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Direito Processual Penal II

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Direito Processual Penal II
Ação Penal
1. Conceito
É o direito de pedir ao Estado a tutela jurisdicional relacionada ao caso concreto.
É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto.
2. Características do Direito de Ação
a) Direito Autônomo
Não se confunde com o direito material. Tem força e brilho próprio. O direito de ação é preexistente à pretensa punitiva do Estado, que surge com a ocorrência da ação penal.
b) Direito Público
A tutela jurisdicional que se pretende provocar possui natureza pública.
A atividade provocada é de natureza pública, sendo a ação exercida contra o próprio Estado.
c) Direito Subjetivo
Possui um titular que pode exigir do Estado a sua atuação.
O titular do direito é especificado na própria legislação, sendo como regra o Ministério Público (Art. 257, I, CPP) e excepcionalmente a própria vítima ou seu representante legal.
Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste código;
d) Direito Abstrato
Independe da procedência ou da improcedência da ação, independe do resultado da ação. Independe do resultado do processo. Mesmo que a demanda seja julgada improcedente, o direito de ação terá sido exercido.
e) Direito Instrumental
É o meio para se alcançar a efetividade do direito material.
3. Condições da Ação Penal
São condições necessárias para que haja o exercício da provocação do poder judiciário, cuja ausência impede o direito de julgamento de mérito da ação.
São os requisitos necessários e condicionantes ao exercício regular do direito de ação.
- Genéricas (devem estar presentes em toda e qualquer ação penal).
- Específicas (em determinadas ações penais).
Mérito da ação penal:
Deve existir um fato delituoso;
Tem que haver AUTORIA;
Fato típico, ilícito e culpável.
3.1. Condições Genéricas
Devem estar presentes em toda e qualquer ação penal.
Estão indicadas no art. 267, inciso VI do CPC e incorporadas ao processo penal na antiga redação do art. 43, III. 
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Atualmente, o inciso II do art. 395 do CPP trata das condições da ação. A justa causa é trabalhada de forma autônoma no inciso III do art. 395, CPP.
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
a) Possibilidade jurídica do pedido
O pedido feito na denúncia ou na queixa-crime deve encontrar amparo no ordenamento.
Exige-se que a providência requerida pelo demandante seja admitida pelo direito objetivo. Pedido possível é aquele, em tese, com respaldo legal
b) Interesse de agir
Materializa-se no trinômio necessidade, adequação e utilidade.
A necessidade é sempre presumida, pois não há pena sem o devido processo legal. Deve haver necessidade para bater as portas do judiciário no intuito de solver a demanda, através do meio adequado.
Também não se discute a adequação no processo penal, pois o acusado se defende dos fatos narrados na peça acusatória e não da classificação do crime.
A utilidade consiste na eficácia da prestação jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. O provimento deve ter o condão de trazer algo de relevo, útil ao autor.
OBS.: Quanto ao interesse-utilidade, este só existe se houver esperança, mesmo que remota, da realização do jus puniendi estatal, com aplicação da sanção penal adequada. Se a punição não é mais possível, a ação passa a ser absolutamente inútil.
Por exemplo, a hipótese do membro do Ministério Público deixar de promover a ação penal, requerendo o arquivamento, pautando sua fundamentação na inutilidade da demanda, pois, em face da possível pena que será aplicada na sentença final, provavelmente operar-se-á a prescrição retroativa. É fenômeno que tem ganhado força, inclusive no seio da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, e que tem a denominação de prescrição virtual, antecipada ou em perspectiva.
A prescrição virtual está relacionada ao interesse-utilidade, caracterizando ausência de interesse de agir, sendo assim, o processo não tem utilidade nenhuma.
Igor Teles Fonseca de Macedo chancela que “a prescrição em perspectiva é o reconhecimento da carência de ação (falta de interesse-utilidade), por conta da constatação de que eventual pena que venha a ser aplicada, numa condenação hipotética, inevitavelmente será abarcada pela prescrição retroativa, tornando inútil a instauração da ação penal, ou, se for o caso, da continuação da ação já iniciada”.
O STJ e o STF não aplicam a prescrição virtual, sob o fundamento do princípio da presunção de inocência.
O STF, por sua vez, sumulou a matéria, chancelando a inadmissibilidade da “extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal”. É dizer, o titular da ação não mais poderá “virtualizar” a provável pena a ser aplicada em futura condenação, para antever os processos que são absolutamente inúteis, pela provável incidência da prescrição retroativa.
c) Legitimidade de parte (legitimatio ad causam)
Por analogia, aplica-se o art. 6º do CPC ao CPP.
Art. 6º. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
É a pertinência subjetiva da ação.
Mirabete esclarece que “a ação só pode ser proposta por quem é titular do interesse que se quer realizar e contra aquele cujo interesse deve ficar subordinado ao do autor”.
No pólo ativo deve figurar como regra o Ministério Publico, titular exclusivo da ação penal pública, ou o particular (querelante), titularizando as ações de iniciativa privada, porém na condição de substituto processual, pleiteando em nome próprio direito alheio (jus puniendi pertencente ao Estado). Já no pólo passivo figura o réu, a pessoa acusada, maior de 18 anos, que nas ações de iniciativa privada ganha o adjetivo de querelado.
É importante destacar que segundo a atual ordem constitucional, a pessoa jurídica pode figurar no pólo passivo da demanda criminal. A Carta Magna, no § 5º do art. 173 e no § 3º do art. 225 assim dispõe:
Art. 173, § 5º. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 225, § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Vale frisar que a Constituição remete à disciplina da lei ordinária o tratamento da responsabilidade criminal da pessoa jurídica. Atualmente é apenas a Lei nº 9.605/1998 que disciplina a matéria, no tocante às infrações praticadas em detrimento do meio ambiente.
Na responsabilização criminal da pessoa jurídica, tem sido aplicada a teoria da dupla imputação, e a ação deve ser manejada não só em face da pessoa jurídica infratora, mas também contra a pessoa física responsável por sua administração.
Estando a pessoa jurídica no pólo ativo da demanda, exercendo o direito de ação, a exemplo de empresa que tenha sido vítima de difamação, a representação será feita por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem, e no silêncio destes, pelos diretores ou sócios-administradores (art. 37, CPP).
Art. 37.  As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
c.1) Legitimação ordinária
Alguém postula em nome próprio direito próprio. Ex.:Na ação penal pública, o MP é o legitimado ordinário.
c.2) Legitimação extraordinária
Alguém postula em nome próprio a defesa do interesse alheio. Somente é possível nos casos autorizados por lei. Ex.:
I) Na ação penal privada, a defesa do interesse de punir do Estado;
II) Na ação civil ex delicto (art. 68, CPP), o MP está buscando a defesa do interesse da vítima do crime.
Art. 68.  Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
c.3) Legitimação ativa concorrente
Nos crimes praticados contra o funcionário público no exercício de suas funções, ou o funcionário público entra com a ação penal privada ou ele representa para o MP ingressar com a ação penal pública condicionada à representação.
Concorrem o ofendido e o MP.
SÚMULA Nº 714, STF. É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
d) Justa causa
Lastro probatório mínimo necessário para que seja ingressada a ação penal, que indique os indícios de autoria, prova da materialidade delitiva (somente nos crimes não-transeuntes) e da constatação da ocorrência de infração penal em tese (art. 395, III, CPP).
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Exceção quanto aos indícios de autoria: JECRIM
Boletim médico na Lei Maria da Penha;
Boletim Médicos nos Juizados;
Laudo preliminar de contestação de substância entorpecente (autoriza o oferecimento da denúncia, mas não a condenação).
3.2. Condições Específicas 
Se traduzem em verdadeiras Condições de Procedibilidade, sem as quais a persecução penal não poderá ser deflagrada
Representação;
Requisição do Ministro da Justiça;
Laudo Pericial nos crimes contra a propriedade imaterial;
Condição de Militar no crime de deserção.
OBS.: Condições de Procedibilidade 
Está ligada ao direito processual. É uma condição imposta pela lei para que o processo tenha início, para que possa proceder. Sem ela a persecução penal não poderá ser deflagrada. O processo ainda não teve o seu início. Referem-se, unicamente, à instauração do processo, não envolvendo diretamente aspectos relacionados ao mérito. 
Consequências da ausência: se reconhecida no oferecimento da peça acusatória, implica a rejeição desta. Se for verificada no curso do processo, aplica-se subsidiriamente o art. 267, VI, do CPC, extinguindo-se o processo sem julgamento do mérito (esta decisão só faz coisa julgada formal, sendo assim, removido o vício, a ação poderá ser proposta novamente).
