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ARTIGO CIÊNCIA POLITICA - GRUPOS DE PRESSÃO

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1 Artigo apresentado como requisito para nota do G1, disciplina Ciência Política e TGE 
do Curso de Direito, do CESUCA – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha- 
Faculdade INEDI, sob a orientação do Professor Emerson de Lima Pinto. 2 Acadêmico 
do Curso de Direito do Cesuca-Faculdade Inedi, disciplina de Ciência Política e Teoria 
Geral do Estado. Página 1 
 
GRUPOS DE PRESSÃO¹ 
 
Leonardo Garcez Guns² 
Resumo O objetivo do presente artigo é discutir como de certa forma os Grupos de 
Pressão contribuem para uma Democracia mais forte em nosso país, grande parte da 
população até mesmo por influência da mídia tende a conceituar este tema somente pelo 
lado negativo, devido alguns acontecimentos em manifestações não organizadas e não 
pacíficas, mas esta não é a melhor forma de entender o assunto veremos neste presente 
artigo, como e por que se formam esses grupos de pressão e qual a sua função na 
sociedade, a pesquisa será concentrada especificamente nos grupos de pressão, 
buscando sua formação e sendo objetivo principal conceituá-lo e distingui-lo dos 
demais. Esses Grupos refletem a força reivindicatória de setores organizados da 
sociedade, independente de almejarem o poder. Outro elemento que revela a 
importância da pesquisa é a necessidade da presença dos grupos de pressão como 
categorias interpostas entre o cidadão e o Estado inclusive com a definição do que são 
os Lobbyist. Apoiado nas Obras de Ciência Política de alguns autores doutrinários, e 
usando como reforço a influência de alguns Filósofos que deixaram seu nome na 
história convido-os a apreciar o conteúdo deste artigo com o interesse de apresentar aos 
leitores tal argumento que é imprescindível na formação da consciência jurídica sobre o 
assunto. 
Palavras-chave: Grupos de Pressão; Lobby; Manifestações; Democracia. 
Sumário: Introdução. 1– O Fortalecimento da Sociedade. 2– A Distinção dos Grupos. 
3– A Atuação dos Grupos. 4– Os Partidos e os Grupos. 5– A Ação dos Lobbyist. 
6– A Institucionalização. 7– Considerações Finais. 8 – Bibliografia. 
 
INTRODUÇÃO 
Apesar de vivermos em um país de sistema governamental Democrático, onde 
através de eleições temos o direito de escolhermos aquele candidato ou candidata que 
melhor nos representará diante o governo, nem sempre o perfil de governo eleito 
escolhido satisfará as expectativas de toda a população, sempre ocorrerá divergências, 
pois os interesses mudam de cidadão para cidadão e o senso de Justiça da população 
constantemente é abalado seja por escândalos ligados ao governo, ou por contrariedades 
as questões políticas adotadas no sistema, porque aquilo que às vezes beneficia uma 
classe pode de certo modo prejudicar a outra e nem sempre é fácil equilibrar esta 
balança a ponto de acabar com as diferenças.
3– ARISTÓTELES, A política. 2ºedição. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Página 5.
 Página 2 
 
Os indivíduos, por mais diversos que sejam, acabam de alguma forma sempre 
encontrando outras pessoas que não somente possuem as mesmas afinidades, mas 
também os mesmos ideais, visões de mundo e interesses, basta prestarmos a atenção, 
por exemplo, em uma fila de banco, parada de ônibus ou até mesmo em um ambiente de 
trabalho, onde quer que estejamos, onde há um aglomerado de pessoas, ali, os assuntos 
vão e vêm, as informações são trocadas, e opiniões acabam sendo geradas, pois são 
essas afinidades que fazem com que pessoas dificilmente vivam isoladas no mundo, 
então acabam participando de um grupo que, dependendo de seu formato, acabem por 
se contrapor a outros grupos. 
“Assim, o homem é um animal cívico, mais social do que as abelhas e os outros 
animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o 
dom da palavra, que não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a 
expressão de sensações agradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais são, 
como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este último efeito; nós, 
porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento 
obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a 
manifestação dos quais nos foi principalmente dado o órgão da fala. Este comércio da 
palavra é o laço de toda a sociedade doméstica e civil.”3 
 
