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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Estrutura da Contabilidade Brasileira Aula 3 Professor Edicreia Andrade dos Santos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá, seja bem-vindo a mais uma rota. Nesta rota estudaremos sobre as características da informação contábil. Como já vimos, a informação é a base no processo decisório, dessa forma para manter um padrão de qualidade e relevância são necessárias algumas características indispensáveis para que essas informações possam ser usadas pelos gestores na tomada de decisão. Para uma boa administração as empresas precisam de informações de maneira ágil e relevante. Da mesma forma, a sociedade, os usuários, os investidores e demais interessados necessitam que a divulgação seja pertinente entre as empresas, ou seja, que elas assumam um mesmo posicionamento quanto ao tratamento dos acontecimentos que ocorrem diariamente, permitindo o estabelecimento de bases comparativas. Contextualizando As demonstrações contábeis são organizadas e apresentadas para usuários externos em geral, acerca de seus escopos e obrigações diversas, a qual busca fornecer informações úteis para a tomada de decisão e avaliações por parte dos gestores, ou seja, dos usuários da informação contábil, ela não tem finalidade de atender uma necessidade específica de um determinado grupo de usuários, ela busca atender a todos de maneira geral. Para padronizar e estabelecer um nível adequado das informações foi criada a Estrutura Conceitual básica para as demonstrações contábeis, a qual estabelece conceitos que fundamentam a elaboração e a apresentação das demonstrações contábeis destinadas aos usuários externos. Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a preparação e apresentação de demonstrações contábeis destinadas a usuários externos. Tem como finalidade: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos e à revisão de Pronunciamentos existentes quando necessário; dar suporte aos responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na aplicação dos Pronunciamentos Técnicos e no tratamento de assuntos que ainda não tiverem sido objeto de Pronunciamentos Técnicos; auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos Técnicos; apoiar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de informações nelas contidas, preparadas em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos; e proporcionar, àqueles interessados, informações sobre o enfoque adotado na formulação dos Pronunciamentos Técnicos. Para oferecer suporte aos seus usuários a informação contábil, são necessárias algumas características são exigidas para representar a qualidade e a relevância da informação que está sendo disponibilizada aos gestores. A informação contábil-financeira para ser útil precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar (MARTINS et al., 2013). Conforme o CPC 00 R1, a utilidade da informação contábil-financeira é aprimorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Dessa forma, pode-se subdividir as características qualitativas fundamentais da informação contábil em: relevância, materialidade e representação fidedigna e as características qualitativas de melhoria em: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade, conforme representado na Figura 1. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Figura 1. Características qualitativas das demonstrações contábeis Fonte: Autor (2016) Vamos estudar mais detalhadamente a respeito de cada uma e dos custos ocasionados para a geração dessas informações. Pesquise Tema 1 – Características Qualitativas Fundamentais: Relevância. As normas IFRS (International Financial Reporting Standard) representam o conjunto de padrões internacionais de contabilidade, editadas pelo IASB (International Accounting Standard Board), e são de grande relevância para o auxílio aos usuários das informações contábeis na tomada de decisões administrativas. Sua elaboração foi influenciada por vários objetivos, sendo um deles a melhora na qualidade da informação contábil a nível internacional. Estudos seminais que vão desde a monografia de Paton e Littleton, em 1940 até a aprovação da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis do IASB (1989), auxiliaram na elaboração de padrões contábeis em diversos países. Sua finalidade consiste em prover informações úteis e relevantes para os mais diversos usuários. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Outras pesquisas, como a de Most (1982), enfatizam que a informação contábil de qualidade quando útil para os usuários, sejam estes experientes ou novatos, deve apresentar neutralidade, constância representacional, e ser verificável. Complementarmente, Schroeder; Clark e Cathey (2005) ressaltam que uma informação de qualidade deve necessariamente ter compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade. A relevância de uma informação contábil de qualidade é destacada por Hendriksen e van Breda (1999) como uma das alternativas de reduzir a incerteza, e o regime legal adotado pelas organizações é visto como uma forma de aperfeiçoar a qualidade da informação contábil e reduzir a assimetria de informação entre investidores e administração das companhias. A informação