 
Ex.: representação do ofendido, requisição do ministério da justiça nos crimes contra honra do presidente da república, laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial e condição de militar no crime de deserção.
Condições de Prosseguibilidade
É uma condição imposta pela lei para que o processo tenha continuidade.
Antes da lei 9.099/95, o crime de lesão corporal leve não precisava de representação, era de ação penal pública incondicionada. Após a lei, passou a exigir a representação da vítima, tornado-se uma condição específica de procedibilidade. Porém, nos processos em curso, a representação era uma condição de prosseguibilidade.
Condições Objetivas de Punibilidade
Ligada ao direito material. É uma condição exigida pela lei para que o fato se torne punível e que está fora do injusto penal. Chama-se objetiva porque independe do dolo ou da culpa do agente. Encontra-se entre o preceito primário e o secundário da norma penal incriminadora, condicionando a existência da pretensão punitiva do Estado.
Consequências da ausência: se verificada no momento do oferecimento da peça acusatória, implica a rejeição desta, na medida em que não haveria fundamento de direito para o ajuizamento de ação penal. Se verificada no final do processo, deve o acusado ser absolvido, dotada a sentença dos atributos da coisa julgada formal (quando não há julgamento de mérito) e material (quando há julgamento de mérito).
Ex.: Sentença declaratória da falência nos crimes falimentares, decisão final do procedimento administrativo nos crimes materiais contra a ordem tributária.
3.3. Condições da Ação Processual Penal
Alguns doutrinadores sustentam que no processo penal há uma classificação diferente para condições da ação penal. Eles buscam as condições da ação penal dentro do próprio processo penal, rejeitando a adoção das condições importadas do processo civil.
a) Prática de um fato aparentemente criminoso
Fato típico, ilícito e culpável;
Duas possibilidades: (I) se no momento do oferecimento da denúncia estiver demonstrado que o fato não é criminoso, o juiz deve rejeitar a peça acusatória, em virtude da ausência dessa condição da ação penal; (II) se o convencimento do juiz ocorrer após a resposta à acusação, já tendo sido recebida a denúncia, sua decisão será de absolvição sumária (art. 397)
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
b) Punibilidade concreta
Quando o juiz perceber que está extinta a punibilidade, não deve dar início a ação penal;
c) Legitimidade para agir;
d) Justa causa.
4. Classificação das Ações Penais
-Pública:
Incondicionada;
Condicionada.
-Privada
Exclusiva;
Personalíssima.
I) Ação Penal Pública Incondicionada
O titular absoluto é o Ministério Público (art. 129, I, CF). Este não está obrigado ao implemento de qualquer condição.
Regra geral: toda ação será pública incondicionada, salvo as exceções, que tem que ser descritas em lei.
É aquela titularizada pelo Ministério Público e que prescinde de manifestação de vontade da vítima ou de terceiros para ser exercida.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
II) Ação Penal Pública Condicionada
O Ministério Público está obrigado ao implemento de alguma condição, como, por exemplo, a representação.
O Ministério Público só pode oferecer a denúncia se tiver a representação (ex.: requisição do Ministro da Justiça).
III) Ação Penal Pública Subsidiária da Pública
Art. 2º, § 2º, Decreto-Lei 201/67.
Nos crimes praticados por prefeitos, se o Ministério Público Estadual não agir, o Ministério Público Federal poderá oferecer denúncia.
Não foi recepcionado, tendo como base dois fundamentos:
I – Fere a autonomia dos Ministérios Públicos Estaduais;
II – Desloca para a Justiça Federal matéria de competência da Justiça Estadual.
IV) Ação Penal Ex Officio – Art. 26, CPP
Processo “Judicialiforme”.
Nas contravenções penais, o juiz ou o delegado de polícia podem, de ofício, dar início a ação penal, por meio do auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria.
O art. 26, CPP, não foi recepcionado, pois ofende o sistema acusatório, afinal a titularidade da ação penal pública foi conferida ao Ministério Público (art. 129, I, CF).
Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
V) Ação Penal de Iniciativa Privada
É o chamado “escândalo do processo”.
A vítima (querelante), que está dando início à ação penal. O Estado transfere para ela a capacidade de dar início à ação penal. A persecução criminal é transferida excepcionalmente ao particular que atua emnome próprio, na tutela de interesse alheio (jus puniendi do Estado).
Pode ser:
a) Exclusivamente privada:
Exercida pela vítima ou por seu representante legal;
Pode haver a sucessão processual por meio do CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão).
b) Personalíssima:
O direito de ação só poderá ser exercido pela vítima;
Não há sucessão processual.
O crime do art. 236 do CP é o único exemplo em que a ação penal é de iniciativa privada personalíssima.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
VI) Ação Penal nos Crimes Contra a Dignidade Sexual
Regra geral: pública condicionada à representação.
Exceção: pública incondicionada quando a vítima for vulnerável ou menor de 18 anos.
VII) Ação Penal nos Crimes Contra a Honra
Regra geral: ação penal privada.
Exceções: 
Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça quando o crime for praticado contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro;
Pública Condicionada à representação quando praticado contra a honra de servidor público no exercício de suas funções (Súmula 714, STF – Legitimidade Concorrente).
SÚMULA Nº 714, STF. É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
VIII) Ação Penal no Crime de Injúria Racial
Pública condicionada à representação.
IX) Ação Penal no Crime de Embriaguez ao Volante
Pública Incondicionada.
X) Ação Penal nos Crimes Ambientais
Pública Incondicionada.
OBS: É possível a responsabilização penal da Pessoa Jurídica, desde que haja imputação simultânea dos sócios e da Pessoa Jurídica (Teoria da Dupla Imputação).
Pode condenar somente a Pessoa Jurídica se o diretor comprovar que não participou do crime (RE 628582/2011).
Não cabe HC a Pessoa Jurídica, pois esta não é dotada de liberdade de locomoção.
XI) Ação Penal nos Crimes de Violência Doméstica
ADI 4424/2012, STF: o crime de lesão leve praticado no âmbito doméstico é de ação penal pública incondicionada (não é mais possível a retratação).
Não se aplica a disposição do art. 88 da Lei 9.099/95, segundo o qual o crime de lesão leve é de ação penal pública condicionada à representação.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
XII) Ação Penal Popular
É a possibilidade de qualquer cidadão oferecer denúncia nos crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República, Ministros, Procuradores Gerais da República, Governadores e Secretários. Não deve ser encarada como exercício de ação e sim como notícia-crime, são infrações político-administrativas, não mais existindo para a doutrina, por este motivo, ação penal popular.
Para alguns doutrinadores, o HC é um tipo de ação penal popular, pois qualquer pessoa pode impetrar.
Para a maioria doutrinária, o HC não é espécie de ação penal popular, pois a ação penal é interposta contra alguém objetivando sua condenação, enquanto que o HC visa garantir à liberdade de locomoção. O HC tem cunho libertário e não penal (condenatório).
XIII) Ação de Prevenção Penal
Ação oferecida contra os inimputáveis por anomalia psíquica.
XIV) Ação Penal Secundária
Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto fazem variar a modalidade da ação penal.
Por exemplo, no crime de estupro praticado contra vulneráveis, a ação será pública incondicionada. Porém, se for praticado contra aqueles que não são vulneráveis, será pública condicionada à representação.
XV) Ação Penal Adesiva
2 Correntes:
1ª) Para Nestor Távora, é o litisconsórcio ativo entre o Ministério Público, no crime de ação penal pública, e o querelante, no crime de ação penal privada;
O MP e o querelante encontram-se no pólo ativo da ação penal;
Ocorre na hipótese, por exemplo, de um crime conexo de ação penal pública e ação penal privada: crime contra a honra de alguém com tentativa de homicídio;
2ª) Para Fernando Tourinho, é a hipótese ou a possibilidade do ofendido ingressar no processo penal como assistente da acusação (art. 268, CPP). A própria vítima se habilita nos autos assistindo ao MP.
Art. 268.  Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
4. Princípios da Ação Penal 
4.1. Princípios da Ação Penal Pública
a) NE PROCEDAT IUDEX OFFICIO
O juiz não pode proceder de ofício, não pode dar início ao processo sem provocação.
b) NE BIS IN IDEM
Ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato.
