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COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTA CATARINA – CESUSC CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO DEIVID VIRGILINO DIREITO DE VOTAR DO PRESO PROVISÓRIO E FUNCIONALIDADE DO ARTIGO 1° DA RESOLUÇÃO Nº 23.219, DE 2010 - TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL EM SANTA CATARINA Florianópolis Novembro 2015 Deivid Virgilino DIREITO DE VOTAR DO PRESO PROVISÓRIO E FUNCIONALIDADE DO ARTIGO 1° DA RESOLUÇÃO Nº 23.219, DE 2010 - TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL EM SANTA CATARINA Monografia presentada como requisito parcial de Conclusão de Curso para obtenção do Grau de Bacharel em Direito, sob a orientação Do professor Ruben Rosckenbach Manente. Orientador: Ruben Rosckenbach Manente Florianópolis/SC Novembro 2015 Dedico este trabalho aos meus pais, por todo o amor e dedicação para comigo, por terem sido as pessoas que sempre acreditaram e mim até quando eu mesmo não acreditei, e por me ensinarem a ser o que hoje sou. “Deus ajuda é verdade, vai na Fé e não na Sorte” - Sabotage AGRADECIMENTOS É preciso primeiramente agradecer a Deus, pelo dom da vida, e a saúde que me atribuiu para estar aqui nesse momento. Agradeço aos meus pais, Acelon Virgilino, que é meu herói, por ter sido além de um pai é amigo, que sempre vai ao meu quarto todas as noites saber como estou, que soube lidar com todas as dificuldades da vida. Agradeço a minha mãe, Nilza Menezes, que a frente de todas é a minha única mulher, que me acorda todas as manhãs, ainda levando o café na cama, que encara o sol escaldante para proporcionar aos dois únicos filhos o direito de ter uma formação acadêmica, que não teme a ninguém quando se trata de ver o sorriso nos seus filhos. Faço honrarias as minhas irmãs, Vanessa e Suelen, e em especial a Jaqueline, que ainda este ano, foi presenteada por Deus, e conceber o seu primeiro filho Emanuel, meu primeiro sobrinho. E não poderia faltar registrar nessa obra o agradecimento a dois amigos, e considero-os meus irmãos, ao meu Sensei Bruno Bastos Venâncio, que além de amigo é meu mestre, que tem meu respeito dentro e fora dos tatames, o meu obrigado ao Canaã Silva, pelo ombro amigo, que estará comigo sempre onde eu estiver e for, e que Deus permita estarmos sempre juntos. E encerro os agradecimentos ao meu Orientado, Ruben Rosckenbach Manente, que é um grande professor, sempre a disposição e que nunca deixou de me atender. DEIVID VIRGILINO DIREITO DE VOTAR DO PRESO PROVISÓRIO E FUNCIONALIDADE DO ARTIGO 1° DA RESOLUÇÃO Nº 23.399, DE 2014 - TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL EM SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Faculdade COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTA CATARINA – CESUSC como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Deireito, sendo submetido à Banca Examinadora e considerado aprovado em __/__/____. ___________________________________________ Prof. Prof. Msc. Ruben Rosckenbach Manente Professor Orientador ___________________________________________ Sandro Sell Membro da Banca Examinadora ___________________________________________ André Rodrigues de Oliveira Membro da Banca Examinadora RESUMO A presente monografia visa esclarecer demonstrar que apesar da suspensão automática do direito do voto da pessoa condenada, os presos provisórios tem o direito de votar, havendo esse direito assegurado os presos provisórios sofrem o mesmo efeito dos presos condenados, sem mesmo terem condenação transitado em julgado, deixando claro que não é em todo o território nacional que o preso provisório é impossibilitado de votar, há exceções. Tal instrumento é um direito assegurado que o segregado pode eleger o seu representante através do sufrágio universal. Mas advindo de uma interpretação constitucional que não apresenta uma medida de política criminal para que o preso provisório exerça seu direito constitucional no Estado Democrático de Direito criado pela Constituição Federal de 1988, o preso provisório em quase todo o território nacional, não exerce seu direito de votar. O Estado, que deveria garantir a não violação do direito, em observância aos princípios constitucionais estabelecidos, e o voto aparece como direito fundamental essencial para o desenvolvimento da democracia. Nesse sentido a não adequação do Estado para que o preso provisório vote, está violando mais de um direito, está violando um modo do resguardado a interagir com a sociedade, além da garantia do voto, está violando os direitos fundamentais da pessoa humana. Palavras-chave: Política criminal; Direito político; Direitos e deveres do Preso; Direito de voto do preso provisório, Princípios constitucionais, Dignidade da pessoa humana. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8 2 DIREITOS POLÍTICOS...............................................................................................10 2.1 Introdução ............................................................................................................... 10 2.2 Conceito .................................................................................................................. 10 2.3 Sufrágio .................................................................................................................. 11 2.3.1 Tipos de Sufrágio ................................................................................................. 11 2.4 Direitos políticos Positivos ....................................................................................... 13 2.5 Direitos políticos Negativos ..................................................................................... 15 2.5.1 Espécies .............................................................................................................. 15 2.5.2 Inelegibilidades Absoluta ...................................................................................... 16 2.5.3. Inelegibilidades relativas ..................................................................................... 19 2.6 Perda e Suspensão dos direitos políticos ................................................................ 20 3 CONDENAÇÃO CRIMINAL: EXECUÇÃO DA PENA................................................23 3.1 Introdução ............................................................................................................... 23 3.2 Objetivos da execução da pena .............................................................................. 23 3.3 Das Assistências ..................................................................................................... 24 3.3.1 Assistência material ............................................................................................. 25 3.3.2 Assistência à Saúde ............................................................................................. 26 3.3.3 Assistência jurídica .............................................................................................. 26 3.3.4 Assistência Educacional ....................................................................................... 27 3.3.5 Assistência social .................................................................................................28 3.3.6 Assistência Religiosa ........................................................................................... 29 3.4 Direitos Políticos do Preso ...................................................................................... 31 3.5 O Voto do Preso Provisório ..................................................................................... 32 4 EFETIVAÇÃO DO DIREITO DO VOTO DO PRESO PROVISÓRIO..........................35 4.1 Introdução ............................................................................................................... 35 4.2 Direito de Votar do Preso Provisório ....................................................................... 35 4.3 RESOLUÇÃO N° 23.219, DE 210 DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE. 37 4.4 Auxilio Ao Preso Provisório Cumprir o Direito De Votar........................................... 39 4.5 Aplicação Da Resolução 23.139 de 2010 do Tribunal Superior Eleitoral - TSE no Sistema Carcerário Em Santa Catarina......................................................................... 40 4.6 Garantias Constitucionais ....................................................................................... 41 4.7 Os Direitos Fundamentais Do Cidadão Preso ......................................................... 42 4.8 Violação da Dignidade da Pessoa Humana Frente ao Preso .................................. 