Ou seja, observando esta passagem de Aristóteles, paramos e observarmos a 
sociedade em nosso dia-a-dia, e o que se concluirá é que é da natureza do homem não 
conseguir simplesmente chegar a um acordo sem antes conversar, sem se perguntar, sem 
expressar seus sentimentos, sem definir aquilo que lhe pareça ser ou não o correto, sem 
antes discutir e trocar conhecimentos para se chegar a uma conclusão, formar uma 
opinião. Assim, com o uso desse instrumento, a palavra, a sociedade naturalmente se 
forma em grupos, grupos estes que vislumbrando ameaças ou a abertura de 
oportunidades, tentarão incansavelmente com suas forças buscar os seus interesses e o 
das pessoas que os integram. 
1 – O FORTALECIMENTO DA SOCIEDADE 
A evolução da sociedade faz com que não fiquemos parados no tempo, cabe ao 
homem o papel de protagonista neste processo evolutivo. 
“O Homem, que antes dominava um largo espaço existencial autônomo, com a 
sua casa, a sua granja, a sua horta, o seu estábulo, a sua economia doméstica, 
4– BONAVIDES, Paulo. Do estado Liberal ao Estado Social 8°edição. Malheiros 2007. 
Página 201 Página 3 
 
organizada e independente, aquele Homem, com a qual o século XIX ainda 
amanhecera, é, em nossos dias um resignatário de toda essa esfera material subjetiva, 
que o capacitava, na ordem política, a adotar uma filosofia individualista e liberal, e na 
ordem econômica, a crença em suas próprias energias pessoais e assumir perante o 
Estado uma atitude de firmeza, independência e altivez.” 
“Esse Homem tranquilo desapareceu quando o crescimento das populações, as 
dificuldades econômicas e sociais, as guerras, a expansão do poder estatal, 
determinaram a perda efetiva daquele espaço autônomo.” 4 
 
 
Este homem que antes tinha apenas a preocupação com seu lar e com a sua 
família, hoje vive em uma sociedade, e essa vida na sociedade leva este homem a 
deveres de extrema importância para que se estabeleça uma convivência pacífica com os 
demais. Este homem não é mais um na multidão ele agora faz parte de um todo e é de 
importância sua participação no processo de construção dessa sociedade, pois, junto 
com esses deveres que agora farão parte da sua vida ele também terá seus direitos e 
estes, por algumas vezes, deverão ser reivindicados. 
Em todo mundo movimentos sociais tem por objetivo a agregação de pessoas para 
que unidas possam ir à busca de seus interesses em comum que vão de um bem coletivo 
ao intuito de defender seus direitos, em junho do ano passado, o Brasil foi tomado por 
uma onda de manifestações, movimentos estes que deixaram o país em ênfase 
internacional, veio a conhecimento de todos os cidadãos bordões como “Vem pra rua” e 
“O gigante acordou” e muitos outros que rapidamente se espalharam pelo país através 
da internet pelas redes sociais, porém este seria assunto para outro momento, pois 
aborda a questão da Globalização, o que desejo definir é que no meio destes 
movimentos outro fator teve extrema importância senão a maior delas: Os Grupos de 
Pressão. 
Lembramos que esta onda de manifestações começou pelo Movimento Passe 
Livre (MPL) que através de uma manifestação de certa forma organizada conseguiu 
reduzir a tarifa da passagem de ônibus em vinte centavos, antes de chegarmos a esse 
ponto é preciso que algumas definições fiquem claras, pois é comum que em um 
primeiro momento confundamos os Grupos de Pressão pelos Grupos de Interesses. 
2 – A DISTINÇÃODOS GRUPOS
5– MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. Capitulo IV. 
Página154. Página 4 
 