OBS.: Decisão absolutória ou que declare extinta a punibilidade do acusado, mesmo que proferida com vício de incompetência, é capaz de transitar em julgado e produzir os seus efeitos, impedindo nova acusação pelo mesmo fato.
c) Princípio da Intranscendência ou da Pessoalidade
A ação penal só pode se proposta contra o acusado. Só pode ser proposta contra quem se imputa a prática do delito.
d) Princípio da Oficialidade
As atribuições dos órgãos públicos responsáveis pela persecução penal são atribuições oficiais ou de cunho oficial.
e) Princípio da Autoritariedade
As autoridades responsáveis pela persecução penal são autoridades públicas,
f) Princípio da Oficiosidade
As autoridades responsáveis pela persecução penal têm o dever se agir de ofício.
g) Princípio da Obrigatoriedade (legalidade processual)
Presentes os requisitos legas, os indícios de autoria e prova da materialidade delitiva, o Ministério Público não pode fazer juízo de valor (conveniência ou oportunidade). O promotor é obrigado a oferecer denúncia.
Exceções:
I. Transação Penal – art. 76, Lei 9.099/95: Princípio da obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regrada. 
Nas infrações de menor potencial ofensivo, a possibilidade da oferta de transação penal, é dizer, a submissão do suposto autor da infração a uma medida alternativa, não privativa de liberdade, evitando-se a oferta da denúncia. Substitui-se o embate formal em juízo, pela composição entre as partes. A transação penal brasileira não exige o reconhecimento da culpa nem importará em reincidência.
II) Acordo de Leniência – art.35-C, Lei 8.8884/94;
III) Termo de Ajustamento de Conduta nos Crimes Ambientais – Cumprido o acordo, o Promotor não pode mais oferecer denúncia;
IV) Parcelamento de débito tributário.
h) Princípio da Indisponibilidade
O Ministério Público não pode desistir da ação proposta e nem do recurso interposto. Uma vez proposta a ação, não pode dela dispor (art. 42, CPP). Não pode o órgão ministerial, sequer, desistir do recurso interposto (art. 576, CPP), afinal, a fase recursal é um desdobramento do direito de ação.
Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 576.  O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
Exceção: Suspensão Condicional do Processo (art. 89, Lei 9.099/95).
i) Princípio da Divisibilidade
2ª Correntes:
1ª) Entende que é aplicável na ação penal pública porque o Ministério Público pode oferecer denúncia contra um dos acusados e depois contra os demais.
Por esse princípio, o processo pode ser desmembrado, o oferecimento da denúncia contra um acusado não exclui a possibilidade de ação penal contra outros, permite-se o aditamento da denúncia com a inclusão de corréu a qualquer tempo ou a propositura de nova ação penal contra coautor não incluído em processo já sentenciado etc.
Corrente adotada pelos Tribunais Superiores.É a que prevalece.
2ª) Na ação penal pública vige o princípio da indivisibilidade. Ou oferece a denúncia contra todos ou contra nenhum. A ação penal deve estender-se a todos aqueles que praticaram a infração criminal.
4.2. Princípios da Ação Penal Privada
a) NE PROCEDAT IUDEX OFFICIO
O juiz não pode proceder de ofício, não pode dar início ao processo sem provocação.
b) NE BIS IN IDEM
Ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato.
OBS.: Decisão absolutória ou que declare extinta a punibilidade do acusado, mesmo que proferida com vício de incompetência, é capaz de transitar em julgado e produzir os seus efeitos, impedindo nova acusação pelo mesmo fato.
c) Princípio da Intranscendência ou da Pessoalidade
A ação penal só pode se proposta contra o acusado. Só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito.
d) Princípio da Oportunidade de Conveniência
É facultado a vítima decidir entre ofertar ou não a ação, pois ela, por permissivo legal, é a titular do direito. A vítima oferece a queixa-crime se bem entender, o juízo de valor é totalmente dela. As formas de o ofendido abrir mão do seu direito de queixa se dão pelo decurso do prazo decadencial, renúncia ao direito de queixa e arquivamento do inquérito policial.
e) Princípio da Disponibilidade
Uma vez exercida a ação penal, poderá o querelante desistir desta, seja perdoando o acusado, seja pelo advento da perempção. O processo já nasceu. O querelante pode dispor do processo por meio do perdão do ofendido, desistência da ação ou pela perempção.
f) Princípio da Indivisibilidade
O art. 48 do CPP reconhece de forma expressa o princípio da indivisibilidade da ação penal privada, devendo o particular, ao optar pelo processamento dos autores da infração, fazê-lo em detrimento de todos os envolvidos.
O processo de um acusado obriga ao processo de todos. Não se pode escolher quem vai processar. Ou processa todos, ou não processa ninguém, cabendo ao Ministério Público velar pela indivisibilidade da ação penal privada.
O MP, como fiscal do princípio da indivisibilidade, não pode aditar a queixa crime, lançando novos réus ao processo, pois lhe falta legitimidade ativa ad causam. Tendo o MP vista dos autos na ação de iniciativa privada (art. 45, CPP), e percebendo o órgão ministerial que o particular omitiu-se dolosamente em processar todos os envolvidos, resta, em parecer, manifestar-se pela extinção da punibilidade, afinal, quando o querelante ajuíza a ação lançando no pólo passivo apenas parte dos envolvidos, mesmo sabendo da existência de outros e tendo elementos para processá-los (justa causa), estará renunciando ao direito de ação quanto àqueles que deixou de processar, e a renúncia beneficia todos os envolvidos.
Já se omissão do querelante for involuntária, resta ao MP, ainda em parecer, manifestar-se para que o querelante se posicione quanto a sua omissão, cabendo a ele a opção entre aditar ou não a queixa crime.
Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
5. Representação (Ação Penal Pública)
Autorização do ofendido ou do seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato delituoso. É uma condição de procedibilidade para que possa instaurar-se a persecução penal. É um pedido autorizador feito pela vítima ou por seu representante legal. Sem ela a persecução penal não se inicia.
5.1. Representar
Autorizar o Ministério Público a oferecer denúncia.
É uma autorização e um pedido para que a persecução penal seja instaurada.
5.2. Natureza jurídica
Condição específica de procedibilidade. O processo só nasce com a representação nos autos, a denúncia acompanhada da representação.
5.3. Direcionamento
A representação, ofertada pela vítima, por seu representante legal ou por procurador com poderes especiais (não precisa ser advogado), pode ser dirigida tanto à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao próprio Juiz. Nestas duas últimas hipóteses, será remetida a autoridade policial para que esta proceda a inquérito (art. 39, § 4º, CPP).
Art. 39, § 4o  A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
Para a doutrina, deve-se evitar o direcionamento ao Juiz, sob alegação de quebra da imparcialidade.
OBS.: Não há necessidade de formalismo com relação à representação. Segundo o STF, a representação é peça sem rigor formal, e pode ser apresentada oralmente ou por escrito (art. 39, CPP), tanto na delegacia, quanto perante o magistrado ou o membro do Ministério Público. O importante é que a vítima revele o interesse claro e inequívoco de ver o autor do fato processado. Para o STJ, a simples manifestação de vontade é suficiente.
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
5.4. Prazo decadencial para o oferecimento da Representação ou da queixa-crime
A representação deve ser ofertada, como regra, no prazo de 6 meses, contados do conhecimento da autoria da infração penal. 
6 meses, contados a partir do conhecimento de quem é o autor do fato. 
Por ser prazo de natureza decadencial, é contado na forma do art. 10 do CP (inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do fim). Este prazo também não se interrompe, não se suspende nem se prorroga. 
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
5.5. Legitimidade para oferecimento da representação ou queixa-crime
A vítima ou o seu representante legal.
Algumas considerações:
a) Vítima maior de 18 anos
Só a vítima pode representar, não havendo mais de se falar na figura do representante legal com o advento do atual Código Civil.
b) Vítima menor de 18 anos (o menor representado) 
Se a vítima for menor de 18 anos, o direito de representação deve ser exercido pelo representante legal. 
Mesmo se o menor for emancipado, ainda assim não poderá representar. Neste caso, restaria como solução, segundo Luiz Flávio Gomes, ou nomear-se curador especial, ou aguardar que complete 18 anos, quando só então poderá representar. O prazo decadencial só passa a contar a partir do advento da maioridade. O risco, contudo, é a ocorrência da prescrição.
OBS.: Decadência para o representante legal implica em decadência para a própria vítima?
