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Penal III - Aula 1 - Homicídio

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Aula 01
Direito Penal
Prof. André Henrique
BIBLIOGRAFIA:
Curso de Direito Penal - Damásio de Jesus;
Curso de Direito Penal – Fernando Capez
Tratado de Direito Penal – Cezar Roberto Bitencourt
Manual de Direito Penal – Guilherme Nucci
Direito Penal – Rogério Greco
EMENTA: 
1º BIMESTRE: DOS CRIMES CONTRA A VIDA; DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE FÍSICA; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE, DA RIXA.
2º BIMESTRE: DOS CRIMES CONTRA A HONRA; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL; DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
DIREITO PENAL ESPECIAL
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
O CP elenca em seu primeiro capítulo da parte especial os chamados crimes contra a vida. São eles:
Homicídio – art. 121;
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio – art. 122;
Infanticídio – art. 123;
Aborto – arts. 124 a 128.
1. HOMICÍDIO
Conceito: É a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem.
Diferencial: Homicídio, segundo Nelson Hungria, nada mais é senão o tipo central de crimes contra a vida. É o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência.
O art. 121, caput, traz o homicídio doloso simples;
§ 1.º traz o homicídio doloso privilegiado;
§ 2.º traz o homicídio doloso qualificado; 
§ 3.º traz o homicídio culposo; 
§ 4.º traz as majorantes genéricas; 
§ 5.º traz o perdão judicial.
§ 6º. traz majorantes nos casos de milícia ou grupo de extermínio
1.1 HOMICÍDIO SIMPLES 
Previsão legal: art. 121, caput, CP 
Pena: Reclusão de 06 a 20 anos - infração de grande potencial ofensivo.
a) Sujeito ativo – crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).
Crime monosubjetivo (de concurso eventual) – pode ser praticado por 01 ou mais pessoas.
b) Sujeito passivo – crime comum (qualquer pessoa pode ser vítima).
Obs.1. Se a vítima for o Presidente da República? Pode configurar o art. 121 do CP ou o art. 29 da Lei de Segurança Nacional Lei n. 7170/83. Nesse caso, a pena é de reclusão de 15 a 30 anos. Assim, o crime pode ser homicídio (art. 121 do CP) ou crime previsto na Lei de Segurança Nacional.
Se o agente pratica o crime sem motivação política, responde pelo art. 121 do CP. Mas se há motivação política, responde pelo art. 29 da Lei de Segurança Nacional.
No caso do art. 121 do CP, há júri e no caso do art. 29 da LSN o julgamento é feito pelo juízo monocrático, porque é crime contra a segurança nacional e não doloso contra a vida.
Obs. 2: Vítima Índio – (art. 59, Lei 6.001/73, Estatuto do Índio) – índio não integrado a comunidade indígena pena agravada de 1/3 (majorante). 
Pergunta de concurso: E caso os sujeitos (ativo ou passivo) sejam irmãos xipófagos (ligados pelo mesmo apêndice xifóide – siameses)?
Homicídio praticado por irmão xifópago. A doutrina questiona se irmãos xifópagos podem ser sujeito ativo de homicídio.
A primeira coisa que se tem que notar é se é possível a separação cirúrgica desses irmãos. Partindo do pressuposto que essa cirurgia é impossível, a doutrina tem dois posicionamentos:
1ª Corrente. A Absolvição se justifica, pois conflitando o interesse do Estado ou da sociedade com o da liberdade individual, esta é a que tem que prevalecer (Manzini).
Logo, esta corrente afirma que o irmão que teve a intenção de realizar o homicídio deve ser absolvido. Isso porque deve-se evitar o recolhimento prisional de um inocente, ou seja, do outro irmão.
2ª Corrente. A outra corrente afirma que o irmão que teve a intenção de realizar o homicídio deve ser condenado, inviabilizando-se, porem o cumprimento da pena, tendo em vista o princípio da intransmissibilidade da sanção penal (Flávio Monteiro de Barros).
Nesse ínterim, só cumpre a pena se o outro irmão vier a praticar um outro crime. Entende que deve ser evitada a ofensa do princípio da personalidade da pena, ou seja, a pena não pode passar da pessoa do condenado.