É possível distinguirmos estes grupos, alias, não é preciso procurar muito para que 
entendamos esta questão, a resposta pode estar o mais próxima do que imaginamos, 
basta olharmos em nossa volta, na nossa rua, no nosso bairro, em nossa cidade. Os 
problemas sociais estão em nosso cotidiano e é a partir da busca da solução destes 
problemas que podemos facilmente identificar esta distinção que em primeiro momento 
nos parece imperceptível, mas, vejamos o seguinte: 
“Quanto aos modelos, entende-se que um grupo de interesses corresponda a uma 
situação semelhante, a uma vizinhança ocasional, e que tenha apenas em vista a defesa 
de interesses estabelecidos que a lei protege. O interesse pode não ser necessariamente 
político, ter índole cultural ou religiosa, e agregar pessoas que apenas sustentam um 
gosto comum, ou uma atitude comum perante o mundo e a vida.”5 
 
Ao elegermos um candidato como, por exemplo, um vereador, muitos dos 
eleitores levam alguns pontos em consideração, o que podemos considerar uma forma 
de interesse individual como, por exemplo, a proximidade de relação deste candidato 
com o bairro, as suas promessas e suas inferências no meio político para benefícios 
desta mesma comunidade. Mas, usando outro exemplo e considerando os desafios que 
esta comunidade poderá enfrentar como: em casos de falta do abastecimento de água, ou 
energia elétrica e até mesmo em relação a melhorias na infraestrutura deste bairro, estas 
pessoas recorrem a associações ou grupos devidamente organizados que possam dar voz 
ao seu problema. 
A ideia de um grupo seria exatamente amplificar o que antes seria apenas uma voz 
frente a um órgão público, no exemplo acima poderíamos exemplificar como alvo 
destes moradores uma prefeitura ou até mesmo uma câmara de vereadores, assim com 
esta forma de “pressão” se encontraria uma solução mais rápida para o problema em 
questão, pois não será uma mão batendo a porta do representante, mas sim um conjunto 
de mãos unidas para um fim em comum, o que para a base de um candidato, por 
exemplo, interessa levando em consideração a quantidade de votos ali contidos nestes 
membros. 
Este ato de reivindicar, ou reclamar pelos seus ideais entende-se por grupos de 
interesses. Podemos defini-lo como todo grupo de pessoas de certa forma organizadas, 
como Clube de Mães, Sociedade Amigos do Bairro, Associação de Moradores, 
6– MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. Capitulo IV. 
Página 154. Página 5 
 
Conselhos de Pais e Mestres, Grêmios Estudantis, grupos que configurem em geral uma 
idéia ligada a determinados objetivos, propósitos, interesses ou direitos que sejam 
divisíveis dos de outros membros ou segmentos de sua união exercendo pressão como 
no exemplo acima sobre órgãos públicos em busca de atendimento de seus pedidos que 
geralmente são de um âmbito regional, como em pequenas comunidades, bairros ou 
cidades. 
Neste momento é que podemos começar a compreender melhor como estes 
grupos de interesse podem ascender a grupos de pressão, observando o que diz o 
conceito da seguinte citação: 
“...é a intervenção no processo político para defender interesses de grupo que o 
transforma em grupo de pressão. O que o caracteriza, como diz Meynaud, são as lutas 
empreendidas por uma categoria social qualquer para fazer com que as decisões dos 
poderes políticos sejam favoráveis aos seus interesses e ideais.” 6 
 
A forma mais clara de interpretarmos esta definição é conceituando que os grupos 
de pressão formam hoje uma ponte entre o cidadão e o Estado, onde os propósitos, 
interesses e objetivos se unificam (grupo e cidadão) ao ponto de atingir um “bem maior” 
que se refletirá na defesa de interesses de vários segmentos da sociedade, ou de uma 
categoria (trabalhista, comercial, etc...) por intermédio de um grupo organizado, que 
procure influenciar e fazer com que decisões do poder público sejam tomadas conforme 
os seus interesses e necessidades, como exemplo a adoção de uma medida ou lei que 
beneficiaria os aposentados. 
3 – A ATUAÇÃO DOS GRUPOS 
Talvez hoje um dos maiores legitimadores destes grupos de pressão são as forças 
sindicais que através de seus manifestos têm despertado a atenção sejam em suas formas 
de propagandas, greves ou reivindicações. Conseguem elas garantir nas leis as 
conquistas obtidas através das lutas da classe trabalhadora, que hoje garantem seus 
direitos com a utilização dessa ferramenta (grupos de pressão) e trazendo à politica do 
país uma nova forma de ação e expressão quando se trata das tomadas de decisões 
favoráveis a sua classe.
7– MARX, Karl e ENGELS, Friedrich – O manifesto Comunista. Instituto José Luis e 
Rosa – 2003. Pág. 33 e 34. Página 6 
 