2 correntes
1ª – Eugênio Pacelli
A decadência para o representante legal implica em extinção da punibilidade, mesmo que o menor não tenha completado 18 anos de idade. Implica em decadência para a própria vítima. Corrente baseada no princípio da garantismo. (Corrente majoritária)
2ª – Capez, Nucci
Cuidando-se de incapaz, o prazo não flui para ele. Não se pode falar em decadência de um direito que não foi exercido. (Corrente minoritária)
c) Hipótese de morte do ofendido
Art. 36 c/c o art. 31 do CPP. 
Em caso de morte ou declaração de ausência da vítima, ocorrerá a sucessão processual. O direito de representar passa o cônjuge (incluído o companheiro), ascendentes, descendentes ou aos irmãos, ordem esta preferencial e taxativa (prevalece a vontade de quem tem interesse na persecução penal).
Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Art. 36.  Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.
OBS.: O código prevê a figura do curador especial para oferecer a representação, nos casos de ausência de representante legal dos menores, ou ainda em se tratando de retardados mentais e pessoas mentalmente enfermas(art. 33, CPP). Quando os interesses do representante legal colidirem com os do menor, a exemplo dos crimes praticados pelos pais contra os próprios filhos, tem cabimento também a nomeação do curador especial, seja por provocação do Ministério Público, ou até mesmo ex officio pelo magistrado competente. O curador é verdadeiro substituto processual, atuando em nome próprio, na defesa de interesse alheio.
Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
As pessoas jurídicas, quando vítimas de infração, podem representar por intermédio de seus representantes designados nos respectivos contratos sociais ou estatutos e, no silêncio destes, por seus diretores ou sócios-administradores, em analogia ao art. 37 do CPP, que trata do exercício do direito de ação pela pessoa jurídica.
Art. 37.  As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
5.6. Retratação da Representação
É possível, desde que seja feita até o oferecimento da denúncia (art. 25, CPP).
Art. 25.  A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Exceção: Na Lei Maria da Penha, no crime de ameaça, por exemplo, a retratação ocorre entre o oferecimento e o recebimento da denúncia, em uma audiência específica para esse fim (lei (art. 16, 11.340/2006).
Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
5.7. Retratação da Retratação
Prevalece na doutrina que é possível, desde que esteja dentro do prazo decadencial de 6 meses.
5.8. Eficácia objetiva da Representação
Oferecida a representação contra um dos co-autores, a todos se estende.
Oferecida a representação contra um dos fatos delituosos, não se estende aos demais. Se houver 3 fatos delituosos, tem que haver 3 representações.
6. Requisição do Ministro da Justiça
Condição específica de procedibilidade.
Nesse caso específico, é sinônimo de solicitação. Não obriga o MP a oferecer denúncia, pois o promotor vai fazer juízo de conveniência e valor.
6.1. Prazo
Não possui prazo decadencial.
A requisição não está sujeita a prazo, porém todo crime possui prazo prescricional.
6.2. Retratação da Requisição
2 Correntes:
1ª – Capez e Fernando Rangel
Não é possível a retratação.
2ª – Luiz Flavio Gomes e Nucci
É possível a retratação, pois quem pode o mais, pode o menos.
Corrente majoritária.
6.3. Eficácia objetiva da requisição
Oferecida a representação contra um dos co-autores, a todos se estende.
Oferecida a representação contra um dos fatos delituosos, não se estende aos demais. Se houver 3 fatos delituosos, tem que haver 3 representações.
7. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
Art. 5º, LIX, CF; art. 100, § 3º, CP; art. 29, CPP.
CF, Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIX. será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
CP, Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 3º. A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. 
CPP, Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Só é cabível na hipótese de inércia do Ministério Público.
Inércia: não ofereceu denúncia no prazo, não requisitou novas diligências e nem requereu o arquivamento do inquérito policial.
Tem que haver um ofendido individualizado (não cabe nos crimes de perigo abstrato – crimes contra a paz pública, por exemplo, pois não há vítima individualizada).
Exceções:
I) Associações podem ser assistentes e propor ação penal privada subsidiária da pública no âmbito do CDC, pois nos crimes contra a relação de consumo não é possível identificar o consumidor. As associações vão auxiliar o MP na ação penal privada subsidiária e não o ofendido, pois é a associação que defende o interesse da classe (arts. 80 a 82, CDC).
II) Na Lei de Falência (art. 184, lei 11.101/2005), tanto o credor habilitado quanto o administrador judicial podem oferecer a ação penal privada subsidiária da pública.
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1o, sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.
7.1. Poderes do MP
a) Repudiar a queixa-crime e oferecer denúncia substitutiva, independentemente de haver defeito ou não na queixa-crime;
Se o MP repudiar a queixa-crime, vai estar obrigado a oferecer denúncia;
b) Aditar a queixa-crime tanto em seus aspectos formais quanto materiais (circunstâncias de tempo, lugar, incluir co-autores, qualificação);
c) Intervir em todos os atos do processo, produzir, provocar, interpor recursos e na hipótese de negligência do querelante, o MP reassume o pólo ativo da ação penal (ação penal indireta).
7.2. Prazo
Prazo decadencial de 6 meses, contados a partir do prazo que o Ministério Público tem para oferecer denúncia (5 dias – réu preso e 15 dias – réu solto).
Terminado o prazo decadencial, o MP pode oferecer denúncia, desde que não tenha ocorrido a prescrição (decadência imprópria).
8. Peça Acusatória
É a peça que inaugura o processo, contendo a imputação formulada pelo órgão acusador.
Na ação penal pública (incondicionada ou condicionada), é a denúncia. Já na ação penal privada (exclusiva, personalíssima ou subsidiária da pública) é a queixa-crime.
A petição inicial é oferecida ao juiz, para que este exerça o juízo de admissibilidade. Para Tourinho Filho, não se deve confundir o início da ação com o seu ajuizamento (pois o início se dá com o oferecimento da peça acusatória, enquanto que o ajuizamento se dá quando o juiz profere despacho determinando a citação).
É diferente da notitia criminis, porque esta é encaminhada por qualquer do povo ou pelo próprio ofendido, ou ainda, pela autoridade.
8.1. Requisitos (Art. 41, CPP)
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
1) Exposição do fato criminoso (Requisito importantíssimo)
Consiste na narrativa do crime com as suas circunstâncias;
Por meio da denúncia é que se faz a imputação, ou seja, a atribuição a alguém da prática de determinada infração penal. Na peça acusatória estará sendo delimitada a imputação. Se a denúncia não contiver a exposição dos fatos com todas suas circunstâncias, haverá a inépcia formal da peça acusatória, uma vez que viola o princípio da ampla defesa;
De acordo com a jurisprudência, a inépcia da peça acusatória só pode ser arguida até o momento da sentença. A jurisprudênciaentende que se já houve sentença, já houve oportunidade de se defender;
Quando a conduta for culposa, deve ser descrita a modalidade culposa (negligência, imprudência ou imperícia);
Todo acusado se defende da narração dos fatos e não da classificação atribuída ao crime.
Elementos essenciais: são aqueles que devem estar presentes em toda e qualquer peça acusatória, pois são necessários para identificar o fato típico. A ausência de elementos essenciais implica em nulidade absoluta;
Elementos acidentais: são aqueles relacionados às circunstâncias de tempo e de lugar e que nem sempre afetam a reação do acusado. Vício com relação aos elementos acidentais implica em nulidade relativa.
OBS.:
Nulidade absoluta: pode ser arguida a qualquer momento e o prejuízo é presumido;
Nulidade relativa: deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão e o prejuízo deve ser comprovado.
Cripto imputação: é a imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato delituoso.
Denúncia genérica:
Está relacionada aos “crimes societários”, que são os praticados sob o manto da pessoa jurídica.
Ofende a ampla defesa e o contraditório, pois não há a individualização da conduta de cada acusado, não aponta nem individualiza a conduta de cada um dos agentes;
Ex.: crime de quadrilha de assalto a uma agência bancária, estando os integrantes com capuz;
A jurisprudência admite a denúncia genérica em casos excepcionais.
STF HC 92.921. Em crimes societários, não há inépcia da peça acusatória pela ausência de indicação individualizada da conduta de cada acusado, sendo suficiente que os acusados sejam de algum modo responsáveis pela condução da sociedade. É o último julgado sobre o assunto. 
Posição contrária do próprio STF está no HC 80.549 que dispõe que quando se trata de crime societário, a denúncia não pode ser genérica.