Homicídio em que são vítimas irmãos xifópagos: Cezar Roberto Bittencourt traz a doutrina acerca do tema. O agente atira e quer matar apenas um deles, mas pelo fato de haver só um coração, os dois morrem. Nesse caso, o agente queria matar apenas um, mas matou os dois. Com relação ao que o agente quis matar, pratica homicídio doloso, art. 121, CP (dolo de 1º grau). Já com relação ao outro irmão, o qual o agente não queria matar, tem-se dolo de segundo grau (consequência necessária). Assim, responde pelo segundo irmão por homicídio, porém, com dolo de segundo grau.
Há um concurso formal impróprio, já que se tem uma única ação com dois resultados e com desígnios autônomos.
c. Bem jurídico tutelado:
Bem jurídico tutelado – vida humana 
d. Tipo objetivo:
Tipo objetivo (verbo – conduta prevista): Tirar a vida de alguém (extrauterina)
VIDA
	INTRAUTERINA
	EXTRAUTERINA
	- Abortamento
	- Homicídio
	
	- Infanticídio
Esse artigo pune o fato de se tirar a vida de alguém. É a vida extrauterina.
Se se tira a vida intrauterina de alguém, se pratica aborto. Mas se a vida é extrauterina, se pratica homicídio ou infanticídio.
A linha divisória que separa o aborto do homicídio ou infanticídio é representada pelo início do parto.
Pergunta: Quando começa a vida extrauterina?
Há três correntes que tratam do início do parto:
1ªC- A primeira corrente entende que o parto tem início com o completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas;
2ªC- Para a segunda corrente, o parto tem início com as dores típicas do parto.
3ªC- A terceira corrente entende que o parto se inicia com a dilatação do colo do útero.
Em tese, tem prevalecido a terceira corrente, mas há mulheres que precisam fazer cesariana porque não têm dilatação. Assim, não se pode dizer qual corrente prevalece.
Obs: Trata-se de crime de execução livre: pode ser praticado por:
a) ação/omissão;
b) meios diretos/indiretos;
c) meios físicos/ morais ou psíquicos.
Ex. Homicídio praticado por meio psíquico – amigo sabia que indivíduo era apoplético (pessoa que perde o ar se der muita risada), assim, contou várias piadas, fazendo com que o cara risse e morresse engasgado.
e. Tipo subjetivo: analisa o animus 
No caso, abrange tanto o dolo direto ou dolo eventual – animus necandi.
Obs.1: O crime não exige finalidade especial do agente. Dependendo da finalidade especial pode configurar uma qualificadora ou uma privilegiadora.
Obs: Questão de homicídio praticado em veículo automotor:
	“RACHA”
	“EMBRIAGUÊS AO VOLANTE”
	 STF: HC 101.698/RJ
= Dolo Eventual
	 STF: HC 107.801/SP
= Culpa consciente.
Em quem pesem as posições supra do STFL, entendemos que a melhor concepção é a análise caso a caso.
Pergunta: Homicídio Preterdoloso, onde se encontra? No art. 129, § 3.º. É sinônimo de lesão corporal seguida de morte. Não vai a júri porque não é doloso contra a vida, mas tal é amplamente criticado pela doutrina. 
f. Consumação e tentativa:
O Homicídio se consuma com a morte da vítima. Esta ocorre, de acordo com a Lei n. 9.434/97 (Lei de Doação de Órgãos), quando há a cessação da atividade encefálica.
É possível a tentativa no crime de homicídio, pois é crime plurissubsistente, que admite o fracionamento da execução em vários atos.
Pergunta: É possível a ocorrência de homicídio simples e, ao mesmo tempo, hediondo?
Homicídio será etiquetado como hediondo, quando for qualificado ou for praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Art. 1.º, I, da Lei n. 8.072/90 (é o chamado HOMICÍDIO CONDICIONADO). Assim, mesmo que não esteja presente nenhuma qualificadora, será considerado hediondo.
A chacina é um exemplo de grupo de extermínio. 
g. Classificação doutrinária clássica:
Crime comum; material; simples (um bem jurídico); de dano (busca ofender o bem, não somente colocar em perigo); instantâneo de efeitos permanentes.
1.2. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
Previsão legal: art. 121, parágrafo 1º, CP.
Art. 121 (...)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção,logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Na verdade, trata-se de uma causa especial de diminuição de pena
Há nesse dispositivo três privilegiadoras:
1ª) O agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social:
Relevante valor social significa matar para atender a interesse de toda a coletividade.
A doutrina elenca como exemplo o fato e se matar um traidor da pátria ou perigoso bandido que aterroriza a comunidade.