“Com o desenvolvimento industrial, no entanto, o proletariado não cresce 
unicamente em número; concentra-se em massas cada vez maiores, fortalece-se e toma 
consciência disso. Os vários interesses e as condições de existência dos proletários se 
igualam, à medida que a máquina aniquila todas as distinções de trabalho, reduzindo 
todos os salários a um único nível igualmente baixo. A concorrência crescente dos 
burgueses e as consequentes crises comerciais tornam os salários ainda mais instáveis. 
O aprimoramento contínuo e o rápido desenvolvimento das máquinas tornam a 
condição de vida do trabalhador cada vez mais precária; os conflitos individuais entre o 
trabalhador e o burguês assumem cada vez mais o caráter de conflito entre suas classes. 
A partir daí os trabalhadores começam a formar uniões (sindicatos) contra os burgueses; 
atuam em conjunto na defesa dos salários; fundam associações permanentes que os 
preparam para esses choques eventuais. Aqui e ali a luta se transforma em motim.” 7 
 
Os trabalhadores hoje não se calam quando se trata de seus direitos, mesmo 
aqueles não filiados em nenhuma sindical acabam de uma forma ou outra se 
beneficiando do resultado destas lutas, pois se trata de um bem maior que atinge toda 
uma classe, neste caso, a trabalhadora. 
Assuntos como reajustes salariais, participação nos lucros da empresa e acerto de 
horas são figurinhas repetidas que ano vai, ano vem estampam as capas dos principais 
jornais do país, tivemos agora por ultimo como exemplo a paralização dos funcionários 
dos Correios que se estendeu por mais de um mês. 
Forças sindicais como a do Cpers (sindicato dos professores), esta por sinal de 
intensa presença na mídia, seja em entrevistas, jornais ou campanhas como a do piso 
salarial dos professores (assunto em pauta no momento) agitam o meio politico e 
manipulam o pensamento do eleitor que pode acabar aderindo ou não em optar por uma 
recandidatura de tal político envolvido (no caso do Cpers o governador), afinal a classe 
de professores é de grande influência e este é um exemplo de como um grupo pode 
interferir na opinião pública e por consequência na política. 
Outra força sindical de grande poder influente é a CUT (Central Única dos 
Trabalhadores), esta a maior central sindical brasileira e de maior inferência na política 
do país o que nos leva a um novo tema de estudo que inclui os partidos políticos já que 
no Brasil ocorrem claras vinculações entre partidos e grupos de pressão (é inegável o 
vínculo da CUT com o PT- Partido dos Trabalhadores fundado pelo ex-presidente
 Página 7 
 