Alguns doutrinadores utilizam a expressão acusação geral que é a que ocorre quando o órgão da acusação imputa a todos os acusados o mesmo fato delituoso, independentemente das funções por ele exercidas na empresa. Essa expressão não é a mesma de acusação genérica que é a que ocorre quando a acusação imputa vários fatos típicos, imputando-os genericamente a todos os integrantes da sociedade.
2) Identificação do acusado
A qualificação do acusado;
É possível oferecer a peça acusatória com apenas as características do acusado, desde que este seja individualizado.
De acordo com o art. 41 do CPP caberia denúncia contra pessoa incerta. Essa é a pessoa em que não há dados pessoais (ex: nome completo, RG, filiação), mas há esclarecimentos pelos quais seria possível a identificação.
3) Classificação do crime
Também não é de relativa importância;
O acusado não se defende da classificação do crime e sim dos fatos narrados.
4) Rol de testemunhas
Ao final da peça acusatória, todo autor deve indicar o rol de testemunhas, sob pena de preclusão;
O momento para apresentar o rol de testemunhas é no oferecimento da denúncia;
Princípio da busca da verdade real: esquecendo o MP e o querelante de indicarem alguma testemunha no rol, estes podem solicitar que a testemunha seja ouvida como testemunha do juízo;
Número de testemunhas: depende do procedimento adotado, que é delimitado pelo tempo da pena.
Procedimento ordinário: até 8 testemunhas para cada fato criminoso;
Procedimento sumário: até 5 testemunhas;
Procedimento sumaríssimo (lei 9.099/95): até 3 testemunhas.
5) A peça acusatória deve ser escrita no vernáculo (em português);
6) A denúncia deve ser subscrita por um Promotor de Justiça ou por um advogado na hipótese de queixa-crime;
Requisito específico: Procuração para o advogado subscrever a queixa-crime
Deve ser expressa, conferindo poderes especiais ao advogado;
Deve ser citado o nome do acusado e o fato que ele praticou;
Para o STF, basta o artigo de lei que retrata o crime que o acusado praticou (mitigando a exigência da descrição do fato no corpo da procuração).
Quanto a sanação do defeito na procuração, existem 2 correntes:
1ª – O defeito pode ser corrigido a qualquer momento, mediante a ratificação dos atos processuais já praticados; Correntes majoritária;
2ª – Os defeitos só podem ser retificados dentro do prazo decadencial de 6 meses.
8.2. Prazo para o oferecimento da peça acusatória
Regra geral:
Acusado preso: 5 dias;
Acusado solto: 15 dias.
8.2.1. Prazos específicos:
a) Lei de Drogas (11.343/2006): 10 dias, independentemente de o acusado estar preso ou solto;
b) Código Eleitoral: 10 dias.
c) Lei de Abuso de Autoridade (4.898/1965): 48 horas;
d) Crimes Contra a Economia Popular: 2 dias.
8.3. Consequências do oferecimento da denúncia após o prazo legal
I) Surge o direito ao ingresso da ação penal privada subsidiária da pública;
II) Perda do subsídio do Promotor (art. 801, CPP);
Art. 801.  Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias excedidos.
III) Em se tratando de réu preso, se o excesso for abusivo, dará margem ao relaxamento da prisão.
8.4. Denúncia alternativa
Pode ser originária ou superveniente;
Originária: na peça acusatória, os fatos delituosos são imputados ao agente de maneira alternativa. Ex.: narra-se que o acusado praticou o crime de furto ou receptação. Essa modalidade de denúncia não é aceita pela doutrina, pois viola o princípio da ampla defesa;
Superveniente: ocorre nas hipóteses do art. 384, § 4º do CPP, com redação dada pela lei 11.719/2008. Antes dessa lei, entendia-se que o acusado poderia ser condenado tanto pela imputação originária, quanto pela superveniente. Com a nova redação do art. 384, §4º, fica o juiz vinculado aos termos do aditamento, afastando-se assim a imputação originária. Ocorre na hipótese de mutattio libelli (é aceita dentro desse procedimento).
8.5. Recebimento da peça acusatória
Por se tratar de mero despacho do juiz, não precisa ser fundamentado.
8.5.1. Momento para o recebimento
2 Correntes:
1ª – No momento em que a peça for apresentada ao juiz, este dá o despacho acusando o recebimento (art. 396, CPP). Corrente que prevalece;
Art. 396.  Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias
2ª – O momento para receber está entre a resposta à acusação e antes de possível absolvição sumária (art. 399, CPP). Abre resposta para a acusação, depois desta se o acusado não for absolvido o juiz recebe a denúncia.
Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 
O despacho de recebimento da denúncia é, em regra, irrecorrível.
Exceções
Lei de Imprensa – 5.250/1967 (cabe recurso em sentido estrito);
Quando se tratar de Competência Originária dos Tribunais, cabe agravo instrumental (lei 8.038/1990).
OBS.: Nos crimes em que prevêem defesa preliminar, o recebimento da peça acusatória deverá ser fundamento. Ex.: Lei de Drogas (11.343/2006), Lei de Imprensa (5.250/1967) e JECRIM (Lei 9.099/95).
Recebida a peça acusatória, zera a prescrição.
OBS.: Recebimento por juiz absolutamente incompetente não interrompe a prescrição (HC 104907 STF).
8.6. Cumulação de imputação
Ocorre quando na peça acusatória acontece mais de uma acusação.
8.6.1. Espécies:
a) Objetiva: ocorre quando são narrados, na peça acusatória, mais de um fato criminoso;
b) Subjetiva: imputa-se a conduta criminosa a mais de um acusado.
8.6.2. Imputação implícita
Vedada por conta do art. 41 do CPP, que exige a narração dos fatos e das circunstâncias do mesmo expressamente.
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificaçãodo acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
8.7. Aditamento à peça acusatória (art. 384, CPP)
Aditar: acrescentar, complementar, retificar na denúncia ou na queixa-crime.
Conexão e continência: o aditamento à denúncia está diretamente ligado as hipóteses de conexão e continência.
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
8.7.1. Momento do aditamento
Marco temporal: pode ser aditada desde o seu oferecimento até a prolação da sentença.
OBS.: O assistente de acusação não pode promover aditamento porque não é parte, não tem legitimidade.
8.7.2. Espécies de aditamento
I) Quanto ao objeto do aditamento
a) Próprio: ocorre com o acréscimo de fatos não incluídos inicialmente na peça acusatória ou de acusados no pólo passivo da demanda que deixaram de ser incluídos inicialmente por ausência de elementos suficientes;
b) Impróprio: busca-se corrigir falhas na denúncia por meio de retificação, ratificação, suprimento ou esclarecimento com relação a algum dado originariamente narrado na denúncia;
II) Quanto à voluntariedade
a) Espontâneo: decorre do princípio da obrigatoriedade da ação penal, e, por conta deste, o MP, de ofício, promove o aditamento sem qualquer provocação;
b) Provocado: o MP age mediante a provocação do juiz, pois este exerce uma função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal. Esse tipo de aditamento é bastante criticado, pois há quebra de imparcialidade do juiz e fere o sistema acusatório.
8.7.3. Aditamento e Interrupção da Prescrição
O recebimento da peça acusatória zera o prazo prescricional;
Com relação ao aditamento próprio, em que novo fato delituoso é incluído na demanda, a interrupção da prescrição com relação a este fato só ocorrerá quando do recebimento do aditamento pela autoridade judiciária competente;
OBS.: Segundo o STF, o recebimento da denúncia por juiz absolutamente incompetente não interrompe o prazo prescricional do crime.
8.7.4 Aditamento à queixa-crime
Regra geral: eventual omissão na queixa-crime poderá ser suprida até o momento anterior a sentença, inclusive podendo ser realizado tanto pelo MP quanto pelo seu querelante.
Está relacionado ao aditamento impróprio.
O MP fará ao aditamento impróprio, pois não tem legitimidade para promover o aditamento próprio na queixa-crime.
Exceção: ação penal privada subsidiária da pública.
8.7.5. Rejeição da peça acusatória
Rejeição e não recebimento são sinônimos (art. 395, CPP).
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta;  
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
I) Peça acusatória inepta ou nas hipóteses de inércia
Quando não forem observados os requisitos do art. 41 do CPP;
No CPP não há a possibilidade de emenda a petição inicial.
II) Ausência de pressuposto processual e de condições da ação
Pressupostos processuais de existência:
I) Demanda veiculada por uma peça acusatória;
II) Jurisdição – relacionada ao juiz, que deve ser competente e imparcial;
III) A existência de partes que possam estar em juízo.