44 5 CONCLUSÃO..............................................................................................................47 6 BILIOGRÁFIA..............................................................................................................49 8 1 INTRODUÇÃO A presente monografia tem como objetivo geral apontar o direito do preso provisório em votar, e se Estado de Santa Catarina está agindo para que o preso cautelar exerça o seu direito democrático. No Brasil, o direito do preso provisório em votar, é amparado na legislação brasileira, seu voto não diferente do voto do cidadão livre, tem valor igual para todos, tendo o direito do voto direto e secreto, assegurado na Constituição Federal de 1988, e com a criação da Resolução 20.139 de 2010 do Superior Tribunal Eleitoral – TSE, o seu direito ficou mais acessível a pratica. Havendo o direito assegurado pela Constituição, sem que haja descriminalização do voto do preso provisório, será esclarecido se o estado de Santa Catarina está agindo corretamente para que os presos provisórios exerça seu direito. Com a terceira maior população carcerária do mundo, havendo quase 230 mil presos provisórios, e apesar desse número altíssimo apenas 4% exercem o seu direito democrático de voto, o Estado de forma geral não se adequa para que os aqui estão exerçam sua obrigação de cidadão. É muito mais fácil um brasileiro votar no exterior, do que ele preso, mesmo que sendo provisoriamente. O Estado tem o dever de dar suprimentos suficientes para que o preso cautelar exerça nos dias das eleições seu direito e sua obrigação de cidadão, da mesma forma que os brasileiros que moram fora do país consigam exercer seu voto, no dia das eleições, a mesma adequação tem que ser feita dentro do próprio país. Os presos provisórios tem o direito de votar em quem eles acham melhor para representa-los, e enquanto a Constituição prever que os mesmo tenham seu direito previsto, o Estado não pode negar esse direito. Sendo de suma importância ressaltar que, se tratando de direito de voto do preso é principalmente um direito de cidadania, é através do voto que o mesmo se integra e mantem seu vinculo junto à sociedade. Fato é que castrando o direito de voto do preso é fator de maior exclusão para quem já se vê tão longe da sociedade e se considera estigmatizado, e se choca com os princípios que norteiam o Estado Democrático de Direito. 9 Para tanto, faz-se uso nesse trabalho referências bibliográficas, que parte da temática dos direitos políticos, que é de extrema importância falar, do voto, as possibilidades de privação dos direitos políticos, e as hipóteses de suspensão e perda dos direitos políticos. É de extrema importância trazer para essa monografia, um pouco sobre condenação criminal e seus efeitos, junto uma abordagem das assistências que são direitos e deveres dos presos, e o voto do preso provisório, e a efetivação dos direitos junto ao direito do voto do preso provisório no estado de Santa Catarina. Sabendo que é um direito suprimido em quase todo o Brasil e não sendo diferente no estado de Santa Catarina há um conflito direto a violação da dignidade da pessoa humana, entre o direito dos presos provisórios e a violação desse direito, assim é uma abordagem direcionado ao preso provisório, não deixando de lado elementos essências que explicam esse conflito entre Estado e Democracia. 10 2 DIREITOS POLÍTICOS 2.1 Introdução O primeiro capítulo é primordial para o entendimento dos demais, nesse primeiro momento será abordado sobre os Direitos Políticos, que é o momento histórico dessa presente monografia, onde é a base, a abordagem dos Direitos Políticos vem para esclarecer dúvidas sobre se o preso pode ou não votar, e em qual hipótese é suspenso o direito politico do cidadão, e direito politico positivo e o exercício democrático do cidadão em votar e ser votado. 2.2 Conceito Os direitos políticos são entendidos como um conjunto de regras que disciplina o exercício da soberania popular. (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 659). Nesse sentido, é um grupo de normas que envolvem a participação dos indivíduos (cidadãos) nos processos de poder, ou seja, nas tomadas de decisões que envolvem a vida pública do Estado e da sociedade. Nas espécies de direitos políticos esbarramos com o direito de sufrágio, que é o processo de escolha por votação. Kildare Gonçalves Carvalho, em sua obra Direito Constitucional, descreve o conceito clássico, porém abrangente, de Direitos Políticos: A participação do nacional no processo politico, votando, sendo votado, exercendo cargo publico e fiscalizando os atos detentores do poder, é traço do Estado Democrático de Direito. Assim ao lado da liberdade de autonomia, que se traduz na existência de direitos inerentes ao indivíduo de participar da vida politica do Estado. Os direitos políticos configuram, pois, essa liberdade- participação, que assegurada a determinada categoria de nacionais, os chamados cidadãos. (CARVALHO, Kildare Gonçalves, Direito Constitucional, p. 605) Nesta forma, entende-se o conceito citado pelo doutrinador não abrange apenas os direitos políticos observados restritamente, mas também há aqueles direitos que são derivados ou acessórios. A Constituição Federal prevê, o voto é secreto, direto e igual para todos os brasileiros. Por fim, o voto é obrigatório, porque, além de um direito, é também um dever jurídico, social e político. (SILVA, José Afonso da, Direito Constitucional, p. 358). 11 Assim está no art. 14 § 1°, inciso I, da Constituição Federal de 1988, que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante”. E dispõe no seu parágrafo primeiro e os incisos primeiros, que o alistamento e o voto, são obrigatórios para os que no dia da eleição tiverem 18 anos completam. A Justiça Eleitoral não pode revelar o voto de qualquer cidadão por isso se torna secreto, desse modo deve garantir ao eleitor que seu voto será mantido em sigilo. Sendo ele direto e igual para todo o eleitor brasileiro porque a escolha de seus governantes não é feita por intermédios, e sim personalíssimo. 2.3 SufrágioO direito de sufrágio é exercido quando se pratica o voto, nesses termos José Afonso da Silva, completa: Nele (sufrágio) consubstancia-se o consentimento do povo que legitima o exercício do poder. E aí está a função primordial do sufrágio, de que defluem as funções de seleção e nomeação das pessoas que hão de exercer as atividades governamentais. (SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional positivo, p. 352) No texto da Constituição é obrigatório no Brasil o alistamento eleitoral para os maiores de 18 anos e menores de 70, além de dever se torna de fato uma obrigação, e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos. 2.3.1 Tipos de Sufrágio Para melhor abordagem sobre Sufrágio, aqui será abordado os 4 tipos de sufrágio: a) Universal b) Restrito c) Igual d) Desigual O sufrágio universal é aquele que independe das condições discriminatórias (econômicas, culturais, intelectuais, etc.) para ser exercido. 12 Observamos, porém, que existem requisitos para o seu exercício, pois o mesmo não pode ser entendido de forma absoluta. Nesses termos, temos: a) de fundo (como a nacionalidade, a idade, a capacidade); b) de forma (envolve a alistabilidade que formalmente o indivíduo tem que ter para poder votar). (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 653) Mas, porém, existem requisitos para o seu exercício, pois o Sufrágio é Universal, mas não é absoluto impossibilitando aos mentalmente incapazes, os condenados (o detento que tem sentença transitada e julgada), por exemplo, são impedidos de votar. Sufrágio restrito é quando o estendido o direito apenas a uma determinada categoria ou classe de pessoas. O doutrinando Bernardo Gonsalves Fernandes, dispõe que depende de condições (econômicas, educacionais, culturais ou capacidades especiais) para seu efetivo exercício. Portanto, o mesmo não é estendido a todos, na medida em que condições discriminatórias são estabelecidas. Eles se dividiram em: Sobre a divisão, o doutrinador dispõe sobre Censitários: Censitários: envolve condições econômicas (qualificação econômica). Como exemplos, temos: Constituição de 1824 com o estabelecimento do voto censitário; constituição de 1891 (art. 70) e Constituição de 1934 (art. 108) cm o estabelecimento de que os mendigos não poderiam votar. (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 653) E sobre Capacitário: Capacitário: envolve condições intelectuais (de natureza intelectual). Nesses termos exige certo grau de instrução para o exercício do direito do sufrágio. Exemplo: A Constituição de 1967 no seu art. 142 § 3°, “a”, estabelecia que o analfabeto não poderia votar. Aqui é importante salientar que com a Emenda n° 25/85 foi conferido direito de voto ao analfabeto no Brasil, e que posteriormente foi confirmado pela atual CR/88. (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 653) José Afonso da Silva faz uma critica sobre o sufrágio restrito, assim afirmando que o mesmo: (...) revela um regime elitista, autocrático ou oligárquico, que, para tanto, procura vários meios de restringir ou de privar os indivíduos do direito de sufrágio. (...) trata-se de um sufrágio discriminatório e antidemocrático que exclui do direito subjetivo de votar e de participar do processo politico e do governo a massa do povo que não possua aquelas qualificações fortuitas e circunstanciais de fortuna e capacidade especial. (SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional positivo, 2007, p.354) Sufrágio igual é correspondente, que todas as pessoas têm a igualdade no valor do voto, correspondendo apenas a um voto e valor igual para todos. 