i.e.: lim �t!0 �~p �t = d~p dt 3.4.3 Derivadas Do Cálculo de Derivadas: A derivada é uma operação que atua sobre uma função de forma à transformá- la em outra função:. f (t) = d dt g (t) (3.35) Essa expressão geral está dizendo que a função g (t) está sendo transformada na função f (t). Observe que a derivada não combina duas funções para formar uma terceira função como fazem as operações aritméticas. Pode-se também denotar essa operação nas seguintes formas: f (t) = dg (t) dt ; f = dg dt : (3.36) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce DecorarnullO Limite da variação da função quando a variação do tempo tende à zero = limite da função final (Ti+ variação do tempo) - (Função inicial no tempo inicial) = Diferencial da função. Usuário Realce Importantíssimo Usuário Realce Usuário Realce 3.4. LIMITES, DERIVADAS E A 2A¯ LEI 49 Em relação à essa forma de transformar funções, as funções envolvidas são classi cadas em: 1) Função Primitiva: É a função que sofre a transformação, ou seja, é a função original. Aqui ela é a função g (t) 2) Função Derivada: É a função que resultou da transformação. Aqui ela é a função f (t). A notação ddt . A variável t que aparece no denominador indica que a derivada atua nos termos que possuem t. Dizemos então que ddt é uma derivada no t e que t é a variável de derivação. Pode-se ter a derivada atuando em termos que contém outras variáveis: d dx ! derivada que atua nos termos que contém x d dy ! derivada que atua nos termos que contém y d d� ! derivada que atua nos termos que contém � ... O que acontece quando a derivada atua num termo que não contém a variável de derivação? R. A derivada resulta ser nula. Exemplos: d dt f (x) = 0; d dx f (�) = 0 (3.37) O que ocorre se a função não tem nenhuma variável de derivação, se ela é uma constante? R. A derivada também é nula: Exemplo f = A = const: df dt = 0; df dx = 0; etc Assim a derivada em qualquer variável atuando sobre qualquer número é nulo d dt 1 = 0; d dt 3:58 = 0; d dx 1 = 0; d d� � = 0; etc A derivada não atua nas funções que estão à esquerda delas: f (t) d dt = f (t) d dt : (3.38) Isso signi ca que f (t) d dt 6= df (t) dt idem para f (x) d dx 6= df (x) dx ; f (t) d dy 6= df (t) dy ; etc: (3.39) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 50 CHAPTER 3. FUNÇÕES Em f (t) d dt a atuação da derivada ca suspenso, aguardando aparecer alguma função do lado direito do operador ddt 3.4.4 Uso de limites para o cálculo de derivadas Exemplo 1) Cálculo de ddx para f (x) = a, a =constante Aplica a de nição de limites lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = df (x) dx : (3.40) Cálculo de f (x+�x): isso é simplesmente f (x+�x) = a: Temos também que f (x) = a. Substitui na expressão acima: lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = lim �x!0 a� a �x = 0 (3.41) ou seja d dx a = 0: (3.42) Exemplo 2) Cálculo de ddx para f (x) = ax. a =constante e x = variável dependente. Aplica a de nição de limites lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = df (x) dx : (3.43) Precisamos calcularf (x) e f (x+�x), temos: f (x+�x) = a (x+�x) No lugar de x substitui x+�x f (x) = ax substiuti essas expressões na eq.