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Penal III - Aula 02 - Participação em suicídio e Infanticídio

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Aula 02
Direito Penal
Prof. André Henrique
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
Participação em suicídio:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
1. Introdução
Suicídio é a eliminação voluntária e direta da própria vida. Nelson Hungria dizia que era imprescindível a vontade direta de o agente querer se despedir da vida.
Suicídio não é crime. Logo, a tentativa de suicídio não induz qualquer pena ao agente. Esse dispositivo pune a participação no suicídio mediante induzimento, instigação ou auxílio.
No passado, o suicídio já foi considerado crime, sendo que as penas eram aplicadas ao cadáver (exposição do corpo, mutilação, privação de honras de sepultamento) ou aos bens e a família do suicida.
2. Sujeito ativo
É um crime comum, não se exigindo qualidade especial do agente. 
A induz B a auxiliar C a se suicidar. C efetivamente morre. Qual o crime que foi praticado por A? B, por óbvio, pratica o crime de participação em suicídio. A é participe do crime previsto no art. 122 do CP. 
A conduta de A é acessória e a de B a principal.
2. Sujeito passivo
O sujeito passivo do crime de participação em suicídio é qualquer pessoa capaz. 
Se a vítima for um incapaz, o crime será o de homicídio e não de participação em suicídio. Isso porque a incapacidade passa a ser tratada como instrumento do crime.
É também imprescindível que a vítima seja determinada. Logo, quando o agente induz o suicídio de pessoas indeterminadas o há crime, pois o fato é atípico.
Ex: banda de rock que faz música induzindo o suicídio. Se um fã que ouve a música e se suicida não há crime, pois o fato é atípico. Isso porque suicídio não é crime, logo não se pode falar em apologia ao crime.
3. Bem jurídico tutelado
Vida e sua preservação
4. Tipo objetivo
O art. 122 do CP possui três núcleos: induzir, instigar ou auxiliar (tipo misto alternado).
Induzir: o agente faz nascer na vítima a vontade e a ideia mórbida. 
Instigar: o autor reforça a vontade mórbida que já existe.
Auxiliar: prestar assistência material para o cometimento do crime. Ex: emprestar a corda ou dar o veneno.
Nas duas primeiras hipóteses, tem-se o que é chamado pela doutrina de participação moral. Já na terceira há participação material no suicídio de outrem.
Se o agente induz, auxilia e instiga a pessoa a se matar, pratica um só crime, já que se trata de um crime plurinuclear ou de ação múltipla. Assim, se praticado mais de um núcleo dentro de um mesmo contexto fático, o crime continua sendo único. O juiz é quem irá considerar a pluralidade de núcleos na fixação da pena base.
Existe auxilio por omissão?
- a primeira corrente entende que, dizendo o tipo “prestar-lhe auxílio”, quer abranger somente as condutas comissivas, ou seja, não existe o crime por omissão (Damásio, Celso Delmanto).
- a segunda corrente entende que é possível o auxílio por omissão, desde que o omitente tenha o dever jurídico de evitar o resultado. É a chamada omissão imprópria. É a corrente que prevalece (Manzini, Maggiori, Noronha).
O auxílio é sempre comportamento secundário, acessório, cooperação secundária. Jamais o auxílio pode se misturar com a execução da morte. Se o auxílio passar a ser a própria execução, o crime será de homicídio e não de participação em suicídio.
Se o agente auxilia uma pessoa a se matar e esta, quando da execução do crime, se arrepende e demonstra isso ao agente. Se este não socorrer a vítima, o crime é de homicídio, ficando absorvido o crime de participação em suicídio.
Art. 146, § 3.º, II:
Não se considera constrangimento ilegal a coação para se evitar o cometimento do suicídio.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
5. Tipo subjetivo
O crime do art. 122 é punido a título de dolo, tão somente, não podendo incidir a modalidade culposa.
O dolo pode ser direto ou eventual.