13 É interessante assinalar que na Constituição de 1988 foi respeitado o princípio da igualdade do direito de voto, adotando-se a regra de cada homem e, obviamente, cada mulher valem um voto. (SILVA, José Afonso da, Direito Constitucional, 2006, p. 356). Sufrágio desigual, é aquele que não há um voto igual de valor igual para todos, se dá apenas a determinados eleitores que tem qualificações, isso ocorre quando determinados eleitores têm direito a mais de um voto, de acordo com sua capacidade civil, seu patrimônio ou pagamento de altos impostos. O doutrinador José Afonso da Silva, dispõe sobre o sufrágio desigual, que “como exemplo a doutrina cita que: Na até 1948 os portadores de diploma universitário e os diretores de empresas e outros negócios poderiam votar na circunscrição da sua empresa ou negócio”. (Curso de direito constitucional positivo, 2007, p. 357). Nesses termos, com base no sufrágio desigual, teríamos o voto múltiplo (aquele em que o individuo pode votar em mais que uma circunscrição); o voto plural (aquele em que o individuo chefe da família tem o direito de votar mais de uma vez, representando o número de membros da família) (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 654). 2.4 Direitos políticos Positivos Direitos políticos positivos é o direito a participar ativamente no processo politico eleitoral devem ser entendidos como direito de votar e ser votado, o que também é chamado de capacidade eleitoral ativa e capacidade passiva: "Nesse sentido, eles nada mais são do que um outro modo de definição do direito de sufrágio (núcleo dos direitos políticos) ”. (FERNANDES, Bernardo Gonsalves. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. 2012, p. 659). Refere-se do direito democrático da pessoa em exercer sua cidadania plena, contribuindo de modo direto do sistema onde ela vive, habita e convive. Exercendo sua cidadania mantém intacta a ponte de ligação entre a sociedade civil e o poder estatal: "Os direitos políticos são aquelas prerrogativas que permitem ao cidadão participar na formação e no comando do governo”. (FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. 1. ed. São Paulo) 14 Antes de tudo é mister por em evidência em primeiro a capacidade eleitoral ativa, desse modo pode ser compreendida como o direito de votar, e participação da pessoa na democracia representativa, por meio da escolha de seus mandatários. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos; e, facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos, maiores de 16 e menores de 18 anos. Sobre a liberdade, democracia e direito politico que, “não há liberdade política sem democracia econômica e social. Esta é propositura que faz o Estado Democrático e Social de Direito, e este o sentido de expressão garantias sócio- econômicas de direitos individuais políticos”. (PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitos fundamentais, volume 17 – 4 ed. – São Paulo: saraiva, 2003, p. 196-200.) Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira, traz seu comentário sobre o assunto direito politico positivo “os direitos políticos positivos resumem no conjunto de normas que conferem ao cidadão o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais, por meio do direito de sufrágio”.(CERQUEIRA, Tácito Pontes Luz de Pádua. Preleções do Direito Eleitoral. Tomo I. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 172). Alexandre de Moraes trata dos direitos políticos como: O conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular, conforme preleciona o ‘caput’ do art. 14 da Constituição Federal. São direitos públicos que investem o indivíduo no status activae civitatis, permitindo-lhe o exercício concreto da liberdade de participação nos negócios políticos do Estado, de maneira a conferir os atributos da soberania. (MORAES,Alexandre de. Direito Constitucional, São Paulo, Ed. Atlas, p. 224, apud Conceitos e nota doutrinárias no âmbito do Direito Eleitoral) Integrando o direito politico positivo está à elegibilidade Alexandre de Moraes esclarece: “é a capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchidos certos requisitos.” (MORAES, Alexandre de, 2003. P. 237) Condição para a elegibilidade está previsto na Constituição Federal, art. 14, § 3º, e incisos e alíneas: § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; 15 II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; d) dezoito anos para Vereador. É de suma importância salientar que, segundo o TSE, direitos políticos de elegibilidade: “as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas ao tempo da eleição”. Precedentes: Acórdãos n° 18.847 e 647”. (TSE – AgRegAl n° 4958/PI – Rel. Min. Fernando Neves, Diario de Justiça, Seção I, 13-8-2004, p. 401) Desse modo, a elegibilidade só se dará quando preenchido alguns requisitos que o art. 14, § 3º da CF/88 impõe ao cidadão passivo que tem o objetivo de se eleger a um mandato politico, possibilitando-lhe concorrer em eleição popular. 2.5 Direitos políticos Negativos São aquelas restrições constitucionais que impede o exercício do direito politico, dessa forma, restrita o cidadão do direito democrático de participação no procedimento político e nos órgãos governamentais. Eles são negativos porque consistem no conjunto de regras que impedem, ao cidadão, o direito de eleger, ou de ser eleito, ou de exercer atividade político-partidária ou função pública. 2.5.1 Espécies As Inelegibilidades existem alguns impedimentos que estão presente na Constituição Federal e resultam na impossibilidade do direito cidadão de ser eleger e ser votado, que são chamados de capacidade eleitoral passiva, ou seja, restringe a capacidade dos indivíduos serem votados. Ocorre que existem impedimentos previstos além da Constituição Federal esta presente também legislação infraconstitucional (Lei 16 Complementar 81, altera a redação da alínea "b" do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, para aumentar de três para oito anos o prazo de inelegibilidade). Impedimentos que são chamadas inelegibilidades. Sobre as inelegibilidades absolutas e relativas, o entendimento de Kildare Gonçalves Carvalho: As inelegibilidades podem ser absolutas e relativas. As absolutas são as que valem para todos os cargos, sem prazo para desincompatibilização, como, por exemplo, as dos inalistáveis e analfabetos. Relativas são as que valem para determinados cargos eletivos, com a possibilidade de desaparecerem, caso o cidadão se desembarace da situação que o torne inelegível, mediante a desincompatibilização. (2008, p. 825). As inelegibilidades se dividem em duas espécies: as absolutas e as relativas. As primeiras se consubstanciam em impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, conforme disposição taxativa da Constituição Federal de 1988. E as inelegibilidades relativas são impedimentos para cargos eletivos em virtude de determinada situação a que se encontre aquele indivíduo que queira se eleger a tais cargos. 2.5.2 Inelegibilidades Absoluta Trazido no texto constitucional (artigo 14, § 4º), a inelegibilidade absoluta ocorre quando há duas situações: a não-alistabilidade e o analfabetismo. Quando mostrado no presente trabalho a capacidade eleitoral ativa verificamos que os estrangeiros e os conscritos não podem se alistarem, não sendo eleitores, não poderão ser eleitos para nenhum mandato eletivo, pois o centro de tudo esta no direito político envolve o voto. Os conscritos são impedidos (proibidos) de votar com a finalidade de proteção ao regime democrático, que se refere ao voto livre e desimpedido, que pode ser desvirtuado caso o conscrito pudesse votar. Com o entendimento de Paulo Adib Casseb a respeito dos conscritos: Em razão da condição de inalistáveis, encontram-se destituídos do exercício das cidadanias ativa e passiva. A exclusão dessa categoria do exercício do sufrágio justifica-se na necessidade de preservação dos atributos do voto, no regime democrático. [...] Exatamente com o objetivo de favorecer a autonomia 17 da vontade do eleitor, a Constituição brasileira afastou da participação política, nos polos ativo e passivo, os indivíduos submetidos, compulsoriamente, à hierarquia das Forças Armadas e à rígida disciplina militar. (RAMOS; COSTA; ROTH, 2011, p. 65). Ives Gandra da Silva Martins esclarece que referida causa de inelegibilidade não tem preconceito, mas sim de garantir o necessário desenvolvimento das atividades do mandato eletivo. Vejamos o que diz