Lula), porém os grupos não buscam o exercício direto do poder, ao contrário dos 
partidos políticos como veremos. 
4 – OS PARTIDOS E OS GRUPOS 
Os partidos políticos poderiam ser definidos como uma categoria interposta entre 
o cidadão e o estado, assim como os grupos de pressão,outra semelhança que poderia 
ser citada é o poder de influência que ambos exercem sobre o povo, a formação desta 
opinião muitas vezes apoiada por intermédio dos meios de comunicação, assim como 
vimos nos casos de publicidade dos sindicatos, é feita também no caso dos partidos 
através da simpatia que um candidato conquista sobre uma parcela do eleitorado (como 
exemplo os eternos Brizolistas) e também através da ideologia de um partido que 
defende, por exemplo, uma minoria étnica. 
Há também aqueles partidos que lutam pela preservação de valores e acabam 
conquistando o eleitorado através da defesa de assuntos de cunho moral e religioso e até 
mesmo poderíamos dizer ideológico (como exemplo, o PV – Partido Verde que defende 
causas ambientais), são na verdade instrumentos que representam uma parcela da 
sociedade o que de certa forma também não muito os diferem dos grupos de pressão. A 
maior diferença ocorre porque ao contrário dos partidos que buscam o exercer do poder, 
os grupos de pressão somente transitam por ele, procurando com suas forças influenciar 
o poder publico sobre a adoção de uma lei ou medida com o objetivo de atender os seus 
interesses, lembrando que nas manifestações de junho um dos assuntos de maior ênfase 
entre os movidos pela massa manifestante era o do fim da PEC37 (projeto que 
restringiria os poderes de investigação do Ministério Público nas CPI’s do governo), 
também conhecida em meio aos movimentos sociais de junho como a “PEC da 
impunidade”. 
Assim se daria a influência dos grupos no que diz a seguinte citação: 
“Os grupos por sua vez, procuram, a partir de uma posição externa ao Estado, 
conduzir a tomada de decisões pelo poder público, através da ação direta ou indireta 
sobre ele exercida. Os partidos políticos, enfim, desempenham uma missão de caráter 
constitucional permanente ao passo que os grupos agem em razão de fatos ou situações 
episódicas e particulares. Dotados de uma estrutura mais simples que os partidos 
políticos, com maior mobilidade e capacidade técnica em relação às matérias que 
procuram versar junto aos poderes constituídos, convertem-se os grupos em elementos 
intermediários entre o estado e o cidadão, de forma mais eficiente que os partidos,
8– BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política. 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos, 2002. Página 260. Citação de Gastão Alves de Toledo. 
9– MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas – Cap. V(e-book) 
 Página 8 
 
 principalmente quando os interesses em causa não se albergam nos limites do 
programa, não se coadunando com uma forma ou exigindo resultados imediatos.” 8 
 
Mesmo os partidos buscando o poder para implantar soluções de caráter geral e 
permanente, têm a preocupação de respeitar suas ideologias particulares, pois estão 
inseridos no âmbito do Estado, tem a sua responsabilidade política definida e sua 
exposição na mídia deve ser cuidadosa, e entre escolher defender suas posições 
partidárias e se envolver nas questões de um grupo, esta última opção poderia ser 
perigosa, pois qualquer deslize numa defesa errada poderia manchar sua carreira. 
Os grupos de pressão por sua vez, visam os resultados desta pressão sobre os 
elementos do poder para o atendimento de um interesse ou pretensão, são representantes 
da sociedade na luta pelos seus interesses o que não impede que em meio todo este 
processo estas duas importantes formações democráticas, no caso, os partidos políticos 
e grupos de pressão apareçam juntos o que não significa que os partidos estejam imunes 
a ações desses grupos de pressão, já que os partidos participam diretamente do processo 
político. 
Os grupos por sua vez propõem exigências que podem afetar o prestigio das 
agremiações políticas, isto nos leva a refletir a seguinte passagem de Maquiavel: 
“Quando aqueles Estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados a 
viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o 
primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com 
suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que 
se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que 
não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá-
los.” 9 
 
Podemos refletir nesta passagem a questão da influência que os grupos de pressão 
exercem sobre as organizações partidárias, influência esta que se estende aos cidadãos 
eleitores o que reflete diretamente nos votos e na forma de representação caso o grupo 
consiga colocar no poder um candidato que se identifique com seus interesses o que nos 
10– BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 
2009. Página 467. Página 9 
 
