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Universidade Federal de Viçosa Departamento de Biologia Animal BAN 100 – Zoologia Geral Phylum Annelida Prof. Larissa Lacerda Moraes O filo Annelida (do latim annulus = anéis) é representado pelos vermes segmentados, tais quais as minhocas, sanguessugas e poliquetos. É um filo grande, com cerca de 15.000 espécies, sendo que os mais familiares são as minhocas (terrestres e de água doce) e as sanguessugas. Embora os poliquetos não estejam entre os mais conhecidos publicamente, representam mais de 2/3 dos anelídeos atuais, atingido as 10.000 espécies. Os anelídeos são celomados verdadeiros e pertencem à linhagem dos protostômios. Constituem um grupo altamente desenvolvido em que o sistema nervoso é mais centralizado, consiste de glânglios cerebrais e um par de conectivos anteriores em torno do intestino e um longo cordão nervoso ventral, simples ou duplo, com gânglios e nervos laterais em cada segmento. Apresetam, como característica marcante, o corpo formado por segmentos compartimentalizados, organizados numa série linear e delimitados externamente por sulcos circulares, os ânulos (que dá nome ao filo). Internamente, a segmentação (ou metameria) também ocorre, havendo disposição repetitiva dos órgãos e sistemas em cada metâmero, sendo estes, delimitados pelos septos. A metameria não é característica exclusiva dos anelídeos, visto que também ocorre nos artrópodes. Com exceção das sanguessugas, os anelídeos apresentam cerdas como ferramenta de auxílio na locomoção. As cerdas são estruturas quitinosas delicadas que se fixam ao substrato, impedindo o deslocamento para trás. Anelídeos marinhos natantes possuem cerdas longas, capilares, que auxiliam na natação. No caso dos animais tubícolas, essas estruturas auxiliam na manutenção do animal dentro tubo. Podem ser encontrados em ambientes os mais variados, podendo haver ainda espécies cosmopolitas. Poliquetos são tipicamente marinhos, sendo a maioria bentônicos, enquanto que minhocas e sanguessugas ocorrem principalmente no solo e em águas continentais. O anelídio típico apresenta um prostômio anterior, corpo segmentado e uma porção terminal, o pigídio, onde se situa o ânus. Prostômio e pigídio não são considerados metâmeros. Durante o desenvolvimento e crescimento do animal, novos metâmeros são formados à frente do pigídio, sendo os metâmeros anteriores mais velhos que os posteriores. A locomoção dos animais (com exceção das sanguessugas) é realizada através da movimentação do líquido celomático, que funciona como um esqueleto hidráulico. Esse esqueleto é acionado pela contração de músculos circulares e longitudinais que, ao se contraírem alternadamente, alongam (músculos circulares) ou alargam (músculos longitudinais) o corpo, formando ondas de contração peristáltica. As formas nadadoras se locomovem por movimentos ondulatórios ao invés de contrações peristálticas. Na maioria dos anelídeos, o desenvolvimento do celoma ocorre a partir de divisão do mesoderma a cada lado do tubo digestivo (esquizocelia), formando um par de compartimentos celomáticos em cada segmento. O peritônio (epitélio mesodérmico) é a membrana que reveste a parede interna do corpo e dá origem ao mesentério (dorsal e ventral) que reveste todos os órgãos. Peritônios de segmentos adjacentes foram os septos. Os septos são traspassados pelo trato digestivo e pelos vasos sanguíneos longitudinais dorsal e ventral. O trato digestivo dos anelídeos é simples e retilíneo, inicia- se na boca (prostômio) e termina no ânus (pigídio). Além dessas características, os anelídeos possuem metanefrídeos para a excreção e possuem sistema circulatório fechado. O filo Annelida possui três classes: - Polichaeta (poliquetos nereídeos, sabelídeos, polinoídeos arenícolas, etc.); - Oligochaeta (minhocas, minhocoçus, ect.); - Hirudinea (sanguessugas). Classe Polichaeta A classe Polichaeta é compreendida por vermes segmentados principalmente marinhos, com mais de 10.000 espécies. Alguns são extremamente coloridos (com vermelhos e verdes) enquanto outros são opacos ou iridescentes. A maioria corresponde a vermes pequenos, de 5 a 10 cm de comprimento, mas algumas espécies podem chegar a 3 metros. Vivem sob pedras, fendas de corais, conchas abandonadas, no lodo ou na areia enquanto outros constroem tubos ou são planctônicos. Os poliquetos diferem dos demais anelídeos por apresentarem uma região cefálica bem diferenciada, com estruturas sensitivas especializadas. A maioria dos metâmeros possui apêndices carnosos pares, os parapódios. Esses apêndices dão suporte às cerdas, que, geralmente, estão dispostas em feixes. Podem ser utilizados tanto para rastejamento, natação e ancoragem (dentro dos tubos) como para respiração, sendo que na maioria das espécies é o principal órgão respiratório. Alguns poliquetos também apresentam brânquias para respiração. Alguns são predadores e possuem probóscides eversíveis podendo ter mandíbulas quitinosas ou dentículos e outros são tubícolas filtradores e possuem radíolos (projeções do prostômio) para captura de detritos e plâncton. Esses animais não possuem clitelo, e seus órgãos reprodutores não são permanentes. Geralmente são dióicos (sexos separados) e os gametas