Pressupostos processuais de validade:
I) Inexistência de litispendência e de coisa julgada;
II) Ausente alguma condição da ação, a denúncia será rejeitada.
8.7.6. Rejeição parcial da peça acusatória
É possível na hipótese de ausência de justa causa com relação a um fato, na hipótese de uma denúncia de dois ou mais fatos, por exemplo.
Se o juiz recebeu, não pode mais rejeitar a denúncia, ele absolverá o acusado sumariamente (regra geral).
8.7.7. Momento para a rejeição
O momento é logo após o oferecimento da peça acusatória.
Recebida a peça, não pode mais rejeitar, o juiz absolve o acusado sumariamente.
Para Aury Lopes e alguns julgados (TJ RS), depois de recebida, o juiz pode inadequadamente rejeitar a peça acusatória, pois o juiz não está sujeito a preclusão.
A decisão de rejeição da peça acusatória só produz coisa julgada formal (não há julgamento de mérito).
Removida o vício que causou a rejeição, a peça acusatória pode ser oferecida novamente.
Da decisão de rejeição da peça acusatória cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP).
Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Exceções:
I) JECRIM – Rejeitada a peça acusatória, caberá recurso de apelação;
II) Nas hipóteses de Competência Originária dos Tribunais (lei 8.038/1990), cabe agravo instrumental.
9. Absolvição sumária
Antes de 2008, só existia no júri.
Após a reforma de 2008 passou a existir em todos os procedimentos.
As hipóteses estão no art. 397 do CPP.
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;         
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;        
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou        
IV - extinta a punibilidade do agente. 
Excludentes de ilicitude (art. 23, CP);
Excludentes de culpabilidade, salvo a inimputabilidade por anomalia psíquica;
Fato que não constitui crime (atipicidade da conduta, princípio da insignificância);
Extinta a punibilidade do agente.
10. Renúncia
Ato unilateral do ofendido ou de seu representante legal, abrindo mão de propor a ação penal privada.
Natureza jurídica: causa extintiva de punibilidade (art. 107, V, CP).
10.1. Princípios norteadores da renúncia
Princípio da oportunidade e conveniência: o ofendido ou o seu representante legal renunciam a seu bem entender, podendo abrir mão do direito de queixa.
O momento para a renúncia é antes do início da ação penal.
Princípio da indivisibilidade da renúncia: a renúncia em relação a um dos acusados se estende aos demais.
10.2. Espécies de Renúncia
A renúncia pode ser expressa ou tácita.
a) Expressa: a vítima declara de forma clara e inequívoca que está renunciando ao seu direito de queixa;
b) Tácita: prática de ato incompatível com a vontade de processar.
OBS.: O casamento com o acusado caracteriza o perdão de forma tácita, sendo, para a doutrina, causa extintiva de punibilidade.
OBS.: O recebimento de indenização não implica renúncia ao direito de queixa.
Exceção: Na lei dos juizados especiais (9.099/95), a composição civil dos danos implica renúncia ao direito de representação ou queixa.
10.3. Retratação
Não é cabível a retratação da renúncia.
OBS.: A renúncia de uma das vítimas não prejudica o direito de ação das demais.
11. Perdão do Ofendido
A própria vítima quem concede.
Ato bilateral (depende da aceitação do acusado), pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o processo.
Natureza jurídica: causa extintiva de punibilidade (sentença declaratória).
11.1. Princípios norteadores
Princípio da disponibilidade: ele concede o perdão se bem quiser.
O momento para conceder o perdão é após o início do processo e antes da sentença.
Princípio da indivisibilidade: o perdão do ofendido a um dos acusados estende-se aos demais, desde que haja aceitação.
11.2. Espécies de Perdão
O perdão pode ser expresso ou tácito.
a) Expresso: a vítima declara de forma clara e inequívoca que está perdoando o acusado;
b) Tácito: prática de ato incompatível com a vontade de processar.
O acusado tem 3 dias para se manifestar se aceita ou não o perdão.
O silêncio do acusado implica em aceitação do perdão.A recusa deve ser de forma expressa (art. 58, CPP). Se concedido e aceito, não há retratação.
Art. 58.  Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
12. Perempção
Perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada exclusiva ou personalíssima em virtude da desídia (inércia, preguiça) do querelante.
Natureza jurídica: causa extintiva de punibilidade.
OBS.: Não cabe perempção na ação penal privada subsidiária da pública, pois a ação é pública e o ofendido apenas subsidiariamente a inicia (o MP reassume o pólo ativo da ação).
12.1. Hipóteses de Perempção (art. 60, CPP)
Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
I) Deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias;
II) Falecendo o querelante, o sucessor tem que vir para o processo independente de ser chamado ao processo. Trata-se de sanção automática, ou seja, não é necessária a intimação dos sucessores.
III) O não comparecimento à audiência de conciliação não significa perempção, pois quando não se comparece a audiência de conciliação significa que não há interesse em conciliar (STF, HC 71219). Caso o querelante justifique a ausência na audiência, o juiz acatará e marcará nova data.
Em caso de júri, na hipótese de ação penal privada subsidiária da pública, se o advogado do querelante não comparece à audiência, o MP reassume o pólo ativo; na hipótese de ação penal exclusivamente privada, a ausência do advogado do querelante será causa de perempção.
IV) Pessoa jurídica pode promover ação penal de crimes contra a honra (ação penal privada) e contra o patrimônio. Não havendo designação de pessoa para representar a empresa, ocorrerá perempção.
12.2. Diferença entre perempção e decadência
A perempção só ocorre após o início da ação penal, é a perda do direito de prosseguir com a ação, enquanto que a decadência é a perda do direito de iniciar a ação penal privada pelo não exercício no prazo legal
13. Ação Civil “Ex Delicto”
Ação ajuizada pelo ofendido na esfera cível para obter indenização pelo dano causado pela infração penal, quando existente. É a ação por meio do qual a vítima busca a reparação do dano sofrido com a conduta criminosa. O art. 91, I do CP deixa claro que a sentença condenatória penal torna certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime.
Art. 91. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
13.1. Sistemas Processuais
1) Sistema da Confusão
Têm-se duas pretensões, civil e penal, desenvolvidas em AÇÃO ÚNICA NO JUÍZO CRIMINAL. O pedido no juízo criminal engloba tanto a condenação como a reparação dos danos sofridos pelo crime. Assim, há uma só ação penal e o autor faz dois pedidos num único processo. 
Condenação penal + reparação do dano.
O pedido na ação penal engloba ao mesmo tempo a condenação e a reparação do dano.
Ex.: Lei Maria da Penha.
2) Sistema da Solidariedade/União
Têm-se DUAS AÇÕES, civil e penal, se desenvolvendo em PROCESSO ÚNICO. Podem ser movidas por pessoas distintas, contra responsáveis diversos. Assim, teremos duas pretensões e dois pedidos (condenar e reparar), tramitando em um só processo.
2 pretensões (civil e penal) + 2 pedidos (reparação e condenação).
3) Sistema da livre escolha
A vítima escolhe onde quer ser indenizada, se no juízo cível ou no penal.
4) Sistema da Independência
Cada ação tramitará na sua vara competente.
Sistema adotado no Brasil.
OBS.: Não é mais absoluta a adoção do sistema da separação das jurisdições, podendo ser adotado o sistema da confusão se for adaptável ao caso concreto. Ex.: Lei Maria da Penha – cumulação na vara criminal (sistema da confusão).
13.2. Art. 387, IV, CPP
Valor mínimo a título de indenização por conta do dano sofrido pela vítima deverá ser fixado pelo juiz.
O juiz penal é obrigado a fixar um valor mínimo a título de reparação de danos. Se a vítima não trouxe elementos, o juiz deve buscá-los nos autos.
Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
13.3. Suspensão da ação cível
É uma faculdade do juiz cível.
Segundo Nestor Távora, a ação pode ficar suspensa por até 1 ano (aplicando-se por analogia o art. 265, § 5º do CPC).
Art. 265. Suspende-se o processo:
§ 5o. Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.
13.4. Legitimidade
Quem deve propor a ação civil ex delicto é a vítima ou seu representante legal.
OBS.: o art. 48 do CPP prevê que, em se tratando de vítima pobre, o MP, na qualidade de substituto processual, poderá ingressar com a ação para buscar a indenização que a vítima tem direito. Segundo a doutrina, este artigo é considerado inconstitucional progressivamente, pois, nos municípios onde tiver Defensoria Pública, esta que deverá entrar com a ação, não sendo mais o MP parte legítima para buscar a reparação da vítima. Onde não houver defensoria pública o dispositivo é constitucional, sendo a execução da sentença promovida pelo MP e será inconstitucional onde houver Defensoria Pública.