leva a entender melhor esta questão do “habitar”, citada acima por Maquiavel, que seria 
ter um representante dentro do âmbito do Estado defendendo os interesses do grupo. 
No Congresso Nacional Brasileiro existe a atuação de vários grupos de pressão 
que se encaixariam nesta definição, nos quais podemos tomar de exemplo a Bancada 
Feminina, a Frente Parlamentar da Pequena e Micro Empresa, a Bancada da Amazônia 
Legal, a Bancada Evangélica dentre outros, estes grupos, ao verem seus interesses 
ameaçados agem como grupos de pressão, possuem como característica principal a 
defesa de seus interesses o que não necessariamente os torna membros vinculados a um 
só partido. 
Tanto na Câmara como no Senado, existem aqueles parlamentares com uma maior 
influência sobre os demais. Estes os membros da elite decisória, são exatamente o alvo 
principal dos grupos de pressão que atuam nos Congressos Nacionais, e é deste grupo 
com ação mais direta ao governo que falaremos agora. 
5 – A AÇÃO DOS LOBBYIST 
Definimos como Lobbyist, o grupo de profissionais que tem por objetivo 
influenciar as decisões do poder público, em especial do poder Legislativo, em favor de 
determinados interesses. 
Esta definição de grupo tem como principal ferramenta, o apoio da opinião 
pública, cabe a esse grupo em especial o trabalho de prepara-la e se necessário cria-la, 
inclusive com o apoio da mídia, veiculando em rádio e televisão, uma forma de levar 
esta informação ao alcance de todos pela imprensa, o que de certa forma resulta em uma 
pressão psicológica, para adquirir o apoio desta opinião e utiliza-la para alcançar uma 
decisão favorável a esse grupo de pressão, ou seja, um meio para atingir um fim. 
“A pressão sobre os partidos visa de preferência aos parlamentares de modo 
individual. O lobbyist ou agente parlamentar do grupo procura convencer o deputado 
das boas razões de um projeto de lei, oferece-lhe farto material demonstrativo de que se 
trata de matéria de superior interesse público, ministra-lhe os argumentos para o debate 
ou a justificação de voto e torna claras as implicações que a posição por ele adotada 
poderá ter no futuro de sua carreira parlamentar.” 10
 Página 10 
 
Esta função do lobbyist de entregar as informações, digamos “mastigadas” ao 
parlamentar seria como exemplo uma atitude de marketing, uma técnica que um bom 
vendedor usa quando faz toda uma propaganda do seu produto para conseguir uma boa 
venda, no caso o lobbyist prepara todo um material para influenciar, por exemplo, um 
deputado a defender um assunto de interesse do grupo visando à efetivação de uma 
medida ou lei. 
Há a possibilidade de esse representante no caso do exemplo o deputado, não 
demonstrar o interesse esperado pelo material apresentado pelo lobbyist, ao ponto de 
não aceitar defender a medida em interesse, nesse caso esse representante estará sujeito 
à ação destes grupos como, uma forma deintimidação, que dependendo do tema em 
questão poderá ser a de atingir o deputado através de campanhas que afetaram 
diretamente suas bases eleitoreiras, podendo essas campanhas “destruir” com a sua 
carreira como já vimos antes em uma passagem de Maquiavel que usa o termo 
“arruiná-los”, como forma de adquirir o poder. 
Esta ultima forma de influência dada pela intimidação ao parlamentar é vista por 
alguns autores como um aspecto negativo dos grupos de pressão, porém há outras 
formas de intimidação usadas, estas, porém inspiradas em interesses de uma 
coletividade como nas manifestações em massa que vimos lá no inicio, que se dão 
através de passeatas, protestos, greves e não muito raro vemos paralizações e obstruções 
inclusive do tráfego. 
Na medida em que for necessário, estes grupos farão aquilo que estiver ao seu 
alcance para darem ênfase aos seus interesses, não atoa estes lobbyist dispõem de 
influências dentro de diversas organizações publicitárias e jornalísticas, utilizando-as 
como ferramenta para uma forma de ação mais sutil e refinada, tornando as pressões 
mais influentes através de notas e editoriais que reforçam ainda mais a opinião pública, 
o que é positivo para a repercussão dos interesses em pauta. 
A participação destes lobbyist é tanta neste processo de influências políticas e da 
opinião pública que poderíamos considera-los como verdadeiras empresas que 
intermediariam entre os legisladores e os grupos de pressão, o que no leva a discutir 
outro ponto.
11– STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e Teoria do Estado. 
6ºedição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. Página 122. 12– BONAVIDES, 
Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Páginas 469 e 
470. Página 11 
 
6 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO 
No Brasil a prática do lobbyist está vinculada mais como uma atividade informal, 
mas apesar de não estarem inseridos em texto legais da nossa Constituição Brasileira, 
poderíamos dar a estes grupos tamanha importância sobre a construção da mesma. 
 
