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Aula 3 - Platão e o conhecimeto

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e o Conhecimento
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No Livro VII, da obra “A República”, Platão, por meio de Sócrates, explica sua concepção de conhecimento narrando uma alegoria ou mito.
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Sócrates utiliza-se deste mito para fazer uma assimilação entre o mundo dos homens tomado como o mundo das sombras e da aparência, e o mundo inteligível, o da luz do sol ou da verdade. 
Com o caminho de saída da escuridão à luz quer indicar o percurso de ascensão da alma até o mundo inteligível. A este que se liberta da caverna chama o filósofo e a arte de se libertar, ou “arte do desvio” denomina filosofia. 
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Portanto, o que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O Filósofo. O que é a luz do sol? A Luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros rebeldes? A filosofia.
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Para Platão o verdadeiro conhecimento reside nas formas eternas e imutáveis. Que significa dizer isso?
Que para Platão os homens vivem na aparência acreditando ser a realidade. Deste modo, tudo o que vêem, fazem e sentem não passam de sombras.
Ele propõe que a existência de duas dimensões do conhecimento: o sensível e o inteligível.
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O conhecimento verdadeiro corresponde ao conhecimento inteligível, aqueles das formas eternas e imutáveis.
Como se chega a esse conhecimento? De acordo com Platão, mediante o emprego do método dialético.
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Sócrates como pessoa pública, que vivia pelas praças, nos ginásios, nas festas, pelas ruas a dialogar com seus interlocutores, que fazia do indagar permanente seu modo de vida, usava de seu método dialético de perguntas e respostas para fazer cairem em contradição os oponentes a partir de suas próprias premissas. 
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A dialética consiste na arte do diálogo, utiliza-se de linguagem rigorosa para fixar claramente os conceitos em jogo na argumentação. Executa este objetivo por meio de interrogações e respostas (eliminando com isto as hipóteses), até alcançar o princípio. 
Distingue-se da fé e da conjectura que são meras opiniões. Só ela permite exercitar o pensamento e construir a ciência. Empregar a dialética, portanto, é travar um combate através da razão e em busca da essência, pois aquilo que se quer afirmar tem de resistir a todas as refutações para que possa ser distinguido de todas as demais idéias.
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Com isto Sócrates pretendia que seus interlocutores se dessem conta de que não sabiam nada daquilo que acreditavam saber. Queria, assim agindo, desligar-se dos vários casos particulares com o intuito de obter uma depuração da idéia que fosse válida universalmente (ascese). Buscava encontrar a estabilidade absoluta, que ultrapassasse, portanto, os fatos contingentes.
Assim, por exemplo, para Sócrates, não expressa o ser da beleza a beleza concreta, de determinada obra de arte, dos corpos belos, da música harmoniosa, mas aquilo que é a “beleza em si”. Não diz o que é a coragem, àquela dos generais, o ardor e o sangue-frio que demonstram diante das batalhas, mas o que é a “coragem em si”... Sócrates queria saber o que era a coragem e a beleza em todos os casos.
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Com isto, tencionava fixar a essência das coisas, permanente, de absoluta estabilidade, válida universalmente e não sujeita à ação do tempo. Esta é precisamente a tarefa da filosofia.
Como Platão entendia que deveria ser o aprendizado que leva ao caminho da verdade?
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Se voltarmos à “República” veremos que:
Sócrates descarta desde logo a música e a ginástica porque elas são próprias para a educação dos guerreiros e também as demais artes que são próprias dos artesãos.
Este aprendizado também não pode provir das sensações porque elas não incitam à reflexão. Sócrates indica como resposta a matemática, importante a geometria, a dimensão da profundidade, a astronomia, a harmonia, porque elas têm em vista a essência, ou seja, “aquilo que é sempre e não o que vem a ser e perece”. Não pode haver ciência daquilo que é sensível, fala Sócrates, porque o sensível é diversidade, devir e não imutabilidade, perenidade. Por exemplo, as coisas belas participam da Beleza, mas ainda não são a Beleza em si, que não é apreendida pela visão, mas apenas pela razão e pelo pensamento. Trata-se sempre de um exercício de ampliação, fala-se do mais geral possível, e o instrumento utilizado para tanto é a já referida dialética.
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Portanto, para Platão poucos alcançam o conhecimento verdadeiro. Para ele este conhecimento a respeito de um objeto se caracteriza por focalizar seus os traços permanentes, por ser o estudo daquilo que jamais muda.
Ainda, Platão recomendava o estudo da matemática para entendimento da filosofia e do conhecimento porque ela exercita a capacidade de abstração. Há inúmeras passagens em suas obras que citam a matemática como forma de exposição de argumentos. O exemplo mais conhecido se encontra na obra Mênon, na qual Sócrates mostra como mesmo um escravo é capaz de entender e resolver um difícil problema de geometria.
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PLATÃO. A República: ou sobre a justiça, diálogo político. Trad. Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo (SP): Martins Fontes, 2006.
WOLF, Francis. Sócrates: o sorriso da razão. São Paulo (SP): Brasiliense, 1982.
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. Trad. João V. G. Cuter. São Paulo (SP): Martins Fontes, 2003.

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