contábil-financeira precisa ser relevante. Uma informação relevante é aquela capaz de fazer a diferença nas decisões a serem tomadas pelos gestores. Essa informação será capaz de fazer diferença no processo decisório se apresentar um valor preditivo, valor confirmatório ou os dois valores. A informação possui valor preditivo se ela puder ser empregada como dado de entrada em processos agregados pelos usuários para predizer futuros resultados, ela não precisa ser uma predição ou uma projeção para que possua valor preditivo. O valor preditivo é a qualidade da informação que ajuda os usuários a aumentarem a probabilidade de prever corretamente o resultado de eventos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 passados ou presentes. O valor como feedback a informação desempenha um papel importante em termos de confirmação ou correção de expectativas anteriores. Raramente decisões são tomadas isoladamente. A informação a respeito do resultado de uma decisão, frequentemente, é um dado crucial para a tomada da decisão seguinte. Esse tipo de informação é denominado feedback. A informação desempenha um papel importante em termos de confirmação ou correção de expectativas anteriores. Raramente decisões são tomadas isoladamente. A informação a respeito do resultado de uma decisão, frequentemente, é um dado crucial para a tomada da decisão seguinte. Esse tipo de informação é denominado feedback. A oportunidade aborda que a informação não pode ser relevante quando não é oportuna, ou seja, deve estar disponível a um indivíduo que deseja tomar uma decisão antes de perder sua capacidade de influenciar a decisão. A informação contábil também pode ser material se a sua omissão ou sua publicação distorcida puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na informação gerada acerca de empresa específica que a reporta. Dessa forma, não se pode explicitar um limite quantitativouniforme para materialidade ou predeterminar o que seria julgado material para uma situação particular. A materialidade é considerada como limite de reconhecimento, segundo o FASB (1980), decisões materiais são inicialmente quantitativas. A materialidade importa um conceito permeável que se relaciona às características, especialmente, da relevância e da confiabilidade. A Materialidade e a Relevância são definidas em termos de influência ou diferença para um responsável pelas decisões, mas os dois termos podem ser distintos (FASB, 1980). Os conceitos de Materialidade e Relevância não podem ser confundidos, pois algo por ser material quanto ao valor, isoladamente considerado, e irrelevante, embora tal condição seja rara; entretanto, um valor de certo atributo pode ser pequeno em si, sendo caracterizado imaterial, mas relevante quanto às tendências que possa apontar (FASB, 1980). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Para Hendriksen e Van Breda (1999), uma das responsabilidades do contador, no processo de divulgação financeira, é a sintetização dessa massa de dados de maneira que faça sentido para os usuários dos relatórios. Um excesso pode confundir tanto quanto sua falta. A convergência de Normas Internacionais de Contabilidade, também conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS), implica em alterações relevantes à qualidade da informação contábil destinada à profissionais da área; investidores e analistas do mercado financeiro; ou ainda, interessados afins. Este cenário confere flexibilidade e subjetividade às interpretações, reconhecimento e mensuração nas demonstrações financeiras, cedendo às regras tradicionalmente utilizadas e prevalecendo a adoção aos princípios (CPC 00R1, 2011). Podemos citar como exemplo segundo o CPC 00 R1 (2011), a informação sobre receita para o ano corrente, a qual pode ser empregada como base para predizer receitas para anos futuros, também pode ser confrontada com predições de receita para o ano corrente que foram feitas nos anos anteriores. Os resultados dessas conferições podem auxiliar os gestores a ajustarem e a aperfeiçoarem os procedimentos que foram utilizados para fazer tais predições (CPC 00 R1, 2011). Tema 2 – Características Qualitativas Fundamentais: Representação Fidedigna. A informação contábil-financeira, para ser útil, não tem só que envolver um fenômeno relevante como já vimos, ela tem também que conceber com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Para a informação ser fidedigna, a realidade retratada da informação precisa ser: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 A representação da realidade econômica completa precisa incluir toda a informação imprescindível para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado, abrangendo todas as descrições e explicações necessárias, para alguns itens, uma representação completa pode levar em conta ainda explicações de fatos expressivos sobre a qualidade e a natureza desses itens, fatos e situações que podem afetar a qualidade e a natureza delas, e os procedimentos empregados para produzir os números retratados (CPC 00 R1). A representação fidedigna não significa exatidão em todos os sentidos, um retrato da realidade econômica livre de erros significa que não há erros ou omissões no fenômeno retratado, e que o processo utilizado, para produzir a informação reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros. Nesse sentido, um retrato da realidade econômica livre de erros não significa algo perfeitamente exato em todos os sentidos (CPC 00 R1). As características qualitativas de melhoria precisam ser maximizadas na extensão possível. Entretanto, as características qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo, não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação fidedigna. A aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem preestabelecida. Algumas vezes, uma característica qualitativa de melhoria pode ter que ser diminuída para maximização de outra característica qualitativa. Por exemplo, a redução temporária na comparabilidade como resultado da aplicação prospectiva de uma nova norma contábil-financeira pode ser vantajosa para o aprimoramento da relevância ou da representação fidedigna no longo prazo. Completa Neutra Livre de erro CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Divulgações apropriadas podem parcialmente compensar a não comparabilidade (CPC 00 R1). Por exemplo, a estimativa de preço ou valor não observável não pode ser qualificada como sendo algo exato ou inexato. Entretanto, a representação dessa estimativa pode ser considerada fidedigna se o montante for descrito claramente e precisamente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações do processo forem devidamente reveladas, e nenhum erro tiver sido cometido na seleção e aplicação do processo apropriado para desenvolvimento da estimativa (CPC 00 R1). A representação fidedigna, por si só, não resulta necessariamente em informação útil. Por exemplo, a entidade que reporta a informação pode receber um item do imobilizado por meio de subvenção governamental. Obviamente, a entidade ao reportar que adquiriu um ativo sem custo retrataria com fidedignidade o custo desse ativo, porém essa informação provavelmente não seria muito útil (CPC 00 R1). Outro exemplo mais sutil seria a estimativa do montante por meio do qual o valor contábil do ativo seria ajustado para refletir a perda por desvalorização no seu valor. Essa estimativa pode ser uma representação fidedigna se a entidade que reporta a informação tiver aplicado com propriedade o processo apropriado, tiver descrito com propriedade a estimativa e tiver revelado quaisquer incertezas que afetam significativamente a estimativa. Entretanto, se o nível de incerteza de referida estimativa for suficientemente alto, a estimativa não será particularmente útil. Portanto, a relevância do ativo que está sendo representado com fidedignidade será questionável. Se não existir outra alternativa para retratar a realidade econômica que seja mais fidedigna, a estimativa nesse caso deve ser considerada a melhor informação disponível (CPC 00 R1). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 De forma resumida, a representação fidedigna é a capacidade de assegurar, por meio do consenso, que a informação representa o que se destina a representar, ou que o método de mensuração foi utilizado sem erro ou viés (SFAC 2). Aplicação das Características Fundamentais O processo mais eficiente e mais efetivo para aplicação das características qualitativas fundamentais, sujeito a restrição do custo: Primeiro - identificar o fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil para os usuários - relevância; Segundo - identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria mais relevante se estivesse disponível e que poderia ser representado com fidedignidade; e Terceiro - determinar se a informação está disponível e pode ser representada com fidedignidade. Tema 3 – Características qualitativas de melhoria: comparabilidade e verificabilidade. Para que a informação seja relevante, fidedigna precisa ser comparável e verificável. A comparabilidade é a característica qualitativa, a qual permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles, ela requer no mínimo dois itens, pois as decisões tomadas pelos usuários,implicam escolhas entre alternativas, como, vender ou manter um investimento, ou investir em uma empresa ou noutra. Logo, a informação acerca da empresa que divulga a informação será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras empresas e com informação similar sobre a mesma empresa para outro período ou para outra data. As decisões tomadas pelos usuários, implicam escolhas entre alternativas, como, vender ou manter um investimento, ou investir em uma CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 empresa ou noutra. Logo, a informação acerca da empresa que divulga a informação será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras empresas e com informação similar sobre a mesma empresa para outro período ou para outra data. A consistência, apesar de estar relacionada com a comparabilidade, não possui o mesmo significado, ela refere-se ao uso das mesmas técnicas para os mesmos itens, tanto de um período para outro considerando a mesma empresa, a qual divulga a informação, quanto para um único período entre empresas. Dessa forma, a comparabilidade é o objetivo, a consistência auxilia a alcançar esse objetivo, dessa forma, para que uma informação seja comparável, fatos iguais necessitam parecer iguais e fatos diferentes necessitam parecer