“Não se deve deixar de levar em conta o fato de que, nas democracias de massas 
das sociedades contemporâneas, os partidos políticos necessitam conviver com variadas 
formas de representação. Deve ser frisado, porém, que, além da representação partidária 
– o governo é exercido por um ou mais partidos – existem outras que Leôncio 
Rodrigues chama de corporativas, que envolvem segmentos de grupos profissionais 
entre si e deles com o governo. Elas levam a organizações tripartites, envolvendo 
empresas, sindicatos e autoridades governamentais (comissão, câmaras setoriais, etc). 
As negociações que se efetuam nesse âmbito intermedeiam interesses que muitas vezes 
passam ao largo do sistema partidário e do parlamento. Essa questão esteve na ordem do 
dia quando das negociações desenvolvidas pelas centrais sindicais (CUT, CGT, Força 
Sindical) sobre as emendas constitucionais relativas à reforma da previdência social no 
Congresso Nacional.”¹¹ 
 
 
Esta citação aponta a importância que as centrais sindicais têm na representação 
da sociedade frente ao governo, e o fortalecimento dos laços com esta mesma sociedade 
independente de partido político. 
Por terem essa importância, é fato que mais cedo ou mais tarde esta forma de 
“poder paralelo” exercido pelos grupos (apesar de ainda haver certo preconceito e 
desconfiança de alguns estadistas sobre suas ações), acabará sendo disciplinada e 
possivelmente alojada em organismo político legal, como já ocorre com os lobbyist em 
outros países, onde esta atividade já é regulada. 
 
“A lei reconheceu legítimo o trabalho dos grupos de interesses e do mesmo passo 
trouxe uma série de disposições restritivas, obrigando todos os Lobbyisten a se 
registrarem na Câmara dos Representantes e na Secretaria do Senado, a revelarem a 
origem das somas empregadas no exercício de influência, bem como a dar conta da 
publicidade dos propósitos do grupo e das quantias gastas com a advocacia legislativa 
no Congresso.”¹² 
 
Nos Estados Unidos onde foi dado o primeiro passo para esse meio de legalização 
da atividade de lobby, funcionam empresas providas das mais altas tecnologias com 
 Página 12 
 
escritórios onde os lobbyist podem realizar sua função contando com a orientação de 
especialistas, pesquisadores e marqueteiros sempre pronta para esclarecer qualquer 
orientação necessária para o assessoramento do parlamentar objeto de pressão do grupo. 
Esta legalização da atividade do lobbyist asseguraria uma forma de identificação 
pública das pessoas ligadas a esta atividade, bem como disciplinaria a mesma já que é 
vista por alguns como uma atividade desenfreada devido as exorbitantes pressões dentro 
do processo político. 
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No presente artigo vemos a importância que o homem exerceu no processo 
democrático e a consequência disto no processo político, desde quando se iniciou a vida 
em sociedade até os dias mais atuais o que vemos são pessoas que reclamam do 
governo, das leis, mas que em um determinado momento passaram a exercer uma 
função para modificar essas insatisfações, assim podemos dizer que os grupos de 
pressão, categoria formada por estes indivíduos insatisfeitos, revolucionou o processo 
democrático exercendo a função de “um porta voz” da sociedade frente ao Estado uma 
espécie de complemento ao poder político já existente. De fato muitas conquistas foram 
providas destas ações o que nos leva a considerar que se não fosse por essa pressão 
exercida pelos grupos muita lei ainda estaria em tramitação e muitos benefícios que 
foram obtidos com essa forma de reivindicação talvez nem estivessem em pauta no 
Poder Legislativo. 
O povo que se sentia ausente, tendo como participação política apenas o poder de 
seu voto, hoje ocupa uma posição de real participante podendo de certa forma contribuir 
com o processo decisório através de suas associações sentindo-se assim num ambiente 
democrático, o que reforça o fato de que não podemos ignorar a ação e a existência 
destes grupos e sim torcer para que uma regulação ocorra a ponto de mantermos uma 
sociedade e uma política equilibrada onde todos sairão ganhando. 
8 – BIBLIOGRAFIA 
ARISTÓTELES, A política. 2ºedição. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
BONAVIDES, Paulo. Do estado Liberal ao Estado Social 8°edição. Malheiros 2007.
 Página 13 
 
MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. 
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich – O manifesto Comunista. Instituto José Luis e Rosa. 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política. 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos, 2002. 
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas. 
BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. 
STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e Teoria do Estado. 6ºedição. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

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