O valor aqui deve ser relevante. Caso não seja relevante, não há o privilégio.
2ª) O agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral:
Significa matar alguém para atender interesse particular, porém ligado aos sentimentos de compaixão, misericórdia ou piedade.
Ex: eutanásia. Inclusive, está na exposição de motivos do CP.
O motivo aqui deve ser relevante. Caso não seja relevante, não há o privilégio.
	EUTANÁSIA
	ORTOTANÁSIA
	DISTANÁSIA
	É a antecipação da morte natural.
	É o não prolongamento artificial do processo de morte (Além do que seria o processo natural – para de prolongar a vida artificial).
	É o prolongamento artificial do processo de morte (Com o sofrimento do doente).
	Homicídio.
	Prevalece ser comportamento criminoso, pois esta não esta autorizada, embora alguns tribunais tenham autorizado.
	
Obs. Ortotanásia – caiu MP/SC, banca entendeu ser comportamento criminoso.
3ª) O agente comete o crime sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (HOMICÍDIO EMOCIONAL):
Requisitos:
1º- Domínio de violenta emoção: 
Domínio não se confunde com a mera influência. A diferença está relacionada ao grau, já que o domínio é uma emoção mais intensa, absorvente. A influência é mais passageira (circunstância atenuante, art. 65, CP).
2º- Reação imediata (“logo em seguida.....”):
Até quando a reação se considera imediata? Qual o hiato temporal? A doutrina entende que é a reação sem intervalo, sem hiato temporal. A jurisprudência resolveu fazer a seguinte conclusão: será considerada imediata enquanto perdurar o domínio de violenta emoção. Logo, irá depender da análise do caso concreto.
3º- Injusta provocação da vítima:
Não significa crime, a vítima pode praticar um ato que não necessariamente configura crime. Ex: chifre! 
A injusta provocação da vítima pode ser indireta, dirigida contra terceira pessoa, ou animal. O que importa é que é ser injusta. O agente homicida não precisa ser a pessoa provocada. Ex: Pai que mata o estuprador da filha; homicídio do cônjuge que estava traindo e de seu (sua) amante.
Pergunta de concurso: As privilegiadoras se comunicam entre os concorrentes (autores e partícipes)? Ex: o homem para matar o estuprador da filha pede ajuda do vizinho. Este responde também por homicídio privilegiado?
Para se responder a essa pergunta deve-se decidir se as privilegiadoras são circunstâncias ou elementares. Depois, se são subjetivas ou objetivas.
Circunstâncias são dados que agregados ao tipo penal alteram a pena; elementares são dados que agregados ao tipo penal modificam o crime.
Ex: a violência na subtração é um dado elementar, já que acrescentado ao tipo muda-o de furto para roubo. Já no homicídio a interferência é só na pena.
Assim, a privilegiadora no homicídio é uma circunstância. Nos termos do art. 30 do CP, as circunstâncias só se comunicam se forem objetivas.
Circunstâncias objetivas dizem respeito ao meio/modo de execução; Circunstâncias subjetivas dizem respeito ao motivo do crime ou estado anímico do agente.
O privilégio é circunstância subjetivas, ou seja, são incomunicáveis a co-autores e partícipes. Tratando-se de circunstâncias objetivas, são incomunicáveis nos moldes do art. 30 do CP.
No caso do vizinho do pai que matou o estuprador, responde por homicídio sem o privilégio.
Pergunta: O privilégio no homicídio (§ 1.º do art. 121 do CP) é uma faculdade do juiz ou direito subjetivo do réu? 
Prevalece que é direito subjetivo do réu, sendo discricionário do juiz apenas o quantum da redução da pena, que pode variar de um sexto a um terço.
1.3 HOMICÍDIO QUALIFICADO
Previsão legal: art. 121, § 2°, CP.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
O homicídio qualificado é sempre crime hediondo, não importando à qualificadora.
São cinco qualificadoras:
a) motivo torpe:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
É uma qualificadora subjetiva. 
Motivo torpe é o motivo vil, ignóbil, repugnante e abjeto. Em apertada síntese, é o homicídio mediante ganância, pois quase sempre está ligada a ela.
Ex: É o chamado homicídio mercenário por mandato remunerado (mediante paga ou promessa de recompensa).
O legislador faz aqui uma interpretação analógica. O legislador começa com exemplos e encerra de forma genérica, fazendo com que o juiz encontre outros casos que com o exemplo se assemelha.