diferentes. A comparabilidade da informação contábil não é aperfeiçoada ao se fazer com que fatos diferentes pareçam iguais ou ainda ao se fazer fatos iguais parecerem diferentes. É possível conforme o CPC 00 R1 (2011), obter por meio da satisfação das características qualitativas fundamentais algum grau de comparabilidade. A representação fidedigna de um fato econômico relevante precisa possuir espontaneamente algum grau de comparabilidade com a representação fidedigna de fenômeno econômico relevante similar de outra entidade que reporta a informação, muito embora um fato econômico singular possa ser concebido com fidedignidade de múltiplas formas. A discricionariedade na escolha de métodos contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999) Como qualidade secundária da informação tem-se a Comparabilidade que interage com a Relevância e a Confiabilidade para contribuir para a utilidade da informação. A característica da Comparabilidade compreende as características de Uniformidade e Consistência. Na Comparabilidade a utilidade da informação é significativamente ampliada quando apresentada de maneira que permita comparar uma entidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 à outra, ou à mesma entidade em outras datas (FASB, 1980). Assim, a Comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhecimento da evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa mesma Entidade ou em diversas Entidades, ou a situação destas num momento dado, com vista a possibilitar-se o conhecimento das suas posições relativas (CFC, 1995). Ainda para o FASB (1980), o propósito da comparabilidade é identificar e explicar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos, entretanto, a comparabilidade não é uma qualidade da informação no mesmo sentido que são a relevância e a confiabilidade, mas sim uma qualidade da relação entre duas ou mais informações contábeis. A verificabilidade como característica qualitativa de melhoria, ajuda a garantir aos usuários que a informação envolva fidedignamente o fato econômico que se propõe representar, ou seja, significa que distintos observadores, cônscios e independentes, possam chegar a um acordo, embora não possam fundamentalmente a um completo acordo. A informação quantificável não precisa ser um único ponto estimado para ser verificável, uma faixa de possíveis montantes com suas probabilidades respectivas pode também ser verificável. A característica qualitativa verificação pode ser dividida em duas: a direta e a indireta. Direta procura verificar um montante ou outra representação por meio de observação direta, por exemplo a contagem de caixa; Verificação indireta consiste em checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outro procedimento e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação do mesmo método, como exemplo temos a investigação do valor contábil dos estoques por meio da conferição dos dados de entrada com relação à quantidade e os custos, recalculando o saldo final dos estoques. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Dessa maneira, por vezes pode não ser possível verificar algumas explicações e alguma informação contábil-financeira sobre o futuro até que o período futuro seja totalmente alcançado (CPC 00 R1, 2011). Dessa forma, para auxiliar os usuários a decidir se desejam usar tal informação, faz-se necessário noticiar as premissas subjacentes, os procedimentos de obtenção da informação e outros fatores e circunstâncias que suportam tal informação. Segundo o FASB (1980), não é sempre fácil manter uma clara distinção entre Relevância e Confiabilidade, mas essa tem origem em duas características, quais sejam, a Verificabilidade e a Fidelidade de representação. Ainda segundo o FASB (1980), a Neutralidade da informação interage com essas duas características para influenciar a sua utilidade. A Verificabilidade representa a capacidade de assegurar, por meio do consenso entre mensuradores, que a informação representa o que se pretende representar, ou que o método de mensuração foi utilizado sem erro ou julgamento pessoal. Segundo o FASB (1980), uma qualidade desejada de uma medida contábil é poder ter capacidade de ser reproduzida. Hendriksen e Van Breda (1999) alertam que em contabilidade, é importante saber se uma medida pode ou não existir independentemente do mensurador. Segundo os autores, a verificabilidade é um conceito relativo, porque muitos poucos procedimentos resultarão em valores a respeito dos quais muitos contadores concordariam integralmente, sublinhando, ainda, que o grau relativo de verificabilidade não determina, por si só, a confiabilidade do procedimento de mensuração em termos de descrição precisa do atributo que está sendo considerado. Consulte o livro-base desta disciplina, “Contabilidade em Processo: Da escrituração a Controladoria”, da Editora Intersaberes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Tema 4 – Características Qualitativas de Melhoria: Tempestividade e Compreensibilidade. Além das características já vistas da informação ela precisa ser tempestiva e compreensível. A tempestividade das informações, refere-se ao fato de que a informação contábil deva chegar para o usuário em tempo capaz de influenciar na decisão, a fim de que este possa