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Literatura Aula 06 apostila modernismo II

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Aula 06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obras principais: 
- Libertinagem 
- Estrela da Vida Inteira 
 
Testamento 
O que não tenho e desejo 
É o que melhor me enriquece 
Tive uns dinheiros – perdi-os... 
Mas no maior desespero 
Rezei: ganhei essa prece. 
Vi terras da minha terra 
Pro outras terras andei 
Mas o que ficou marcado 
No meu olhar fatigado, 
Foram terras que inventei. 
(...) 
Criou-me desde eu menino 
Para arquiteto meu pai. 
Foi-se-me um dia a saúde ... 
Fiz-me arquiteto? Não pude! 
Sou poeta menor, perdoai! 
 
Pneumotórax 
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturno. 
A vida inteira que podia ter sido e que não foi. 
Tosse, tosse, tosse. 
 
Mandou chamar o médico 
- Diga trinta e três. 
 
 
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três... 
- Respire 
- O senhor tem uma escavação no pulmão 
esquerdo e o pulmão direito infiltrado. 
- Então, doutor, não é possível tentar o 
pneumotórax? 
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango 
argentino. 
 
Vou-me Embora pra Pasárgada 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive 
 
E como farei ginástica 
Andarei de bicicleta 
Montarei em burro brabo 
Subirei no pau-de-sebo 
Tomarei banhos de mar! 
E quando estiver cansado 
Deito na beira do rio 
Mando chamar a mãe-d'água 
 
Pra me contar as histórias 
Que no tempo de eu menino 
Rosa vinha me contar 
Vou-me embora pra Pasárgada 
 
Em Pasárgada tem tudo 
É outra civilização 
Tem um processo seguro 
De impedir a concepção 
Tem telefone automático 
Tem alcalóide à vontade 
Tem prostitutas bonitas 
Para a gente namorar 
 
E quando eu estiver mais triste 
Mas triste de não ter jeito 
Quando de noite me der 
Vontade de me matar 
— Lá sou amigo do rei — 
Terei a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada. 
 
 
 
 
 
 
 
Poemas das Sete Faces 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai Carlos! ser gauche na vida. 
(...) 
Mundo mundo vasto mundo, 
se eu chamaste Raimundo 
seria uma rima, não seria uma solução. 
Mundo mundo vasto mundo, 
Mais vasto é meu coração. 
 
Mãos dadas 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes 
esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos 
dadas. 
(...) 
 
 
Confidência do itabirano 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Pó isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade 
e comunicação 
 
 
Procura da Poesia 
Não faças versos sobre acontecimentos 
Não há criação nem morte perante a poesia 
Diante dela, a vida é um sol estático, 
Não aquece nem ilumina. 
As afinidades, os aniversários, os incidentes 
pessoais não contam. 
Não faças versos com o corpo, esse excelente 
e confortável 
Corpo, tão intenso à efusão lírica 
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor 
no escuro 
São indiferentes. 
Nem me reveles teus sentimentos 
Que se prevalecem do equívoco e tentam a 
longa viagem. 
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia 
( ... ) 
Chega mais perto e contempla as palavras 
Cada uma 
Tem mil faces secretas sob a face neutra (...) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Motivo 
Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa. 
Não sou alegre nem sou triste: 
sou poeta. 
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias 
no vento. 
Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
– não sei, não sei. Não sei se fico 
ou passo. 
Sei que canto. E a canção é tudo. 
Tem sangue eterno a asa ritmada. 
E um dia sei que estarei mudo: 
mais nada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Soneto de Fidelidade 
De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento 
 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
 
A rosa de Hiroxima 
Pensem nas crianças 
Mudas telepáticas 
Pensem nas meninas 
Cegas inexatas 
 
 
Pensem nas mulheres 
Rotas alteradas 
Pensem nas feridas 
Como rosas cálidas 
Mas oh não se esqueçam 
Da rosa da rosa 
Da rosa de Hiroxima 
A rosa hereditária 
A rosa radioativa 
Estúpida e inválida 
A rosa com cirrose 
A anti-rosa atômica 
Sem cor sem perfume 
Sem rosa sem nada. 
 
 
Soneto De Separação 
De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto 
 
De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama 
 
De repente não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente 
 
Fez-se do amigo próximo, distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente 
 
Exercícios 
 
01. Leia as estrofes abaixo, de Vinícius de 
Moraes, e a afirmação que as segue. 
 
01. "Uma lua no céu apareceu 
02. cheia e branca; foi quando, emocionada 
03. a mulher a meu lado estremeceu 
04. e se entregou sem que eu dissesse nada. 
05. Larguei-as pela jovem madrugada 
06. ambas cheias e brancas e sem véu 
07. perdida uma, a outra abandonada 
08. uma nua na terra, outra no céu." 
 
Por meio de versos ....... em que é a perceptível 
um lirismo ........ , típico de sua poesia, Vinícius 
de Moraes aproxima a mulher e a lua, 
fundindo-as, em alguns momentos, como 
acontece no verso de número .... . 
Assinale a alternativa que preenche 
corretamente as lacunas acima. 
 