O homicídio é um crime monossubjetivo, ou seja, pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Mas existe uma exceção, que é o caso do homicídio mercenário, que é de concurso necessário, plurissubjetivo. Significa dizer que só pode ser praticado por pluralidade de agentes. Necessariamente se tem o mandante e o executor.
A qualificadora incide apenas para o executor ou também para o mandante?
1ªC. Prevalece na jurisprudência que estamos diante de uma elementar subjetiva comunicável. Tratando-se de elementar subjetiva, comunica-se ao mandante. Assim, responde pela qualificadora mandante e executor (MP/SP segue esta corrente a risca).
2ªC. Mas a doutrina moderna diz que é uma circunstância subjetiva incomunicável (Rogério Greco). Tratando-se de circunstância subjetiva, não se comunica ao mandante. Ex: torpeza é ganância. O pai não tem coragem de matar o estuprador da filha e contrata alguém. Ele não age por ganância, logo não deve responder pela torpeza.
O CESPE entende que a posição que deve ser seguida é a do STJ.
Pergunta de concurso: Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa?
Prevalece que a paga ou recompensa deve ser necessariamente econômica. 
Mas se o crime for de outra natureza, por exemplo: sexual, deixa de ser homicídio mercenário, mas permanece torpe. Ex.: Matar modelo concorrente da outra mediante promessa de sexo. Esse exemplo não cai na paga ou promessa de recompensa, mas continua sendo torpe, porque cai na parte final do inciso.
Pergunta de concurso: O ciúme e a vingança configuram a torpeza? 
Cuidado! A vingança ou o ciúme – pode ou não constituir motivo torpe, dependendo da causa que a originou. Ex: pai que resolve “vingar” a morte do filho.
b) motivo fútil:
É uma qualificadora subjetiva.
Fútil: o móvel do crime apresenta real desproporção entre o delito e a sua causa moral. É aquele pequeno demais para que na sua insignificância possa parecer capaz de explicar o crime que dele resulta (é a pequeneza do motivo).
Ex: briga de trânsito.
Cuidado! Não se pode confundir motivo fútil com motivo injusto. Injusto todo crime é. A injustiça do motivo integra o próprio crime. 
Pergunta de concurso: A ausência de motivos qualifica o crime? 
1ªC - A primeira corrente diz que a ausência de motivos equipara-se ao motivo fútil, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse com pena mais grave aquele que mata por futilidade, permitindo que o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda (Essa corrente prevalece na jurisprudência).
2ªC - A segunda corrente afirmaque por falta de previsão legal a ausência de motivos não se equipara ao motivo fútil (Cezar Bitencourt). O autor defende que, se quiser abranger a ausência de motivos entre os motivos fútil, estar-se-á fazendo uma analogia in malam partem, já que o dispositivo legal não prevê o homicídio cometido por ausência por motivos.
c) meio cruel:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Qualifica o crime de homicídio o emprego de meio insidioso, cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
É uma qualificadora objetiva.
Aqui, também há uma interpretação analógica, já que o legislador dá exemplos e termina o inciso de forma genérica.
Veneno: O crime com emprego de veneno é chamado de VENEFÍCIO. 
Veneno é toda a substância, biológica ou química, animal, mineral ou vegetal, capaz de perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano.
Magalhães Noronha entende que o açúcar para o diabético é um veneno. Ainda, qualquer substância a que a vítima seja alérgica.
Cuidado!!! Só incide a qualificadora do veneno se este for ministrado insidiosamente, sem que a vítima saiba.
Pergunta de concurso: O agente chega ao bar, coloca a arma na cabeça da vítima e manda ela tomar um veneno. O homicídio é simples ou qualificado? 
Não há a qualificadora do emprego de veneno, mas incide a qualificadora que dificultou a defesa da vítima. Logo, continua o homicídio sendo qualificado, mas por outro motivo que não o emprego de veneno.
Emprego de fogo ou explosivo: Pode constituir meio cruel ou meio que possa resultar perigo comum, dependendo do caso.
Explosivo é qualquer objeto ou artefato capaz de provocar explosão ou de se transformar rapidamente em explosão. Ex: dinamite, bomba caseira, coquetel molotov, etc.
Emprego de Asfixia: Asfixia é o impedimento da função respiratória, com a consequente falta de oxigênio no sangue do indivíduo.