E se o pai, negligentemente, deixa veneno de rato próximo da filha que sabia ter tendência ao suicídio. Nesse caso, há duas correntes:
- o auxílio culposo deve ser tratado como homicídio culposo.
- a segunda corrente, que é a que prevalece, diz que responderá, conforme o caso, por omissão de socorro, senão fato atípico
6. Consumação e tentativa
Há três correntes acerca do tema:
	Doutrina clássica (Nelson Hungria)
	Doutrina moderna (Mirabete)
	Cezar Roberto Bittencourt
	O crime se consuma quando o sujeito induz instiga ou auxilia. Mas a punibilidade depende da morte da vítima, onde a pena é de dois a seis anos ou da lesão grave na vítima, onde a pena é de um a três anos. Esses resultados não consumam o crime, apenas condicionam a punibilidade. Há a chamada condição objetiva de punibilidade.
	Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. Somente no caso da morte ou lesão grave é que o crime se considera consumado. A consumação depende da morte ou da lesão corporal. É o resultado naturalístico necessário para a consumação.
	Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. A consumação depende da morte, cuja pena é de dois a seis anos. Se ocorrer lesão grave, cuja pena é de um a três anos, há tentativa. 
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado com pena de dois a seis anos.
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado com pena de um a três anos.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 tentado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime. Diz que é uma tentativa sui generis.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: art. 122 consumado, mas não punível.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: fato atípico.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: fato atípico.
	Para essa corrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível.
	Para essa corrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível. É um crime material plurisubsistente que não admite tentativa.
	Para essa corrente, há a possibilidade de tentativa, desde que haja lesão corporal.
	Essa corrente erra porque chama de condição objetiva de punibilidade dois resultados que fazem parte do dolo do agente.
	
	Essa corrente erra porque diz que o fundamento se encontra no próprio artigo quando fala que da tentativa resulta lesão corporal. Ora, mas o suicídio não é crime, então como cabe tentativa?
7. Duelo americano, roleta russa ou ambicídio:
Duelo americano: há duas armas, com apenas uma carregada. Em dado momento, cada um dos agentes pega uma arma e, ao mesmo tempo, atira na própria cabeça. O sobrevivente responde pelo art. 122. Se cada um atirasse na cabeça do outro o crime seria de homicídio.
Roleta russa: há apenas um arma e o tambor possui apenas um projétil. O agente que sobrevive responde pelo art. 122. 
Ambicídio: é o pacto de morte. Um dos agentes inicial o modo de execução (liga a torneira, por exemplo em crime de morte por afogamento). Se o agente que ligou a torneira sobrevive, praticou o art. 121, porque praticou um ato executório.
No mesmo exemplo, quem praticou o ato executório morre e o outro agente sobrevive.Este pratica o crime do art. 122 do CP.
Se ambos os agentes não morrerem, o que praticou atos executórios pratica tentativa de homicídio. O agente que não praticou o ato executório, responde pelo art. 122 se o outro agente sofreu lesão grave. Se não sofreu sequer lesão grave o fato é atípico.
8. Majorantes: parágrafo único do art. 122
I – se o crime é praticado por motivo egoístico;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Observações:
Se prestar auxilio a um menor de 14 anos, se falará em homicídio e não em participação em suicídio. Incidirá essa causa de aumento de pena quando o menor a que se refere o art. 122, p. único, II é o que tem entre 14 e 18 anos. 
“Diminuída” é ≠ de “suprimida”. Se a vitima tem diminuída a capacidade de resistência, se fala em participação em suicídio. Se sua capacidade de resistência é suprimida, fala-se em homicídio. 
INFANTICÍDIO
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos.
1. Introdução
Nada mais é que um homicídio privilegiado – trata-se do principio da especialidade.
Principio da especialidade: a norma especial prevalece sobre a norma geral quando possuir todos os seus elementos, além de outros especializantes.