o doutrinador: Já em relação aos analfabetos, a inelegibilidade não é uma questão de preconceito. Até porque, ele pode votar. Hoje, como já disse, mesmo o analfabeto pode ter a partir de meios de comunicação audiovisuais uma noção perfeita do que ocorre no mundo, além do bom senso que a vivência possibilita. E, por uma questão de cautela e de respeito às responsabilidades que o ocupante do cargo eletivo deve assumir, o nosso constituinte atribui aos analfabetos apenas direitos políticos para se tornarem eleitores, mas não para serem eleitos. (2006, p. 104-105). O analfabeto é aquele que não domina pela escrita e pela leitura o sistema linguístico de seu idioma, segundo o dicionário analfabeto é: Indivíduo que não sabe ler nem escrever; quem não possui instrução formal ou desconhece o alfabeto. Nessa linha de pensamento, José Jairo Gomes assinala que: De modo geral, pode-se dizer que analfabeto é quem não domina um sistema escrito de linguagem, carecendo dos conhecimentos necessários para ler e escrever. Assim, a noção de analfabetismo prende-se ao domínio da escrita e do conhecimento de textos, ainda que singelos. Por outro lado, o domínio de tal sistema em algum grau justifica o status de alfabetizado ─ ou, pelo menos, de semi-alfabetizado. (2008, p. 134). Se por acaso não comprovada o ensino formal poderá ser comprovada por declaração escrita a próprio punho, mas para que isso seja valido é necessário que seja realizada perante o juiz eleitoral. Tal procedimento tem sua finalidade de procedimento é conferir fé-pública à declaração além de estar em concordância ao princípio da publicidade. Nesse sentido, o entendimento de Ricardo Cunha Chimenti: a ausência de comprovante de escolaridade junto ao pedido de registro da candidatura autoriza o juiz a aferir, por outros meios (que preservem a 18 dignidade do examinado), a condição de alfabetizado (art. 28, § 5º, da Resolução do TSE nº. 21.609/2004 (2007, p. 54). Referida situação ocorreu nas eleições gerais de 2010, na cidade de São Paulo, ocasião em que o ator Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido por seu personagem Tiririca, depois de ter rolado boatos que seria analfabeto o candidato teve que declarar por escrito de próprio punho, foi submetido, depois de eleito Deputado Federal, a um teste de alfabetização diante da Justiça Eleitoral de São Paulo. Nesse incidente, na época dos fatoso Promotor do Ministério Público Eleitoral, Mauricio Ribeiro Lopes sustentou que Francisco Everardo Oliveira era analfabeto e que a declaração havia sido prestada com o auxílio de terceira pessoa. Diante de boatos e com o representante do Ministério Público Eleitoral, alegando sua deficiência, a Justiça Eleitoral convocou o então deputado eleito comprovar que era alfabetizado, e para o ministro Gilmar Mendes, relator do processo, “Tiririca”, felizmente, demonstrou que o deputado não era analfabeto, não impossibilitando, portanto, à sua posse. O ministro Ricardo Lewandowski disse na época que: "É um caso absolutamente deplorável tendo em conta a meu entender a inépcia da denúncia que é flagrante”. Para o ministro, Tiririca tem "dificuldades típicas" da maioria da população do Brasil. Assim, diz o acordão do Min. GILMAR MENDES: Ação penal. 2. Denúncia. Art. 350 do Código Eleitoral. Absolvição sumária. 3. Recurso de apelação interposto pelo Parquet. Preliminares de: a) nulidade da sentença por ausência de fundamentação; b) cerceamento da atividade acusatória; e, c) nulidade da audiência para cumprimento do disposto no art. 26, § 9º, da Resolução 23.221/10, do TSE. 4. Rejeição. Exame das preliminares. Omissão inicial do Ministério Público que, em vez de investigar e diligenciar para obtenção de elementos mínimos probatórios para instruir a acusação, precipitadamente apresentou denúncia com base em notícias veiculadas pela imprensa. 5. Mérito. Denúncia de omissão de declaração de bens e falsidade da declaração de próprio punho consubstanciada na declaração de que sabe ler e escrever. Improcedência. 6. Omissão não verificada. Ausência do elemento subjetivo do tipo – falsidade para fins eleitorais – previsto no art. 350 do Código Eleitoral. 7. Falsidade ideológica. Alegação inverossímil. Requisito de alfabetização mínima. A Justiça Eleitoral tem adotado interpretação no sentido 19 de considerar que os conhecimentos da leitura e da escrita, ainda que rudimentares, afastam a hipótese de analfabetismo para fins de registro de candidatura. 8. Recurso de apelação a que se nega provimento. (AP 567, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 21/11/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 2.5.3. Inelegibilidades relativas A inelegibilidade relativa segundo o doutrinador Bernardo Gonçalves Fernandes: Inelegibilidade relativa: são inelegibilidade que dependem do pleito e do cargo a ser preenchido na eleição. Portanto, relacionam-se com a eleição e o cargo, não dizendo respeito a características do individuo que se objetiva a se candidatar, mas as circunstâncias relativas à eleição e ao cargo pretendido pelo mesmo. (2012 p.667) E há as inelegibilidades relativas residuais, decorrente da reflexa do Texto Constitucional e são diretamente vinculadas via lei complementar, conforme previsto no artigo 14, §9º da Constituição Federal. O que gira em torno dessa regra é preservação do regime democrático, deve haver alternância daqueles que detém o poder, havendo concorrência em eleições, aumentando o exercício democrático eleitoral, limitando a discricionariedade do possuidor do cargo, o que impede, em última análise, que o cargo executivo seja utilizado para o interesse pessoal do seu titular e do seu grupo. Objetivamente é o impedimento das reeleições para evitar que o chefe do poder executivo se instale no cargo. Tal regra não é aplicável aos legisladores por não serem gestores públicos, isto é, não estão lidando diretamente com as receitas públicas e, por isso, não podem se apropriar da máquina administrativa para facilitar a vitória no pleito eleitoral. Entende-se, que em relação ao membro do Poder Legislativo não há risco de subtração da estrutura administrativa. Tal raciocínio é corroborado com o entendimento de Uadi Lammêgo Bulos: 20 Vimos que a nossa Consituição, do mesmo modo que as Cartas de Portugal e da China, silenciaram a respeito da possibilidade de um terceiro mandato não sucessivo para os cargos executivos. Parece-nos, contudo, que presidentes, governadores ou prefeitos, juntamente com seus sucessores ou substitutos, podem candidatar-se para um terceiro mandato não sucessivo desde que respeitem o intervalo de um período. Esse raciocínio promana da frase ‘poderão ser reeleitos para um único período subsequente’ (CF, art. 14, § 5º). A palavra subsequente significa que vem depois, que subsegue no tempo ou no lugar, ulterior, seguinte. Quer dizer, o art. 14, § 5º, não impediu que uma mesma pessoa exerça mais de dois mandatos executivos; apenas exigiu que se dê uma pausa, uma parada, um intervalo, para evitar a continuidade administrativa. Assim, após exercerem dois mandatos consecutivos, os chefes do Poder Executivo, e os seus sucessores ou substitutos, podem candidatar-se para um terceiro pleito eleitoral, observado o interregno de um período, contado a partir do dia em que saíram do cargo até a data da nova candidatura” (2007, p. 684). Sobre isso, eis o pensa a doutrina de José Jairo Gomes: Com efeito, não é razoável que os parentes de mandatários executivos sejam inelegíveis, enquanto o titular do mandato se pode reeleger. Deveras, a razoabilidade desse entendimento beira a obviedade. Se o titular do mandato executivo pode se reeleger sem se desincompatibilizar, não seria justo nem razoável que seu cônjuge se seus parentes ficassem impedidos. (2008, p.141). 2.6 Perda e Suspensão dos direitos políticos É de suma importância fazer uma breve diferenciação entre ambos, não confundindo com as inelegibilidades, além delas, há a perda e suspensão, dos direitos políticos. O doutrinador Pinto Ferreira em sua obra diz: “a privação dos direitos políticos, isto é, de votar e de ser votado, pode ser absoluta (perda) ou relativa (suspensão)” (FERREIRA, 1990, p.216). A perda dos direitos políticos se dará quando: a) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, inciso I, Da Constituição Federal de 1988) b) Perda voluntária da nacionalidade brasileira (art. 12, § 4°, inciso II, da Constituição Federal de 1988) Tal aplicabilidade é restrita aos brasileiros naturalizados, como corretamente descreve Ramayana: O art. 15, I, da CRFB trata como caso de perda dos direitos políticos o desenvolvimento de atividade nociva ao interesse nacional. Vê-se que o 21 cancelamento é da “naturalização”, não podendo ser cancelada a nacionalidade primária ou originária. (RAMAYANA, 2008, p.246) Já à suspensão ocorrerá quando: a) Decretação da incapacidade civil absoluta (art. 15, inciso II, da Constituição Federal de 1988); b) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos (art. 15, inciso III, da Constituição Federal de 1988); c) Improbidade administrativa (arts. 15, inciso V, e 37, § 4º, da Constituição Federal de 1988); d) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII da Constituição Federal (art. 15, inciso IV, da Constituição Federal de 1988); e) Outorga aos brasileiros do gozo dos direitos políticos em Portugal com base no estatuto especial de igualdade entre brasileiros e portugueses (Decreto n.