Pode ser mecânica (enforcamento, afogamento); tóxica (gás asfixiante – Monoxido de carbono)
Emprego de tortura: Tortura é meio que causa prolongado, atroz e desnecessário padecimento.
Cuidado com o crime de tortura: A Lei 9.455/97 define crime de tortura, com pena de 08 a 16 anos se resultar a morte da vítima:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Nessa situação, deve-se observar a intenção do agente: Se houve animus necandi, deve responder pelo crime de homicídio qualificado pela tortura. Mas, se o resultado morte foi preterdoloso (dolo na tortura e culpa na morte), responde pela tortura qualificada pela morte.
Lembra Damásio que, se durante a tortura o sujeito ativo resolve matar a vítima, há dois crimes em concurso material: tortura e homicídio.
Meio insidioso. É aquele utilizado com estratagema, perfídia, consistindo na ocultação do verdadeiro propósito do agente, pois o meio empregado dissimula a capacidade mortal.
Cuidado: não confundir o meio insidioso (em que se oculta a eficiência mafélica) com modo insidioso (modo de dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima).
Meio cruel. Forma brutal, bárbara, que revele ausência de piedade. Há um sofrimento desnecessário.
Obs: crueldade realizada após a morte da vítima não qualifica o crime (mutilação ou esquartejamento de cadáver).
Perigo comum. Meio que possa resultar perigo a número indefinido ou indeterminado de pessoas. Cuidado com os chamados crimes de perigo comum (Título VIII, Capítulo I). Aqui a finalidade é a morte da vítima, e não meramente causar perigo comum.
É plenamente possível a ocorrência de concurso formal entre homicídio e crime de perigo comum (incêndio – art. 250; explosão – art. 251; inundação – art. 254; e outros).
d) modo surpresa:
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Traição – é o ataque desleal, repentino e inesperado (atirar na vítima pelas costas).
Não há traição se a vítima pressente a intenção do agente.
Emboscada – pressupõe ocultamento do agente, atacando a vítima com surpresa (o agente fica escondido no jardim de entrada da casa da vítima). É a famosa tocaia.
A diferença entre traição e emboscada é que a segunda trabalha com o ocultamento do agente.
Dissimulação – é o fingimento, disfarçando a agente a sua intenção hostil (convida a vítima para um passeio para matá-la em local desvigiado).
É uma qualificadora objetiva.
Aqui, o legislador também utilizou da interpretação analógica.
A premeditação, em si, não constitui qualificadora do crime de homicídio (podendo ser considerada na fixação da pena base). Apenas será qualificadora se, a partir da premeditação, ocorrer um dos casos acima.
Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa – é qualquer outro recurso análogo aos acima que dificulta e defesa da vítima. Exemplo: surpresa.
Pergunta de concurso (MP/MG): Matar criança de tenra idade ou idoso gera essa qualificadora? 
Não, porque o que qualifica é o recurso utilizado pelo agente. A idade da vítima não é um recurso do agente, mas uma qualidade dela.
Assim, a idade da vítima, tenra ou avançada, por si só, não qualifica o crime, pois não é recurso procurado ou utilizado pelo agente.
Atenção: o STF, no HC 95.136/PR, entender ser incompatível dolo eventual com qualificadora prevista no inciso IV do § 2º do art. 121.
EMENTA: Habeas Corpus. Homicídio qualificado pelo modo de execução e dolo eventual. Incompatibilidade. Ordem concedida. O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, inc. IV, do CP (“traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”). Precedentes. Ordem concedida.
e) fim especial:
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
É uma qualificadora subjetiva.
Aqui, é o caso do homicídio qualificado pela conexão. O agente mata pensando em outro crime. Há os seguintes tipos de conexão:
Teleológica: o agente mata para assegurar a execução de crime futuro.
 Consequencial: o agente mata para assegurar vantagem, impunidade ou ocultação de crime passado, pretérito.
Exs: Agente mata segurança de modelo para estuprá-la. É o caso de homicídio qualificado pela conexão teleológica. Mas se o agente, depois de estuprá-la, a mata, para assegurar a impunidade ou a ocultação do crime, é o caso de homicídio qualificado pela conexão consequencial.
Para incidir a conexão teleológica, o crime futuro deve necessariamente ocorrer? O que qualifica o homicídio nesse caso não é a ocorrência do crime futuro, mas a finalidade que levou o agente a alguém. A qualificadora não depende da concretização do crime futuro. Assim, dispensa-se a ocorrência do crime futuro para qualificar o homicídio. Aliás, se ocorrer o crime futuro, haverá concurso material de crimes.