são liberados do peritônio para o celoma. Do celoma, os gametas seguem para o exterior através de gonodutos, metanefrídios ou pelo próprio tegumento. A fecundação é externa. Epitoquia: fenômeno comum em alguns poliquetos em que há diferenciação de parte do corpo no chamado epítoco. O epítoco é compostos por metâmeros repletos de gametas (masculinos e femininos separadamente) que se desprendem do corpo e provocam o chamado enxameamento, estratégia reprodutiva em que ocorre maturação sincrônica de todos os epítocos, garantindo a fecundação de um grande número de óvulos. A porção do corpo de onde se desenvolve o epítoco é chamada de átoco. Poliqueto rastejante. © Hans Hillewaert Poliqueto tubícola com radíolos. © Hans Hillewaert Detalhe de um poliqueto tubícola. © Hans Hillewaert Classe Oligochatea A classe Oligochaeta é composta pelas minhocas, minhocuçus e por vermes menos conhecidos, os oligoquetos límnicos. Somam cerca de 3.000 espécies e ocupam os mais variados ambientes. A maioria das formas são terrestres ou dulcícolas, algumas são parasitas e outras são de ambiente marinho ou salobro. São animais que possuem cerdas em número inferior às observadas nos poliquetos. Os oligoquetos mais comuns e fáceis de se observar são as minhocas. Elas possuem hábito terrestre e são escavadoras de solos úmidos e férteis, construindo extensas galerias, o que favorece a aeração e revolvimento do solo. A organização do corpo seguem o padrão básico dos Annelida, com algumas especificidades. A maioria das minhocas é saprófaga (se alimentam de matéria orgânica em decomposição). Ao ingerirem o alimento pela ação da faringe musculosa este se desloca através do esôfago para o papo, onde é armazenado temporariamente. Ao longo do esôfago, destacam-se as glândulas calcíferas, responsáveis pela regulação de cálcio no sangue e controle do pH corporal. Em seguida atinge a moela, local onde ocorre a digestão mecânica. No intestino, a digestão e a absorção de nutrientes. Na parede dorsal do intestino existe uma prega ao longo de toda a sua extensão, o tiflossole, que aumenta consideravelmente a superfície digestiva e de absorção de nutrientes, função semelhante à dos cecos intestinais, expansões laterais do intestino. Os dejetos são eliminados pelo ânus. Nas minhocas, os parapódios estão ausentes e a respiraçãoé exclusivamente cutânea. O sistema circulatório é mais complexo que qualquer outro filo estudado até o momento. Os vasos sanguíneos longitudinais percorrem toda a extensão do corpo do animal, e formam os arcos aórticos (cinco pares – “corações”) que apresentam paredes musculares para bombeamento e manutenção do fluxo sanguíneo (circulação fechada). As minhocas são organismos monóicos (hermafroditas) que realizam cópula para reprodução, não havendo autofecundação. A cópula ocorre normalmente em noites quentes e úmidas e os espermatozóides de um indivíduo são passados para o outro, de forma recíproca e alojados nos receptáculos seminais. Depois da separação dos vermes, forma-se um tubo mucoso ao redor do clitelo, o casulo, que se desloca para a região anterior para receber os óvulos e o esperma armazenado nos receptáculos seminais. A fecundação ocorre dentro do casulo e este é depositado no solo. O desenvolvimento é direto. Minhoca. Minhocuçu. http://mundodasminhocas.blogspot.co m.br/2010/07/minhocucu.html Verme límnico, Tubifex. http://www.axolotlonline.com . Classe Hirudinea As sanguessugas são, em sua maioria, de água doce, embora algumas espécies habitem o ambiente marinho e até o solo úmido. Medem normalmente de 2 a 6 cm de comprimento, sendo que uma espécie amazônica pode atingir 30 cm. Possuem metameria fixa na maior parte do grupo (34 metâmeros), porém, externamente o grande número de ânulos passa a falsa ideia de possuírem muito mais segmentos. Muitas sanguessugas são predadoras hematófagas e se alimentam através de uma probóscide, em que placas quitinosas (“mandíbulas”) podem estar presentes para cortar a pele da presa. Outras são carnívoras e se alimentam de pequenos invertebrados e também há espécies saprófagas. São mais especializadas do que as minhocas. Na condição de hematófagas e sugadoras de fluidos, perderam cerdas usadas na locomoção e desenvolveram ventosas para a fixação enquanto sugam o sangue da presa. São duas as ventosas, uma anterior (oral), ao redor da boca e outra posterior, maior e deslocada para região ventral (o ânus, devido à posição da ventosa, está posicionado na região dorsal). Esses vermes possuem respiração cutânea, exceto algumas sanguessugas de peixes que possuem brânquias, e a excreção é realizada por meio de nefrídeos. Com relação à circulação, o celoma é reduzido (preenchido por tecido conjuntivo) a um sistema de seios e canais celomáticos e atua como auxiliar do sistema vascular sanguíneo. Em outros grupos, os vasos estão ausentes, e os seios celomáticos formam o sistema vascular. Com relação à reprodução, as sanguessugas também são hermafroditas e praticam feucndação cruzada assim como as minhocas. O clitelo também está presente, mas só é formado durante o período reprodutivo. Sanguessua. ©Chris Schuster Sanguessuga amazônica. http://leechtherapy.org
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