º 70.391 de 12.04.72 e art. 51, § 4º, da Resolução n.º 21.538/2003-TSE). No art. 15 da CRFB/1988 em seu texto relata a perda ou suspensão de direitos políticos, impossibilitando de votar e ser votado ocorre quando os brasileiros naturalizados atuam de modo nocivo ao interesse nacional e por tal atitude. Para esclarecimento a suspensão dos direitos políticos nesta hipótese não fica caracterizada como mais uma penalidade, mas sim uma consequência da condenação,assim esclarece o doutrinador Zavascki: “A suspensão dos direitos políticos não é pena acessória, e sim consequência da condenação criminal; opera-se automaticamente, independentemente de qualquer referência na sentença” (ZAVASCKI, 1997). Para fato esclarecedor, onde o legislador constitucional reprova a atitude da conduta delituosa do autor ao fato, isso tras uma restrição do seu direito de cidadão, Nobre Júnior, cita entendimento de Baracho: A privação do direito de votar pode assentar-se no comportamento indigno e irresponsável. Ocorre o impedimento quando a pessoa é condenada por crimes 22 ou certos delitos do direito comum. É excluído temporariamente do corpo eleitoral. (BARACHO apud JÚNIOR, 2009) Traz a entender que a separação do preso da sociedade é correta, mas não privatizando seus direitos, principalmente o direito de votar, no qual o Estado deveria se adequar as condições para que pelo menos o preso provisório exerça seu direito. 23 3 CONDENAÇÃO CRIMINAL: EXECUÇÃO DA PENA 3.1 Introdução Neste momento do capitulo, será feita uma abordagem dos efeitos da condenação criminal, com o objetivo de mostrar se após o preso condenado há hipótese de perda ou de suspensão de direitos políticos. O foco nesse capitulo é fazer uma breve introdução com efeitos que seja abordado os efeitos da condenação criminal sobre os direitos políticos, será mostrado quando inicia e termina a incidência. Assim também mostrado através de jurisprudências da Superior Tribunal Eleitoral – TSE, os efeitos da condenação criminal levando ao apenado a suspensão do exercício democrático do voto, e mostrando os reflexos advindos e que os presos provisórios mesmo tendo seu direito assegurado de exercer o voto em muitas Centro de Detenção Provisória não exercem seu direito democrático. 3.2 Objetivos da execução da pena No art. 1º da Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), diz: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. O renomado jurista Catalão Sebastian Soler afirma que, “a pena apresenta sempre o caráter de retribuição, de ameaça de um mal, que será efetiva mediante os órgãos do Estado e com um procedimento prefixado, contra o autor de um delito”. (Derecho penal argentino. Buenos Aires: Editorial La Lev, 1945, p. 400). O jurista em sua colocação fala em retribuição, que é uma relação entre, qualidade e quantidade, com o crime que foi cometido ao grau de culpa de quem o praticou. Sobre o tema versa da condenação criminal, Damásio E. de Jesus, “o ato do juiz por meio do qual impões uma sanção penal ao sujeito ativo de uma infração.” (Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2005, p.639). O legislador refere-se que é quando o magistrado tira do papel da sua forma abstrata em concreto, pensamento de Liebman que o doutrinador faz referência 24 “transforma o preceito sancionador da norma penal incriminadora de abstrato em concreto”. (LIEBMAN apud JESUS, Damásio E. Direito penal. P. 639). 3.3 Das Assistências O art. 10 da Lei de Execução Penal (LEP) é taxativo em dizer que “A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”. E arremata o Parágrafo único: “A assistência estende-se ao egresso”. O referido artigo da LEP, tem como objetivo evitar discriminação e assegurar a dignidade da pessoa humana. A lei não é restringível apenas e tão somente aos condenados definitivamente e sim expandidos aos presos provisórios. Segundo o entendimento do doutrinador Renato Marcão, preso é: “Preso, evidentemente, é aquele que se encontra recolhido em estabelecimento prisional, cautelarmente ou em razão de sentença penal condenatória com transito em julgado. Portanto, preso provisório ou definitivo”. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.51). Além dos internados que encontram-se submetido a medida de segurança constante em internação em hospital de custódia e tratamentos psiquiátricos, em razão de decisão judicial. Ainda que recolhido em estabelecimento prisional, aguardando vaga para transferências ao hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, por razões óbvias também tem assegurados os mesmo direitos. Aliás, seria o extremo absurdo suprimir direitos assistências daquele que, em razão da inércia e do descaso do Estado, que não disponibiliza hospitais e vagas suficientes para o atendimento da demanda, já sofre os efeitos decorrentes de tal omissão, com o inegável excesso na execução de sua conta. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.51) A assistência tem como objetivo, como está expresso, a prevenção do crime e orientar o retorno do preso à convivência em sociedade. “A assistência aos condenados e aos internados é exigência básica para conhecer a pena e a medida de segurança como processo de diálogo entre os destinatários e a comunidade” (MARCÃO, Renato, Lei de Execução Penal anotada e interpretada. P.41). 25 Assim, a prestação da assistência, esta taxativamente conforme previsto o art. 11 da LEP, será: I – Material; II – À Saúde; III – Jurídica; IV – Educacional; V – Social; VI – Religiosa. Na dicção do item 41 da Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal, tornou-se necessário estabelecer em que consiste cada uma das espécies de assistência em obediência aos princípios e regras internacionais sobre os direitos da pessoa presa, especialmente as que defluem das regras mínimas da ONU – Organização das Unidas. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.51). O egresso a reintegração do preso à vida em liberdade e na concessão, é de uma importância impar que o Estado atue diretamente, depende muito de uma assistência muito bem executada pelo Estado, é dever do Estado assegurar a assistência mínima ao preso, para seu retorno a sociedade. 3.3.1 Assistência material No que tange sobre assistência material, o art. 12 da LEP diz: “A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas”. Ainda na mesma seção da lei o art. 13 dispõe que “O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração”. O próprio art. 13 se justifica em razão da “natural dificuldade de aquisição pelos presos e internados de objetos materiais, de consumo ou de uso pessoal” (MIRABETE, Júlio F. Execução Penal, p. 65) Sobre o que tange esse tema o “Estado só cumpre o que não pode evitar”. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.52). Com uma alimentação nem sempre adequada, proporcionada aos presos e aos internados. “Os demais direitos assegurados e que envolvem a assistência material, como regras não são respeitados.” (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.52). 26 3.3.2 Assistência à Saúde Sobre a saúde, o que dispõe o art. 14, caput e § 2º, da LEP, “A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico”. A realidade é taxativa, entretanto, os estabelecimentos penais não dispõem de equipamentos e pessoal apropriados para os atendimentos médico. Assim, o que resta é a aplicação do § 2º “Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção doestabelecimento”. A Lei n. 11.942, de 27 de maio de 2009, incluiu o § 3º ao art. 14 da LEP “Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido”. (Curso de Execução Penal. P.53) O doutrinador Renato Marcão, cita a rede pública induzindo que deveria prestar tais serviços, “a rede pública, que deveria prestar tais serviços, é carente e na disposição adequadas para dar atendimento de qualidade mesmo à camada ordeira da população que também necessita de tal assistência estatal”. Além desses dispositivos sobre o tema, vale observar que o art. 43 da LEP, da permissão que o sentenciado contrate médico de sua confiança, sob sua responsabilidade. 3.3.3 Assistência jurídica A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogados. “Pobres na acepção jurídica do termo, assim considerados aqueles que não reúnam condições de custear a contratação de advogado sem prejuízo do sustento próprio e da sua família”. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.54). E aos que não tem condições financeiras de custear um advogado o art. 16 da LEP, dispõe sobre assistência jurídica gratuita prestada pela defensoria pública: “As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais”. 27 O art. 41, IX, da LEP, dispões sobre as visitas do preso com o advogado, que “entrevista pessoal e reservada com o advogado”. Previsto também no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 7°, III, da Lei n. 8.906, de 4-7-1994). A assistência jurídica, sem observância em muitas vezes, e é de pleno fundamento e importância para os destinos da execução da pena. “Alias, sua ausência no processo de execução acarreta flagrante violação ais princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal.” (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.55). 3.3.4 Assistência Educacional A assistência educacional é compreendida como instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado, e é obrigatório o ensino de primeiro grau. O ensino profissional é previsto no art. 19 da LEP, que dispõe “o ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico”. Além do paragrafo único do referido artigo que traz, “a mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição”. As unidades prisionais deve conter uma biblioteca, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. O art. 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece que: Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. Em conformidade com o item 77 das Regras Mínimas da ONU para Tratamento de Reclusos, que foi adotada em 31 de agosto de 1955, no primeiro congresso das nações Unidas para a prevenção do Crime e o tratamento dos Delinquentes: Devem ser tomadas medidas no sentido de melhorar a educação de todos os reclusos que daí tirem proveito, incluindo instrução religiosa nos países em que tal for possível. A educação de analfabetos e jovens reclusos será obrigatória, prestando-lhe a administração especial atenção. Tanto quanto for possível, a educação dos reclusos deve estar integrada no sistema educacional do país, para que depois da sua libertação possam continuar, sem dificuldades, a sua educação. 28 A possibilidade de remição de pena pelo estudo formal passou a ser regulada na Lei de Execução Penal em razão da Lei n. 12.443, de 29 de junho de 2011, e sobre a remição da pena sobre as horas de estudo assim dispõe o paragrafo quinto: “O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação”. 3.3.5 Assistência social A execução da pena tem como seu objetivo maior e sua finalidade a ressocialização do executado. Essa ressocialização, depois de longo afastamento e habituado a uma vida sem responsabilidade própria, traz, ao indivíduo, dificuldades psicológicas e materiais que impedem a sua rápida sintonização no meio social. Eis por que o motivo de se promover, sempre que possível por etapas lentas, a sua aproximação com a liberdade definitiva. (LAGE, Cícero Carvalho, Ciência Criminal e penitenciária, p. 65). O art. 22 da LEP, diz “A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade”. No campo penitenciário, segundo Armida Bergamini Miotto, a assistência social tem fins paliativo, curativo e construtivo. (Curso de direito penitenciário, v.2, p. 416) O fim paliativo visa “aliviar os sofrimentos provindos da situação de delinquente, condenado, preso (status de condenado)”. (MIOTTO, Armida Bergamini,Curso de direito penitenciário, v.2, p. 416) O Fim curativo busca “propiciar aos presos condições para viver equilibradamente (em todos os planos da pessoa: biológica, psicológica, social e espiritual), na situação de presos (com status de condenado)”. (MIOTTO, Armida Bergamini,Curso de direito penitenciário, v.2, p. 416) O Fim preventivo procura “obviar problemas e condições sociais que constituam estímulos para delinquência, ou obstáculo para a reinserção dos liberados condicionalmente e dos egressos, no convívio familial, comunitário, social”. (MIOTTO, Armida Bergamini,Curso de direito penitenciário, v.2, p. 416) 29 Assim compreendida, a assistência social, tem como proposito proteger e orientar o preso e o internado, ajustando-os ao convívio no estabelcimetno penal em que se encontram. 3.3.6 Assistência Religiosa Sobre a assistência Religiosa dispõe o doutrinador Jason Albergaria: É reconhecido que a religião é um dos fatores mais decisivos na ressocialização do recluso. Dizia Pio XII que o crime e a culpa não chegam a destruir no fundo humano do condenado e selo impresso pelo Criador. É este selo que ilumina a via da reabilitação. O Capelão Peiró afirmava que a missão da instituição penitenciária é despertar o senso de responsabilidade do recluso, abrir-lhe as portas dos sentimentos nobres, nos quais Deus mantém acesa a chama da fé e da bondade capaz de produzir o milagre da redenção do homem. (Direito penitenciário e direito do menor, p. 162-164.) E para Alexandre de Moraes e Gianpaolo Poggio Smanio: O art. 24 da LEP prevê a liberdade de culto, permitindo a participação de todos os presos. O § 2º do art. 24 da LEP prevê a impossibilidade de obrigar-se o sentenciado a participar de atividades religiosas, com base na própria liberdade religiosa prevista na Constituição Federal, no art. 5º, inciso VI. (Legislação penal especial, p. 153). É inviolabilidade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos, assegurado em seu art. 5º, VI, Constituição Federal. a. Deveres e Direitos do Preso Como atividade complexa que é, em todos os sentidos, a execução penal pressupõe um conjunto de deveres e direitos envolvendo o Estado e o condenado, de tal sorte que, além das obrigações legais inerentes ao seu particular estado. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.64) b. Dos Deveres Referidas normas, traduzidas em deveres, representam, na verdade um código de postura do condenadoperante a Administração e o Estado, pressupondo formação ético-social muitas vezes não condizente com a própria realidade do preso. (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.64) É o dever do preso a ajustar-se aquilo que lhe é imposto, assim diz o doutrinador Manoel Pedro Pimental, que: 30 Ingressando no meio carcerário o sentenciado de adapta, paulatinamente, aos padrões da prisão. Seu aprendizado nesse mundo novo e peculiar é estimulado pela necessidade de ser manter vivo e, se possível, ser aceito no grupo. Portanto, longe de estar sendo ressocializado para a vida livre, está, na verdade, sendo socializado para viver na prisão. É claro que o preso aprende rapidamente as regras disciplinares na prisão, pois está interessado em não sofrer punições. Assim, um observador desprevenido pode supor que um preso de bom comportamento é um homem regenerado, quando o que se dá é algo inteiramente diverso: trata-se apenas de um homem prisonizado. (PIMENTEL, Manoel Pedro, O crime e a pena na atualidade, p. 158) Assim está escrito o dispositivo do art. 39 da LEP, que constitui os deveres: I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Naquilo que não for incompatível, o rol de deveres acima transcrito, aplica-se ao preso provisório. c. Dos Direitos Assim prever o art. 5º, III e XLIX, da Constituição Federal, “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano oi degradante”; e “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. A execução penal, “no Estado Democrático e de Direito, deve observar estritamente os limites da lei e do necessário ao cumprimento da pena e da medida de segurança. Tudo o que excede aos limites contraria direitos.” (MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. P.65). Nos termos do art. 41 da LEP, são direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; 31 II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. É estabelecido pelo art. 41 um vasto rol, onde estão elencados o que se domina os direitos do preso. Segundo o doutrinador Renato Marcão não são apenas estes os direitos, “referido rol é apenas exemplificativo, pois não esgota, em absoluto, os direitos da pessoa humana, mesmo daquele que se encontra presa, e assim submetida a um conjunto de restrições”. (Curso de Execução Penal. P.65). 3.4 Direitos Políticos do Preso Em um comentário do doutrinador Heleno Fragoso, diz que: Para a doutrina, a suspensão dos direitos políticos do preso também é infundada, servindo para estigmatizar o condenado e marcar a sua separação do mundo livre. (Direitos dos Presos. Rio de janeiro, Forense, 1980. P. 41). Os presos provisórios e os adolescentes internados tem o direito segurado pela Constituição Federal de Votar, por não terem os direitos políticos suspensos. 