Para qualificar o crime pela conexãoteleológica ou consequencial, o crime tem que ser ou ter sido praticado pelo homicida, ou seja, deve ter a mesma pessoa cometido os dois crimes? Tal não é imprescindível. Pode-se matar para assegurar o cometimento de crime futuro que será cometido por outrem. Não se precisa reunir a autoria dos dois crimes na mesma pessoa.
O Brasil pune a conexão ocasional (temporal)? Não significa matar para assegurar crime, mas matar por ocasião de um crime, sem vínculo finalístico entre o homicídio e o outro crime. A conexão ocasional não qualifica o homicídio.
Se o agente mata para assegurar a execução de uma contravenção penal, não incide esta qualificadora, mas podem incidir outras, como o motivo fútil ou o motivo torpe.
Obs: o homicídio somente será qualificado se ocorrer por dolo. Caso haja, por exemplo, erro na execução, não se qualifica o crime de homicídio.
Pluralidade de circunstâncias qualificadoras:
É correta a expressão “homicídio dupla ou triplamente qualificado”? Não, o homicídio ou é simples ou qualificado. Este pode ter a incidência de várias qualificadoras.
No caso de incidirem várias qualificadoras, há divergência na doutrina:
- uma corrente entende que as demais qualificadoras devem incidir como circunstancias judiciais desfavoráveis.
- outra corrente entende que as demais qualificadoras devem ser utilizada como agravantes, pois todas estão previstas no artigo 61 do CP. Hoje prevalece esta corrente (é tese institucional do MP de São Paulo).
O juiz usa uma qualificadora para aplicar a pena do homicídio qualificado e, quanto às demais, adota uma das duas correntes acima explicadas.
É possível homicídio qualificado/privilegiado?
	Privilégio – § 1º
	Qualificadora – § 2º
	Motivo de relevante valor social (subjetiva);
Motivo de relevante valor moral (subjetiva);
Domínio de violenta emoção (subjetiva).
	Motivo torpe (subjetiva);
Motivo fútil (subjetiva);
Meio cruel (objetiva);
Modo surpresa (objetiva);
Vínculo finalístico (subjetiva).
Assim, é possível, desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva. A votação do privilégio no júri excluí a qualificadora (jurado primeiro vota o privilégio e, reconhecendo o privilégio, considera-se prejudicada a qualificadora).
Homicídio qualificado/privilegiado é crime hediondo? Fazendo uma analogia com o art. 67 do CP, prevalece na doutrina que ensina que o homicídio qualificado/privilegiado deixa de ser hediondo.
1.4 HOMICÍDIO CULPOSO
Homicídio culposo:
Art. 121, § 3.º:
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo. Médio potencial ofensivo admite a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95).
Ocorre homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), porém jamais querido ou aceito.
Imprudência, negligência ou imperícia são formas de violação do dever de cuidado.
Imprudência: Afoiteza (ação).
Negligência: Falta de precaução (omissão).
Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão.
Existe no direito penal compensação de culpas? Não, mas não existe a culpa concorrente da vítima pode atenuar a responsabilidade do agente.
Obs: imprudência e imperícia é, na verdade, negligência em sentido amplo (se pintar dúvida, falar que é negligência).
Se o homicídio culposo foi praticado na condução de veículo automotor, incide o art. 302 do CTB e não o CP. Aplica-se aqui o princípio da especialidade.
A pena é de detenção de dois a quatro anos, mais proibição ou suspensão para dirigir veículo automotor.
Assim, quando se tem resultado morte, podem incidir o art. 121, § 3.º do CP, que tem pena de detenção de um a três anos, admitindo portanto, suspensão condicional do processo, sendo seguido o procedimento sumário.
Mas se incidir o art. 302 do CTB, a pena é de dois a quatro anos de detenção, não admitindo suspensão condicional do processo, sendo o rito seguido o ordinário, pois a pena máxima é igual a quatro anos.
Seja o homicídio do CP, seja o homicídio do CTB, o resultado é o mesmo, mas as penas são distintas. O desvalor do resultado, que é o mesmo nos dois crimes, como pode originar penas diversas? Tal é constitucional? Viola o princípio da proporcionalidade?