Elementos que especializam o infanticídio: 
é o crime da parturiente, 
praticado contra o nascente ou neonato, 
durante o parto ou logo após (elemento temporal),
sob a influência do estado puerperal (elementar)
2. Sujeito ativo
Somente a mãe (parturiente) pode ser sujeito ativo do crime, desde que sob a influência do estado puerperal. Trata-se, portanto de um crime próprio.
Concurso de agentes
A jurisprudência admite, pois “sob a influência do estado puerperal” é uma elementar do art. 123, razão pela qual se comunica, desde que o agente tenha consciência (art. 30 do CP).
Sendo possível o concurso de agentes, vamos analisar três situações:
a) Parturiente, sob influência do estado puerperal, auxiliada por terceiro, mata o neonato.
	Parturiente
	Terceiro
	Art. 123, CP (autora)
	Art. 123, CP (partícipe)
b) Parturiente, sob influência do estado puerperal, e terceiro matam o neonato.
	Parturiente
	Terceiro
	Art. 123, CP (autora)
	Art. 123, CP (autor)
	coautoria
c) Terceiro, auxiliado por parturiente em estado puerperal, mata o neonato.
	Terceiro
	Parturiente
	Art. 121, CP.
	Art. 121, CP (partícipe)
Quando se vê essa situação acima, claramente se percebe falta equidade, proporcionalidade, razoabilidade, pois, in casu, seria possível punir a mãe com uma pena maior - 6 a 20 anos - quando ela auxilia do que quando ela mata o próprio filho - pena de 2 a 6 anos.
Para solucionar essa situação, há duas correntes na a doutrina:
	1ª corrente
	2ª corrente
	Parturiente e terceiro respondem por infanticídio (art. 123, CP).
(Delmanto, Noronha e Fragoso)
	Terceiro responde pelo art. 121, CP. 
Parturiente responde pelo art. 123, CP.
(Bento de Faria e Frederico Marques)
A primeira corrente é a que prevalece.
3. Sujeito passivo
O próprio filho, abrangendo o ser nascente (durante o parto) ou o recém-nascido (neonato). Assim, também é um crime próprio quanto ao sujeito passivo.
O crime do art. 123 é portanto bipróprio. 
Pergunta A mãe mata outra criança pensando ser o seu filho, responderá por infanticídio?
Sim. É infanticídio apesar de não ser o próprio filho, pois aconteceu erro sobre a pessoa. O agente responde considerando-se as condições da vitima virtual.
4. Tipo objetivo
Matar alguém (nascente ou neonato).
Clausula temporal: durante ou “logo após” o parto.
	Se for antes do parto: aborto.
	Se for depois do parto: homicídio.
Elemento psicofisiológico: “Sob a influência do estado puerperal”: toda mulher, após o parto, tem o estado puerperal (alteração fisiológicas e psicológicas decorrentes do parto). Entretanto, 3 possibilidades podem ocorrer: 
a) O estado puerperal não produz qualquer alteração: se matar, responde por homicídio.
b) O Estado puerperal provoca alterações que fazem com que a mãe venha a matar o filho: responde por infanticídio.
c) O Estado puerperal é tão grave que produz na parturiente uma doença mental: se suprimir a capacidade de discernimento, ela será inimputável (absolvição imprópria – será absolvida, mas cumprirá medida de segurança). 
O CP (art. 26) adota o critério biopsicológico. Deve-se verificar se, ao tempo da ação ou omissão, o agente era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato. Não basta o fato do agente possuir uma deficiência mental para considerá-lo inimputável.
5. Tipo subjetivo
Dolo direto ou eventual.
Não se pune o crime de infanticídio a titulo culposo. Se a mãe, estando sob a influência do estado puerperal, mata o filho culposamente (ex.: asfixia na amamentação), responderá por homicídio culposo (nada impedindo a aplicação do perdão judicial).
6. Consumação e tentativa
Crime material – consuma-se com a morte do neonato ou nascente.
Tentativa possível.
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