32 O que dispõe o art. 15, inciso III, da Constituição Federal de 1988, restringe o voto apenas aos que tem “condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Segundo o doutrinador Heleno Fragoso. Há previsões do voto do preso em outras nações que o mesmo cita: França, a Lei n° 1.329, de 31-12-1975, regulamentada pela Circular de 16-2- 1976; na Itália, a Lei n° 136, de 23-4-1976, em seus artigos 8º e 9º; na Suécia, o artigo 145 da Lei Circular n° 1/1974; na Alemanha, o artigo 73 da lei de Execução 1976; na Espanha, o artigo 3º da geral penitenciária, de 1979. (Direitos dos Presos. Rio de janeiro, Forense, 1980. P. 41). O Min. Henrique Neves do TSE, dispõe sobre as medidas tomadas pela Justiça Eleitoral quando um cidadão está condenado em primeira ou em segunda instância e que ainda tem possibilidade de recorrer em instâncias superiores. Enquanto não há uma condenação definitiva, a pessoa tem o direito de votar. Na situação da pessoa estar presa, foram criados diversos mecanismos pela Justiça Eleitoral para que, por meio de seções, de zonas eleitorais nos próprios presídios, esse direito constitucional ao voto não seja impedido. (Min. Henrique Neves) O entendimento do min. Henrique Neves, que o alistamento do eleitor também é usado o mesmo critério, em caso da não suspensão do direito político, o preso terá o direito de votar. Em todo o Brasil, hoje, cerca de 230 mil presos provisórios, Nas eleições gerais do ano de 2010, a Justiça Eleitoral contou 18 mil votos apenas dos presos provisórios, e em 2012 o número reduziu na metade, o problema disso se da um pouco aos documentos do preso, O Procurador Paulo Thadeu Gomes da Silva ressaltou que, “nos anos anteriores, a questão da documentação dos presos provisórios foi um problema para a concretização do direito de voto”. A Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/1984) tem expressamente em seu art. 22, o serviço de assistência social providenciar a obtenção de documentos dos presos. E também estende e sejam aplicados também ao preso provisório. 3.5 O Voto do Preso Provisório Já foi falado muito breve sobre o direito do preso provisório ao voto, e é claramente especifico que não há o castramento do voto do preso sem condenação criminal. A norma que regula os direitos políticos do preso lhe é omissa, desta forma, 33 não tem o alcance que deveria ter, impõe dificuldades pelo preconceito e pela a inércia advinda do Estado, deixar de valer o direito do cidadão privado além da liberdade o direito, apenas mais um direito que não lhe é concedido entre tantos já existentes, parecem estarem envolvidos em lençóis de contra-senso ao passo que procuram vedar um direito próprio, e que não pretendem estender. A Constituição Federal de 1988, no momento ao consagrar o Estado Democrático de Direito, e ao se tratar dos direitos e garantias fundamentais, que ao tutelar a dignidade da pessoa humana, consagra que o poder emana do povo, e que o através do voto o povo elege o seu representante no governo, e há suas exceções como já foi visto no primeirocapítulo. Primeiramente, a suspensão do direito politico do preso provisório é estabelecida apenas no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal que estabelece esse efeito da condenação criminal, não há previsão nos artigos 91 e 92 do Código Penal no sentido de que seja um efeito da condenação. Após a reforma da Parte Geral o Código Penal, realizada pela LEI 7.209/84, excluiu o que previa da suspensão dos direitos políticos como pena acessória ou efeitos que advinham da pena principal. Desse modo, a regulamentação e a aplicação do dispositivo constitucional não é regulamentada por norma alguma. E o artigo 15, inciso III, da Constituição Federal é a única norma que regulamenta esta previsão, nesse sentido, no que tange sobre os efeitos da condenação reflete a posição de Celso Dermanto: A nosso ver, embora a CR/88 permita que a legislação ordinária estabeleça a perda ou suspensão dos direitos políticos no caso de “condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos” (art. 15, III), o CP, ao contrário do que preceituava antes da reforma de 84 (penas acessórias dos antigos arts. 67, I, e 69, V), não prevê a suspensão de direitos políticos e só admite como efeito específico da condenação a perda do “mandato eletivo”, e não do direito de votar. Entendimento contrário (TAMG, RJTAMG 52/363), ou seja, de que o art. 15, III, da CF/88 é auto-aplicável, levaria ao absurdo, verdadeiro non sense, de uma condenação por lesões culposas (acidente de trânsito) acarretar a suspensão ou perda de direitos políticos. (DELMANTO, Celso et al. Código Penal Comentado. 6 ed. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 173.) O digníssimo doutrinador cita as condenações advindas de crimes os quais o cidadão for condenado culposamente, ele teria os efeitos da sua condenação refletidos nos seus direitos políticos positivos. 34 O TER de São Paulo já externalizou posicionamento no sentido de não considerar os crimes culposos suscetíveis de suspensão dos direitos políticos (Acórdão n° 112.985 Rel. Juiz Mathias Coltro). Porém o STF não adotou esse posicionamento. Entende o Pretório Excelso que mesmo os crimes culposos são suscetíveis de suspensão dos direitos políticos. (Rext. N° 179.502/SP). Sobre o da sentença absolutória imprópria a decisão: A interpretação, constitucional guiada por um pensamento de possibilidades abre-nos novas alternativas para preencher essa aparente lacuna constitucional. O ethos constitucional que atua como substrato axiológico do elenco de hipóteses de suspensão dos direitos políticos legitima a interpretação extensiva dos incisos II e III do art. 15, para abranger, além dos casos expressos, aqueles em que existe absolvição criminal imprópria, com a aplicação de medida de segurança aos indivíduos inimputáveis, em razão de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Essa orientação foi adotada pelo TSE no PA 19.297. (MENDES, COELHO, BRANCO, Curso de direito constitucional, 2008, p. 762). Questão interessante envolveu a chamada absolvição (e não condenação) em virtude de “sentença absolutória imprópria”, com a aplicação de medida de segurança. A pergunta é: os direitos políticos das pessoas submetidas à medida de segurança em razão da prática de infração pela qual não puderam ser responsabilizadas (em virtude da inimputabilidade do art. 26 do CP) serão ou não suspensos? Sem dúvida esse tema não encontra expressão literal no texto 35 4 EFETIVAÇÃO DO DIREITO DO VOTO DO PRESO PROVISÓRIO 4.1 Introdução Já foi tratado nesse referido trabalho sobre a perda e a suspensão dos direitos políticos, trazido pelo art. 15 da CF/88, nos casos que estão previsto em cinco incisos. E nesse mesmo trabalho já foi tratado o inciso III, refere-se à “condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”, e já foi tratado sobre os efeitos da condenação. O terceiro capitulo é o momento, em que toda a parte histórica abordada anteriormente sobre o direito politico do cidadão e o direito do voto do preso provisório, e além dos direitos do preso condenado e do preso provisório se unificam em um capitulo só. Nesse capitulo especifico, será abordado somente o direito do preso provisório em votar, e se o Estado está ou não agindo para que os presos provisórios exerçam o seu direito e dever democrático constituído pela Constituição Federal. A abordagem feita nesse capítulo será especifica se o preso provisório em Santa Catarina está ou não exercendo seu direito, e desde quando vem gozando o seu direito democrático de votar, mas não será deixado de lado algumas noticias sobre se ocorre o voto do preso provisório em outro estado da nossa nação. 4.2 Direito de Votar do Preso Provisório A decisão é Constitucional, já foi tratado nesse trabalho que o condenado com sentença transitada em julgado tem suspensos os direitos políticos enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15, III, da CF/88). Mas há uma problemática que surge para os presos provisórios, ou seja, para aqueles que têm cerceada sua liberdade, mas não são definitivamente considerados culpados. Sobre o assunto, o TSE editou a Resolução 23.219 de 02 março de 2010, cujo artigo 1º dispõe no seu referido texto: Art. 1º Os Juízes Eleitorais, sob a coordenação dos Tribunais Regionais Eleitorais, criarão seções eleitorais especiais em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes, a fim de que os presos provisórios e os adolescentes internados tenham assegurado o direito de voto, observadas as normas eleitorais e as normas específicas constantes desta resolução. 