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Ciências Contábeis Abordagens Teóricas da Contabilidade Aula 1 Professor Clecio Steinthaler CONVERSA INICIAL Oi, aluno(a). Tudo bem? Seja bem-vindo à primeira aula de Abordagens Teóricas da Contabilidade. Aqui, vamos estudar a história e a evolução da contabilidade, no mundo e no Brasil. Você já pensou sobre a importância de conhecermos a teoria e a história daquilo que fazemos na prática? Teoria e a Pratica são duas metades que se completam! Acesse a versão online da aula e confira a fala inicial do professor Clecio. CONTEXTUALIZANDO A história nos dá amplitude e visão cultural do que estudamos. Teoria e prática se completam? Toda teoria tem uma prática? Toda prática tem uma teoria? Na prática, a teoria é outra? “Aquele que se enamora da prática, sem a ciência, é como um navegante que entra no navio sem timão ou sem bússola, que jamais tem a certeza de onde vai. Sempre a prática deve ser edificada sobre a teoria.” Leonardo da Vinci A contabilidade e uma área do conhecimento voltada para a prática, porém é necessário conhecer a sua teoria, e quando fazemos a relação entre esses dois lados, conseguimos uma compreensão mais ampla da magnitude. Acesse a versão online da aula e confira o vídeo do professor Clecio sobre estas reflexões! TEMA 1: História e Evolução da Contabilidade Para aprendermos a raciocinar em matéria de contabilidade, é bom conhecê-la desde o início, assim conseguimos uma visão da sua utilidade histórica. A contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está presa às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção e da posse, ou seja, saber o que e quanto se tem, ou ainda, o que e quanto deverá ser entregue a terceiros. No começo da civilização, o registro formal de um bem era representado por um ou mais desenhos, e a sua quantidade era representada pelo número de repetições do mesmo desenho. Esta prática já trazia o conceito de patrimônio. No princípio contábil, cada pessoa passou a controlar a sua própria riqueza individual, surgindo as primeiras necessidades de um registro de controle, mesmo que rudimentar, a fim de que pudesse saber com relativa precisão a sua quantidade de bens, e qual o valor dessa riqueza, para que, após a sua morte, esse legado não fosse dissolvido, mas passado como herança. Essa herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio, cujo termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A origem da contabilidade está no princípio básico da repartição. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor Clecio trata o assunto que estamos vendo. TEMA 2: A Fase Evolutiva da Contabilidade 1º Período: História antiga ou da Contabilidade Empírica Os registros eram feitos em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam 2,5 a 4,5 centímetros, com faces ligeiramente convexas. Esses registros combinavam o figurativo com o numérico: gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. Disponível em: <http://jchistoria.webnode.com.pt/historia-geral/historia-antiga/antiguidade- oriental/mesopot%C3%A2mia/as%20civiliza%C3%A7%C3%B5es%20da%20mesopot%C3%A2 mia%20/>. Acesso em: 05 abr. 2016. Conceitos surgidos nesse período: O agrupamento de itens da mesma espécie deu origem à palavra conta Conceito de “meu” e “seu”, ou seja, o débito como definição de que alguém tem que me pagar, e o crédito como o que eu devo pagar a alguém 2º Período: História Média ou da Sistematização da Contabilidade Foi um período denominado de era técnica, devido às grandes invenções da época e do forte crescimento que houve. Com todo esse crescimento, surgiu a necessidade de um registro formal do dinheiro que se recebia e se pagava. Assim, em 1494, foi publicado o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), de Frei Luca Paciolo, que enfatizava à teoria contábil do débito e do crédito. Surgiu, então, o livro caixa, onde se registravam os recebimentos e os pagamentos. Partida = lançamento contábil Dobrada = um mesmo valor será lançado a débito de uma conta e a crédito de outra conta Enunciado = cada débito sempre corresponde a um crédito de igual valor Conheça mais sobre a vida e a obra de Frei Luca Paciolo: http://lucapacioli-contabilidade.blogspot.com.br/2007/06/luca-pacioli.html 3º Período: História Moderna ou da Literatura da Contabilidade Também é conhecido como fase da pré-ciência. Foi um período de grandes mudanças, que alteraram o mapa mundial: 1453 – os turcos tomam Constantinopla, e vários sábios bizantinos emigram para Itália, principalmente 1492 – descoberta da América 1500 – descoberta do Brasil 1517 – reforma religiosa proposta por Martinho Lutero, que forçou os protestantes emigrarem para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida A contabilidade tornou-se uma necessidade para o controle das inúmeras riquezas que passaram a emigrar de um continente para outro, bem como registrar o potencial econômico que o Novo Mundo representava. 