(3.43) lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = lim �x!0 a (x+�x)� ax �x = lim �x!0 ax+ a�x� ax �x = lim �x!0 a�x �x = a (3.44) Obtemos lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = a (3.45) Como sumiu o termo �x, podemos dizer que d dx ax = a: (3.46) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 3.4. LIMITES, DERIVADAS E A 2A¯ LEI 51 Exemplor 3: f (x) = ax2 Aplica a de nição de limites lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = df (x) dx : (3.47) Cálculo de f (x+�x) f (x+�x) = a (x+�x) 2 = a � x2 + 2x�x+�x2 � substitui na expressão do limite lim �x!0 a � x2 + 2x�x+�x2 �� ax2 �x = lim �x!0 ax2 + 2ax�x+ a�x2 � ax2 �x (3.48) cancela os termos ax2 lim �x!0 a � x2 + 2x�x+�x2 �� ax2 �x = lim �x!0 2ax�x+ a�x2 �x (3.49) Importante!: Agora vamos usar uma aproximação: a indicação �x ! 0, signi ca que �x� 1, nessas condições temos que �x2 < �x. Quanto menor é �x2? R. Quanto quisermos, por exemplo: Podemos dizer que �x = 0:001 então �x2 = 0:0012 = 1:0� 10�6. Assim �x2 é 1.000 vezes menor que �x. Nessas condições posso desprezar o termo a�x2 e reeescrevemos: lim �x!0 a � x2 + 2x�x+�x2 �� ax2 �x = lim �x!0 2ax�x �x (3.50) = lim �x!0 2ax = 2ax (3.51) e temos que d dx ax2 = 2ax Exercício 4 Calcule df(x)dx para f (x) = ax 3 usando lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = df (x) dx : (3.52) Regra do Tombo Realizando vários cálculos desse tipo para potênticas de xn onde n = 0; 1; 2; 3; :::;. Pode-se extrair a seguinte regra de derivação: d dx (axn) = n axn�1 (3.53) No folclore essa regra é chamada de "regra do tombo", pois pode-se dizer que a potência n cai na frente do a e se subtrai 1 no expoente que ca xn�1. Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 52 CHAPTER 3. FUNÇÕES 3.4.5 Regra do Produto para derivadas Para o produto de duas funções f (x) g (x) a derivada é: d dx f (x) g (x) = g (x) df (x) dx + f (x) dg (x) dx : (3.54) Usando limites pode-se deduzir essa regra. Dedução. Na teoria de limites, temos a seguinte propriedade lim f (x) g (x) = lim f (x) lim g (x) : (3.55) A de nição de derivada: lim �x!0 f (x+�x)� f (x) �x = df (x) dx : (3.56) Vamos denotar o produto de funções por: F (x) = f (x) g (x) para auxiliar. Então a derivada de F (x) é dF (x) dx = lim �x!0 F (x+�x)� F (x) �x substitui F (x) = f (x) g (x) dF (x) dx = lim �x!0 f (x+�x) g (x+�x)� f (x) g (x) �x subtrai e soma f (x) g (x+�x) dF (x) dx = lim �x!0 f (x+�x) g (x+�x)� f (x) g (x+�x) + f (x) g (x+�x)� f (x) g (x) �x reagrupa dF (x) dx = lim �x!0 [f (x+�x)� f (x)] g (x+�x) + f (x) [g (x+�x)� g (x)] �x = lim �x!0 [f (x+�x)� f (x)] g (x+�x) �x + lim �x!0 f (x) [g (x+�x)� g (x)] �x aplica a propriedade (3.55) dF (x) dx = lim �x!0 [f (x+�x)� f (x)] �x lim �x!0 g (x+�x) + lim �x!0 f (x) lim �x!0 g (x+�x)� g (x) �x da de nição de derivadas: lim�x!0 [f(x+�x)�f(x)] �x = df(x) dx e lim�x!0 g(x+�x)�g(x) �x = dg(x) dx dF (x) dx = df (x) dx lim �x!0 g (x+�x) + lim �x!0 f (x) dg (x) dx Usuário Realce 3.4. LIMITES, DERIVADAS E A 2A¯ LEI 53 Temos o limite lim �x!0 g (x+�x) = g (x) aqui foi desprezado o termo �x no argumento da função pois �x! 0 O limite lim �x!0 f (x) = f (x) Assim d dx f (x) g (x) = g (x) df (x) dx + f (x) dg (x) dx : (3.57) c.q.d. (como queríamos demonstrar) 3.4.6 A segunda Lei Obs: As tres leis de Newton ensinadas no ensino médio e presente nos capítulos iniciais de alguns livros é um caso especial dessa versão mais geral. Nessas versões a segunda Lei é dada por ~F = m~a. Essa expressão é um caso especial da segunda Lei onde se considera que a massa m e a força ~F do sistema sejam constantes. Derivação de ~F = m~a Aqui veremos como se pode obter ~F = m~a a partir de ~F = d~p dt : (3.58) Precisamos das seguintes propriedades do cálculo de derivadas. 