36 A resolução trazida pelo TSE, que os presos provisórios tivessem assegurado o direito ao voto. Mas a medida deve ser adotada particularmente por cada Estado. Segundo o doutrinador Luiz Flávio Gomes, em sua publicação no site Jus Brasil, diz: O cerceamento do direito ao voto dos presos provisórios, ainda que sejam invocadas razões materiais, estruturais, só revela o quanto nosso país é discriminatório e desigual. A reprodução da desigualdade acontece em todos os setores e em todos os poderes. Para os integrantes das camadas superiores os benefícios. Para os de baixo a lei, a discriminação, o preconceito. Enquanto não houver igualdade civil não se pode esperar a construção de um país justo e equitativo. O entendimento do doutrinador, ainda que seja regulamento que o preso provisório tenha o seu direito de voto resguardado, na pratica não acontece, a quantidade de preso que exerce seu direito, ainda é muito pequeno, muito se dar por isso, pelo fato das penitenciárias ou Centro de Detenção Provisório, não ter estrutura para que forneçam condições que os presos votem. Em seu artigo publicado na folha de São Paulo, a Magistrada Kenarik Boujikian Felippe, co-fundadora e secretária do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democrácia, diz: Não há registro de incidentes desde a colocação de urnas em presídios, em 2002, comprovando que preconceitos e dificuldades são vencíveis. Os candidatos passam pelo crivo da Justiça Eleitoral. Os resultados das urnas se assemelham: os eleitores não canalizam votos, mas podem fazê-lo, como quem está fora das muralha. (Folha de São Paulo. 2010, pg. 03) A Magistrada continua com suas disposições sobre a logística das penitenciárias em se adequarem a Kenarik Boujikian Felippe, diz: A grandiosidade da população carcerária é falso óbice, pois nos Estados que têm maior capilaridade do sistema de Justiça e maior número de juízes. O quadro de estagiários e do funcionalismo do Ministério Público estadual e federal, das secretárias de Estado, das defensorias e do Judiciário são gigantescosdiante do número de mesários, além do engajamento da OAB, comprometida com o ideário democrático. Penitenciárias estão acostumadas com grande movimentação de pessoas em dias de visitas. Não é crível que o ingresso de cerca de três mesários por sessão traga dificuldades. Cabe aos TREs viabilizar o exercício de cidadania e é responsabilidade do Poder Executivo dar transparência à situação prisional, especialmente a eventual informação à população, de possuir estabelecimento no qual não tem condições de garantir a segurança de um pequeno numero de mesários. Em seu artigo, a Magistrada Kenarik Boujikian Felippe, diz: 37 Urge que as pessoas privadas de liberdade tenham interlocutores legítimos dentro do Estado, pois só assim a questão carcerária e de segurança não estará em mãos indevidas. O voto é garantido, inclusive para os presos condenados, em vários países, como Portugal, Alemanha, Holanda, Suécia, França, Grécia, Espanha, Noruega. (Folha de São Paulo. 2010, pg. 03) No que tange sobre o direito do voto do preso provisório, é taxativo sua finalidade, mas não seu cumprimento, trazendo violação ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana, do preso provisório. 4.3 Resolução N° 23.219, De 2010 Do Tribunal Superior Eleitoral - TSE E já se foi tratado no primeiro capitulo que apenas as pessoas condenadas definitivamente têm os direitos políticos suspensos, nesse mesmo capitulo sobre o direito do voto do preso provisório e isso indica que os mesmos tem direito assegurado de votar. E esse número é bastante alto, aproximadamente em todo o Brasil, com a terceira maior população carcerária do mundo, 711.463 (setecentos e onze mil, quatrocentos e sessenta e três) presos, e são 222.190 (duzentos e vinte e dois mil, cento e noventa) presos provisórios no Brasil, segundo a fonte do Ministério da Justiça. (Fonte: Ministério da Justiça, Departamento Penitenciário Nacional, Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen). E com esses dados pelo Brasil, a Constituição Federa permite o voto a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade facultativamente até se tornar maior de idade civilmente, o que dispõe o art. 14, § 1º, inc. II, al. ‘c’, “os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos”. E que os adolescentes que cometem ato infracional estão sujeitos às medidas sócio-educativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8.069/90), dentre as quais a internação, que tem natureza privativa de liberdade, e tem o direito de votar mesmo que facultativamente. E pensando nos presos provisórios e nos adolescentes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aprovou e regulamentou a Resolução n°. 23.219, de 2010, para efetivar o direito do preso cautelar, que dispõe sobre a instalação de seções eleitorais especiais em estabelecimento penais e em unidades de internação de adolescentes. Assim, o artigo 1º, caput, determina que: 38 Os Juízes Eleitorais, sob a coordenação dos Tribunais Regionais Eleitorais, criarão seções eleitorais especiais em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes, a fim de que os presos provisórios e os adolescentes internados tenham assegurado o direito de voto, observadas as normas eleitorais e as normas específicas constantes desta resolução. . E, nos incisos do art. 1°, da resolução, junto com o seu Paragrafo Primeiro: Parágrafo Único: Para efeito desta resolução, consideram-se: I – presos provisórios aqueles que, apesar de recolhidos a estabelecimento de privação de liberdade, não possuam condenação criminal transitada em julgado; II – internados por ato infracional aqueles maiores de 16 anos e menores de 21 submetidos à medida socioeducativa de internação ou à internação provisória; III – estabelecimentos penais todos os locais onde haja presos provisórios recolhidos; IV – unidades de internação todos as unidades onde haja adolescentes internados. E o art. 12 da Resolução Nº 23.219, de 02 de Março de 2010 do Tribunal Superior Eleitoral - TSE cita, contudo, da existência, naqueles estabelecimentos e unidades, de no mínimo 20 (vinte) eleitores aptos a votar, nos termos do art. 12 que dispõe, “as seções eleitorais serão instaladas nos estabelecimentos penais e nas unidades de internação com, no mínimo, 20 eleitores aptos a votar”. Em publicação ao site EBC, o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Padre Valdir Silveira, relata que o baixo número de votos dos presos provisórios é consequência do desinteresse, assim diz que: Conversando com os presos, muitos dizem o seguinte: “nós não acreditamos que a política faça alguma coisa por nós. Estamos abandonados e esquecidos por todos. A gente chegou aqui porque faltou tudo para nós. Somos pobres, semianalfabetos”. Outra justificativa é a falta de documentos dos presos para votar. E também, ao site EBC, o sociólogo Antônio Testa, saliente que a culpa disso e é falto do investimento em educação. A maioria das pessoas que estão presas tem nível educacional muito precário e, como a maioria da população brasileira, não tem ainda uma visão da importância de participar politicamente. Mas, se quisermos mudar essa realidade é preciso investir maciçamente na educação política e cívica de todos os brasileiros. 39 Desde 2002, em alguns estados o preso provisório tem o seu exercício democrático garantido. De acordo com o TSE, na Resolução 23.399, no paragrafo segundo dispõe, “Só poderão votar nas seções eleitorais mencionadas no caput àqueles que nela se alistarem ou optarem por transferir o título eleitoral para essas seções”. Só que algumas perguntas pairam no ar, como os presos, privados de liberdade irão transferir o título eleitoral para as unidades? E se depois de transferido o título qual ex-detento irá retornar a unidade para exercer o voto? 4.4 Auxilio Ao Preso Provisório Cumprir o Direito De Votar Por muito tempo, em nosso país à política foi exercida por uma parte da sociedade onde ditava pelas outras, seja pelo seu poder econômico, social, que esta classe exercia ou até mesmo pelo sexo e cor a de pele. Por tal importância que os seguimentos sociais no processo democrático é de uma importância sem tamanho, para a soberania popular e as classes minoritárias sejam representadas. Com o passar da evolução histórica, a Constituição Federal foi se moldando e ampliou a participação politica para a sociedade, incluiu os negros e as mulheres, que eram desprezadas no processo democrático da nação. A constituição previu o direito político como direito fundamental, em que todos podem exercer seu papel de cidadão, e gozar do seu direito politico, seja ele de votar ou ser votado. Pelo o que consta na Resolução no. 23.219 do Tribunal Superior Eleitoral, que possibilita o voto do preso provisório e os adolescentes internados, infere-se que estes possuíam o direito político ao voto, porém tinha sua realização muito pouco efetivada, ao passar dos anos desde a Constituição de 1988, só em 2002 se tem registro que o preso provisório exerceu seu direito, haja vista que precisou o TSE com a presente resolução expandir e concretizar tal direito aos presos provisórios e os adolescentes internado. 40 4.5 Aplicação Da Resolução 23.139 de 2010 do Tribunal Superior Eleitoral - TSE no Sistema Carcerário Em Santa Catarina Hoje, segundo dados do Departamento de Administração Prisional de SC (Deap), atualmente a população carcerária do Estado de Santa Catarina é de 16,6 mil, que estão alocados em 48 (quarenta e oito) unidades prisionais. E gera em torno de 5,2 mil presos os provisórios. Segundo o juiz Douglas Martins, coordenador do DMF/CNJ: A porcentagem de presos
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