Se se analisar a questão somente sob a ótica do desvalor do resultado, há flagrante inconstitucionalidade. Mas a constitucionalidade passa a existir quando se analisa o crime sob a ótica do desvalor da conduta. Ora, o desvalor da conduta é mais grave no trânsito do que for dele. A conduta no trânsito gera mais perigo do que fora dele. O que é pior? O legislador aqui atentou para questões de estatísticas.
Prevalece que o desvalor da conduta (no trânsito, a negligência é mais perigosa) justifica a diferença de tratamento.
Homicídio majorado
O § 4.º do art. 121 traz o homicídio majorado:
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
A primeira parte do dispositivo só traz majorantes para o homicídio culposo, não podendo ser aplicadas ao homicídio doloso.
A segunda parte traz majorantes restritas ao homicídio doloso, não podendo ser aplicadas ao homicídio culposo.
Majorantes do homicídio culposo (art. 121, § 4º, 1ª parte):
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
1ª. Se o crime resulta de inobservância de regra técnica para o exercício arte, ofício ou profissão:
Essa majorante não se deve confundir com imperícia, porque na imperícia o agente não domina as técnicas para o exercício de profissão, arte ou ofício. Na causa de aumento, o agente domina a regra, mas deixa de empregar no caso concreto. Há, pois, uma negligência profissional.
Ex: Médico que não certifica se retirou de dentro da paciente aparelho utilizado em cirurgia, ou operou lado esquerdo do cérebro quando deveria operar o lado direito. Há homicídio culposo majorado. Difere do caso do pediatra que faz uma lipo, quando não domina essa técnica.
Discute-se se esta causa de aumento (negligência profissional) configuraria bis in idem, na medida em que a inobservância de regra técnica se apresenta, ao mesmo tempo, como núcleo do tipo e majorante.
1ª corrente: não caracteriza (STF – HC 86.969/RS);
2ª corrente: caracteriza (STF – HC 96.078; STJ – REsp 606.170/SC).
Na doutrina e na jurisprudência tem prevalecido a primeira corrente (embora a decisão mais recente do STF é de acordo com a 2ª corrente).
2º. Omissão de socorro:
O agente deixa de prestar socorro à vítima, podendo fazê-lo. Nesse caso, não incide o art. 135 do CP, para não gerar bis in idem.
Se a vítima é imediatamente socorrida por terceiros, não incide o aumento.
Não incide a majorante quando a vítima morre instantaneamente ou quando o agente não tem condições de prestar o socorro, mediato ou imediato.
Ex: se o agente fosse prestar socorro iria ser linchado.
Não exclui a majorante o fato de o agente achar que o socorro é inútil. O STF decidiu acerca dessa matéria. Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima (ainda viva), não o faz, concluindo pela inutilidade daajuda em razão da gravidade da lesão provocada, não elide a majorante do art. 121, § 4.º. Vide, HC 84.380/MG do STF.
3ª. Não procurar diminuir as consequências do ato:
A doutrina afirma que se o agente não tente diminuir as consequências do ato, na verdade, há omissão de socorro e vice-versa.
4ª. Fuga para evitar o flagrante:
A maioria da doutrina reconhece como válida essa majorante, afirmando que incide essa majorante porque o agente demonstra insensibilidade moral, ausência de escrúpulo, bem como prejudica a investigação.
A minoria da doutrina, no entanto (professor inclusive) entende ser essa majorante inconstitucional, já que acaba obrigando o agente a produzir prova contra si mesmo, o que seria suficiente para demonstrar a não recepção desse dispositivo pela CF/88. Aqui, ocorre o mesmo caso do bafômetro, quando não é o agente obrigado a fazer prova contra si próprio.
Causas de aumento do homicídio doloso (art. 121, § 4.º, segunda parte):
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Aqui, não importa se o homicídio é doloso simples, privilegiado ou qualificado.
Quando o crime é praticado contra a pessoa menor de quatorze anos ou pessoa maior de sessenta anos.
Nem sempre o momento em que o crime é praticado coincide com o momento do resultado. Se o crime é praticado quando a vítima tem menos de quatorze anos e morre quando já tem mais dessa idade, incide esse aumento? 
O crime se considera praticado no momento da conduta. Logo, é nesse momento que se tem que analisar a idade da vítima. Assim se o crime foi praticado quando a vítima era menor de quatorze anos, incide a majorante, ainda que tenha a vítima falecido quanto já completara 14 anos.
Para incidir o aumento, é imprescindível que o agente conheça a idade da vítima, para seja evitada a responsabilidade penal objetiva.