1) Derivada do produto de funções: d dt (f (t) g (t) ) = df (t) dt g (t) + f (t) dg (t) dt : (3.59) 2) Derivada de uma constante. Quando f (t) = C = const dC dt = 0 (3.60) Aplica para ~p = m~v, temos d~p dt = d dt (m~v) d dt (m~v) = dm dt ~v +m d~v dt (3.61) como m = constante, então dm dt = 0 (3.62) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 54 CHAPTER 3. FUNÇÕES e temos que d dt (m~v) = m d~v dt (3.63) A aceleração é de nida por: d~v dt = ~a; (3.64) substitui na equação acima, encontramos: d~p dt = m~a (3.65) e substituindo na segunda Lei, chegamos à versão especial ~F = m~a: (3.66) 3.5 Funções compostas e suas derivadas A Física nos revelou que a Natureza parte de blocos simples para estruturar corpos mais complexos. Isso também ocorre para os fenômenos como os movi- mentos; a partir de movimentos simples é possível compor movimentos mais complexos. A Matemática fornece uma variedade de combinações de funções: 1) Soma de funções f (t) = at2 + bt+ c; f (t) = at+ b cos ct 2) Multiplicações de funções f (t) = at sin at Etc... Há também a função composta H (x) = f (g (x)) : (3.67) Nesse caso a variável independente é também chamada de implícita porque se pode escrever: H (x) = f (g) ; (3.68) pois a função g também tem o papel de uma variável que agora é explícita em relação à função f . Apesar da classi cação, nem sempre a variável explícita é fácilmente reconhecida. Essa forma de compor funções também é útil para a Física. Por exemplo: Movimentos oscilantes: x (t) = cos (!t+ �) : (3.69) Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 3.5. FUNÇÕES COMPOSTAS E SUAS DERIVADAS 55 Aqui a função que faz o papel da g (x) é a � (t) x! t; g (x)! � (t) = !t+ � observe que a variável explícita � não aparece, ela só aparece se escrevermos x (t) = cos � e dizer que � é uma função � = � (t). A função que faz o papel da f (g) é o cos assim: H (x) ! x (t) ; f ! cos; x (t) = cos (!t+ �) e temos que x (t) é o resultado da composição de duas funções. Um outro exemplo de composição de duas funções é: H (x) = 1 ax+ b Aqui temos g (x) = ax+ b f (g) = 1 g ; H (x) = f (g (x)) = 1 ax+ b (3.70) 3.5.1 Derivada de função composta A regra de derivação da função composta ( regra da cadeia) é: d dx H (x) = d dg f (g) d dx g (x) : (3.71) Temos a primeira derivada em relação à variável explícita g e a segunda derivada atua na variável implícita. A derivação vai até a variável indicada: no caso é x. Se houver mais variáveis, por exemplo, se x for uma função de z : H (z) = f (g (x (z))) (3.72) a derivação pode ir até z: d dz H (z) = d dg f (g) d dx g (x) d dz x (z) ; (3.73) e temos um encadeamento de derivações: d dz H = d dg � d dx � d dz �� : (3.74) Usuário Realce Usuário Realce 56 CHAPTER 3. FUNÇÕES Aplicações da regra da cadeia. Caso 1) H (x) = f (g (x)) = 1 ax+ b Aqui reconhecemos que : g (x) = ax+ b; f (g) = 1 g Assim, d dx H (x) = d dg f (g) d dx g (x) = d dg 1 g d dx (ax+ b) Vimos que d dx (ax+ b) = a e que d dg 1 g = d dg g�1 = �1g�2 Assim d dx H (x) = � (ax+ b)�2 a = � a (ax+ b) 2 Caso 2) H (x) = 1 (ax+ b) 2 Aqui temos que : g (x) = ax+ b; f (g) = 1 g2 e para as respectivas derivadas d dx (ax+ b) = a; d dg 1 g2
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