4º Período: Fase Científica da Contabilidade Surgiram três escolas do pensamento econômico contábil. Escola Lombarda (chefiada por Francisco Villa) Escola Toscana (chefiada por Giusepe Cerboni) Escola Veneziana (chefiada por Fábio Bésta) Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor Clecio trata o assunto que estamos vendo. TEMA 3: Escolas do Pensamento Econômico Contábil A Escola Lombarda, de Francesco Villa, foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário. Para ele, a Contabilidade implicava em conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. A Escola Toscana, de Giuseppe Cerboni, seguia este pensamento contábil: “A contabilidade como ramo científico, não só limitada aos seus registros”. Defendia que a entidade era constituída por: proprietário, correspondentes (vinculo comercial) e agentes (colaboradores), estabelecendo, assim, vínculo jurídico entre as pessoas. A Escola Veneziana, de Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, definiu pela primeira vez, em 1923, o patrimônio como objeto de estudo da Contabilidade. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor Clecio trata o assunto que estamos vendo. Tema 4: Escolas da Contabilidade A intensidade das atividades mercantis, econômicas e culturais, que já estudamos em cada período, determinaram o surgimento das Escolas de Contabilidade, da qual vem a base da Contabilidade que conhecemos e praticamos. A primeira escola, que surgiu com o método das partidas dobradas, foi a escola italiana, que desenvolveu várias correntes do pensamento contábil, sendo estes os mais importantes: Escola Contista Primeira corrente do pensamento contábil, relacionava-se aos métodos das partidas dobradas, sendo sua base o mecanismo das contas, ou seja, preocupava-se apenas com o processo de escrituração e suas técnicas. E a base da sua teoriaeram as cinco contas básicas do comércio: mercadorias, dinheiro, contas a Receber, contas a Pagar, e Lucros e Perdas. Esse processo de cinco contas fez surgir o Livro Diário/Razão, de 6 colunas, onde constavam data, detalhes, total, etc. Escola Personalista Foi uma escola contrária ao Contismo, pois deu personalidade às contas para poder explicar as relações de direitos e obrigações. Essa escola defendeu alguns axiomas, cujos conceitos utilizamos até hoje em nossos princípios e convenções contábeis. Escola Neocontista Surgiu no final do século 19, e foi caracterizada pela crítica à Escola Personalista. Defendia que a contabilidade deveria se preocupar com Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido; portanto, sua função seria apenas a quantificação e o acompanhamento de tais valores, sem questionar a sua personalificação. Escola Controlista Idealizada por Fábio Besta, no século 18, sua preocupação foi distinguir a administração geral da administração econômica, uma vez que a primeira se refere a governar os negócios, e a segunda a administrar o patrimônio para gerar riquezas. Sua principal característica foi defender que o objeto de estudo da contabilidade era o controle econômico, e atacava violentamente a escola personalista. Nessa escola, foram classificadas as funções de controle econômico (ou de contabilidade) conforme o momento em que ocorriam: Antecedentes – contratos, estatutos, regulamentos, atas, inventários, etc. Concomitantes – controles que se caracterizam pela vigilância das tarefas determinadas para cada pessoa Subsequentes – exame dos fatos em seus aspectos jurídicos e econômicos, ou seja, o confronto entre o que foi realizado com o que deveria ter sido feito Escola Aziendalista Dirigiu seus estudos para as aziendas (conjunto de bens materiais, direitos e obrigações que formam o patrimônio), colocando em um só plano a gestão, a organização e a Contabilidade, pois não admitia o estudo científico da Contabilidade sem o conhecimento simultâneo das doutrinas que formam a economia aziendal. Assim, defendia que a doutrina da gestão estava voltada para os princípios que servem de auxílio à própria ação administrativa, enquanto a organização estaria voltada para o estudo da constituição e harmonização pessoal da entidade. Escola Patrimonialista Criada no período da contabilidade científica, que obteve reconhecimento mundial, sendo aceita em muitos países, inclusive no Brasil. Os patrimonialistas criticam a Escola Contista, pois defendem que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio, e o seu estudo deve abranger três áreas: Estática patrimonial, que prevê o equilíbrio das contas patrimoniais; Dinâmica patrimonial, que apresenta o patrimônio próprio e de terceiros na aplicação de recursos da entidade; Revelação patrimonial, que apresenta o patrimônio da entidade de maneira quantitativa e qualitativa. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor Clecio trata o assunto que estamos vendo. TEMA 5: Americana – Alemã e a Contabilidade no Brasil Depois dessa viagem histórica pela contabilidade, vamos falar das principais escolas que influenciaram a Contabilidade para nós. Escola americana O início desta escola, a partir do surgimento das grandes corporações, no começo do século XX, foi caracterizado pelo aspecto prático no tratamento de problemas econômico-administrativos. Transformou-se numa das mais importantes e influentes no mundo, ditando regras para o tratamento de questões ligadas a contabilidade de custos, controladoria, análise das demonstrações contábeis, gestão financeira e controle orçamentário, contribuindo decisivamente para a contabilidade gerencial. Escola alemã As correntes doutrinárias surgidas na Alemanha estavam direcionadas para a análise da gestão e da organização das entidades, buscando a sistematização e o princípio dos conhecimentos relativos à vida econômica das empresas. Suas principais colaborações foram: balanço patrimonial – instrumento responsável pela demonstração da situação patrimonial da entidade, que pode fornecer não somente o estado patrimonial, mas os reais resultados do exercício; dinâmica do balanço, que tem por finalidade a apuração do resultado de um exercício. A contabilidade, no Brasil, teve uma das primeiras manifestações da legislação como elemento propulsor do desenvolvimento contábil brasileiro, no Código Comercial de 1850, que instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do balanço geral composto de bens, direitos e obrigações, das empresas comerciais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm Em 1902, surgiu em São Paulo a Escola Prática de Comércio, que criou um curso regular que oficializou a profissão contábil. O Decreto-Lei n. 2627 de 1940 instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo procedimentos para a contabilidade como: 1. Regras para a avaliação de ativos 2. Regras para a apuração e distribuição dos lucros 3. Criação de reservas 4. Determinação de padrões para a publicação do balanço 5. Determinação de padrões para a publicação dos lucros e perdas O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321/72, passou a adotar os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da contabilidade, visando proporcionar interpretações uniformes das demonstrações contábeis. Em 1976, foi publicada a Lei n. 6.404, a nova Lei das S/A, significando uma nova fase para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma definitiva as tendências da Escola Norte-Americana. Em 1981, a Resolução CFC n. 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade, e a Resolução CFC n. 530 disciplinou os Princípios Fundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993, pela Resolução CFC n. 750. 3) Resolução CFC nº 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Resolução CFC nº 530 os Princípios Fundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela Resolução CFC º 750. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir como o professor Clecio trata o assunto que estamos vendo. NA PRÁTICA Você tem um contador na família ou amigo próximo? A sua empresa está amparada por um contador? Pois saiba que este profissional é fundamental na vida prática, tanto de uma pessoa física quanto de uma pessoa jurídica. Assista esta peça publicitária. Em seguida, pesquise: quando é comemorado o dia do contado? https://www.youtube.com/watch?v=N6B9MpRrcy4 SÍNTESE A contabilidade é tão antiga quanto as primeiras civilizações. Sua fase evolutiva foi marcada por 4 grandes períodos: História antiga, Contabilidade empírica, História moderna e Fase científica. Esses períodos trouxeram: conceito de “conta”, repartição, débito e crédito, livro caixa, e partidas dobradas. Houve ainda o surgimento das primeiras escolas do pensamento econômico contábil: escola Lombarda, escola Toscana e escola Veneziana. Por fim, temos as escolas que formam a base do pensamento contábil atual: escola Americana e escola Alemã. Acesse a versão online da aula e confira a fala final do professor Clecio nesta aula.
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