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Quadro comparativo - Das Incapacidades 2016

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Quadro comparativo – Das Incapacidades 
Código Civil 
Lei 10.406/2002 (CC/02) Lei 10.406/2002 alterada pela Lei 
13.146/2015 
Art. 3º São absolutamente incapazes de 
exercer pessoalmente os atos da vida Civil: 
I – os menores de dezesseis anos; 
II – os que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário discernimento 
para prática desses atos; 
III – os que, mesmo por causa transitória não 
puderem exprimir sua vontade. 
Art.3º São absolutamente incapazes de 
exercer pessoalmente os atos da vida civil 
os menores de 16 (dezesseis) anos. 
4º São incapazes, relativamente a certos atos, 
ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos; 
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, 
e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III – os excepcionais, sem desenvolvimento 
mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único: A capacidade dos índios será 
regulada por legislação especial. 
4o São incapazes, relativamente a certos 
atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em 
tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; 
IV – os pródigos; 
Parágrafo único. A capacidade dos 
indígenas será regulada por legislação 
especial. 
 
Observações: 
1 – A referida Lei que altera o atual Código, foi sancionada em 06 de julho de 2015 e institui o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. Foi publicada em 07 de julho e entrou em vigor no final do 
mês de dezembro de 2015. 
 
2 – O objetivo do referido Estatuto, segundo as justificativas apresentadas pelo legislador, com a 
qual concordam muitos doutrinadores, foi tutelar a dignidade da pessoa com deficiência. 
 
3 – Com o advento do Estatuto, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa 
absolutamente incapaz que seja maior de idade e, com isso, não haverá mais ação de interdição 
absoluta, pois o menor não precisa ser interditado. 
4 – As pessoas com deficiência, as quais se referia o Código Civil, antes da alteração passam a 
ser consideradas, em regra, plenamente capazes, com o intuito de viabilizar sua inclusão social. 
Neste contexto, o deficiente passa a ter capacidade de direito para: casar-se ou constituir união 
estável, exercer direitos sexuais e reprodutivos, conservar sua fertilidade, sendo vedada a 
esterilização compulsória, exercer o direito à guarda, tutela, curatela e adoção como adotante ou 
adotado, dentre outros diretos. 
Ex: Aplicando-se a letra fria da lei, um indivíduo deficiente e que tenha idade mental calculada 
em 10 anos, sendo faticamente maior de 18 anos, será tão ou mais capaz que outro indivíduo, 
não deficiente, de 17 anos”. 
 
5 – Eventualmente, os deficientes poderão ser enquadrados como relativamente incapazes em 
alguma das hipóteses do art. 4º do CC (em qualquer situação, exceto para a incapacidade 
relativa a idade, será necessário o processo de interdição). 
 
6 – Não obstante as alterações tenham intencionado a inclusão das pessoas com deficiência, o 
que é um justo motivo1, nos chamam a atenção para situações concretas consideradas, no 
mínimo, delicadas, tais como: 
 Os psicopatas, esquizofrênicos e outros, que não podem mais ser considerados 
absolutamente incapazes e podem não se enquadrar como relativamente, se não se 
situarem nas hipóteses do art. 4º (ébrios, toxicômanos, não puderem exprimir 
transitória ou permanentemente sua vontade ou pródigos). Se assim não for, serão 
considerados plenamente capazes. 
Ex: Os sujeitos em estado de coma – absolutamente impossibilitados de 
manifestar vontade – passam a ser relativamente incapazes. 
 O casamento dos deficientes mentais, sem discernimento, passa a ser válido, não 
podendo curadores solicitar o reconhecimento da nulidade do mesmo. 
 José Fernando Simão, criticando a lei, dá diversos exemplos de situações novas e 
já absurdas. A título ilustrativo, segue a seguinte passagem de seu artigo: “Sendo 
o deficiente, o enfermo ou excepcional pessoa plenamente capaz, poderá celebrar 
negócios jurídicos sem qualquer restrição, pois não se aplicam as invalidades 
 
1
 De fato, ela os inclui, jogando-os no grupo dos capazes, isto é, daqueles que não recebem a proteção 
consubstanciada no sistema das incapacidades. Os inclui para desprotegê-los e abandoná-los a sua própria 
sorte? O referido comentário dos juristas Vitor Frederico Kümpel (juiz de Direito em São Paulo e doutor em 
Direito pela USP) e Bruno de Ávila Borgarelli (estudante de Direito da USP e pesquisador jurídico) merece a 
devida reflexão. 
 
. 
 
previstas nos artigos 166, I e 171, I do CC. Com a vigência do Estatuto esse 
contrato passa a ser, em tese, válido, pois celebrado por pessoa capaz. Para sua 
anulação, necessária será a prova dos vícios do consentimento (erro ou dolo) o 
que por exigirá prova de maior complexidade e as dificuldades desta ação são 
enormes. Trouxe, nesse aspecto, o Estatuto alguma vantagem aos deficientes? A 
mim, parece que nenhuma, pois deixou o deficiente a mercê de pessoas sem 
escrúpulos e com maior dificuldade para invalidar negócios jurídicos (...)” 
(Estatuto da Pessoa com Deficiência causa perplexidade – parte I. 
 
7 – Vários foram os reflexos das referidas alterações, em especial, no direito de família, na parte 
de casamento, tutela e curatela, mas que serão oportunamente estudadas na em disciplina 
própria. 
 
 8 – Importantes ressalvas feitas por Vitor Frederico Kümpel (juiz de Direito em São Paulo e 
doutor em Direito pela USP) e Bruno de Ávila Borgarelli (estudante de Direito da USP e 
pesquisador jurídico) merecem destaque nesse contexto. Assim: 
- O sistema da capacidade de fato da pessoa natural é a cognoscibilidade e a 
autodeterminação, de forma que é plenamente capaz para os atos da vida civil aquele que 
compreende e se autodetermina, e que, portanto, tem pleno poder de gerenciar sua vida, seus 
negócios e seus bens. O discernimento está à base desse instituto. 
- Aquele que não compreende e nem se autodetermina precisa ser rigorosamente protegido, e 
até mesmo de si próprio. O código civil volta a atenção, assim, para esses indivíduos que, por 
variadas causas, não têm discernimento ou aptidão para a manifestação de vontade, e devem 
interagir socialmente em igualdade de condições por meio de representação e/ou assistência. 
- A vulnerabilidade do indivíduo não pode nunca ser desconsiderada pelo ordenamento. Isso é 
óbvio. Se a dignidade da pessoa humana é o eixo do sistema – como se proclama a torto e a 
direito - engessar o poder do juiz de proteger de forma plena alguém acometido por uma 
situação incapacitante é garantir essa dignidade?

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