13.5. Foro competente
Para a maioria doutrinária, a ação pode ser proposta tanto no domicílio da vítima como no local do fato.
13.6. Extinção da Punibilidade
Regra geral: a extinção da punibilidade não impede a ação civil ex delicto. (art. 67, II, CPP).
Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
Exceções:
I) Na hipótese de reparação do dano no crime de peculato culposo;
II) Composição civil dos danos no JECRIM (lei 9.099/95).
13.7. O arquivamento do inquérito policial não impede a ação civil ex delicto (art. 67, I, CPP).
Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
13.8. Absolvição criminal
Em regra, não impede a ação civil ex delicto.
Exceções:
I) Quando o juiz criminal reconhecer categoricamente a inexistência material do fato;
II) Quando o juiz criminal reconhecer que o acusado não praticou o fato;
III) Quando o juiz reconhece a existência de uma causa excludente de ilicitude.
III.1) Exceção da exceção, que acaba virando regra: (vai responder civilmente)
a) Estado de necessidade agressivo
Quando um terceiro inocente é atingido;
b) Legítima defesa com aberratio ictus (erro na execução)
Age em legítima defesa, mas atinge um inocente;
c) A utilização de um inocente na legítima defesa.
OBS.: Sempre haverá um terceiro inocente que deverá ser indenizado.
13.9. Execução da sentença penal
Pode ser executada no juízo cível, inclusive no valor fixado a título de execução.
A ação civil pode ser movida contra os herdeiros do acusado até os limites da força da herança.
13.10. Sentença que concede o perdão judicial
Tem natureza declaratória – súmula 18, STJ.
Não poderá ser executada no cível.
Súmula 18, STJ. A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
13.11. Prazo prescricionalpara ajuizamento da ação civil ex delicto
3 anos, a contar do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 206, § 3º, V, CC).
Art. 206. Prescreve:
§ 3o. Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;
14. Jurisdição
14.1. Conceito etimológico
A ação de dizer o direito.
Para a doutrina, é a ação que aplica o direito ou a função estatal de aplicar o direito.
14.2. Formas de resolução do conflito
- Autotutela
A imposição da vontade de uma das partes a outra;
Em regra, não é possível;
Exceções: esforço possessório, legítima defesa.
- Autocomposição
É uma realidade do JECRIM.
Transação: ocorre quando há concessões mútuas;
Renúncia: o autor abre mão do seu interesse;
Submissão: o réu se sujeita a vontade do autor.
14.3. Características da Jurisdição
I) Unidade (Una)
Função exclusiva do judiciário;
Ela é única;
Apenas se divide em competências por questões organizacionais;
Exercida de forma monocrática ou colegiada.
II) Inércia
Só age mediante provocação;
Exceção: todo juiz pode conceder habeas corpus de ofício.
III) Definitividade
Aptidão para formar coisa julgada material;
Só a decisão do judiciário pode se tornar indiscutível (imutável).
IV) Substutividade
O juiz, ao decidir, substitui a vontade das partes pela vontade do Estado.
V) Imperatividade
Transitou em julgado a decisão, tem que haver o cumprimento.
VI) Secundariedade
O judiciário só é chamado a agir após o surgimento do conflito.
14.4. Princípios da Jurisdição
1) Inafastabilidade da Jurisdição
Art. 5º, XXXV, CF.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
O acesso à justiça é direito fundamental.
2) Indeclinabilidade da Jurisdição
O juiz competente não pode recusar a jurisdição, não pode deixar de decidir, seja em que sentido for.
3) Inércia da Jurisdição
O juiz não pode dar início ao processo no nosso ordenamento.
4) Unidade da Jurisdição
A jurisdição é única, porém cada juiz decide o limite da sua competência.
5) Devido processo legal
Garantias constitucionais e legais.
Art. 5º, LIV, CF.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
6) Correlação
Tem que haver correspondência entre a sentença e o pedido formulado na peça acusatória.
O juiz não pode decidir citra (aquém do pedido), extra (fora) ou ultra (além) petita.
7) Indelegabilidade da Jurisdição
O juiz competente não pode delegar os atos decisórios.
EC 45/04: autorizou a delegar os atos de mero expediente, atos que não tenham cunho decisório.
8) Improrrogabilidade da Jurisdição
O juiz não pode invadir competência alheia. Sua competência não é prorrogável.
9) Independência da Jurisdição
Regra geral: a jurisdição penal é independente da jurisdição civil.
10) Perpetuação da Jurisdição
Iniciado o processo em um determinado juízo, nele deve terminar.
Exceção: extinção do órgão judiciário, extinção da comarca, criação de vara especializada.
14.5. Princípios relacionados ao juiz
1) Princípio do juiz natural
É aquele competente para decidir o caso concreto.
2 garantias:
Irrecusabilidade do juiz: a parte não pode recusar o juiz, este é irrecusável, salvo por motivo justificado;
Proibição do tribunal de exceção: tribunal criado para julgar determinado fato após a sua ocorrência. OBS.: O Tribunal Penal Internacional (julga os crimes de guerra e genocídio), do qual o Brasil é signatário, é um Tribunal de Exceção (art. 5º, § 4º, CF).
§ 4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
2) Princípio da Investidura
A forma como a pessoa ingressa no cargo de juiz (concurso público).
3) Princípio da Independência
O juiz é livre para decidir de forma totalmente independente, porém é obrigado a fundamentar suas decisões.
Interna: o juiz deve ser independente frente aos seus pares (colegas);
Externa: o juiz deve ser independente frente aos demais poderes.
4) Imparcialidade do Juiz
Todo juiz deve atuar de forma imparcial (não ser tendencioso, tratamento igualitário as partes).
5) Identidade física do juiz
Art. 399, § 2º, CPP.
Regra geral: o juiz que presidir a instrução do processo fica vinculado ao mesmo, é obrigado a sentenciá-lo.
Exceção: promoção, remoção de comarca.
Art. 399, § 2o. O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
15. Competência Criminal
15.1. Conceito
É a medida e o limite da jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito.
O juiz atua dentro da sua competência.
15.2. Espécies de Competência
a) Competência em razão da matéria (Ratione materiae)
É aquela fixada em razão da infração penal cometida.
Ex.: crime militar é competência da Justiça Militar e crime eleitoral é competência da Justiça Eleitoral em razão da infração penal.
b) Competência em razão da pessoa (Ratione personae)
Art. 69, VII, CPP.
É estabelecida em razão da pessoa acusada.
Competência com foro por prerrogativa de função.
Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
VII - a prerrogativa de função.
c) Competência territorial (Ratione loci)
Art. 69, I e II, CPP.
Em regra, é determinada pelo local da consumação do crime.
Exceção: Deputado Federal é sempre julgado em Brasília.
Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
d) Competência funcional
É a competência fixada de acordo com a função que cada um dos órgãos jurisdicionais exerce no processo.
Espécies de competência funcional:
I) Competência funcional por fase do processo
Espécie de competência funcional horizontal;
De acordo com a fase em que estiver o processo, o órgão jurisdicional exercerá a sua competência;
Ex.: Júri: 
1ª fase: juiz sumariante ou singular; 
2ª fase: corpo de jurados;
II) Competência funcional por objeto do juízo
Espécie de competência funcional vertical;
É aquela em que o órgão jurisdicional exerce a sua competência para decidir determinadas questões existentes no processo;
Ex.: Tribunal do Júri:
Juiz presidente: questões de direito (nulidades);
Corpo de jurados: autoria e materialidade delitiva;
III) Competência funcional por grau de jurisdição
É espécie de competência funcional vertical;
É a competência que divide a competência jurisdicional dos órgãos superiores e inferiores;
A própria competência recursal.
OBS.:
Competência funcional horizontal: espécie de competência em que os órgãos jurisdicionais estão no mesmo plano hierárquico;
Competência funcional vertical: os órgãos jurisdicionais estão em planos hierárquicos distintos. O tribunal do júri pode caçar a decisão de um juiz que é vinculado a ele.