utilizá-la no processo decisório, ou seja, ela tem que estar disponível para os gestores/usuários a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Dessa forma, a informação mais velha é a que terá menos utilidade no processo decisório, contudo, essa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após o encerramento do período contábil, em decorrência dos usuários a utilizarem para identificar e avaliar tendências. A característica qualitativa de tempestividade está associada à velocidade com que as informações contábeis capturam e disponibilizam as alterações de valor da entidade aos usuários (BUSHMAN et al., 2004). Destarte, para que as informações sejam úteis, sua divulgação deve ser realizada em tempo hábil, de modo que o tomador de decisões possa extrair o máximo de utilidade da informação, e esta seja capazde influenciar a tomada de decisão (FASB, 1980). No cenário econômico, a informação é tempestiva quando está associada ao comportamento dos investidores, medido por meio de retorno das ações. Desta forma a divulgação das demonstrações contábeis enquadradas nesta característica refletiriam a realidade econômica de uma empresa rapidamente. Dessa forma, a informação contábil deve ser divulgada na forma mais compreensível possível ao usuário a que se destine. Classificar, caracterizar e proporcionar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível, a compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é publicada, compreendendo desde informações de natureza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Ela deriva da combinação das características dos usuários e as características da informação, servindo de “elo” de ligação entre os responsáveis pela tomada de decisão e a informação contábil. A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é publicada, compreendendo desde informações de natureza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas (CPC 00 R1, 2011). A Compreensibilidade, por sua vez, é influenciada pela combinação das características dos usuários e das características inerentes à informação (FASB, 1980), por isso, a compreensibilidade e outras características específicas do usuário ocupam uma posição na hierarquia das características da informação contábil, representando um elo de ligação entre as características dos tomadores de decisão e a informação contábil. Para o CFC (1995), a informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao usuário a que se destine. Entretanto, a Compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhecimento de Contabilidade e dos negócios e atividades da Entidade, em nível que o habilite ao entendimento das informações colocadas à sua disposição, desde que se proponha analisá-las, pelo tempo e com profundidade necessária (CFC, 1995). O CFC (1995), esclarece, ainda, que a Compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas. Neste sentido, sublinha-se que para Vasconcelos e Viana (2002), as Demonstrações Contábeis não passam de dados elaborados para o leigo em Contabilidade. Segundo as autoras, se o referencial é o profissional da Contabilidade, as Demonstrações, de fato, ganham corpo de informação. Entretanto, se o referencial é o usuário leigo, a mensagem evidenciada nas peças contábeis são meros dados, embora em melhor estado de organização. Assim, tanto a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 informação como a sua expressão e evidenciação são funções do referencial usuário. Não obstante, a qualidade da evidenciação contábil é expressa pelo entendimento da mensagem comunicada na informação. Segundo as autoras, o termo evidenciação é tão somente a face da informação que o usuário percebe, sendo que a eficácia da informação se concretiza quando se converte em decisão. Aplicação das Características de Melhoria A aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem preestabelecida. Uma característica qualitativa de melhoria pode ter que ser diminuída para maximização de outra característica qualitativa. POR EXEMPLO: A redução temporária na comparabilidade como resultado da aplicação prospectiva de uma nova norma contábil-financeira pode ser vantajosa para o aprimoramento da relevância ou da representação fidedigna no longo prazo. Divulgações apropriadas podem parcialmente compensar a não comparabilidade. Tema 5 – Restrição do Custo X Benefício da Informação Contábil. A Relação Custo-Benefício estabelece restrição geral da informação, onde o benefício derivado da informação contábil deverá exceder ao seu custo (FASB, 1980). Hendriksen e Van Breda (1999) alertam que, apesar da aparente simplicidade, é extremamente difícil fazer uma análise custo-benefício de informações contábeis. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 No topo da hierarquia têm-se os tomadores de decisões e suas características, segundo o FASB (1980), cada decisor julga que tipo de informação contábil é útil, sendo esse julgamento influenciado por fatores como a decisão que precisa ser tomada, o processo decisório a ser utilizado, as informações já adquiridas ou que podem ser obtidas em outras fontes e a capacidade do tomador da decisão (sozinho ou com auxílio profissional), para processar a informação. O FASB (1980) ainda salienta que uma informação pode ser adequada para um usuário e não o ser para outro. Com todos esses atributos a serem seguidos na elaboração e divulgação das informações contábeis acarreta em custos, esses custos muitas vezes são supridos pelos benefícios proporcionados pelas informações divulgadas. Os custos da geração da informação, assim como de sua análise, devem ser justificados pelos benefícios da divulgação dessa informação. Há diversos custos incidentes sobre a informação, alguns suportados pela entidade e outros, pelos usuários. Os custos de geração da informação são compostos pela coleta de dados, por seu processamento e pela divulgação do respectivo resultado. Esses custos são suportados principalmente pela entidade, na forma de salários de seu pessoal administrativo, uso de equipamentos e contratação de serviços, mas esses custos também podem ser indiretos, suportados pelos usuários, que na CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 qualidade de investidores irão ter seus retornos (dividendos) reduzidos por conta dos custos suportados pela empresa. O custo para a geração de uma informação sempre será uma restrição que permanecerá presente na empresa no procedimento de elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro, o qual sempre comina custos. Esses custos devem ser justificados pelos benefícios gerados por meio de sua divulgação, conforme aponta o CPC 00 R1 (2011), existem diversos tipos de custos e benefícios a serem considerados. Os fornecedores da informação contábil-financeira comprometem grande parte de seus esforços na coleta, processamento, verificação e disseminação de informação contábil-financeira, mas quem paga por esses custos são os usuários em última instância na forma de retornos reduzidos, além disso incidem em custos de análise e interpretação da informação fornecida (MARTINS et al., 2013). Se a informação exigida não é fornecida, os usuários incidem em custos adicionais de alcance da informação por meio de outras fontes ou estimativa (CPC 00 R1, 2011). Os investidores individuais e os credores também acabam sendo favorecidos com esse processo, o qual gera decisões determinadas na melhor informação. Todavia, não é plausível para relatórios contábil-financeiros de propósito geral fornece toda e qualquer informação os usuários julguem ser relevantes (CPC 00 R1, 2011). Para a aplicação da restrição do custo, deve-se avaliar se os benefícios gerados pela elaboração e divulgação de informação são possivelmente justificados pelos custos incididos para fornecimento e uso dessa informação, na maioria dos casos, as avaliaçõessão fundamentadas na combinação de informação quantitativa e qualitativa. Em função da subjetividade intrínseca ao procedimento, as avaliações de distintos indivíduos acerca dos custos e benefícios da elaboração e divulgação de itens particulares de informação contábil-financeira precisam mudar (CPC 00 R1, 2011). Assim, cabe ao órgão normatizador tomar por base os custos e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 benefícios com relação à elaboração e à divulgação da informação de maneira geral, e não em relação a empresas individuais. Trocando Ideias A elaboração e divulgação do relatório contábil-financeiro que seja relevante e que importe com fidedignidade o que se propõe conceber, ampara os usuários a assumirem decisões com um maior grau de confiança, resultando em funcionamento mais eficiente dos mercados de capitais e em custo menor de capital para a economia como um todo. Quais os impactos que este processo causa na prática do dia a dia? Aproveite a oportunidade para discutir e debater com seus colegas de curso no fórum da disciplina disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Na Prática As demonstrações contábeis são organizadas e apresentadas para usuários externos em geral, acerca de seus escopos e obrigações diversas, a qual busca fornecer informações úteis para a tomada de decisão e avaliações por parte dos gestores. Para que essas informações sejam úteis, algumas características são exigidas: ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. Síntese Como meio de padronizar e estabelecer um nível adequado das informações foi criado a Estrutura Conceitual básica para as demonstrações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 contábeis, a qual estabelece conceitos que fundamentam a elaboração e a apresentação das demonstrações contábeis. A informação tem sua utilidade aprimorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Todo esse processo na geração e divulgação da informação gera um custo, o qual sempre será uma restrição presente na empresa, sendo importante esses custos sejam justificados pelos benefícios gerados pela divulgação da informação. Referências COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.pdf>. Acesso em 10 abril 2016. CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro Disponível em: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf. Acessado em 07 de abril de 2016. CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003. pdf. HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. FASB – SFAC 2 STATEMENT OF FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS. Accounting for Contingencies. Issued: March 1975.
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