(A) octassílabos - amoroso – 06 
(B) heptassílabos - social – 07 
(C) decassílabos - moralizante – 08 
(D) octassílabos - despojado – 07 
(E) decassílabos - sensual - 06 
 
 
 
 
02. Leia o poema abaixo, “Valsa”, de Cecília 
Meireles. 
“Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos 
antigos e nas tuas antigas palavras. 
O vento trouxe de longe tantos lugares em que 
estivemos, 
Que tornei a viver contigo enquanto o vento 
passava. 
Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto 
e modelou tua voz entre as algas. 
Eu moro, desde então, nas pedras frias que o 
céu protege e estudo apenas o ar e as águas. 
Coitado de quem pôs sua esperança nas praiasfora do mundo... 
- Os ares fogem, viram-se as águas mesmo as 
pedras, com o tempo, mudam.” 
 
Em relação ao poema, considere as seguintes 
afirmações. 
I. As imagens são construídas sobre três 
constantes cecilianas: oceano, espaço, solidão. 
II. Os elementos da natureza simbolizam a 
fugacidade da existência, cuja culminância se 
expressa no último verso. 
III. O vento reconstitui o amor do passado, as 
pedras frias simbolizam a solidão do presente. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas II e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
03. O primeiro quadro, a seguir, apresenta 
quatro fragmentos de poemas da obra de 
Manuel Bandeira; o segundo, comentários 
sobre três desses fragmentos. Associe 
corretamente o primeiro ao segundo quadro. 
1- Vi ontem um bicho / Na imundície do pátio / 
Catando comida entre os detritos /[...] O bicho, 
meu Deus, era um homem. 
2- Em ronco que aterra / berra o sapo boi: / -“ Meu 
pai foi à guerra!” / - “Não foi!” / - “Foi!” – “Não 
foi!” 
3- Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha 
do horizonte? – O que eu vejo é o beco. 
4- Bão balalão, / Senhor Capitão, / Tirai este peso / 
Do meu coração. 
 
(_) A busca por uma poética da simplicidade é 
evidenciada na presença de formas e 
composições populares. 
(_) O poeta aproxima a subjetividade e a 
experiência social. 
(_) O eu lírico debocha do excesso de 
formalismo dos poetas parnasianos. 
 
(A) 3 – 1 – 4. 
(B) 4 – 1 – 2. 
(C) 4 – 3 – 1. 
(D) 3 – 4 – 2. 
(E) 2 – 3 – 1. 
 
Instrução: leia o poema abaixo para responder 
à questão 04. 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é 
porosidade e comunicação. 
 
 
A vontade de amar, que me paralisa o 
trabalho, 
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem 
mulheres e sem horizontes. 
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana. 
 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora 
te ofereço: 
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, 
este São Benedito do velho santeiro Alfredo 
Duval; 
este couro de anta, estendido no sofá da 
sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa... 
 
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. 
Hoje sou funcionário público. 
Itabira é apenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói! 
 
(Andrade, C. D. Poesia Completa. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 1983) 
 
04. Carlos Drummond de Andrade é um dos 
expoentes do movimento modernista 
brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo 
na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as 
inquietações e os dilemas humanos. Sua 
poesia é feita de uma relação tensa entre o 
universal e o particular, como se percebe 
claramente na construção do texto literário e 
as concepções artísticas modernistas. Nesse 
sentido, conclui-se que o poema acima 
(A) representa a fase heroica do modernismo, 
devido ao tom contestatório e à utilização de 
expressões e usos linguísticos típicos da 
oralidade. 
(B) apresenta uma característica importante 
do gênero lírico, que é a apresentação objetiva 
de fatos e dados históricos. 
 
 
(C) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” 
e sua comunidade, por intermédio de imagens 
que representam a forma como o sociedade e 
o mundo colaboram para a constituição do 
indivíduo. 
(D) critica, por meio de um discurso irônico, a 
posição de inutilidade do poeta e da poesia em 
comparação com as prendas resgatadas de 
Itabira. 
(E) apresenta influências românticas, uma vez 
que trata da individualidade, da saudade da 
infância e do amor pela terra natal, por meio 
de recursos retóricos pomposos. 
 
05. Todas as alternativas contêm trechos do 
ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA, de Cecília 
Meireles, que tematizam a importância da 
palavra como estruturadora da realidade, 
EXCETO: 
 
(A) Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Todo o sentido da vida 
principia à vossa porta; 
o mel do amor cristaliza 
seu perfume em vossa rosa; 
sois o sonho e sois a audácia, 
calúnia, fúria, derrota... 
 
(B) Como pavões presunçosos, 
suas letras se perfilam. 
Cada recurvo penacho 
é um erro de ortografia. 
Pena que assim se retorce 
deixa a verdade torcida. 
 
 
(C) Liberdade - essa palavra 
que o sonho humano alimenta: 
que não há ninguém que explique, 
e ninguém que não entenda! 
 
(D) Morre a tinta das sentenças 
e o sangue dos enforcados... 
- liras, espadas e cruzes 
pura cinza agora são. 
Na mesma cova, as palavras, 
o secreto pensamento, 
as coroas e os machados 
mentira e verdade estão. 
 
(E) Pelas gretas das janelas, 
pelas frestas das esteiras, 
agudas setas atiram 
a inveja e a maledicência. 
Palavras conjeturadas 
oscilam no ar de surpresas, 
como peludas aranhas 
na gosma das teias densas, 
rápidas e envenenadas, 
engenhosas, sorrateiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
1 – E 2 – E 3 – B 4 – C 5 – C

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