15.3. Competência absoluta
Sempre vai haver o interesse público;
Improrrogável (somente o juiz competente pode atuar no processo);
A não observância da competência absoluta gera nulidade absoluta;
OBS.: decisão absolutória ou extintiva da punibilidade do agente, ainda que prolatada com vício de incompetência, é capaz de transitar em julgado e produzir os seus efeitos, impedindo que o acusado seja processado novamente pela mesma infração penal (princípio do “ne bis in idem”);
A nulidade absoluta não precisa ser provada, o prejuízo é presumido, pode ser alegada a qualquer momento;
Pode ser declarada de ofício;
Pode ser argüida por meio de exceção de incompetência (pode a parte requerer que o juiz se declare incompetente por meio de petição nos autos);
Não admite modificação (a conexão e a continência não podem mudar a competência absoluta;Espécies: competência em razão de matéria, competência em razão da pessoa e competência funcional.
15.4. Competência relativa
Trata do interesse das partes;
Prorrogável (modificada pela vontade das partes);
A incompetência relativa gera nulidade relativa (tem que ser alegada no primeiro momento em que a parte for falar nos autos e deverá provar o prejuízo);
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (no processo penal o interesse é público);
Antes da lei 11.719/08, a incompetência relativa poderia ser alegada a qualquer momento. Agora, o momento é até antes do início da audiência de instrução e julgamento (princípio da identidade física do juiz);
Pode ser argüida por meio de exceção de incompetência (pode a parte requerer que o juiz se declare incompetente por meio de petição nos autos, porém até antes da audiência de instrução e julgamento;
Admite modificação (pode ser alterada pela conexão e continência);
Espécies: competência territorial, competência por distribuição e competência por prevenção.
15.5. Guia de fixação da competência
1) Competência da jurisdição
Qual é a justiça competente para processo e julgamento (militar, eleitoral, federal, comum).
2) Competência originária
Lei 8.038/90.
Observa-se se o acusado possui foro ou prerrogativa de função (foro privilegiado).
3) Competência territorial
Observa-se qual é a comarca competente.
4) Competência de juízo
Qual é a vara competente.
5) Competência interna
Qual é o juiz competente para processo e julgamento.
6) Competência recursal
Para onde deve ser dirigido o recurso.
15.6. Justiças Competentes
a) Justiça Especial:
Militar;
Eleitoral;
Extraordinária;
Trabalho;
b) Justiça Comum:
Federal;
Estadual.
15.7. Competência Internacional
É definida pelas regras de territorialidade e extraterritorialidade (arts. 5º ao 7º, CP).
Crimes praticados fora do território brasileiro serão julgados no Brasil (a competência para processo e julgamento de crime ocorrido no exterior sem que a conduta e o resultado tenham ocorrido no Brasil é da Justiça Estadual, porque não há hipótese de atração para a Justiça Federal).
O local do julgamento será a capital do Estado do seu último domicílio e se nunca tiver residido no Brasil, será na capital federal.
15.8. Tribunal Penal Internacional
Surgiu diante das atrocidades praticadas por alguns países e principalmente após as 2 guerras mundiais.
Foi aprovado em 1998 pelo Estatuto de Roma, após a sua 60ª adesão. Começou a ter vigência em 2002.
O Brasil aderiu no ano de 2002.
Em 2004, com a EC 45, o Brasil reconheceu formalmente a jurisdição do Tribunal Internacional.
Princípio da complementariedade: a jurisdição do TPI só entra em cena quando houver incompetência dos países ratificadores do Estatuto de Roma.
15.8.1. Competência Criminal do TPI
Está relacionada a crimes de elevada gravidade e que afetam a comunidade internacional.
Genocídio (art. 6º);
Crimes contra a humanidade (art. 7º);
Crimes de guerra (art. 8º);
Crimes de agressão (ainda não foi definida a sua conduta).
Só pode ser aplicada a crimes praticados após a entrada em vigência do TPI (01/07/2002).
No Brasil, tem aplicação apenas no crime de genocídio (lei 2.889/56).
Para parte da doutrina, o TPI ofende a soberania dos Estados.
15.9. Competência Criminal da Justiça Militar
Criada em 1808, é a competência mais antiga do Brasil.
Tanto a União (lei 8.457/92) como os Estados (art. 125, CF) possuem Justiça Militar.
De acordo com o STJ, o militar pode responder a processos separados, a depender do contexto fático. Por exemplo, processo de competência da Justiça Militar e processo de competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual.
A progressão de regime da Lei de Execução Penal (7.210/84) também se aplica aos militares, por conta do princípio da individualização da penal (STJ HC 215765).
15.10. Justiça Militar da União
Julga crimes militares próprios ou impróprios;
Julga a pessoa que é militar e também o civil;
A competência é em razão da matéria (crimes militares);
Não possui competência cível;
O órgão jurisdicional é composto por 1 juiz auditor mais 4 militares oficiais (tem que ser de posto mais elevado do que o acusado; se o posto for igual, tem que ser mais antigo);
Todos os crimes são julgados pelo Conselho de Justiça (o juiz auditor não possui competência singular, o julgamento é colegiado);
O presidente do conselho é o militar de posto mais elevado;
Quem atua na 2ª instância é o Superior Tribunal Militar;
A acusação cabe ao Ministério Público Militar (vinculado ao MPU).
15.11. Justiça Militar dos Estados
Julga crimes militares próprios ou impróprios;
Só julga quem é militar (polícia militar, policial rodoviário estadual e bombeiros);
OBS.: o que importa é a qualidade do agente no momento da prática do delito;
OBS.: em caso de crimes conexos envolvendo militar (militar em serviço) e civil, deverá haver a separação dos processos;
A competência é em razão da matéria (crimes militares) e em razão da pessoa (só julga quem é militar);
Possui competência cível (julga as ações judiciais contra atos disciplinares dos militares;
O órgão jurisdicional (Conselho de Justiça) é formado por 1 juiz de direito mais 4 oficiais;
Alguns crimes podem ser julgados apenas pelo juiz de direito (crimes praticados por militar contra civil);
Quem preside o conselho é o juiz de direito;
Quem atua na 2ª instância é o Tribunal de Justiça ou o Tribunal de Justiça Militar (presente nos estados que tenham mais de 20.000 integrantes – SP, MG, RS, por exemplo);
A acusação cabe ao próprio Promotor de Justiça.
15.12. Crime Militar
a) Próprio
Só pode ser praticado por quem é militar;
Ex.: Deserção, embriaguez em serviço, dormir em serviço, pederastia (a prática do homossexualismo no âmbito militar;
A condução de militar acaba sendo elementar do tipo. Esta, por sua vez, só vai se comunicar ao civil se dela tiver conhecimento (STJ HC 81.348);
O civil responderá por crime militar próprio (teoria monista ou unitária: autor e partícipe respondem pela mesma conduta);
b) Impróprio
Pode ser praticado por qualquer cidadão, seja ele militar ou civil;
Previsto tanto no CP quanto no COM.
15.13. Casuística
a) Soldado do exército que abandona seu posto e assalta uma padaria
Os processos vão ser separados (HC 90.729 STJ);
O abandono de posto (crime militar próprio) será julgado pela Justiça Militar da União, enquanto que o crime de roubo será julgado pela Justiça Comum Estadual;
b) Homicídio doloso praticado por militar contra civil
Antes da Lei Rambo (9.296/96), este crime seria julgado pela Justiça Militar. Após o advento da lei, que alterou o art. 9º do Código Penal Militar, passou a ser competência do Tribunal do Júri. Se esse militar for PM, será competência do Tribunal do Júri estadual. Se for das forças armadas, será do Tribunal do Júri federal;
O Superior Tribunal Militar entende que essa lei não é constitucional. Porém, o STJ e o STJ já se posicionaram pela constitucionalidade da lei;
c) Homicídio doloso praticado por militar do exército contra militar do exército
Se os militares estão em serviço e ambos estão na ativa, será competência da Justiça Militar da União;
Se os militares não estão em serviço, para o Superior Tribunal Militar e para o STF, mesmo assim é competência da Justiça Militar da União;
Para o STJ, se não estão em serviço não há crime militar, sendo competência da Justiça Comum;
HC 209029 STJ: militar estadual da ativa, porém fora do exercício das suas funções, que atira contra militar em serviço, deve ser julgado pela Justiça Comum;
d) Homicídio doloso praticado por civil contra militar
Se o militar for da Justiça Estadual, a competência será do Tribunal do Júri da Justiça Estadual;
Se for militar das Forças Armadas e estiver no exercício das suas funções, a competência será da Justiça Militar da União (Conselho de Justiça;
Se não estiver no exercício de suas funções, será competência do Tribunal do Júri da Justiça Estadual.
e) Homicídio doloso e aberratio ictus (ou erro na

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