PERDÃO JUDICIAL
Art. 121, § 5.º:
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Não se aplica aos casos de homicídio doloso. 
Perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento.
É uma hipótese de falta do interesse estatal em punir.
O perdão judicial é uma causa extintiva da punibilidade que, diferentemente do perdão do ofendido, é unilateral.
Quem deve comprovar as circunstancias que demonstram a falta de interesse de punir do Estado é da defesa. Se o ônus da prova é da defesa, aqui não se aplica o princípio do in dubio pro reu. Se o juiz tem dúvida deve condenar.
É possível o perdão judicial mesmo que o agente não conheça a vítima, desde que, em havendo o crime, concorra a circunstância que concluam que a pena é desnecessária. 
Ex: condutor de bicicleta que atropela a criança, mata e fica o agente tetraplégico. Qual pena pode dar o juiz que o evento já não tenha dado, que é justamente ter ficado o agente tetraplégico?
Pergunta: Qual a natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial? 
- a primeira corrente diz que é condenatória.
- a segunda corrente diz que é declaratória extintiva da punibilidade. 
O interesse prático é o seguinte: 
Se é condenatória, há a interrupção da prescrição. Já se for declaratória extintiva da punibilidade, não há interrupção da prescrição.
Ainda, se a sentença é condenatória, serve como título executivo judicial. Se é declaratória extintiva da punibilidade deve-se interpor um processo de conhecimento, pois não serve como título executivo judicial.
Capez entende que se é condenatória, pressupõe o devido processo legal, ou seja, não cabe na fase de inquérito policial. Mas se é declaratória extintiva da punibilidade, tal pode ser reconhecido a qualquer tempo, inclusive durante o inquérito. 
Em que pese a opinião de Capez, o perdão judicial é reconhecimento de culpa, logo não importa se é adotada a primeira ou a segunda corrente, sendo indispensável o devido processo legal, não podendo, sob quaisquer hipóteses, ser concedido o perdão judicial já na fase de inquérito.
O juiz pode absolver o acusado por qualquer motivo extintivo da punibilidade, menos no caso do perdão judicial. Isso porque sumariamente estaria o juiz reconhecendo a culpa do acusado. Inclusive, o art. 397 do CPP não traz a possibilidade de absolvição sumária no caso de perdão judicial. 
Prevalece a segunda corrente, que diz que a sentença do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade. Aliás, a súmula 18 do STJ trata do tema:
Súmula: 18
A SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL E DECLARATORIA DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO CONDENATORIO.
Mas deve-se ressaltar que o CP adotou a primeira corrente, sendo a sentença condenatória.
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Esse artigo só tem razão de existir se a sentença for condenatória. Assim, o artigo 120 deve ser interpretado da seguinte maneira: a sentença que conceder perdão judicial, apesar de condenatória, não será considerada para efeitos de reincidência.
Se a intenção do legislador fosse ser a sentença declaratória, não haveria a necessidade do art. 120, pois a sentença declaratória não gera reincidência.
Cabe perdão judicial no homicídio culposo previsto no art. 302 do CTB?
Se houver expressa previsão legal, sim. O perdão judicial constava do art. 300 do CTB, o qual foi vetado pelo Presidente da República.
As razões do veto, entretanto, remetem as razões do perdão judicial do CTB para o CP. Logo, se aplica o art. 121, § 5.º do CP ao art. 302 do CTB. Aplica-se, pois, o perdão judicial ao homicídio culposo previsto no CTB.
HOMICÍDIO MAJORADO 
Art. 121, § 6º, CP
A pena é aumentada da 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (acrescentado pela Lei 12.720, de 27/9/2012).
Cuida-se de causa de aumento de pena relativa a crimes praticados por milícia privada ou grupo de extermínio.
Pergunta de concurso: Qual a definição de grupo?
1ªC - A primeira corrente afirma que devem ser três pessoas, não se confundindo com bando (4 ou + pessoas) ou par (2 pessoas).
2ªC - A segunda corrente afirma que grupo não se confunde com par, mas deve ser equiparado a bando, ou seja, deve haver no mínimo quatro pessoas.
3ªC – A definição de grupo está na Convenção das Nações Unidas contra crime organizado transnacional, 3 ou mais pessoas. É criticada na doutrina, porque os tratados internacionais não podem trazer normas incriminadoras ao direito interno. Não há discussão a nível jurisprudencial.
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